“Pois é, omma. Eu acho que não estou mais tão confuso. Acho que já sei o que sinto... Talvez já soubesse há muito tempo, só não quisesse admitir. Mas eu tenho medo. Medo de ele não me corresponder. Medo de ele apenas gostar de mim como um amigo.

Andei conversando com o HyukJae e o DongHae. Eles me disseram que eu estou apaixonado pelo SungMin. Mas eu fico pensando... E se no final eles não estiverem certos? E se for só amizade?

Omma, acho que vou arriscar. Eu sempre quis beijar o Minnie, e acho que essa é a hora de tentar. Ele nunca recuou quando eu lhe dava beijos no pescoço ou no canto dos lábios... Será que ele recuará se eu lhe der um selinho?

Já é sexta, faz uma semana desde aquela pergunta. Aquela que lhe contei segunda-feira. Pois é, eu ainda não respondi... Será que eu estou pronto para responder? Será que ele esta pronto para ser respondido? Eu estou realmente temeroso com isso...

Ah, omma. Eu queria apenas uma luz, uma chama assim, sabe?! Quinem aquelas de filmes e desenhos, quando a pessoa recebe um sinal de que aquilo é a coisa certa a ser feita...

Acho que sou um medroso. Sim, é quase certeza de que sou um. Mas eu não tenho culpa. A única pessoa capaz de me deixar temeroso é ele. Eu não consigo enganar a mim mesmo. Ele mexe comigo como ninguém mais...

Omma, perdoe-me se eu fizer algo que a senhora não aprova, mas eu tenho que ao menos tentar. Tenho que arriscar... Por favor, não me julgue. Eu já pensei tanto que chego a me assustar em pensar que pode dar errado e que nossa amizade pode ir ralo abaixo... Só espero que a senhora esteja sempre comigo me apoiando nessas horas, omma.

Saranghaeyo, de seu filho KyuHyun.”

**.**

Estava terminando de arrumar o meu quarto. Hoje o SungMin viria dormir aqui. Estou bem animado com isso. Aliás, eu nem sei o que fazer, se chego e lhe beijo ou espero um daqueles momentos em que sempre ficamos próximos a nos beijar...

Só espero que dê certo. Já imaginou se ele foge de mim no meio da noite? Eu não quero que ele fuja de mim e muito menos que ele fique andando por ai sozinho no meio da noite. E se o assaltarem? Ou até pior... Não gosto nem de pensar...

Já eram cinco da tarde quando a campainha tocou. Desci as escadas correndo, estava muito ansioso. Mas assim que cheguei ao primeiro andar, parei de correr. E se não for ele? Aigoo. Tenho que parar de ser tão nervoso.

Abri a porta, dando de cara com duas bochechas rosadas e dois olhos negros mirando os meus com tanto carinho. Abracei-lhe logo que a porta se fechou, para puxar-lhe para o segundo andar do apartamento com pressa.

Assim que entramos no quarto eu lhe abracei ainda mais forte, sendo retribuído de forma desajeitada graças as bolsas que ele carregava. Irritado com as mesmas, peguei-as e joguei ao pé de minha cama, podendo então receber o abraço que eu tanto queria.

– Estava com tantas saudades, Minnie – sussurrei em seu ouvido, vendo-o arrepiar. Era incrível o poder que eu tinha sobre ele.

– Mas nós nos vimos ontem, Kyunnie – ele disse, selando meu pescoço algumas vezes, arrepiando-me também.

– Eu sei, mas eu não consigo mais ficar sem você. Eu estou dependente de você, Min. Viu o que fez? – Mordi-lhe o lóbulo da orelha, ouvindo uma risadinha sua.

– Pabbo, não diga essas coisas, sabe que isso me deixa constrangido – ele disse, dando um tapa em meu braço.

– Desculpe-me – disse, separando nosso abraço e sorrindo pra ele que sorriu de volta – que tal comermos algo e jogarmos vídeo-game?

– Pode ser – vi-o sorrir ainda mais, fazendo suas bochechas inflarem.

E assim passamos nosso fim de tarde e inicio de noite, jogando e comendo. Eu comprei muitos morangos quando soube que ele viria dormir aqui comigo, pois sei que ele adora morangos.

Já eram nove horas da noite quando resolvemos nos deitar. Eu estava deitado com as costas na parede ele estava abraçado comigo, nossos narizes se roçando enquanto ele acariciava meus cabelos.

Estávamos conversando sobre coisas aleatórias a um bom tempo, até que o assunto se findou por um momento, não deixando um clima constrangedor, mas sim um clima bom, confortável. O clima perfeito.

SungMin colocou a mão na própria boca, como já é de seu costume quando vai bocejar, e logo após apoiou sua testa com a minha. Nossos narizes um do lado do outro, encostados e nossos lábios quase a se tocar.

E em minha cabeça não havia momento melhor do que esse para o que eu tinha que fazer. Olhei para seu rosto, vendo seus olhos fechados, logo encostando nossos lábios levemente, vendo-o abrir os próprios olhos, assustado, afastando-se um pouco.

Rápido coloquei a minha mão na sua nuca, mantendo-o próximo. Olhei para seus olhos novamente e vi que ele me encarava com atenção, não com medo ou querendo fugir. Apenas com expectativa.

Passei meu olhar para sua boca, vendo-a meio entreaberta. Não resisti por muito tempo e selei nossos lábios novamente. E dessa vez ele não recuou. Afastei levemente nossos rostos, apenas para olhá-lo e pude ver que ele fechou os olhos. Não havia deixa melhor para fechar os meus também.

E assim passei a colar nossos lábios com calma, minúcia. Nunca pensei que pudesse amar tanto os lábios de alguém. Não me cansava de selar nossas bocas repetidas vezes, nunca avançando, apenas selando-os.

Quanto tempo ficamos assim? Não faço a menor idéia. Só sei que só paramos quando ele caiu no sono e eu, aconchegando-o em mim, fechei meus olhos e passei a dormir também, podendo, assim, sonhar com o meu ursinho de pelúcia.

**.**

“Olá, omma... Vim aqui lhe avisar que eu fiquei essa semana toda sem vir porque, sim, meu plano deu certo. Eu beijei o Minnie... E ele retribuiu!

Bem, não foram exatamente beijos, mas foram selinhos, então já conta como alguma coisa, certo?!

Ele foi dormir na casa da vovó comigo sábado, como ele faz vez ou outra, e quando nos deitamos pra dormir, eu lhe beijei. Apenas selinhos, não passamos disso, não pense besteiras! E nós ficamos o resto da noite todinha nos dando selinhos...

Nós passamos a semana toda sem vir aqui no cemitério porque estávamos nos escondendo em uma casa de brinquedo, daquelas de parques. Não se preocupe, não tinha crianças lá. Foi naquela praça velha que ninguém mais vai porque é ocupada pelos drogados no período da noite.

Não, omma! Eu não estou usando drogas! Eles só ficam lá durante a noite e nós fomos de manhã. E, olha, os drogados foram espertos, aquele lugar é muito bom pra se esconder. Mas hoje eu tirei o dia para a senhora. Tenho que lhe contar o meu plano antes que tudo dê errado ou certo. Eu sei que se a senhora só soubesse depois ficaria muito irada comigo.

Bem, amanha o HyukJae e o DongHae marcaram para todos irmos para a casa do Hyuk. Bem, na verdade fui eu quem pediu esse favor a eles. O loiro disse que a casa dele ia estar vazia, então eu vi a forma perfeita de pedir a mão do SungMin.

Não, omma! Eu não vou pedir ele em casamento, só em namoro, por enquanto... Bem, nós estamos, sim, ficando a uma semana, mas eu queria pedir de uma forma bonita, romântica. Não simplesmente levar ele pro ponto de encontro dos drogados e pedi-lo em namoro enquanto nos escondemos dos policiais que passam por ali.

Não, omma. Eles não vão nos prender, porque eu não estou usando drogas. Pare de pensar nisso e vamos focar no que eu estou falando!

Não será nada como em filmes que tem uma festa e outras mil e uma baboseiras pro pedido, mas sim algo simples. Afinal, ainda somos um casal homossexual e a sociedade não aceita isso assim tão bem.

Bem, omma. A senhora esta avisada e prometo que segunda mesmo eu venho aqui lhe dizer as novidades.

Saranghaeyo, de seu filho KyuHyun.”

**.**

Eu e SungMin estávamos caminhando, como de costume, juntos para a casa de HyukJae. Já é sábado e só Deus sabe como estou nervoso nesse momento. Se é que ele esta de bem comigo, afinal, eu sou um grande pecador se formos pensar bem...

HyukJae já estava na porta nos esperando. Provavelmente estranhou o nosso atraso, já que sempre chegamos na hora e hoje passamos 15 minutos do horário marcado para a nossa chegada.

– Não brigue conosco. Ônibus deu prego no meio do caminho – disse simplista, dando um aperto de mão em Hyuk que logo nos abriu caminho para sua casa.

Assim que entramos na mesma, colocamos nossos sapatos nos lugares de costume, peguei o cachecol, luva e toca de SungMin e guardei-as junto com as minhas em minha mochila e logo fomos em direção a cozinha pra onde Hyuk nos chamava.

DongHae estava sentado na bancada, balançando as pernas como se estivesse se divertindo olhando-nos entrar. Sorriu sapeca pra mim, logo vindo em nossas direções, abraçando-nos de surpresa. Apesar de estarmos mais próximos, nunca nos abraçamos de verdade.

– Meus parabéns aos dois – ele disse e eu quase dei um tapa em minha própria testa pela sua burrice.

– Bwo? Parabéns pelo que? – perguntou SungMin, olhando-o com a cabeça pendida para o lado.

– Aigoo. Não se faça de besta. É claro que... – Cortei-o antes que ele me entregasse.

– Ele esta falando do nosso atraso, não ligue pra ele, Minnie – disse, dando um beijo na bochecha de meu ursinho que apenas riu de DongHae, dando-lhe um tapa no ombro.

– Pabbo, não me assuste assim – disse sentando-se em uma cadeira, puxando-me para sentar ao seu lado.

Vi Hyuk sussurrar algo no ouvido de DongHae que pareceu ficar surpreso e deu um tapa em sua própria cabeça. Pelo menos pode ser que deixe de ser tão idiota, apesar de isso ser algo impossível.

Logo os dois sentaram-se conosco e resolvemos conversar enquanto esperávamos o almoço. E mesmo durante ele assunto não faltou, falando sobre as musicas que DongHae andava ensaiando para um concurso que ele faria e sobre uns rappers que Hyuk anda tentando fazer iguais. Eu e SungMin, como sempre, apenas comentando alguma coisa.

Logo subimos para o quarto do loiro, sentando-nos na cama. Vi Hyuk entrar e trancar a porta do quarto, fazendo um sim com a cabeça para mim. Estava na hora. Levantei-me e segurei na mão de SungMin para que ele levantasse também.

– Minnie. Eu quero muito ti pedir uma coisa – Vi-o olhar em volta, como se receoso com a presença de Hyuk e Hae no quarto.

– Claro... Pode falar, Kyu... – Sorri com sua resposta, colocando seus fios de cabelo atrás de sua orelha.

– Minnie. Logo que eu entrei naquele colégio eu não falava com ninguém. Fazia uma semana que meus pais haviam falecido e eu fui visitá-los no cemitério naquele dia. Eu me lembro de ter visto você pela primeira vez naquele dia. Na semana seguinte você chegou, e foi a primeira pessoa que teve coragem de sentar do meu lado. E foi o primeiro que eu tive coragem de falar. Talvez por ter visto você chorando naquele cemitério e ter visto que você estava igual a mim, não sei. Só sei que eu dei uma chance para que você se aproximasse. Ainda lembro-me do dia em que lhe dei aquelas luvas, as luvas cor de rosa com morango. Naquele dia eu lhe apelidei de meu pequeno morango, mas não contei para ninguém, apenas minha omma sabia disso. Logo depois você me deu o cachecol vermelho, o mesmo que eu uso todos os dias. Foi no mesmo dia que conhecemos esses dois aqui – Disse, olhando para os dois que nos olhavam, DongHae quase chorando amparando um HyukJae que já até mesmo soluçava. Não me contive e soltei uma risada, logo voltando a olhar para SungMin – E, admito, eles foram uma grande peça nessa história. Acho que, se não fossem eles no nosso pé dizendo que agente tinha alguma coisa, esse pensamento não teria passado pela minha cabeça e eu nunca entenderia o que era aquele incomodo na barriga que eu sentia sempre que estava perto de você. Mas pode ser que tivesse sido até mais rápido sem eles, não sei também... Eu só sei que há uma semana eu ti dei um selinho. Lembro que foi o nosso primeiro beijo... – A essa altura eu já estava com algumas lagrimas rolando e podia ver os olhos de SungMin transbordarem enquanto ele se segurava para não deixar nada rolar – Eu estava tão nervoso. Eu tinha tanto medo de você não corresponder... Mas, no fim, você correspondeu. E nós passamos toda essa semana nos escondendo naquela praça que só é ocupada por... É, você sabe – Soltei uma risada junto com ele que piscou, deixando enfim as lagrimas rolarem – E, Minnie. Eu percebi que, você é a única pessoa que consegue me deixar feliz sem o mínimo esforço. Eu gosto tanto, tanto, tanto de você... Que chega a ser doloroso me ver distante... Distante das suas mãos gordinhas, dos seus olhos escuros, das suas... Bochechas vermelhinhas, dos seus cabelos negros, dos seus braços fofinhos, do seu abraço, do seu beijo... De tudo. Eu não consigo mais viver sem você, Minnie. Por favor, eu só te peço... Namora comigo, faça de mim a pessoa mais feliz do mundo, sim?

Tirei a caixa de dentro do meu bolso, mostrando a ele as pulseiras com os nossos nomes gravados. Ambas de ouro branco. Elas eram perfeitas, finas e delicadas, como o meu SungMin, como o nosso amor. E qual não foi minha felicidade quando ele pegou a pulseira com seu nome e colocou no meu braço?

– Eu aceito, Kyu. Eu aceito. Eu te amo tanto, eu nem sei o que dizer... Você é a única pessoa com quem eu me sinto bem, no mundo todo.

– Obrigado pela parte que nos toca! – ouvimos DongHae falar e rimos.

Peguei o braço de SungMin e coloquei a pulseira com meu nome em seu braço, sorrindo para ele. Logo coloquei a mão na sua nuca e juntei nossos lábios, apenas um selar. Eu sabia que ele não faria mais que isso na frente dos outros dois.

Assim que separamos do selinho, sentimos mais quatro braços nos rodeando e um abraço em grupo foi formado. O nosso quarteto, que eu espero que nunca se separe... Porque eles são tudo o que eu preciso a partir de agora. O meu namorado, e os melhores amigos que alguém poderia ter.