Lety, após ser muito humilhada na Conceitos, saiu de lá sem rumo, sem direção. Não sabia para onde iria, apenas queria fugir daquilo, daquele lugar onde foi tão feliz e tão triste.

Em sua desesperada fuga, pegou um ônibus que sequer sabia para onde ia. Só queria se afastar de seu Fernando, o homem que tanto amou e que a decepcionou como nenhum outro.

Para sua surpresa, o ônibus tinha por destino o litoral. Lety nunca havia visto o mar e se maravilhou com a imensidão azul. Não fosse sua dor, estaria mais feliz.

Não sabia nadar, mas nem pensou, estava maravilhada com as ondas e queria apenas que elas pudessem apagar seu sofrimento. Ela entrou no mar, de certa forma queria morrer, esquecer de tudo. Foi puxada pelas ondas que a levaram cada vez mais para longe da praia. Não resistiu, apenas se deixou levar.

Já havia se passado algum tempo. O dia já havia virado noite. Lety ainda estava no mar, já não conseguia mais ver a praia. O mar estava se agitando cada vez mais, pois lá no horizonte uma tempestade anunciava sua chegada.

Nesse momento um barco pesqueiro passou e a viu. Eles tentaram salva-la, mas Lety, bem lá no fundo, não queria ser salva. Ela nada fez. Eles conseguiram pegar apenas sua inseparável bolsa do moty. A pobre Letícia havia sido levada para mais longe. Eles a perderam de vista e não puderam continuar, pois a tempestade que antes só ameaçava, desceu com tudo. O mar agitou-se demais.

De madrugada, em uma afastada ilha do litoral, um senhor pescador que por lá vivia e que sempre passeava pela praia, avistou Lety jogada nas areias, desacorda.

O senhor sentiu medo de olha-la, não sabia se estava viva ou morta.

Continua.