My Sky Angel
Capítulo 18 - Hiccup
Já estávamos há alguns dias sem saber de Anna e Kristoff. O ar estava carregado de tristeza, agitação, medo, receio e exaustão. Fazíamos pequenas buscas em grupos de dois. Os risos e os rostos alegres davam lugar aos suspiros e a rostos cansados. Passávamos dias sem nenhuma notícia. Íamos aumentando os campos de busca mas nem isso faziam as notícias serem dadas. Muitas vezes punha-me a olhar para o lugar que outrora fora a minha casa. Tanto as minhas asas, o meu corpo, a minha mente e até o meu hiddick estavam saturados e em baixo. Elsa nunca participara nas buscas e ficava de guarda na gruta.
– Hiccup. Já estás pronto? – Merida olhava para mim com uma cara cansada e sem luz de esperança.
Acenei com a cabeça e desfraldei as asas. Ambos levantamos voo sem mais nenhuma palavra. Olhei para baixo. Só via árvores e mais árvores. Suspirei desanimado e Merida acompanhou-me.
– Ei – chamei-a olhando para ela – vai correr tudo bem.
Ela olhou para mim com uma cara que mostrava que as palavras eram falsas. E eram. Eu também queria acreditar nisso mas estava difícil. Aumentamos um pouco o local de procura tentando avistar algo, sem sucesso.
– Acreditas mesmo nisso? – ela perguntou desanimada – Sê honesto.
Olhei para ela incapaz de mentir.
– Não. Mas não perdemos perder a esperança. – suavizei – Quando a perdermos ,aí sim eles estarão perdidos.
Ela olhou para mim afirmando e voltou a olhar para a imensidade de árvores. Tínhamos adentrado bastante na floresta e estávamos seguros dos guardas o que me descansava pouco. Voltamos para o nosso pequeno abrigo.
– Alguma coisa? – Elsa perguntou, claramente esperançosa e eu e Merida negamos.
Estávamos todos reunidos e claramente desanimados. De repente ouço um pequeno ruído. Hans tira uma faca de mato que eu não tinha ideia da sua existência.
– Olá – um rapaz chega-se ao pé de nós com as mãos levantadas – eu sei onde os vossos amigos estão.
Merida e Hans baixam as suas armas mas ainda receosos. Seguidamente uma rapariga chega-se ao pé do rapaz de cabelos prateados.
– Astrid? – eu pergunto em choque piscando várias vezes os olhos para ver se era realidade.
– Que estás aqui a fazer? – Enquanto eu e Jack baixamos logos as defesas. Elsa estava obviamente desconfiada.
– A dizer-vos onde estão os vossos amigos.- ela responde calmamente.
– Quem são vocês? – Hans pergunta ainda de faca em punho.
– O meu nome é Owen – o rapaz fala – e esta é a Astrid.
– Então o que aconteceu com o meu irmão e com a Anna? – pela primeira vez Punzie pronuncia-se.
– O teu irmão está bem – Owen começa e a sua cara desanima-se – Já a rapariga…
Todos abatemos com a informação. O que acontecera com Anna?
– Ela está doente e já está aos nossos cuidados – Astrid apressa-se a justificar.
– Aos vossos cuidados? – Merida pergunta.
– Somos um grupo antigo. Desde a separação dos reinos. Somos um grupo contra essa separação. Auto denominamo-nos de Templários. Na nossa sede temos todo tipo de anjos, incluindo curandeiros – Owen olhou para nós – dos melhores.
Olho para eles, confuso.
– Porque nos estás a contar issso?
– Porque procuramos recrutas e como vocês têm mestiços incluídos, concluímos que vocês não são das tropas dos reis Adnis e Lufhins.
– Mestiços? – Eu e Jack perguntamos ao mesmo tempo e consigo ver Elsa dar um passo para trás.
– Anjos com sangue Lufhins e Adnis – Astrid explica – Espera, vocês não sabiam?
– Isso explica os voos em segredo – Owen pensa alto.
– Tu andas a vigiar-nos? – Elsa pergunta vacilante e eu olho para ela. Nunca a tinha visto tão vulnerável.
– Eu em pessoa. Como eu disse tínhamos que ver com os nossos olhos – o rapaz sorri.
– Quem são os mestiços? – Jack faz a pergunta que se formava na minha mente. Todos estavam surpresos embora eu visse medo no olhar dos Adnis e muito mais nos de Elsa.
– Queres dizer que a tua irmã não disse nada? – Astrid dá uma pequena gargalha – Bem escondido Elsa. A outra é Anna – ela diz com a menor indiferença.
– Como? – Merida pergunta surpresa. Todos olhamos para Elsa. – Eu sabia de Anna mas de ti não. E pelos vistos mais ninguém.
– Onde estão eles? – Elsa pergunta vacilante mas ignorando todos os outros.
– Temos que ir a voar. É mais rápido – O rapaz fala abrindo as asas e sendo seguido por Astrid. Tinham as asas azuis e amarelas, respetivamente.
Depois todos abrimos as asas. Todos menos Elsa.
– E a gruta? – ela pergunta.
– Peguem nas vossas coisas. A sede é muito melhor.
Quando todos pegaram nas suas coisas, Elsa abriu as asas. Tinha as asas num amarelo brilhante e a parte interior era praticamente branca se não fossem os tons de cinzento que apareciam aqui e ali.
– Vamos – ela disse mais para si própria que para nós. Quando levantamos voo permiti-me pensar. A pessoa pela qual eu tinha uma pequena queda estava aqui mesmo à minha frente. Elsa voava às nossas escondidas o que explicava os seus pequenos desaparecimentos.
Quando eles começaram a descer para uma concentração de árvores, nós descemos desconfiados. Eles pousaram e bateram três vezes numa árvore. A árvore deslizou para o lado e fomos cumprimentados por um anjo. Talvez um guarda. Ouvi suspiros de admiração e quando olhei para a frente o meu queixo caiu.
Havia anjos a voar alegres e bastantes edifícios majestosos. Ao contrário do que parecia quando olhávamos para cima conseguíamos ver o céu azul e brilhante. Olhando para o lado consegui ver anjos a voar com espadas nas mãos e a lutar. Pousavam várias vezes no chão mas sem parar de guerrilhar. Os campos eram verdejantes e eu conseguia ver animais a pastar e a correr livremente. Havia também hiddicks de todos os feitios e tamanhos. Eu estava boquiaberto. Continuamos a andar e entramos num edifício que parecia uma espécie de enfermaria.
– Eles estão aqui.
Anna estava deitada inconsciente e Kristoff estava ao lado dela com umas ligaduras.
– Estão aqui! – ele sorriu e veio ter connosco – Eu não sei o que aconteceu Hans, desculpa não fiz o que te prometi.
Hans pousa a mão no seu ombro reconfortando-o mas vejo que ele está preocupado. Aproximamo-nos dela devagarinho, todos infelizes.
– A culpa é minha – Merida sussurra.
– Não – Hans reconforta-a – a culpa não é de ninguém.
O meu peito aperta por todos. Coitada de Anna. A culpa não era de ninguém, muito menos de Merida. Afago Thoothless tentando encontrar algum consolo.
– Bom dia novatos – uma voz feminina soa atrás de nós. Owen, Astrid e até mesmo Kristoff curvam-se ligeiramente.
Todos piscamos os olhos sem saber o que fazer. A jovem mulher ri-se com a nossa confusão. Era uma gargalhada cristalizada como se fossem sinos a tocar uma melodia bastante agradável e também mágica.
– Chamo-me Emma. Ela sorri – Princesa Emma para ser mais precisa.
Se estávamos confusos, ficamos mais agora.
– Venham eu explico-vos na visita guiada. A enfermaria não é o melhor lugar. Kristoff podes ficar aqui e vocês os dois podem ir, se quiserem.
– Sim, minha senhora – responderam os três ao mesmo tempo. Kristoff voltou para o lado de Anna e os outros dois desapareceram de vista.
Caminhamos pelos campos enquanto nos mostrava o local e o que se fazia lá. Passado algum tempo sentamo-nos nuns bancos prontos para ouvirmos a história.
– Há muito tempo – ela começou – os dois príncipes Adnis e Lufhins, gémeos, queriam ambos o trono. O rei logo soube que só queriam o poder e não queria que eles governassem o reino. Mas o rei estava a morrer e decidiu dividir o reino.
Todos acenamos embora reparássemos que dali não sairia a história que nós conhecíamos.
– O rei e a rainha foram viver numa pequena casa no meio da floresta onde decidiram passar o resto da sua vida. Com eles foram as pessoas que não concordaram com a separação. Poucas, infelizmente – ela suspirou – mais tarde a rainha teve um filho. Uma filha para ser mais exata.
Todos olhamos estupefactos. Não sabíamos daquilo. Ninguém nos contara aquela versão.
– Quando os gêmeos souberam disso, amaldiçoaram a irmã para que esta não tivesse um filho varão que subisse ao trono. Eles não queriam perder o poder. A menina foi crescendo e vivendo com os pais alegremente. Era justa e não estava realmente preocupada com o poder, somente em ajudar os outros. Para diminuir a maldição os pais fizeram com que todos os seus descendentes tivessem as suas qualidades.
Olhamos uns para os outros. Aquilo parecia ter muita magia para o meu gosto. Eu nem sabia que isso poderia existir. Estávamos todos calados e surpresos.
– Este lugar – ela continuou – foi criado para aqueles que eram contra a separação. Eu sou parente da pequena princesa. Daí o tratamento dos vossos amigos.
Ela explicava aquilo como se fossemos pequenas crianças. Eu ergui as sobrancelhas claramente surpreso. Aquilo era muito confuso.
– Princesa Emma – Elsa chamou e a princesa sorriu – o que aconteceu com Anna?
O sorriso dela murchou. Era algo grave então. Nós os oitos já nos dávamos bem e eu fiquei triste pela minha recente amiga.
– Ela está com uma doença bastante rara. Acho que não tem nome devido à sua raridade. É muito difícil dizer como ela a apanhou. Não existem muitas formas de a curar. Ela vive em delírios com febres altas e pode mesmo chegar a perder as asas. – ela suspirou e todos olhamos para ela horrorizados.
– Disse que não existiam muitas formas de a curar. Isso quer dizer que existem, embora sejam poucas, certo? – Merida chorava mesmo tentando ainda parecer forte. Estavamos todos abatidos com a notícia. Eu nem uma palavra conseguia pronunciar.
– Existia uma forma – ela disse – eram dois colares em forma de asa que se encaixavam na perfeição. Quando encaixados faziam todo tipo de magia. Incluindo cura.
– O que lhe aconteceu? – Elsa perguntava curiosa.
– Os guardiões deles eram Adónis e Kate. Morreram quando os reis souberam. Eram bastantes importantes na nossa comunidade e foram torturados até à morte. Os colares acho que foram oferecidos aos filhos que eles tiveram pouco antes de serem apanhados. E não os conseguimos achar – ela olha para nós triste – até agora! Anna era filha deles. Ela tem uma parte do colar. O problema é que só metade não serve.
Todos olhamos desiludidos. Só havia uma pessoa pensativa: Elsa.
– Esses colares atraem-se um ao outro? – ela perguntou.
– Como assim? – a princesa olhava-a surpreendida.
– Quando uma pessoa o usa não se pode sentir atraída para a outra?
– Pode. Quando estão relacionadas. Irmãos de sangue, pais e filhos, pessoas apaixonadas… Também só funcionam assim - ela explica e Elsa levanta-se rapidamente.
– Onde era a enfermaria, mesmo?
Corremos todos atrás de uma Elsa misteriosa e completamente determinada. Quando chegamos ela foi ter rapidamente com Anna. Kristoff, que a estava a vigiar, para o caso de surgirem anomalias olhava para nós com um olhar confuso.
– Espero que não seja tarde de mais – Elsa sussurra e pega no colar que Anna tinha. Depois põe a mão no seu pescoço e mostra um colar que se escondia dentro da roupa. Era uma asa amarela igualzinha à asa azul do colar de Anna.
– Espero que não seja tarde de mais – ela volta a sussurar quando encaixa os colares – maninha.
Não acontece nada e suspiramos todos desanimados. Elsa tinha os olhos fechados e uma lagrima escapa-lhe por eles. Quando menos espero, uma luz cega-me os olhos.
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