My Sky Angel

Capítulo 24 - Bónus


A sala parecia fria e sombria. Mesmo com o ar acolhedor que a lareira ligada oferecia e a figura de feições esbeltas e delicadas havia algo que tornava a sala sombria. Havia algo que não combinava com o ar hospitaleiro daquele compartimento.

– Arnold – uma voz suave quebrou o silêncio.

– Sim, princesa Emma? – Arnold prontamente respondeu.

– Tens alguns conhecimentos dos reis? – perguntou ela.

– A senhora quer dizer conhecimento de alguma guerra?

– Sim – ela suspirou.

– Não tenho nada senhora – o conselheiro afirmou – Mas tem alguma suspeita?

A princesa Emma que antes olhava distraída para as chamas alaranjadas selvagens virou os seus olhos cristalinos para o seu conselheiro.

– Sabes Arnold, a profecia assusta-me. Tanto pode ser por aquilo que eu sempre lutei, todos juntos não importa as raças, como lançar o mundo numas trevas incontroláveis.

– Mas sabe que isso tanto pode ser agora como poderá ser daqui a um milhão de anos, não sabe?

– Mas oito pessoas, especificamente? – a princesa refutou – é um número um pouco invulgar.

– Emma, tem alguma ideia de quem poderá ser? – nesse momento os olhos do conselheiro brilharam de curiosidade.

– Uma ideia? Sim, tenho. Mesmo podendo não o ser, eu não tenho essa sensação.

– E quem seria? – a sua voz exalava curiosidade e o seu corpo estava inclinado para a frente para captar melhor as palavras.

E sem responder a princesa levantou-se da poltrona adornada onde estava sentada e foi até à pequena mesinha e serviu-se com um chá fumegante de cidreira. Ela inalou um pouco o vapor, rodeou as mãos à volta da chávena e sentou-se de volta.

– Conheces a oitava trupe? – ela perguntou enquanto bebericava no chá.

– A oitava trupe? – ele olhou-a confuso.

– Um grupo que está aqui. Eles encaixam na profecia. – ela disse com os olhos cristalinos a brilharem.

– Se eu ganhasse uma moeda por cada vez que dizes isso – ele suspirou desiludido.

– Não estou a brincar Arnold, isto é diferente – ela virou-se e adquire uma expressão séria.

Desta vez ele voltou à sua expressão séria. Os seus olhos voltaram à sua expressão curiosa.

Ela começou a citar:

“Oito crianças unidas

Por laços indestrutíveis

Dois mestiços o coração

O anjo negro a salvação

Por eles a guerra definirá

Qual o lado a ganhar

Mas o lado só será definido

Quando o herói se sacrificar”

– Eles são oito e estão unidos como irmãos por mais que não o sejam. Quem os uniu foram duas mestiças irmãs cada uma de cada lado. – ela explicou.

– Visto assim… – ele anuiu.

– Senhora? – um guarda entrou pela porta dentro mas mal viu o conselheiro da rainha retraiu-se – Desculpe o incomodo.

– Diz, Anjo Guerreiro Amador Johnson – A princesa ordenou.

– Guardas… - ele inspirou fortemente - … dos reis…. – voltou a inspirar – em ambos os lados da floresta.

– Como? – A princesa levantou-se instantaneamente.

– Eu acho que vai haver uma guerra, minha senhora. – o anjo afirmou.

– Uma guerra? – ela arregalou os olhos – Não, não, não! Agora não. Eles ainda não estão pontos!

– Minha senhora? – ele olhou intrigado – Os nossos guerreiros estão todos a postos!

– Sim, muito bem mas só vigiem por agora! Não queremos entrar já na guerra – e assim Johnson retirou-se da sala.

Ela olhou para o seu conselheiro e começou a andar de um lado para o outro.

– Eu não te disse Arnold? – ela olhou para o homem de cabelos grisalhos e expressões cansadas e treinadas para não expressar emoções.

– Sim, estou deveras surpreso. A senhora já amadureceu bastante desde o dia em que eu a conheci.

– Eu era uma criança nessa altura – ela replicou.

– Sim, uma criança – falou mais para si que propriamente para a princesa – Estou deveras surpreendido.

Mas por mais surpreendido que parecesse, por mais surpreendido que dissesse que estava, os olhos espelhavam a verdade.