P.O.V. Rebekah.

Aquela moça a Drica ela é no mínimo diferente. Humana ela não é, então não pode ser uma bruxa, mas o que ela é?

–O que você é Drica?

–Como assim?

–Bruxa você não é com certeza.

–Bom, quando minha mãe ainda era viva ela me apelidou de Banshee por causa do meu dom de prever mortes e por causa dos gritos.

–Gritos?

–Isso. Talvez ela tivesse razão e é isso o que eu sou, afinal os meus gritos normais são muito diferentes dos gritos que eu solto de vez em quando.

–E quando você grita, o que acontece?

–Uma pessoa morre. Os sonhos ajudam também, afinal é fisicamente impossível pra mim não avisar.

–Avisar sobre?

–Avisar que a pessoa vai morrer. Por isso na maioria das escolas em que eu estudei era a esquisita.

–As pessoas ficavam com medo não é?

–Mais ou menos. Mas o povo toda hora vinha me perguntar se ia morrer.

–Você tem controle sobre isso?

–Infelizmente não. Mas eu sempre encontro os cadáveres.

–Como?

–Eu já disse. Eu sinto a morte.

–Quantos já encontrou?

–Muitos, mas o meu maior troféu foi uma cova coletiva da época dos nazistas que estava no quintal da minha vizinha.

–Ela deixou você cavar?

–Sim. Eles precisavam ser libertados e ela também.

–Como os libertou?

–Lhes dei um enterro digno. Levei seus corpos para suas famílias que os enterraram em solo consagrado.

Então de repente ela para e o povo tapa os ouvidos e deita no chão. Ficamos boiando até que escutamos o grito.

Vidros se espatifam, lâmpadas explodem e ouvidos sangram.

Aquele era um grito de dor. Agonia profunda, tanta tristeza que era quase palpável.

–Ela com certeza é uma banshee.

–Foi mal ai pelos vidros.

–Tudo bem, concertaremos depois. O que você sentiu quando gritou?

–Você sabe o que eu senti.

–Quem é a vítima?

–Uma moça de 23 anos, Lucy. Morreu agorinha a poucas quadras daqui, vítima de um assalto e o pior é que ela nem reagiu.

Ela virou e começou a caminhar pra fora. Drica pegou o celular e discou para a polícia dando a exata localização do corpo a arma que foi usada e a descrição do assassino.

Minha intuição estava certa. Ela estava bem ao lado do corpo quando a polícia chegou.

–Ei, moça você não é aquela tal de Drica Chadwick?

–Sim, sou eu.

–Pode me dar um autógrafo?

–Claro. Mas como me conhece?

–Você conseguiu encontrar uma cova coletiva da 3ª Guerra mundial sozinha!

–É. E daí?

–E daí? Você sozinha fez o que a polícia, a S.W.A.T. e o F.B.I. não conseguiram em 50 anos. Fez isso em uma tarde.

–É um dom eu acho.

–Vou falar com o delegado, ele também é seu fã.

–Tá bem, como quiser senhor.

–Obrigado. Estávamos na cola desse cara á meses.

–De nada.

Foi uma epidemia, desse dia em diante todos queriam tirar fotos com ela, autógrafos etc.

P.O.V. Igor.

Minha namorada é uma sereia Banshee super famosa. E como se não bastasse acabou arrumando um emprego na polícia de Nova York.

–Eu expliquei como funciona pro delegado e ele concordou que eu ficasse em casa pra quando o grito viesse não quebrasse a delegacia.

–O cara sabe que você é uma Banshee?

–Sabe.

–Eu nunca soltei tantos gritos antes. Nessa cidade é um de meia em meia hora.

De quebra Nanda arrumou uma bolsa integral para estudar advocacia.

–Sempre mantenha a honestidade. Não se deixe corromper jamais.

–Eu vou ser sempre a mesma eu chata de sempre.

–Ótimo.

Era assim que o emprego da Drica funcionava, ela gritava,sonhava e dava as localizações dos corpos. Nunca errou, jamais.

A campainha tocou.

–Olá estamos procurando a senhorita Chadwick. Ela está?

–Quem quer saber?

–Instituto nacional de ciências.

–Querem fazer ela de cobaia não é?

–Queremos que ela contribua para o avanço da ciência.

–Eu não vou ser rato de laboratório! Vão embora!

–Mas, são apenas alguns testes...

–Nada de testes vão embora agora!

Ela fechou a porta na cara dos cientistas.

–Vou colocar um olho mágico nessa porta.

Então mais um grito.

–Quem é a vítima?

–Meu pai.

–O que?

–Ele se foi.

Fomos ao enterro e ela não derramou uma lágrima.

–Você devia estar se debulhando em lágrimas agora.

–Eu não sinto tristeza quando alguém morre, nunca senti. É indiferente pra mim.

–Nem no enterro da sua mãe?

–Não. Eu a amo muito e não entendo porque as pessoas choram pelos mortos afinal eles supostamente foram para um lugar melhor.

–Lágrimas de tristeza nunca, as Banshees são duras demais pra isso.

–E como pode saber?

–Você não é a primeira que conhecemos.

–Então tá.

–Você ficou até o fim do funeral?

–Não. No momento em que eles fazem a travessia meu trabalho está feito.

–Como sabe quando eles atravessam?

–Posso ver o ceifeiro levando-os.

–O ceifador sinistro?

–Não são sinistras elas são como você e eu.

–Ceifadoras?

–Isso. Todas mulheres.

–Tem mais de uma?

–Claro! Se não não dariam conta.

–Se tivermos um filho ele vai ser como você?

–Não. Só mulheres podem manifestar os poderes de banshee.