Me levantei da mesa e chamei o garçom:
– Hey, dá uma olhada na minha mascote enquanto eu atendo este telefonema?
– Ham...É, sim.
Disse confuso se sentando em meu lugar e eu me afastava um pouco:
– Hum...Tia? A que devo seu telefonema?
– Oh! Descobri que iria se casar!
– C-Casar? Quem lhe disse tia?
– Uh, Christoff me mandou um E-mail.
Chris não entende que eu quero distância da Tia Acelin! Ela sempre foi interesseira, é claro que devo ter consideração por ela, é minha madrinha...Mas eu realmente só quero distância dela:
– É...Mesmo? Que bom.
– E então...Como vai ser? Onde? Vai sair do apartamento de seu pai?
– Tia...Oh...Eu não planejei nada ainda.
– Bom, me chame para os preparativos.
– Foi ótimo falar com você Tia.
Desligou o telefone e eu voltei a mesa:
– Obrigada por cuidar dela.
– Não foi nada.
Saiu de perto:
– Seu pai é louco de falar com a minha Tia, sabia Eika? Ele sabe que eu não suporto ela!
Olhei para ela como se conseguisse me entender:
– Você me entende, né?
Ouvi uma leve risada na mesa ao lado, percebi que eu parecia uma maluca falando com Eika daquele jeito:
– Ham...A conta!
Levantei minha mão:
– Mas Senhora Olivati...Nem terminou a torta!
–Não estou com muita vontade de comer...Reymond.
Cheguei perto de seu avental para olhar o nome:
– Não quer que eu embrulhe?
– Oh...Sim, mas traga a conta logo...
– Sim.
Me sentei e ele recolheu a torta e meu refrigerante:
– Damn!
Um casal olhou para trás:
– Oh! Eu sinto muito!
Puxei minha touca para baixo tentando me esconder mesmo sabendo que isso seria mais vergonhoso ainda:
– Senhora...Olivati? Você está bem?
– É, estou.
– Aceita uma água?
– Não Reymond, obrigada. Me dê a conta.
Nem olhei o total, jóquei 40 na mesa e saí com Eika:
– Senhora...Tem muito mais do que o total aqui, e esqueceu sua torta!
– Legal garoto, pega para você, os dois.
Disse sem nem mesmo olhar para trás, nem sei ao certo do que estava correndo, da vergonha ou da vontade de chorar.
Porque a vontade de chorar? Simples, só tenho um parente que eu saiba vivo, mas ele só se interessa no meu dinheiro, aquilo me irritava muito!
Abri a porta e dei de cara com Chris:
– Oi amor! Acabei de chegar e...
Soltei Eika e fui direto para o banheiro juntar minhas coisas, depois fui para o quarto colocar na mala, ele veio falar comigo:
– Danielle! Haben Sie?
Tradução: Danielle! Já está indo?:
– Ya..
Tradução: Sim
– Dan...Porque está chorando?
– Porque falou para a minha tia?!
Disse um pouco alto e o empurrando:
– Danielle! Está maluca?!
Segurou meus braços, não podia fazer nada, nem que eu me debatesse ia me livrar de suas mãos, eram como algemas:
– Me solta.
– Me diz o que houve.
Me soltou e ficou cara a cara comigo:
– Só...Não quero mais ela perto de nós.
– Vamos fazer um combinado então, certo?
Acariciou meu rosto:
– Qual?
– Eu não falo mais nada com ela e você não fica assim quando eu fizer alguma besteira, o que acha? Hã?
Sorriu e beijou minha testa:
– É...Ta.
– Danielle, eu te amo...Sabia?
– Sabia.
– Danielle, você não sabe o quanto eu te amo.
– Acho que sei sim.
– Eu vou morrer sem você Danielle, morro só de pensar em você longe de mim.
Sorri:
– Não me mate Dan.
– Você está sendo clichê agora Christoff.
Ri:
– É, você estava certa.
– Amo ouvir que estou certa...Mas sobre o que?
– Amo seu clichê.
Rimos:
– Quer mesmo ir para casa?
– Estou a uma semana em sua casa Chris.
– Eu te levo.
Me ajudou com as malas e colocou dentro do carro lá em baixo, logo entramos no carro:
– Como foi com o seu cachorro?
– Está em observação, não sou mais o doutor dele.
– Porque?
– Peguei folga pelos próximos três dias, minha mãe está vindo passar uns dias aqui com meus irmãos e meu pai.
Assim...Não é que eu não goste da família do Christoff, mas ele tem dois irmãos que fisicamente são réplicas dele, uma mãe maluca e um pai rabugento pra caramba.
Seus irmãos são Cohen e Dail, ham...Já disse que são idênticos a Christoff né? Ok...ELES SÃO IGUAIS AO CHRISTOFF. Suas diferenças são poucas, Dail é um homem irritante, só sabe falar de prostitutas e videogames, é bem magro comparado aos dois irmãos, Cohen é um cara que não vive sem o celular, coisas do trabalho, mas é um pouco chato quando você quer falar com ele para coisas importantes.
Sua mãe á a Senhora Clove, ela é um pouco irritada com coisas fora do lugar, só por isso os filhos são muito organizados. Ela não aceita ter uma louça suja, uma almofada fora do lugar, nada desorganizado.
Enfim o pai, é um senhor muito chato, passa o tempo todo reclamando de seus sapatos, ou contando histórias de como suas mãos ficaram cheias de calo, eu sinceramente não gosto de ouvir esta história.
Olhei para Chris e dei um sorriso com um toque de desespero:
– Legal meu amor, muito legal.
– Eu sei que você não gosta muito deles, mas você é a única coisa que deixa meu pai quietinho, ele adora você!
– Não parece.
Cruzei os braços:
– Eles vão ser gentis desta vez, eu prometo. Agora você é minha noiva!
– Certo.
– Vamos almoçar no Palast von Olaf.
– Que horas?
– Acho que 12:30, está bom para você?
– Estarei lá.
Ele estacionou o carro:
–Quer ajuda para subir com as malas?
– No meu prédio tem elevador Chris, obrigada.
Abri a porta:
–Eu te amo Dan.
–Eu também te amo Chris.
Peguei as malas e saí do carro:
–Avisa quando subir!
Gritou enquanto eu fechava a porta, eu segui para o meu prédio e chamei o elevador:
–Tenho que me acostumar com essa famíla.
O elevador chegou:
–Sou a noiva dele,certo?
Apertei o segundo andar:
–É,certo...Eles tem que se acostumar comigo.
– Se é a noiva dele,é claro que eles tem que se acostumar com você.
Olhei para trás e vi meu vizinho, mas não pude deixar de gritar com o susto que levei:
–Ah!Egon, você me assustou!
Riu:
–Sinto muito Danielle,rs, então você ficou noiva?
– É,o...Chris me pediu ontem.
– Legal, ham...Será que dá para você ir no meu apartamento mais tarde?Meu cachorro está doente e meus pais estão um pouco preocupados, eu tentei ligar na sua casa, devo ter deixado alguns recados na sua caixa de mensagens.
– Claro, só...Vou deixar essas malas no meu apartamento.
– Certo.
O elevador abriu as portas e nós dois saímos:
–Até logo Egon.
– Até.
Disse abrindo a porta de seu apartamento, eu abri minha bolsa tentando achar minhas chaves:
– Onde está esta porcaria?
Achei as chaves depois de um tempo:
– Ufa!
Abri a porta e fui direto para o meu quarto, joguei as malas em cima da cama e fui para a sala, apertei o botão de recados do telefone:
– Você tem recados.
– Eu sei, coisa inútil.
Fui para a cozinha fazer alguns sanduíches:
– Mensagem um Hey Danielle, aqui é o Egon...Seu vizinho! É que meu cachorro está um pouco doente e tudo mais...Você pode passar aqui depois?
Egon é um adolescente, não o culpo por usar gírias de mais:
– Mensagem dois Ham...Danielle, é o seguinte...O Audi, meu cachorro, está muito doente...Por favor vem aqui quando der!
– Deve estar ruim mesmo.
– Sem mais mensagens.
Peguei minha maleta e fui para a casa dele, me deparei com uma senhora:
– Você deve ser a mãe de Egon...Muito prazer, sou sua vizinha.
– Doutora Danielle! Audi está muito doente! Entre por favor!
Me puxou para a sua sala de estar:
– Egon! Traga o Audi aqui!
Gritou:
– O que ele teve?
– O Egon? Ah, é a adolescência e tudo mais...
Não pude deixar de rir:
– Não, rs, quero dizer...Os sintomas do Audi.
– Eu não sei, o Egon que disse que o cachorro estava doente, ham...Sente-se.
Apontou para o sofá:
– Claro.
Com esta senhora aqui, parece que nunca entrei na casa, mas é claro que entrei. Toda vez que ela viaja, Egon faz festas e festas, me convida para todas elas, não sei porque ele quer um adulto na festa ou algo assim, mas eu vou, me sinto na responsabilidade, o cachorro deve ter comido algo que não devia nessa última festa.
O garoto chegou com o cão nos braços:
– E então, ele é de que raça?
– Misto, vira-latas.
– Ham...Legal, e quais são os sintomas dele?
– Ele não fala, como eu vou saber?
Lancei um olhar de fúria para ele, mas resolvi me manter calma:
– Como soube que o cão estava doente Egon?
– Antes o Audi brincava muito, era inquieto de mais...
– E agora?
– Ele está parado, só vive deitado...Não come.
– E isso tem quanto tempo Egon?
Olhei para ele com um toque de rigidez e uma pitada de desespero:
– Cinco dias.
Comecei a examinar o cachorro:
– Ele está fraco...Preciso de água e...Ração.
– No que isso ajuda?
– Seu cachorro não come direito a dias, ele precisa ir para a clínica urgentemente, talvez uma lavagem estomacal vá resolver as coisas.
Peguei uma caneta e um papel de receitas que carrego na maleta e comecei a escrever uma carta de detalhe por detalhe para um Doutor qualquer:
– Egon, vem falar comigo ali um minutinho?
O garoto revirou os olhos e me seguiu até a varanda:
– Você tem que ser mais responsável.
– Você é minha mãe?
Virou as costas:
– Hey garoto!
O puxei pelo moletom:
– Não sou sua mãe, sou uma veterinária que está dizendo que foi irresponsável.
– Porque?!
– Viu o estado de Audi? Sabe o que houve? Sabe o motivo de ele estar assim?
– Não, qual é?
– Pois ele comeu alguma coisa que não podia na sua festinha.
– Lá vem...
– Egon, tem que tomar mais cuidado.
–Ta...
Fui até a sala e entreguei o papel a mãe de Egon:
– Entregue isso á um veterinário.
– Não vai poder tratar dele aqui?
– Eu já disse, o máximo que eu posso fazer é dar algo para ele comer aqui, sinto muito, vai ter que leva-lo a uma clínica.
– Oh, certo.
Olhou em volta:
– Bom, já vou indo.
– Por que não toma um café antes?
– Eu...
– Sente aí no sofá, vou fazer alguns petiscos.
Esperei por cinco minutos e a senhorinha voltou com uma enorme bandeja:
– Não quero atrapalhar.
– Atrapalhar o que?
Riu
– É que...Você deve ter algo importante para fazer...
– Não! Vamos conversar garota.
– Oh, claro.
Peguei um biscoito:
– Egon disse que vai se casar.
– É, sim...Fui pedida em casamento. Nada marcado.
– Hum, e qual é o nome dele?
Sorriu:
– Do meu noivo?
– Sim.
– Chris...Digo, Christoff.
– Ele é veterinário também?
– Sim, trabalha comigo.
– Interessante...Ele é bonito?
Senti meu rosto corar:
– Sim...Eu acho.
Riu:
– E como se apaixonou por ele?
– Eu...Eu não sei.
– Como não sabe? Não se lembra de o que ele fez para você se apaixonar?
– Eu....
Bom, se prepare para o maior Flashback da história...