A Cynthia ligou-me de manhã cedo a dizer que os meus exames seriam de manhã por volta das dez. Levantei-me de seguida e fui-me arranjar. Tomei um banho rápido, vesti-me e depois decidi ligar à Esme a perguntar se ela poderia ficar com o Will, enquanto eu ia fazer os testes. Ela aceitou prontamente, mas queria que eu explicasse melhor toda a situação despois de vir do hospital. Ela ficou preocupada quando disse-lhe que ia ao hospital fazer exames e não expliquei como deve de ser tudo, devido à pressa, pois já estava a ficar atrasada. Fui acordar o Will num instante e vesti-lhe uma roupa confortável para ele andar a brincar. Dei-lhe o pequeno-almoço mas eu não comi, para fazer alguns exames tinha que estar em jejum. Saí de casa às pressas e dirigi até casa da Esme. Esta já estava à minha espera à porta. Cumprimentei-a rapidamente e depois consegui dirigir até ao hospital. Cheguei mesmo em cima da hora ao hospital. Fui até uma das funcionárias e dei o meu nome. Ela disse-me para eu ficar um pouco à espera na sala de espera. Sentei-me e resolvi mandar uma mensagem à Cynthia para lhe dizer que já estava à espera de fazer os exames. Não sabia se ela estava no hospital ou ainda em casa. Ela respondeu à minha mensagem a dizer que estava a chegar ao hospital, o que não era mentira, porque cinco minutos depois ela apareceu na sala de espera. Eu estava um pouco nervosa, não sabia que tipo de exames iriam fazer, mas estava a tentar acalmar-me. Passado um pouco chamaram o meu nome. Levantei-me, visivelmente nervosa.

- Eu vou estar aqui quando saíres. – Disse a Cynthia com o tom de voz baixo. Afirmei com a cabeça e segui a enfermeira. Ela levou-me até a uma sala onde estava um médico. Falei com ele um pouco no início e depois começamos a fazer alguns exames. Ele explicou-me o teste de compatibilidade era simples mas que eu tinha que fazer mais exames para ver se estava apta a doar o meu fígado. Os exames ainda demoraram um pouco, quando os acabei já estava perto da hora do almoço e eu estava cheia de fome, visto que ainda não tinha comido. Quando saí, a Cynthia ainda estava à minha espera como me tinha dito.

- Como te sentes? – Perguntou ela, assim que me viu.

- Estou com fome, mas para além disso, estou bem. – Respondi. – Agora, quando é que se sabe os resultados? – Perguntei.

- Ou hoje, ao final da tarde, ou amanhã de manhã. Eu depois aviso-te, mas é provável que o hospital também te avise.

- Está bem. Vou andando.

- Está bem. Eu vou ficar por aqui. Vou ver se consigo visitar o pai e depois tenho uma consulta no obstrecta. Talvez consiga saber se o bebé é menino ou menina. – Disse ela sorrindo grande.

Despedimo-nos e depois fui até ao meu carro para ir até casa da Esme. Não foi uma viagem longa e ao fim de vinte minutos já lá estava. Assim que entrei na casa da Esme, ela pediu-me logo para eu explicar o que estava a acontecer. Via-se que ela estava preocupada comigo, não sabendo o que se estava a passar.

- Podemos almoçar primeiro? Ainda não comi nada. – Pedi.

- Claro, querida, vem. Acabei mesmo agora de fazer o almoço. – Respondeu ela. Fui buscar o Will que estava na sala a ver desenhos animados e depois fomos até à cozinha para almoçarmos. A mesa já estava posta e a Esme já estava a servir-nos. Comemos num ambiente agradável e depois de acabarmos, ajudei a Esme a arrumar as coisas.

Depois disso, fomos até à sala para lhe contar tudo o que se estava a passar.

- Eu não estou doente, nem suspeito de nada. Eu fui fazer exames para poder doar parte do meu fígado ao meu pai. – Expliquei resumidamente.

- Ao teu pai? – Perguntou a Esme confusa.

- Sim. No outro dia, a Cynthia chegou a minha casa e perguntou-se se eu poderia doar parte do meu fígado ao nosso pai porque ele precisava de um transplante visto que o seu fígado deixou de trabalhar. Eu fiquei muito confusa ao início, eu não sabia o que fazer Esme. Ele nunca foi um pai para mim, ele fez-me tanto mal Esme. Mas eu não conseguia viver com isso. Saber que poderia salvar alguém e não ter feito nada. Além disso, não conseguiria suportar a dor que a minha irmã iria sentir quando o meu pai morresse. Eu decidi doar, se fosse compatível.

- E como te sente em relação a isso, querida? – Perguntou a Esme.

- Ainda não sei, Esme. Ainda não sei. A única coisa que sei é que nunca me sentiria bem em não fazê-lo, mas não sei como me vou sentir ao fazer. É estranho, ele nunca me deu nada, nunca gostou de mim, e agora sou eu que provavelmente o vou salvar, não vou deixa-lo morrer.

- Tu és uma pessoa altruísta, Alice. És uma pessoa tão boa e é por isso que tenho tanto orgulho em ti, pois por mais que a vida tenha sido difícil contigo, no não deixaste isso afetar o teu coração, não te fechaste para o mundo. Pelo contrário, tornou-te numa pessoa boa e solidária. – Disse a Esme fazendo-me sorrir envergonhada. – Quando é que vais saber os resultados dos exames? – Perguntou a Esme mudando de assunto.

- A Cynthia disse que saberia ou hoje, ao final da tarde, ou amanhã de manhã. Acho que eles querem fazer o transplante o mais rápido que conseguirem, por isso, estão a acelerar a análise dos exames para ver se têm um dador.

- Depois diz qualquer coisa. Para nós sabermos se vais ser operada ou não. Está bem, querida?

- Claro que digo, Esme. Podes ficar descansada.

Fiquei o resto da tarde em casa da Esme, com o Will e com as minhas princesinhas. Fui busca-las a meio da tarde. Sentia-me bem perto da Esme, trazia-me uma certa segurança que eu não sentia em mais lado nenhum. E via-se que a Esme adorava ter-nos lá em casa. Se ela de vez em quando não tomasse conta dos netos, passaria os dias, sozinha e ela adora ter companhia. Quando o Jasper estava quase a sair do trabalho, liguei-lhe a perguntar-lhe se ele se importava de jantarmos em casa da Esme, ela tinha-me perguntado e eu tinha-lhe dito que iria falar com o Jasper mas que em princípio, jantaríamos lá. Claro que o Jasper não se impôs, por isso, passamos o serão em casa da Esme. Eram quase dez da noite, quando me ligam do hospital. Peguei do telefone e fui para um sítio mais sossegado.

- Estou? – Disse quando atendi.

- É do hospital de Portland. Fala Alice Brandon Cullen? – Perguntaram.

- Sim.

- Era para avisar sobre os resultados. Não é costume ligarmos mas este caso exige rapidez. A Alice é compatível com o nosso paciente e precisamos de fazer o transplante o mais rápido possível. Para fazer a cirurgia, a Alice precisa de vir a duas consultas, antes de tudo. Marcámos as suas consultas para amanhã, uma de tarde e outra de manhã e depois das consultas a Alice vai ser internada, para que na manhã seguinte seja logo encaminhada para o bloco operatório. O que lhe parece?

- Sim, está bom. – Respondi. – Quanto mais rápido melhor. – Murmurei. Escrevi num papel o horário das consultas e desliguei a chamada. Antes de entrar, mandei uma mensagem à Cynthia a avisar quando é que ia ser operada. Depois de ter enviado a mensagem, guardei o telemóvel e voltei para o pé deles.

- Era do hospital. – Disse sentando-me no sofá ao pé do Jasper e aconchegando-me a ele.

- O que queriam? – Perguntou o Jasper.

- Queriam dizer-me que era compatível com o meu pai. Amanhã, tenho duas consultas e vão internar-me logo a seguir, para ser encaminhada para o bloco operatório de manhã cedo. – Expliquei.

- Já? – Perguntou a Esme preocupada.

- Eles dizem que o caso exige rapidez, e quanto mais rápido melhor. – Respondi. Eles apenas assentiram com a cabeça e passado um bocado decidimos ir embora. Quando chegámos a casa, deitámos o Will e as princesinhas e depois eu e o Jasper também nos deitámos.

- Como te sentes? – Perguntou ele preocupado enquanto acariciava as minhas costas.

- Não sei. Estou um pouco nervosa quanto a isto tudo, mas não sei bem o que sinto quando penso que vou doar parte do meu fígado ao meu pai. – Respondi.

- Se não quiseres fazer isto, nós compreendemos, Alice.

- Sim, eu sei. Mas eu vou faze-lo! – Disse convicta. – Vai ficar tudo bem. – Disse-lhe.

- Eu sei que sim, só estou preocupado contigo.

- Mas eu estou bem, pelo menos por enquanto. – Disse-lhe sorrindo. – Depois de recuperar da cirurgia, quero comprar a loja ao lado da loja da Rose e abrir o meu negócio. Acho que já está na altura de começar.

- Também acho que sim, Alice. – Disse ele sorrindo. – A tua loja vai ser um sucesso, vais ver. – Encorajou-me ele.

- Espero mesmo que sim. – Disse suspirando. – Mas agora, vamos dormir que amanhã temos que acordar cedo, tu para trabalhares e eu tenho que ir para o hospital e ainda tenho que fazer a minha mala.

- Achas mesmo que eu vou trabalhar amanhã, Alice? Eu vou ficar o dia todo contigo. Não vais passar por isto sozinha e muito menos dares entrada num hospital sozinha. Eu sou teu marido e amo-te, vou estar em tudo contigo.

- Obrigada, Jasper, nem sei o que faria sem ti. – Disse-lhe, beijando-o de seguida. – Amo-te, muito mesmo.

- Também te amo muito, Alice. És a minha vida. – Respondeu ele aconchegando-me melhor ao seu peito para dormirmos.

Não demorei muito a adormecer e quando voltei a abrir os olhos, já era de manhã. O Jasper já estava levantado e a preparar-se para levar a Amber e a Liv para a escola. Levantei-me também e fui para baixo começar a preparar o pequeno-almoço. Queria estar um pouco com elas de manhã, visto que só as deveria voltar a ver depois da cirurgia. Em pensar nisso, lembrei-me que mais ninguém sem ser a Esme e o Carlisle sabiam que eu ia ser internada, hoje. Teria que avisar a minha mãe, a Rose e o Edward. Comecei a ouvir passinhos apressados pela casa, percebendo logo que a Liv e a Amber estavam a vir para a cozinha. Assim que elas chegaram à cozinha, vieram a correr para mim.

- Mamã! – Exclamaram as duas.

- Bom dia, minhas lindas. Como dormiram? – Perguntei beijando a bochecha das duas.

- Bem! – Responderam em coro.

- E estão com fome?

- Sim. – Voltaram a responder em coro fazendo-as rir alegremente. Dei-lhe o pequeno-almoço e fiquei a vê-las comer.

- Princesinhas, a mamã quer dizer-vos uma coisa. – Disse ao fim de um bocado.

- O quê, mamã? – Perguntou a Amber.

- A mamã hoje, tem que ficar no hospital e vai lá ficar durante uns dias. – Disse-lhes.

- Mas estás doente, mamã? – Perguntou a Liv deixando a comida de lado.

- Não, a mamã não está doente, mas uma pessoa muito próxima da tia Cynthia está e eu posso ajudar essa pessoa, mas para isso preciso de ficar uns dias no hospital. – Expliquei o mais simples possível. Não queria adentrar muito no assunto para não as assustar.

- Está bem, mas vais ficar bem, não é mamã? – Perguntou a Amber.

- Sim, eu vou ficar bem, é só uns dias. Depois a mãe volta para casa. – Respondi. – Vocês vão ficar com o papá e alguns dias com a avó Esme e o avô Carlisle. Quero se que portem bem e que tomem conta do Will, ele ainda é muito pequenino para perceber o que se está a passar.

- Está bem, mamã. – Disseram as duas.

- Minhas meninas! Gosto tanto de vocês! – Exclamei acariciando a bochecha das duas.

- Nós também gostamos um “muitão” de ti, mamã! – Disse a Liv fazendo-me sorrir. Quando elas acabaram de comer, foram com o Jasper para a escola e eu aproveitei para começar a fazer a mala para levar para o hospital. Não demorou muito, visto que não precisava de levar assim tantas coisas e eu só esperava mesmo que passasse lá poucos dias. Preferia fazer repouso em casa do que no hospital. Assim que acabei de fazer a mala, fui avisar a Rose, a minha mãe e o Edward que iria ser internada, hoje. A minha mãe ficou preocupadíssima mas compreendeu o meu lado, tal como a Rose e o Edward. Quando acabei de fazer todas as chamadas, vesti-me e depois fui acordar o Will, que tinha que ir para casa da Esme. Dei-lhe um banho rápido e depois vesti-o. Quando estávamos a tomar o pequeno-almoço, o Jasper chegou a casa e juntou-se a nós também. Falei com o Will e disse-lhe que ia passar uns dias no hospital, mas como previra ele não percebeu a gravidade da situação e só estava preocupado porque iria ficar muito tempo sem a mamã dele, o que me reconfortava. Não queria o meu bebé preocupado.

Mal estávamos prontos, saímos de casa e fomos deixar o Will em casa da Esme. A Esme abraçou-me fortemente e disse que depois da operação ia ver-me. Conseguia dizer que ela estava preocupada mas não me dizia nada para não me deixar nervosa. Garanti-lhe que ia ficar tudo bem e ela apenas assentiu com a cabeça, dando-me de seguida outro abraço apertado.

O Jasper conduziu até ao hospital, onde passámos o resto do dia. As duas consultas atrasaram e por isso demorámos mais do que o previsto, depois fomos almoçar e por fim, dei entrada no hospital. Estava num quarto sozinha que tinha duas camas. Nesta noite, o Jasper ia passar comigo, porque a cirurgia era muito cedo e ele queria estar comigo antes da cirurgia, mas convenci-o a passar as outras noites em casa com os nossos filhos e eles concordou. Ao final da tarde, a Rose e o Edward vieram ver-me e desejar-me boa sorte. Depois do jantar, veio a minha mãe que só foi embora quando as enfermeiras a obrigaram. Adormeci cedo, visto que amanhã tinha que acordar cedo para a cirurgia. Não dormi muito bem, devido ao nervosismo e quando dei por isso, já era hora de acordar. O Jasper também se levantou e ficou comigo até levarem-me para dentro do bloco operatório.

- Vai correr tudo bem, Lice. Amo-te muito! – Disse antes de me levarem. Senti um beijo na minha mão e depois entrei dentro do bloco operatório e a última coisa que me lembro é pedirem-me para contar até dez.