My Little Luck

Look At Your Game Girl


Pov. Percy

Alguém me diz como eu faço pra esquecer o que aconteceu noite passada? Porque isso me parece ser uma missão impossível.

Como esquecer que por um momento eu tive Annabeth em meu braço? Que por um momento ela foi minha, mesmo de que uma maneira errada.

Balancei a cabeça devagar, tentando me livrar de tal pensamento, o que foi inútil.

Annabeth se dirigiu a sala de aula, logo depois eu entrei. Tracy me tinha guardado um lugar pra mim do seu lado, mas eu não estava muito afim de ouvir ela falar, então sentei do lado de Grover. Tracy me lançou um olhar raivoso, sorri para ela e virei para olhar meu amigo.

– O que houve cara? – Perguntou Grover.

– Nada.

– Esse “nada” não me convenceu.

Suspirei de frustração. Por mais que eu tentasse esconder algo de Grover, ele sempre sabia o que algo estava me incomodando.

Abaixei a cabeça e comecei a dedilhar na mesa.

– Eu estou confuso. – Disse baixo.

– Com o quê?

– Com... Com em relação ao meu coração.

– Continua. – Pediu.

Me afundei mais na mesa, o professor de História já estava na sala de aula e explicava algo haver com a Segunda Guerra Mundial.

– Ontem, – Disse. – eu beijei Annabeth.

– Isso já está virando mania. – Ele disse olhando para o professor.

– Foi do nada, ela foi até em casa me ajudar com a dor de cabeça, que como você sabe, eu não sei nada sobre remédios. Até aí beleza, depois ela começou a fazer massagem em minha têmpora, e de repente eu a beijei...

– E esse beijo quase deu em sexo. – Ele terminou.

– É. – Confirmei.

– Ou essa menina é bipolar, ou ela gosta de você.

– E quando foi hoje, eu fui falar com ela sobre isso, ela disse pra mim esquecer o que tinha acontecido.

Grover balançou a cabeça levemente, olhei para frente e vi que o professor me olhava seriamente.

– Gostaria de compartilhar o que estava falando com Grover, Sr. Jackson?

– Não, senhor.

O professor voltou-se para a mesa e eu suspirei baixo. Olhei para onde Annabeth estava sentada e ela me olhava, ela sorriu e voltou-se para o professor.

Voltei o olhar para a mesa e comecei a fitar o vazio.

– Continuando... E você não para de pensar nela, não é?

Assenti levemente.

Eu poderia muito bem dizer que não, que não pensava nela, mas Grover sabia a verdade.

– Você esta amando-a.

– Não! – Neguei. – Eu não posso amar ninguém, eu tenho namorada...

– E você a ama? Você está feliz ao lado dela?

Silêncio.

– Sim, mas...

– Percy, pare de mentir pra si mesmo, você não ama Tracy e muito menos está feliz ao lado dela. Se você realmente a amasse, não teria beijado Annabeth. – Disse Grover agitado, mas baixo.

Comecei a dedilhar mais rápido, mas ainda sim fitava o vazio.

Grover estava certo, eu não amava Tracy e disso todos nós sabíamos.

– Você está certo. – Disse.

– E o que você vai fazer agora?

– Vou terminar com a Tracy.

Grover sorriu de canto, fechei os olhos e suspirei de alivio.

Pov. Annabeth

A aula foi calma e normal, como todas as outras. Uma vez ou outra eu olhava para Percy e Grover, eles pareciam conversar sobre algo muito importante, pois Percy não parava de suspirar. E pelo dedilhar rápido dele, podia dizer que o mesmo estava nervoso.

A aula terminou, como o professor de Geografia estava doente e não pode ir dar a aula, nós fomos liberados mais cedo. Arrumei as minhas coisas e sai da sala de aula, me dirigir pelo corredor que levava para fora da escola, e quando sai, Rachel aparece sorrindo e saiu puxando-me até o carro de Thalia, onde Nico, Jully, Bianca estavam encostados.

– Oi pessoal. – Disse.

– Oi. – Responderam todos.

Olhei para Bianca e ela me lançou um sorriso grande, o que estava evidente que ela e Nico tinham conversado e se acertado.

– Annie, a gente vai acampar esse final de semana, vamos? – Perguntou Rachel animada.

– Hum, o que vocês fazem nesse acampamento? – Indaguei.

Grover e Percy chegaram, sorri para os dois e voltei a atenção para Rachel.

– Sabe aqueles acampamentos onde a gente senta em volta da fogueira, canta musicas melosas e conta histórias de terror ou historias engraçadas? – Perguntou Thalia.

Assenti.

É, acho que seria legal passar um tempo com os meus novos amigos.

– Pois é, o nosso é totalmente diferente. Rola os meninos jogando água em nosso cabelo. – Ela disse olhando para Percy, que deu um sorriso cínico. –Em algumas barracas tem sexo e umas meninas gritando porque tem muito pernilongo ferrando-as.

Ri com a descrição do “acampamento” feito pela Thalia.

– Nossa, coloque diferente nisso. – Disse.

Percy e Nico riram.

– Ser diferente é um dom. – Disse Nico.

Balancei a cabeça negativamente.

– Tudo bem, preciso ir embora.

– Entra no carro. – Disse Thalia.

Entrei no carro junto com Bianca e Thalia, e logo todos se afastaram. Thalia ligou o carro e deu a ré.

– Qualquer coisa, me liguem. – Gritou Thalia saindo do estacionamento.

– Então, vocês saem sábado?

– Não, não, a gente sai sexta de tarde. – Respondeu Bianca.

– Porque?

– Porque é melhor, ai a gente dorme lá e quando é sábado de tarde nós voltamos.

– Hum.

Virei o rosto para janela.

– Annabeth, o que está havendo entre você e Percy? – Indagou Thalia olhando-me pelo retrovisor.

Olhei para Bianca e ela estava virada para mim, ela tinha um sorriso amistoso no rosto, virei o rosto novamente para janela e vi que Thalia estava tomando um rumo diferente da minha casa.

– Onde você está indo?

– Só vou te deixar em casa depois que me contar o que está acontecendo com você e Percy.

Suspirei e joguei a cabeça pra trás.

– Não ta acontecendo nada. – Disse.

– Isso é mentira. – Disse Thalia.

– Annie, diz pra gente. Todo mundo percebeu que o clima entre vocês estava meio embaraçoso. – Disse Bianca.

– Eu não quero falar sobre isso.

– Mas a gente quer. – Disse Thalia.

Suspirei uma vez, depois mais uma.

– Eu estou confusa.

– Em relação há que?

– A tudo. Minha vida, meu coração, meus sentimentos...

– Melhor você dizer que está confusa em relação ao Percy, se está gostando dele ou não, certo? – Disse Thalia.

Balancei a cabeça positivamente, apesar de não saber por quê. Será que eu estava mesmo gostando de Percy?

– Eu não sei, do lado dele eu me sinto confiante, sabe? Do lado dele eu sinto que eu posso ser eu mesma, eu não sei descrever isso.

– Mas ao mesmo tempo você quer mata-lo por todas as besteiras que ele faz, estou certa? – Perguntou Bianca.

Sorri.

– Sim.

– Principalmente por ele esta namorando a Tracy. – Continuou.

– Porque ela? – Indaguei.

– Percy é um idiota, ainda não percebeu? – Perguntou Thalia.

– Já, mas...

– Pergunte dele. – Disse Bianca.

– Porque? Se eu perguntar isso, ele vai pensar que eu estou gostando dele.

– E isso não é verdade?

– Sim! – Disse. – Quer dizer, não... – Balancei a cabeça furtivamente. – Ah, foda-se!

Thalia e Bianca se entreolharam e começaram a gargalhar.

Cruzei os braços e bufei, uma atitude totalmente infantil.

– Isso, riam de mim!

– Ela ta mais confusa do que eu imaginava. – Disse Bianca.

– Ok, eu vou te levar pra casa.

– Finalmente.

Durante todo o percurso não falamos nada, só via Thalia me olhando de vez em quando pelo retrovisor e Bianca me olhando pelo canto do olho.

Quando chegamos a frente de nossa casa, Percy estava lavando o carro. Ele estava sem camisa e eu não pude deixar de reparar. Fiquei babando por uns 5 segundos, depois olhei para as meninas e ela tinham um sorriso safado no rosto.

Corei bruscamente, peguei a minha bolsa e sai do carro.

Entrei em casa e subi diretamente para o meu quarto.

Pov. Percy

Cheguei em casa e decidi que o meu carro precisava urgentemente de uma lavagem. Eu ia manda-lo para o lava jato, mas a essa hora ele devia estar fechado para o almoço. Então peguei a esponja, uma mangueira, um balde e sabão liquido e fui para a garagem.

Apesar de estar frio hoje, eu estava suando, então decidir tirar a camisa. Vi que Thalia tinha chegado na casa de Annabeth, que saiu do carro depois de um tempo e saiu correndo para a sua casa. Não sei eu vi errado, mas ela estava mais vermelha do que um tomate.

Thalia e Bianca saíram do carro rindo, e vieram em minha direção.

– É impressão minha ou Annabeth estava vermelha feito um tomate? – Perguntei assim que chegaram perto de mim.

– Não é impressão sua, ela estava mesmo corando.

– Porque?

Thalia arqueou a sobrancelha e desceu os olhos pelo o meu corpo.

– Preciso dizer alguma coisa?

– Ah!

– Pois é, pegamos ela no flagra. – Disse Bianca ainda as risadas.

– Coitada...

Era bom saber que Annabeth sentia-se atraída pelo o meu corpo.

– Beleza, a gente vai nessa. – Disse Thalia virando-se.

– Espera. – Bianca segurou o pulso de Thalia. – Percy, e o seu relacionamento com Tracy?

– Huh... – Cocei a cabeça por um momento. – Acho que vou terminar com ela.

– Jura? – Disseram as duas.

– Jurar é pecado. – Dei os ombros e virei para lavar a mão cheia de sabão.

– Idiota. – Resmungou Thalia.

– Mas porque você vai terminar o seu relacionamento de 2 dias? – Perguntou Bianca com um certo interesse na voz.

– Ah, não me sinto mais atraído por ela...

– Ok, e porque você e a Annabeth estão tão esquisitos um com o outro?

– Ela não contou pra vocês? – perguntei.

– Não contou o que? – Disse Thalia com um sorriso no rosto.

– Pergunta a ela. – Peguei a mangueira e comecei a tirar o excesso de sabão da esponja.

– Diz. Agora. – Pediu Thalia autoritária.

Suspirei baixo.

– A gente meio que se pegou ontem. – Eu disse baixinho.

– Espera, eu ouvir isso mesmo? – Disse Bianca rindo.

– Sim, a gente ouviu isso mesmo. Agora vamos.

Bianca e Thalia saíram correndo para o carro, quando Bianca se virou, vi que sua barriga estava mais avantajada.

Torci o nariz.

Voltei a lavar o meu carro, de vez em quando eu olhava para a casa de Annabeth, pensando se eu deveria ou não ir até lá.

Terminei de lavar o carro e subi para o meu quarto, minha mãe estava sentada almoçando e me chamou, disse que só iria tomar um banho e já descia.

Conforme disse, entrei no banheiro e tomei um banho um pouco mais rápido que o normal, já que a água estava congelante. Saí do banho enrolado em uma toalha e fui para o closet pegar uma roupa confortável para vesti. Acabei vestindo uma bermuda branca com uma blusa vermelha de manga comprida, passei a mão no cabelo e desci para almoçar.

Minha mãe tinha feito lasanha de frango, uma das minhas comidas preferidas. Comi distraidamente, e depois que acabei, subi para o meu quarto e acabei dormindo.

Acordei com o meu celular tocando, tateei a cama atrás dele e o encontrei debaixo do meu travesseiro. Peguei o celular e o atendi sem olhar quem era.

– O que é? – Perguntei sonolento.

– Oi meu amor! – Disse uma voz feminina um pouco irritante.

– Ah, oi Tracy. – Disse sem emoção.

– Desculpa te acordar.

– Ok.

– Ai, que mal humor. – Ela disse sorrindo. – Ei, o que houve? Você não falou comigo quando a aula acabou.

– Tive uma emergência. – Menti.

– E porque você não sentou ao meu lado na aula de História?

– Tive que acertar algumas coisas com Grover.

– Entendo...

– Eu vou aí na sua casa, ta bom?

– Não! – Eu disse rápido. – Quer dizer, eu não to em casa... To na casa do Nico, resolvendo algumas coisas sobre o jogo... – Menti novamente.

– Tem certeza?

– Sim.

– Ah, a gente precisa conversar um pouco né? Namorar... – Pelo o que eu pude perceber, ela estava sorrindo.

– Tracy, acho que a gente precisa conversar sobre o nosso relacionamento. – Disse.

– Precisamos?

– Precisamos!

Estava decidido, eu ia terminar com Tracy nesse exato momento.

– Ei, eu te amo, tá? – Ela disse manhosa.

Ela precisava dizer isso logo agora?

Mesmo que eu não ame uma pessoa, ouvir dize-la que me ama logo quanto eu estou tentando terminar é um golpe baixo pra mim.

– E você, me ama? – Ela disse ainda manhosa.

– Aham.

– Então me diz.

– Tracy, eu preciso desligar, a gente se fala depois, tchau.

E sem deixar ela falar nada, desliguei o celular.

Olhei para o relógio e já era 5h46 da tarde. Fui para a sacada do quarto e vi Annabeth sentada no chão cheia de papeis e um livro de matemática do seu lado.

Assoviei alto para que ela pudesse ouvir, ela olhou para direção do meu quarto e sorriu.

– Tem tarefa de matemática? – Perguntei.

Ela balançou a cabeça positivamente.

– Pode me ajudar? Sou péssimo com contas.

Não que isso não fosse verdade, mas era uma desculpa para mim ir até lá, eu queria esclarecer as coisas com ela.

– Claro, entra aí. – Ela disse.

Desci a escada de emergência e a posicionei na sacada de Annabeth, subi e pulei a barra de proteção. Ela ainda estava sentada no chão e sorria abertamente para mim.

Annabeth estava vestindo um short jeans curto com uma blusa maior que o seu corpo, seu cabelo esta preso deixando evidente seus olhos cinzas . Sorri para ela e sentei do seu lado.

– Cadê o seu caderno? – Perguntou.

– Huh, acho que esqueci.

Ela riu baixo, arrancou uma folha de seu caderno e estendeu para mim.

– Pega, escreve nessa.

Peguei a folha e um lápis em seu estojo.

– Você sabe alguma coisa sobre Equações Algébricas?

– Equação o que? – Perguntei.

– Pelo visto, acho que não. – Ela pegou o livro de matemática e abriu na pagina do assunto. – Você pelo menos prestou atenção na aula.

Levantei as sobrancelhas e ela riu.

– Ok, eu vou te explicar. – Ela inspirou fundo. – Equação polinomial ou algébrica é toda equação redutível à forma p (x)= 0, em que p (x) é igual...

– Quer saber, eu não vi aqui por causa da tarefa. – A interrompi.

– Veio sobre o que então?

– Vim falar sobre o que aconteceu noite passada.

– Percy... Eu já disse que era pra esquecer. – Ela disse olhando pro lado. – Eu sei que aquilo aconteceu por causa dos hormônios.

– Você sabe que não foi por isso.

Ela me olhou confusa.

– Annabeth, eu sei que você sente algo por mim.

– Eu? Sentindo algo por você? – Ela perguntou.

Por um momento eu fiquei confuso, mas eu já tinha sacado o jogo dela, ela era difícil na queda. E tinha aquele tal de Mark que sempre estragava tudo.

– Sim, você mesmo.

– Ah claro, acho que alguém anda bem enganado por aqui.

Ela fez menção de se levantar, mas segurei o seu pulso.

– Ah é? Então diz pra mim que você não sente nada quando está perto de mim. Me diz que você não sentiu nada quando nos beijamos lá em casa, me diz! – pedi.

– Percy, acho melhor você ir embora. – Ela disse.

A olhei nos olhos, e neles havia confusão, evidentemente.

– Você sente algo por mim, Annabeth.

– Você tem razão, e o que eu sinto por você? –Ela perguntou. – Raiva.

– Raiva? – perguntei confuso.

– Sim, raiva das suas idiotices, raiva...

Mas a interrompi com um beijo, ela relutou um pouco, mas logo cedeu. Sua mão veio de encontro para o meu pescoço, e eu aproximei o meu corpo do seu. Nossas línguas dançavam em um ritmo sincronizado. Logo o meu pulmão pediu ardentemente por ar, e nós nos separamos ofegantes.

Annabeth mordia os lábios que estavam um pouco avermelhado, minha mão estava em seu rosto.

– Acho melhor você ir. – Ela disse baixo e olhando para o meu quarto.

– Porque?

– Porque a sua namorada está em pé na sua sacada.

Me virei bruscamente para ver o meu quarto e vi Tracy segurando a barra de proteção da sacada fortemente, seus olhos estavam marejados e cheio de raiva.

Me levantei e falei baixo:

– Me lasquei.