O que eu tinha para dizer não era nada de outro mundo mas mesmo assim tinha medo que ele não aceitasse. Eu queria muito isso. Decidi deixar os nervos de lado. Não valia a pena ficar agora nervosa.
- Bem, eu estive a pensar sobre algo que a minha mãe me disse. Ela sente-se culpada por me expulsar de casa quando eu engravidei e consequentemente, sente-se culpada por eu não ter acabado a faculdade. Sabes que quando eu fui para Seattle, larguei tudo. – Disse timidamente. Sabia como o assunto Seattle ainda o magoava um pouco.
- Sim, sei. – Respondeu ele ainda não percebendo onde eu queria chegar.
- Então quero que oiças o que eu vou dizer com carinho.
- Fala meu amor. – Disse ele carinhosamente.
- Acho que não voltarei da licença de maternidade. Na minha ausência, a Rose precisou de contratar alguém para preencher o meu lugar, a loja precisava de abrir. Mesmo sendo nova, ela tem feito um enorme trabalho, por isso a Rose não terá dificuldades com a minha ausência. Eu já falei com ela e ela não se importa, até me apoiou. – Comecei por explicar. Ele estava intrigado, conseguia perceber. – Onde eu quero chegar é o seguinte: estou a pensar em fazer faculdade. Ficava em casa durante o dia com as crianças e estudava à noite. – Disse. Percebi que ele ficou um pouco surpreendido com a minha ideia. Ele não estava à espera disso. – Sei que não teremos mais o meu salário, mas ele só servia para as minhas coisas, para algo que eu quisesse comprar. Desde que fui morar contigo, tu não me deixas pagar nem uma conta.
- Alice… - Já estava à espera desta reacção dele. Eu sabia o que ele ia dizer. Ele iria explicar que era sua obrigação sustentar a família dele, era o que um homem de família fazia e depois dava o argumento de eu já ter sustentado a Amber muito tempo, sozinha.
- A minha mãe disse que me ajudará a pagar as propinas e tudo o que se relacionar com a faculdade. Também tenho uma poupança e acho que é o suficiente para pagar tudo. – Interrompi-o. – Sei que estás habituado a me encontrares em casa, ao fim da tarde e teres o jantar quase pronto e as crianças já cuidadas. Também sei que gostas muito disso. Eu também gosto, Jasper, eu adoro essa rotina na nossa família. Mas eu quero mesmo fazer isto Jasper. Será por pouco tempo, só me resta um semestre talvez dois. – Expliquei. – O que achas? – Perguntei um pouco a medo.
- Alice, eu não sou nenhum homem das cavernas. Posso cuidar dos nossos filhos, para tu poderes estudares. Faço isso com muito gosto e acho maravilhoso. Sabes muito bem que também adoro a nossa rotina familiar, mas eu posso cuidar de tudo. Não me importo de fazer isso para tu estudares. Acho a ideia maravilhosa, mas não precisas de te preocupar em pagar a faculdade. Eu posso pagá-la.
- Não, Jasper. – Respondi. – A minha mãe vê nisso uma possibilidade de se redimir em tudo o que me fez no passado. Creio mesmo que as minhas poupanças davam para cobrir os gastos todos. Mas ela faz questão e eu não queria tirar isso dela. Acho que lhe vai fazer bem. Acho que vai fazer com que ela se perdoe a ela mesma e é isso que eu mais quero neste momento para ela. Eu sei que ela ainda se sente muito culpada pelo que me fez. – Expliquei-lhe. Ele apenas sorriu para mim de certa forma, satisfeito. – O que foi? – Perguntei um pouco intrigada com o sorriso dele.
- Quando a minha mãe, levou a tua lá ao hospital para falar contigo, ela disse-me que precisavas de uma mãe, que precisavas dessa relação na tua vida. Que te ia fazer bem e feliz. E estou feliz que tenhas conseguido isso, Alice. Já tens tanta intimidade com ela, até já têm segredos uma com a outra. – Explicou ele com um sorriso divertido no rosto. Sorri também para ele. Eu adorava a minha relação com a minha mãe. Desde pequena que era tudo o que eu mais queria.
- Não temos segredo nenhum. – Defendi-me.
- Sabes, Alice. Adorei esse segredo. Estou extremamente feliz com os teus planos e claro que te vou apoiar em tudo o que decidires. Eu vou estar sempre do teu lado e se é isso que queres fazer neste momento, eu não te vou impedir.
- Obrigada, Jazz! – Agradeci, esticando-me um pouco para o poder beijar. Era por isto que eu o amava. Ele estava sempre ao meu lado a apoiar todas a decisões que eu tomava. Ele não me impedia de fazer as coisas, apenas me ajudava a concretizá-las.
- Só te quero ver feliz, meu amor. – Disse ele sorrindo ternamente para mim. Nesse momento, o empregado chegou com a nossa comida. Servimo-nos e continuámos o jantar com uma conversa agradável.
- E o que estás a pensar em cursar? – Perguntou ele realmente interessado no assunto.
- Eu estava a pensar em moda. O que achas? – Perguntei.
- Eu acho bom, aquilo que te faz feliz, Alice. Se tu queres cursar moda, eu fico feliz com isso.
- Eu sempre tive um sonho bobo, sobre em ter a minha própria marca de roupas. Moda foi sempre algo que me interessou realmente e desenhar roupas foi sempre um escape nos meus momentos de adolescência. – Respondi. – Naquela altura, não entrei em moda, porque o meu pai não me deixou. Ele mesmo me inscreveu em gestão. Eu odiava aquilo, não sei se alguma vez percebeste.
- Sim, eu percebia que não gostavas muito de gestão. Mas não vamos falar mais do passado. Agora, vais cursar moda, aquilo que sempre quiseste. E vais ser a melhor aluna da turma, disso não tenho duvidas. – Disse ele para mim. – A ver se durante a semana passamos pela universidade para fazer a tua matricula. Quanto mais rápido, entrares, melhor. – Comentou ele.
- Sim, também acho. Podes vir comigo? – Perguntei.
- Claro, Alice. – Respondeu ele.
O resto da refeição continuou neste clima agradável. Comemos os dois calmamente entre uma conversa agradável sobre a faculdade e o curso de moda. Quando acabámos, pedimos a conta e o Jasper quis ainda dar um passei pelo parque. O Parque de Portland à noite era lindo. Eu adorava este parque, era sempre um sítio que me acalmava e que me trazia boas memórias. Passeámos um pouco mais, mas depois fomos para casa. O Jasper trabalhava amanhã e a minha mãe também. Tinham de descansar. Assim que chegámos a casa, vimos a minha mãe com o Will ao colo a andar de um lado para o outro numa tentativa de o acalmar para adormecer. Ele choramingava baixinho. Deviam ser os dentes. Fui até ao frigorífico e tirei o mordedor para ele morder. Já estava frio por isso, devia resultar. Peguei nele e dei-lho para as mãos. Ele levou-o instantaneamente para a boca. Acalentei-o para ver se ele adormecia.
- Está assim há muito tempo? – Perguntei à minha mãe.
- Ele dormiu um pouco mas depois acordar a chorar. Está assim à pouco mais de uma hora. – Respondeu ele. – E então, o que ele disse sobre a faculdade? – Perguntou a minha mãe curiosa.
- Concordou. – Respondi sorrindo. Esta semana, vamos à faculdade fazer a matrícula.
- Que bom! – Exclamou ela sorrindo. – Vá, agora vou para casa. Está a fazer-se tarde. Boa noite, Alice. – Despediu-se ela.
- Boa noite, mãe. Vai com cuidado. – Disse. Ouvi-a a despedir-se do Jasper e depois a sair de casa. O Jasper veio ter comigo mas eu disse para ele ir para cima, para ir dormir. O Will já estava a acalmar, o mordedor estava a resultar. Assim que ele adormeceu, voltei a por o mordedor no frigorífico e coloquei o Will no berço dele. Fui de seguida para o quarto. Vesti o pijama, lavei os dentes e deite-me na cama de seguida. O Jasper já dormia, ele devia estar mesmo cansado.