Na Escola Aprendi a Amar

Eu não sei o que fazer


O sinal para o intervalo toca e todos saem correndo da sala. Nanda não queria sair, mas não podia ficar na sala. A inspetora Dora passaria de sala em sala verificando e trancando as portas. “Mas por que tenho de ficar com medo? Não fiz nada de errado. Ele quis me ajudar, não fui eu que pedi. Não devo nada pra ninguém.” E depois de chegar à conclusão de que não se importa com o que os outros vão pensar dela pegou seus livros, a maça e saiu da sala.

O banco embaixo da árvore mais alta do colégio estava vazio. Quase todos os dias estavam. Era seu cantinho preferido para ler. O vento sussurrava entre as folhas da árvore, a luz do Sol se dividia em pequenas fendas e ali parecia o paraíso. Às vezes, quando passava alguma pessoa ali por perto lançavam alguma piadinha. “Aff, foi só uma ajuda, por que ridicularizar alguém por ser humilde?” O preconceito naquela escola era terrível. Uma pessoa não podia fazer uma coisa, por mais que fosse pequena, de estranho que já era motivo de gozação da escola inteira. No fundo Nanda interpretava aquilo como falta de atenção dos pais, pois quase todos ali eram ricos. Os pais mal ficavam com eles e davam tudo que eles queriam. A escola era um meio de diversão. E quem pagava por isso? Os menos ricos. “Que ridículo pensar desta forma.” Era seu pensamento mais constante nos últimos dias. Menos ricos? Enfim, retornou para a leitura.