Na manhã seguinte, acordei com um despertador, o que era estranho, muito estranho. O Jasper levantava-se sempre antes do despertador tocar, para não me acordar. Era mesmo muito raro, ele deixar o despertador tocar, de manhã.
- Jasper, desliga o despertador. – Pedi num gemido ainda de olhos fechados. Tinha-me deitado tarde ontem e ainda estava com sono.
- Huhm… - Gemeu o Jasper. O Jasper não era de fazer manha de manhã. A situação estava muito estranha. Abri os olhos automaticamente e reparei na palidez do Jasper. – Alice, não me estou a sentir muito bem. – Disse ele num sussurro. Aproximei-me mais dele e levei a minha mão à sua testa. Ele estava muito quente.
- Jasper, deves estar com febre. – Disse-lhe. – Já te sentias assim, ontem à tarde? – Perguntei preocupada.
- Mais ou menos. Sentia-me cansado, com o corpo dolorido e uma leve dor de cabeça. – Respondeu ele num tom baixo.
- Porque não me disseste, eu teria ficado em casa, para descansares! – Disse-lhe acariciando a sua bochecha, carinhosamente.
- É só uma gripe, Alice. Provavelmente, amanhã já estou bastante melhor. – Respondeu ele. Levantei-me da cama com a intenção de ir buscar o termómetro à casa de banho para lhe medir a febre. – Onde vais? – Perguntou-me com voz de manha. – Fica aqui comigo, Alice. – Pediu ele com os olhos um pouco abertos.
- Jasper, vou buscar o termómetro e depois tenho que ir acordar a Amber e a Liv para as levar para a escola. – Respondi tentando não me rir da manha dele.
- Está bem. – Resmungou ele com um biquinho fofo que me fez beijá-lo antes de seguir para a casa de banho. Fui à casa de banho num instante, tirei o termómetro de dentro da gaveta e depois fui medir-lhe a febre. Ele estava com trinta e oito graus de febre.
- Está com trinta e oito graus, Jasper. Destapa-te um pouco para a febre descer. Vou buscar um medicamento. – Disse-lhe. Saí do quarto para ir acordar primeiro as minhas princesinhas e depois fui dar o medicamento o Jasper. Voltei para baixo para fazer o pequeno-almoço para elas. Não demorou para que elas descessem já vestidas e com as suas mochilas, preparadas para a escola.
- Princesinhas, tomem o pequeno-almoço enquanto vou vestir-me, está bem? – Perguntei-lhes.
- O papá, mamã? – Perguntou a Amber com uma ruga de preocupação na sua testa.
- Está doente, sou eu hoje que as vou levar. – Disse-lhes sorrindo um pouco. Voltei a subir e vesti-me rapidamente. – Jasper, o Will não deve acordar, mas se acordar dá-lhe o pequeno-almoço e fica com ele aqui no quarto. Ele entretém-se com um brinquedo. É só até eu chegar. – Ele apenas afirmou com a cabeça. – Descansa. – Aconselhei beijando os seus lábios. Quando voltei para a cozinha, a Amber e a Liv já estavam prontas para sair de casa. Calcei-me, vesti o meu casaco e levei as duas para a escola. Assim, que cheguei à rua da escola, estacionei o carro e levei as duas ao portão da escola. A Amber encontrou logo uns amigos e entrou na escola com eles, assim que se despediu de mim. A Liv apenas olhava tristemente para onde a Amber ia. Eu sabia que ela queria ter amigos como a Amber. Baixei-me para ficar à altura dela.
- Amor, olha para mim. – Pedi. Ela olhou relutantemente. – Lembras-te da conversa que tivemos ontem? – Perguntei-lhe. Ela apenas afirmou com a cabeça. – Hoje, vais prestar muita atenção nas aulas para aprenderes e à tarde, quando for a hora de sair, vais ficar mais um pouco com a tua professora. Nos intervalos, vais tentar fazer amizade com outras crianças. Não ligues para o que os colegas da tua turma dizem. Está bem? – Perguntei.
- Sim, mamã. – Disse ela balançando a cabeça. – Amo-te. – Disse ela abraçando-me.
- Também te amo, princesinha. Vai lá para as tuas aulas, antes que te atrases.
- Dá um beijinho ao papá. – Disse ela sorrindo ternamente. – Até logo. – Disse ela assim que entrou pelo portão da escola. Quando a perdi de vista, voltei para o carro para ir para casa.
Em casa, o Jasper encontrava-se a dormir. Fui preparar algo para eu comer, visto que já estava com fome e depois de acabar de comer e vestir algo prático para andar por casa, o Will acordou. Como sempre, saiu da sua caminha e veio em passinhos leves ao meu quarto, ver se eu ainda estava a dormir. Assim que viu que eu estava já levantada, veio a correr para o meu colo.
- Mamã! – Disse ele com o seu sorrindo lindo. Beijei a sua bochecha fofinha e fiz cócegas na sua barriga só para ouvir a gargalhada gostosa dele. – Para, mamã! – Pediu ele entre risadas. Parei para depositar um beijo na sua barriga.
- Como dormiu o meu lindo? – Perguntei-lhe.
- Bem. – Disse ele com uma voz arrastada fazendo-me rir. – Porque é que o papá ainda está a dormir? – Perguntou ele com um dedinho na boca como se estive a pensar e com a sua vozinha infantil.
- O papá está doente, Will. – Respondi-lhe acariciando os seus cachos loiros. – Ele precisa de muitos miminhos hoje e como só estamos os dois com ele, até as manas chegarem, temos de nos encarregar disso. Está bem? – Perguntei sorrindo para ele.
- Está bem, mamã. – Disse ele. – Estou com “fominha”! – Exclamou ele levando a mão à sua barriga e acariciou-a com a sua mãozinha gorducha.
- Então vamos comer, meu guloso. – Disse sorrindo para ele. Levei-o para baixo no meu colo e quando cheguei à cozinha, coloquei-o sentada numa cadeira, enquanto preparava o pequeno-almoço dele. Preparei-lhe uma caneca de leito e um pouco de pão com manteiga e dei-lhe. Assim que ele acabou de comer, pedi-lhe para ele ir buscar uns brinquedos que quisesse porque íamos para o pé do pai. Eu tinha que estudar para o exame que tinha hoje à noite. Já tinha estudado tudo, só me restava rever a matéria e como era muita, decidi começar já. Levei os meus apontamentos para o quarto e depois fui buscar o Will que vinha com alguns brinquedos na mão. Coloquei uma mantinha no chão do meu lado da cama e o Will ficou a brincar ali, enquanto eu revia a matéria encostada à cabeceira da cama. O Jasper ainda continuava a dormir. Embrenhei-me totalmente no estudo, abstraindo-me de vez em quando para ver se estava tudo bem com o Will. O Jasper continuava a dormir profundamente e eu não fazia questões de o acordar. Ele precisava de descansar para poder recuperar. Assustei-me quando ouvi o telemóvel do Jasper a tocar. Atendi-o rapidamente para ele não acordar com o barulho.
- Sim? – Disse num tom baixo, nem tinha visto que é que estava a ligar.
- Alice? – Perguntou a voz do Carlisle surpresa.
- Sim, sou eu, Carlisle. – Respondi, sorrindo um pouco.
- O Jasper? Ele ainda não apareceu na empresa. Ao início pensei que ele tivesse ido a tribunal, mas o Edward disse-me que não.
- Ele está em casa, Carlisle. Acordou com febre. Depois da correria que foi de manhã para levar as meninas à escola, nem me lembrei de te ligar. Desculpa. – Disse.
- Ah, não faz mal, Alice. Só estava mesmo preocupado com ele. Como não apareceu e não disse nada. – Esclareceu ele. – Como é que ele está, agora? – Perguntou.
- Está a dormir. Dei-lhe um medicamente há bocado mas como ainda não lhe medi a febre outra vez, não sei se já baixou.
- Está bem. Se ele piorar, diz alguma coisa, sim? – Pediu preocupado.
- Sim, eu digo, Carlisle. Não se preocupe. – Respondi. – O resto de um bom dia.
- Para ti também, Alice. – Disse ele antes de desligar o telemóvel. Coloquei o do Jasper de volta à mesa-de-cabeceira e continuei o meu estudo, o Will continuou entretido na sua brincadeira e o Jasper continuou a dormir.
Quando chegou perto da hora de almoço, deixei o meu estudo de lado e fui lá a baixo preparar algo leve para comermos. O Will já estava a ficar com fome. Não demorou muito para que o almoço ficasse pronto. Assim que acabei subi as escadas para ir buscar o Will e ir acordar o Jasper, mas quando cheguei ao quarto deparei-me com o Jasper encostado à cabeceira da cama a brincar com o Will no seu colo. As risadas dos dois misturavam-se o que me fez sorrir. Entrei no quarto e sentei-me ao lado do Jasper.
- Sentes-te melhor? – Perguntei acariciando a sua bochecha.
- Sim, sinto-me. Acho que já não estou com febre, mas ainda me sinto um pouco mole. – Respondeu ele passando a olhar para mim.
- Ainda bem. – Respondi beijando-o, acariciando a sua bochecha ao mesmo tempo.
- Hey! – Resmungou o Will, fazendo-nos separar. – Também quero, mamã! – Disse ele fazendo um biquinho para eu dar um beijinho. Eu e o Jasper caímos na gargalhada e quando me consegui controlar, dei-lhe um beijinho no seu biquinho fofo, o que o fez sorrir amplamente.
- Vamos comer? – Perguntei de seguida ouvindo a barriga do Jasper a roncar. Ele ainda não tinha comido nada, esta manhã.
- Sim, já estou com fome. – Respondeu ele. O Will apenas esticou os bracinhos para ir no meu colo. Assim que o peguei, ele abraçou-me e deu-me um beijo na bochecha. Seguimos os três para o piso de baixo e almoçamos num clima agradável. Depois de almoço, o Jasper voltou para a cama, com muita insistência minha e levou o Will com ele, enquanto eu arrumava a cozinha. Mal, acabei subi e enquanto o Will brincava com o pai, eu aproveitava para estudar mais um pouco. Quando dei por mim, já era hora de ir buscar a Amber à escola. Pousei os livros na cama, quando vi que já ia chegar um pouco atrasada.
- Jasper, vou buscar a Amber à escola. Toma conta do Will e não me destruam a casa. – Pedi. Às vezes, eles os dois juntos, eram terríveis. Pelo que a Esme me dizia, o Jasper quando era pequeno, era igualzinho ao Will. Saí de casa às pressas e fui buscar a Amber que estava à minha espera sentada num banco. – Desculpa, princesinha. A mãe estava a estudar e atrasou-se um pouco. – Desculpei-me, assim que ela entrou no carro.
- Não faz mal, mamã. – Disse ela sorrindo. – Como está o papá? – Perguntou, enquanto colocava o sinto de segurança.
- Está melhor. Esteve a dormir a manhã inteira e agora, está com o Will. – Respondi sorrindo. – E a Liv? Viste se ela foi para a aula de apoio? – Perguntei.
- Sim, ela veio ter comigo antes de ir. Ela estava um pouco mais alegre do que nos outros dias. – Comentou a Amber.
- Isso é bom. Ela ontem estava tão tristinha. – Disse. A Amber apenas confirmou com a cabeça. Quando chegámos a casa, estacionei o carro e entrámos. O Jasper e o Will ainda brincavam no quarto. A Amber decidiu ir fazer os trabalhos de casa, antes de ficar connosco, disse que eram poucos e eu voltei para o quarto e fiquei a estudar mais um pouco, até ser hora de ir buscar a Liv. Quando me levantei da cama para ir buscar a Liv, a Amber já tinha acabado os trabalhos de casa e estava no meu quarto a brincar com o Will e o Jasper. Além de ele estar um pouco pálido e notar-se perfeitamente que ele estava com gripe, a febre não tinha voltado e ele estava animado a brincar com os filhos. Dirigi-me até ao carro e fui até à escola. Quando cheguei lá a Liv estava a falar com um menino que devia ter a mesma idade que ela. Ele tinha o cabelo preto e uns olhos lindos azuis. Estacionei o carro e saí para ir buscar a Liv.
- Vamos, querida? – Perguntei assim que cheguei ao pé dela.
- Sim, mamã! – Disse ela sorrindo. – Olha, este é o Zack. – Apresentou ela o menino que estava ao seu lado que sorria timidamente para mim.
- Olá Zack, sou a Alice. – Disse para ele. Ele apenas sorriu para mim. De seguida, eu e a Liv fomos até ao carro e eu comecei a dirigir para casa. – Conheceste aquele menino, hoje, Liv? – Perguntei-lhe, feliz por vê-la um pouco mais animada.
- Sim, ele entrou hoje para a escola e está na minha turma. – Disse ela. – Ele e a irmã. Ele tem uma irmã gémea chamada Zoey. Ela também é simpática. – Continuou ela.
- E porque é que ele estava ali contigo? – Perguntei. Supostamente ele já deveria ter ido para casa.
- Ele tem dificuldades em aprender a matéria. Pelo menos, foi o que a professora disse. – Respondeu ela. – Então, ele está na aula de apoio comigo.
- E a irmã? – Perguntei.
- Ele diz que ela é muito inteligente, por isso, é que não está na aula de apoio. – Explicou.
- E como correu o dia na escola?
- Bem! – Respondeu ela feliz. – Aqueles meninos da minha turma que costumam rir de mim, hoje, eles vinham fazer isso, só que o Zack defendeu-me. Ele foi muito fofo, mãe. – Disse ela com um sorrindo lindo no rosto. – E no intervalo, a Zoey esteve a brincar comigo e com ele. Foi divertido.
- Vês, eu disse que havia crianças que queriam brincar contigo.
- Pois, foi! – Comentou ela. Nesse momento, estacionei o carro na garagem e eu e a Liv entrámos dentro de casa. Ela subiu as escadas a correr e foi ter com os pais e os irmãos. Subi atrás dela mas mais devagar, assim que entrei no quarto, estavam os quatro sentados no chão a brincar.
- Liv, não tens trabalhos de casa? – Perguntei.
- Tenho. – Respondeu ela não dando atenção e continuando a brincar.
- Princesinha, primeiro, os trabalhos de casa, depois vens brincar com os teus irmãos e com o pai.
- Está bem, mamã. – Disse ela largando um brinquedo e indo para o seu quarto fazer os trabalhos de casa. Como ela não me chamou, não deve ter tido dúvidas, então confiei nela. Não lhe perguntei se ela tinha mesmo feito os trabalhos todos, não queria que ela pensasse que eu não confiava nela, só iria piorar as coisas.
Chegou rapidamente a hora de eu ir para a universidade e hoje, eu não me poderia atrasar porque tinha o meu último exame. Tomei um banho rápido e vesti a primeira coisa que vi à frente, visto que já estava em cima da hora de sair de casa.
- Jasper, pede uma pizza ou algo do género. Está bem? – Perguntei já a descer as escadas. - E descansa. – Disse num tom mais alto para ele me ouvir, visto que eu já estava no piso de baixo e ele no quarto. Saí de casa às pressas e depois de me enfiar no carro dirigi o mais rápido que podia até à universidade. Quando cheguei, já lá estavam a maior parte das pessoas. Entrei dentro da sala e sentei-me no mesmo lugar de sempre. Estava nervosa. Eu sentia que sabia a matéria, mas nunca se sabia. Mal o relógio marcou a hora de a aula começar, o professor entrou na sala e distribuiu as provas. Concentrei-me imediatamente nela e fui fazendo-a com o decorrer do tempo. Até que não estava a ser muito difícil. Acabei um pouco antes do tempo e aproveitei para rever. Assim que revi, dei a prova ao professor e saí para ir para casa. Quando lá cheguei, subi imediatamente para o quarto, vesti o meu pijama e deitei-me. O Jasper acordou, quando eu me deitei na cama.
- Como correu? – Perguntou sonolento.
- Bem. – Respondi, aconchegando-me nele. – Era fácil. – Disse.
- Ainda bem.
- Como te sentes? – Perguntei levando a minha mão à sua testa para ver se tinha febre. Ele estava com a temperatura normal.
- Bem. Amanhã, já vou trabalhar.
- Jasper! – Adverti-o.
- Alice, já me sinto melhor e amanhã tenho uma audiência no tribunal. Não posso mesmo faltar. Se me começar a sentir mal, venho para casa, sim? – Perguntou.
- Está bem. Mas, agora, vamos dormir. Estou cansada. – Disse.
- Está bem. Boa noite. Amo-te. – Disse dando-me um beijo carinhoso na testa. Sorri com o gesto e depois caí num sono profundo.