Cheguei – Grito quando chego em casa, mas ninguém responde – pai? – ando até a cozinha e encontro um bilhete colado na geladeira com a caligrafia do meu pai “Filha fui ao mercado, volto em meia hora
Encho um copo com agua gelada e o viro de uma vez, tive que voltar a pé, pois Gale e Finnick foram na casa de umas “amigas”.
Subo até meu quarto, tomo um banho e quando desço para comer algo meu pai já havia chegado
— O que você comprou pra mim? – pergunto como uma criança de 5 anos
— Onde estão seus irmãos? – Ele pergunta ignorando o que eu disse
— Eles foram na casa de umas garotas lá do colégio – digo dando de ombros – pai? – ele me olha – Você pensou sobre o grupo de música? Tipo, você viu que aquilo não faz bem pra mim e decidiu me tirar?
— Eu não fiquei de pensar em nada Katniss – ele começa a guardar as compras – Você vai e ponto final.
— por que você quer tanto que eu vá? Por que isso é tão importante pra você? – Eu não entendo por que meu pai quer tanto que eu faça isso, mesmo que seja contra minha vontade
— Você tem que vencer seus traumas Katniss. Eu sei que você ama cantar, é o seu sonho desde criança. – Não digo nada, porque em parte ele está certo. Desde criança a coisa que eu mais amava era cantar. Nesse quesito eu puxei a meu pai, ele tem uma voz linda.
Mas desde tudo que aconteceu no palco da minha antiga escola eu não me sinto segura o bastante para cantar, principalmente em público – Ah eu quase ia me esquecendo, A vizinha me deu uns livros antigos dela e eu os trouxe pra você
— Onde eles estão?
— Na sala dentro de uma sacola

Vou até o saco azul que até então não tinha chamado minha atenção, e quando o abro o cheiro de livro velho invade o ar. Pego o primeiro que vejo e franzo o cenho para o título “A mulher e a Amante” e na capa à a foto de uma mulher – que eu suponho se a amante - arranhando o peitoral nu de um homem e do lado outra mulher virada de costas para cena.
Todos os livros são do mesmo gênero – livro adulto ou romântico – E nenhum me agrada

— Gostou de algum?
— Não. Essa nossa vizinha é louca.
— E o que você vai fazer com tudo isso?
— Ah, então o fardo agora é meu? – pergunto indignada
— Eu te dei os livros não é? Responsabilidade sua meu bem – reviro os olhos e decido doar para a biblioteca do colégio. Seria um desperdício jogar tudo aquilo fora.

*****

Coloco todos os livros - que não são poucos e nem leves – dentro de uma bolça e sigo para o colégio.
os corredores estão vazios, até por que que pessoa viria aqui está hora?
Depois de entregar todos os livros para a bibliotecária vou em direção ao portão de saída, mas acabo esbarrando em uma garota na hora de virar o corredor e seus livros caem no chão
— Me desculpe – me abaixo para pega-los e ela faz o mesmo, quando levanto para entrega-los a ela, percebo que nunca a vi aqui, por mais que eu não tivesse amigos eu conhecia as pessoas – Você é nova?
— Sou – ela responde sem jeito – Meu nome é Cashmere, Cashmere Grey
— Katniss Everdeen – sorrimos uma para outra. Eu explico como as coisas funcionam aqui e ela me conta um pouco sobre sua vida. Ela veio pra cá com sua mãe, quando seus pais se divorciaram, tem a mesma idade que eu, 16 anos e também ama ler.
Como ela disse, sua mãe é bem brava então não podemos conversar muito, pois ela tinha que voltar para casa.
Eu gostei dela, parecer ser legal e no momento eu não to podendo recusar amizades
Já que de amigos aqui eu não tenho ninguém.

***

Bom dia! – Digo quando chego na cozinha e todos estão lá inclusive minha mãe – Oi mãe
— Oi Katniss – Minha mãe é medica, por isso ela quase não passa tempo em casa, sempre está no hospital trabalhando. É raro eu acordar e ela estar na em casa tomando café com meus irmãos, como hoje, porque ela chega quando eu estou dormindo e sai antes de eu acordar
— Não é legal Kat? A mamãe conseguiu tirar uma folguinha do trabalho – Finnick é o mais “carente” digamos assim, Ele parece uma criança quando o assunto era nossa mãe.
— É. Você está de folga? – pergunto pegando uma maça e me sentando a mesa
— Não, só vou entrar um pouco mais tarde hoje – Ela responde simplesmente. Minha mãe nunca foi do tipo que pergunta como foi seu dia quando você chega da escola, que quer saber como estão suas notas ou se você está gostando de algum garoto. As suas atenções sempre foram voltadas para Gale que é o filho mais velho, comigo eram mais broncas por eu não ter feito alguma coisa direito.
Finnick acaba sendo o mais carente porque ele nasceu pouco depois de Gale, então a atenção de minha mãe era mais voltada para meu irmão mais velho, e um ano depois eu nasci, e por ser a única garota, meu pai me “mimava” mais. Então digamos que Finn nunca foi o centro das atenções dos meus pais.
— Já deu a hora de vocês – avisa meu pai. Gale e Finn se despedem de mamãe com um beijo, eu apenas aceno para ela e saio ainda comendo minha maça. Algumas pessoas podem achar que eu sou fria com minha mãe, mas acontece que de certa forma ela nunca foi muito carinhosa comigo. Às vezes eu chegava da escola e queria contar o que havia acontecido, mas ela não estava lá. Estava sempre trabalhando e quando tinha um tempo de ficar em casa, ela dizia que estava muito cansada pra ouvir minhas histórias. Então eu cresci achando ser um fardo em sua vida, mas quando eu fui ficando um pouco mais madura eu percebi que ela me amava, só era ocupada demais para demonstrar isso. A presença de meu pai em casa me ajudou muito nessas horas, como ele é escritor passava a maior parte do tempo em casa, mas também ocupado escrevendo.

— Katniss? – Chama Gale
— Oi
— Desce do carro, a gente já chegou
— Kat, Kat, sempre viajando – diz Finn e eu o ignoro.
Assim que entro avisto Cashmere e vou em sua direção.
— Bom dia – ela diz sorrindo
— Bom dia – Quando me dou conta todas as meninas do corredor onde estamos olham para o mesmo lugar e começam a suspirar, inclusiva Cash. Olho naquela direção mesmo sabendo quem vem vindo. Peeta desfila com sua jaqueta preta e seu ray-ban, pior é que o infeliz é bonito. Ele passa em nossa frente e pisca para mim com um sorrisinho ridículo no rosto, eu reviro os olhos e o ignoro
— Quem é esse Deus Grego que acabou de passar aqui? – Cash pergunta ainda abobada
— O nome dele é Peeta Mellark e ela não é nenhum Deus Grego.
— Claro que é! E ainda piscou pra você
— Ele é um idiota
— Nossa, o que ele te fez pra você falar desse jeito – ela pergunta franzindo o cenho
— Nada de mais – Minto - é só que...não cai na dele. Ele é do tipo que pega e joga fora. – Ta, essa parte não foi mentira. Peeta é o pegador da escola, todas as garotas, com exceção de mim, querem ficar com ele e o desgramento sabe tirar proveito disso tudo.
— Já que você diz...- ouvimos o sinal tocar e Cash vai comigo até a sala, teríamos a mesma aula agora.
Hoje eu só quero que o dia passe o mais lento possível, pois eu sei que assim que chegar em casa meu pai vai me levar pro tal “Grupo da música” ou “Coisa entediante que dura 2 horas” como eu gosto de chamar.