My Immortal

Conheço Eva e Summerland


Nos dias que se passaram eu já me sentia como se fizesse parte da família, Mérope era divertida e Mary muito gentil, o pai de Tom nos levou a teatros, orquestras, restaurantes, eventos trouxas refinados, faziam parte de uma família nobre e muito requintada.

Quanto a Little Hangleton, apesar das pessoas um tanto bisbilhoteiras e preconceituosas (diziam que os Riddle eram esquisitos, bizarros e bruxos), era uma vila pequena e quase aconchegante onde havia a igreja local (da qual Mary gostava que frequentássemos), o bar, local que estava mais para uma lanchonete durante o dia e quase todas as pessoas ali se conheciam.

Era fim de tarde, já estávamos no fim do mês de agosto, eu conversava com o jardineiro quando uma garota passou do lado de fora do grande portão prateado. Era loira e usava os fios trançados como em uma coroa deixando uma parte do cabelo solto, ela passou olhando para a mansão e parou, surpresa a me ver.

– Olá Sr. Bryce. - ela disse e o jardineiro lhe respondeu com um aceno de cabeça, não era muito sociável. - Bom dia. - disse agora se dirigindo a mim com um olhar curioso.

– Bom dia, sou Elizabeth Tyler. - me apresento.

– Claire Madeleine, muito prazer, eu não sabia que... Desculpe, você é uma Riddle?

– Namorada do Tom. - explico. - Estudamos juntos. Vocês são amigos? - pergunto curiosa, pois Tom nunca me falou sobre nenhuma Madeleine.

– Não exatamente. - ela diz e eu vou até o portão. - Posso lhe explicar melhor, acha que tem algum problema se me acompanhar um pouco?

Olho para trás, Franco avisaria se perguntassem sobre mim, abro o grande portão apenas uma fresta para que eu possa passar e acompanho a garota.

– Os moradores do vilarejo não são muito gentis com os Riddle, você já deve ter notado. - ela diz enquanto nós andamos juntas, eu presto atenção no caminho para não me perder mais tarde. Eu assinto e ela continua. - Bem, eles não são muito gentis comigo e com minha mãe também, sou filha de Eva, ela é vidente, mas todo mundo acha que ela é uma charlatã.

– Por isso então vocês são amigos, os rejeitados da vila. - deduzo.

– Ah não! Eu até tentei, mas falei com ele uma vez e ele disse que não fala com trouxas, eu não entendi o que ele quis dizer.

Acabei rindo, era a cara de Tom, mas Claire parecia boa gente, não me olhava torto pela maquiagem pesada ao redor dos olhos, nem por causa da saia amarrotada de comprimento até os joelhos e a regata preta.

– Chegamos. - ela diz parando frente a uma lojinha pequena, a loja era curiosa, na vitrine haviam velas, apanhadores de sonhos e pequenas esculturas de anjos e santos, o letreiro dizia “Consulte-se com Eva”.

– Claire? - ouvimos uma voz do lado de dentro e uma mulher morena de cabelos curtos cacheados e olhos castanhos saiu da lojinha. - Que bom que já chegou, preciso de alguém para ficar no balcão... Ah e quem é esta garota?

– Mãe esta é Elizabeth Tyler, está morando na mansão com os Riddle.

– Muito prazer. - digo, ela aperta minha mão cumprimentando-me, usa vestes tão esquisitas quanto sua loja, fazendo uma combinação entre uma saia em tons esverdeados até os pés e camisa branca de botão.

– O prazer é meu, senhorita viajante do tempo. - ela diz com os olhos apertados, eu, por outro lado, arregalo os olhos e me pergunto como ela sabe.

– Ela não é uma charlatã. - explica Claire ao meu lado e encolhe os ombros.

– Sinto uma energia temporal instável em você querida e o vira-tempo em seu pescoço me diz alguma coisa. - ela explica me dando as costas e entrando novamente na loja, olho para Claire que me encoraja com o olhar a segui-la e eu o faço.

Entro na loja observando algumas velas e incensos, acho meio esquisito, mas sigo a mulher.

– Espere! - digo antes que ela passe pela porta atrás do balcão. - Você pode me ajudar? Eu preciso de respostas. Você é bruxa?

A mulher ri achando graça de minha pergunta e balança a cabeça negativamente.

– Bruxa?! Não, não! Estou mais para espiritualista e estudiosa, não sou, mais sei tudo sobre vocês bruxos. Venha entre, vou ver se posso ajudá-la.

Claire fica no balcão, enquanto eu acompanho sua mãe até a sala que para a minha surpresa, era apenas uma sala comum e aconchegante, pequena com um sofá marrom meio rasgado, cortinas claras e uma lareira bem menos ornamentada que a da casa dos Riddle.

– Sente-se Elizabeth, como eu lhe disse sou só uma estudiosa, não posso lhe ajudar, mas há um lugar onde pode obter suas respostas.

– Talvez, se eu explicar à senhora, possa me dar algum conselho.

– Eu acho que não, mexer com o tempo é perigoso menina, deve saber disto.

– Para onde devo ir então? - pergunto franzindo a testa.

– Summerland. Vai encontrar suas respostas lá, mas precisa praticar meditação.

Penso se devo acreditar em Eva, afinal acabei de conhecê-la, mas ela parece alguém confiável e inspira sabedoria, como um Dumbledore do sexo feminino e trouxa. Decido por acreditar nela, não tenho outra opção, preciso saber quem escreveu aquela carta.

Retiro as sapatilhas e fecho os olhos, não vejo o tempo passar enquanto medito com Eva.

– Precisa ver um portal dourado, quando ver a luz, siga ela. - ela diz pela milionésima vez.

– Não tem nenhuma luz, nem nada dourado. - digo aborrecida e decidindo acabar com essa loucura de vez.

– Se você não acredita Elizabeth, não vai ver mesmo e precisa pensar em alguém que ama, somente o amor pode te levar a Summerland, a dimensão entre as dimensões.

Hesitante, eu suspiro irritadiça e me sento para tentar uma ultima vez. Fecho os olhos e cruzo as pernas em forma de Buda, imagino o portal dourado enquanto penso em minha família, minha mãe, Harry e penso também em Tom. Quase não consigo acreditar quando vejo o portal a minha frente e o sigo, quando abro os olhos novamente, não estou mais na loja de Eva, mas em um jardim lindo e ensolarado.

Summerland é como o jardim dos Riddle, porém em uma versão estendida, onde o clima é ensolarado com aquela brisa gostosa batendo no rosto.

– Uau! - digo olhando ao redor e andando por entre as árvores.

– Quem é você? - ouço uma voz desconhecida atrás de mim e me viro para ver de quem se trata.