Aldo havia contatado a guarda costeira. Eles não quiseram ajudar naquele momento. Não poderiam ir para o mar em meio ao temporal e não queriam enviar uma equipe de resgate à toa. Só enviariam as equipes se o barco de Atílio não chegasse até o dia seguinte. Aldo ficou indignado com o descaso. ele resolveu que ele mesmo se lançaria ao mar. Arrumaria um barco e iria procurar por seu pai.

Maria não aguentando a ansiedade de esperar em casa, foi até o porto. Lá encontrou apenas a Lety. Maria compreendeu que o barco deles ainda não tinha aparecido. Ela nada disse, apenas abraçou a Letícia e ambas caíram no choro.

Aldo saiu em busca de ajuda, de alguém que tivesse um barco e pudesse alugar. Ele se lembrou de um velho amigo de seu pai que sempre fazia passeios com turistas. Ele foi prontamente procura-lo.

No mar, Atílio e Fernando agora descansavam. Estavam exaustos e apreensivos pelos seus destinos.

–Qual a chance que temos? -Indagou Fernando enquanto olhava para o céu estrelado.

–Se eles não nos encontrarem rápido, não muita. Nós não duraremos muito aqui sem água para beber. -Atílio falou com sinceridade.

–Esse deve ser o maior desafio do náufrago: morrer de sede no meio de tanta água. -Comentou Fenando com tristeza.

Que destino! agora que queria viver, ele morreria pelo mesmo modo pelo qual tinha tentado se matar. Fernando pensava.

Fernando tirou a carteira do bolso. Todo o seu dinheiro estava molhado e desmanchando, ele nem se importou. a única coisa que realmente tinha algum valor para ele era a foto de Letícia. Ele a tirou com cuidado da carteira e, olhando para ela, falou:

–Você já me ajudou tanto, Lety. Se fizer mais esse favor por mim, prometo que será o último. Depois disso farei de tudo para lhe deixar descansar em paz e nunca mais a incomodarei.

Atílio sentia pena por Fernando, queria lhe contar a verdade, mas aquele era um segredo que não lhe pertencia.

Aldo havia conseguido um barco e voltou ao porto. Ele embarcaria naquele mesmo instante em busca de seu pai.

–Eu vou com você, Aldo. -Lety comunicou.

–Não posso permitir que mais um se arrisque, Letícia. -Aldo respondeu.

–Não é risco nenhum. sem Fernando eu não terei mesmo uma vida para viver. -Lety retrucou.

Aldo preferiu não discutir. Ele e Letícia embarcaram e partiram rumo ao mar. Por sorte era noite de lua cheia e estava claro. Seria uma vantagem. Maria permaneceu no porto rezando por eles.

Aldo e Lety navegaram durante toda a noite. Até, que já bem distantes da praia e com o dia já amanhecendo, avistaram boiando sobre as águas, agora calmas, o que pareciam ser os destroços do barco de Atílio. O coração de ambos parou.

Continua.