Inesperadamente, dormi bem o resto da noite, acordei duas vezes por causa do Will. O Jasper assim que me sentiu fora da cama, acordou logo para saber o que se passava. Quando o Will voltava a adormecer, íamos de volta para a cama e eu acabava por voltar a adormecer nos braços dele. Acordei, já de manhã, outra vez com o Will. Ele já acordava menos de noite mas ainda não se aguentava muito tempo a dormir. Levantei-me calmamente para ver se desta vez não acordava o Jasper. Mas ele acabou por acordar.
– Jasper, dorme, vou ver do Will. – Disse-lhe.
– Que horas são? – Perguntou ainda ensonado.
– São oito e meia. Dorme, eu não volto, não tenho mais sono. – Informei-o. Ele ia dizer alguma coisa mas desistiu e acabou por adormecer outra vez. Fui até ao berço onde o Will estava e peguei-o ao colo para ele parar de chorar. Não queria que a Amber e a Liv acordassem tão cedo. Fui com ele até à casa de banho e dei-lhe um banho quentinho. Depois vesti-o com uns calçõezinhos e um t-shirt. Peguei nele e levei-o para baixo. Sentei-me com ele no sofá e dei-lhe de mamar. Eu adorava dar-lhe de mamar. Ele passava o tempo todo a olhar para mim intensamente com os seus olhos absurdamente iguais aos meus. De vez em quando parava de mamar e sorri para mim. Era tão fofo vê-lo sorrir. Quando ele não quis mamar mais, tentei fazê-lo arrotar e depois sentei-me com ele em cima da mantinha que estava no chão para brincar com ele. Sentei-o encostado a mim, para ele apoiar as suas costas e passei-lhe um brinquedo para as mãos. Fiquei com ele a brincar até todos acordarem. Fui preparar o almoço e pedi ao Jasper para dar de biberão ao Will. Ele fez um pouco de birra porque não queria o biberão. Eu sabia que ele queria mama, mas eu não podia dar agora e ele também tinha que se desabituar da mama. Com muita paciência e esforço o Jasper conseguiu dar-lhe o biberão todo.
Depois de almoçarmos, decidimos ir ao parque. Há muito tempo que não íamos e a Amber e a Liv já me andavam a pedir há algum tempo. Como estava bom tempo, vesti algo fresco às minhas princesinhas e ao Will. Depois metemo-nos no carro e fomos em direcção ao parque. Eu nunca deixaria de admirar a beleza deste parque. Sempre foi um dos meus sítios preferidos e agora era uns dos das minhas filhas. O Jasper foi com elas para os brinquedos e eu fiquei sentada num banco, num sítio em que os pudesse ver, com o carrinho onde estava o Will. O Will tinha adormecido no caminho, por isso, encontrava-se a dormir profundamente no carrinho. Elas ficaram a tarde toda a brincar, até fizeram amigos no parque e andavam a brincar uns com os outros. A dada altura, o Jasper veio sentar-se a meu lado, visto que elas já não lhe ligavam nenhuma.
– O Will ainda dorme? – Perguntou ele sentando-se ao meu lado.
– Sim. Não dormiu a manhã inteira. Já estava à espera que dormisse a tarde toda. – Disse sorrindo ternamente para o meu bebé, que dormia perfeitamente no carrinho.
– Como é que elas não se cansam? – Perguntou o Jasper sorrindo enquanto olhava para as nossas princesinhas.
– Nós também não nos cansávamos, Jazz. – Disse rindo. Ainda me lembro de brincar, com eles quando eu era pequenina. Ao pé da casa deles, havia uma pequena floresta e nós íamos sempre para lá brincar. Como eu era a mais pequenina, acabava sempre por cair ou tropeçar e chagava a casa da Esme sempre com um arranhão novo. Ela acabava sempre por ficar preocupada, mesmo que o arranhão fosse mínimo. Depois desinfectava-me a ferida e fazia carinho na minha cabeça. Eu adorava esses momentos, em casa deles. São os melhores da minha infância.
– É verdade. – Disse ele suspirando. Encostei-me a ele e ele passou o seu braço pelos meus ombros para me chegar mais perto dele. Nesse momento, o telemóvel dele começou a tocar. – Já venho, Alice. – Disse ele olhando para o telemóvel. Ele foi atender e eu fiquei a ver a Amber e a Liv a brincarem. Elas estavam tão felizes e tão divertidas. Sorri inconscientemente com isso. Passados uns minutos, o Jasper voltou para o meu lado. – Alice, o julgamento da Maria é daqui a uma semana.
– Tão rápido? – Perguntei meio assustada. Estava à espera que demorasse mais tempo, queria tempo para me preparar. Numa semana, eu não conseguiria. Eu tinha medo de chegar lá e não conseguir dizer nada. Ou dizer tudo e mesmo assim ela ser posta em liberdade.
– Sim, Alice. Até é melhor. Pensa assim: a Maria vai sair das nossas vidas mais rapidamente. Eu não vejo a hora, do juiz sentenciá-la uns bons anos à prisão. É que desta vez não à hospital psiquiátrico que a ajude.
– Eu tenho tanto medo, Jasper. – Disse escondendo a minha cara na curvatura do seu pescoço.
– Eu estou contigo, Alice. Não precisas de ter medo. Tudo vai correr bem e ela não nos vai chatear mais. Vamos nos ver livre dela. – Disse ele. – Não precisas de ter medo. – Fiquei um tempo assim, enquanto tentava controlar o meu medo. Tudo ia correr bem. Eu repetia vezes e vezes sem conta para mim mesma para controlar o medo. Tudo tinha que correr bem. – Vamos para casa da minha mãe, Alice? – Perguntou o Jasper interrompendo os meus pensamentos. Afirmei apenas com a cabeça e ele foi buscar a Amber e a Liv. Antes de irmos, dei-lhes o lanche que eu tinha trazido de casa para elas e quando elas acabaram fomos para casa da Esme. O Will acordou no carro e passados uns minutos pôs-se a choramingar. Ele devia estar com fome. O Jasper acelerou um pouco para chegarmos lá mais depressa. Quando lá chegamos, saí do carro e peguei no Will.
– Pronto, bebé, está quase, está bem? – Falei carinhosamente para ele enquanto o embalava. Fomos em direcção à porta e tocámos à campainha. Mal a Esme nos atendeu, as minhas princesinhas já estavam em cima dela.
– Vó! – Exclamaram as duas abraçadas à cintura da Esme.
– Minhas lindas, que saudades! – Disse ela também abraçando-as com um sorriso terno na face.
– Esme, desculpa mas tenho que ir dar de mamar ao Will. – Disse, ouvindo ele a choramingar. Entrei para dentro de casa e fui até ao quarto que era do Jasper para dar de mamar ao Will. Coitadinho, ele devia estar cheio de fome porque assim que destapei o meu seio e mamou sofregamente. Passados uns minutos, ele largou o meu seio e aconchegou-se no meu colo. Tapei o meu seio cuidadosamente e pus o Will para arrotar, o que não levou muito tempo. De seguida, desci com ele no meu colo.
– Desculpem, mas o Will estava esfomeado. – Desculpei-me assim que me sentei no sofá da sala, onde estava o resto da família.
– Não faz mal, querida. – Disse a Esme. – Deixa-me pegar um pouco nele. – Pediu ela com uma expressão na cara muito engraçada. Notava-se que ela estava cheia de saudades dos netos. Passei-lhe o Will e sentei-me, de seguida, ao lado da Rose.
– O Peter? – Perguntei-lhe assim que me sentei. Ela não estava com ele ao colo.
– Está a dormir no meu quarto antigo. – Disse ela sorrindo brilhantemente. Desde que o Peter passou a fazer parte da família, ela tem um brilho diferente nos olhos. Ela anda tão feliz. – Já consigo dar de mamar sem a ajuda da técnica. – Disse ela sorrindo ainda mais. Sorri também para ela e abracei-a.
– Que bom, Rose. Fico tão feliz por ti. – Disse sendo sincera. Ela continuou a sorrir e depois foi ver do Peter, a ver se ele estava acordado. O Will ainda estava no colo da Esme, todo feliz. O Thony estava no colo da Bella, para variar. Aquele menino não largava a mãe. A Amber, a Liv, a Amy e o Ray estavam todos divertidos a brincar no quarto dos brinquedos. Os homens estava todos a ver um jogo de futebol na televisão e a falar um pouco alto. Eu só queria que esta felicidade familiar se mantivesse. Eu estava com tanto medo que a Maria voltasse cá para fora. Eu sabia que se ela não fosse presa, ela não iria desistir de me afastar do Jasper. Ela queria a todo o custo o Jasper e eu era apenas um empecilho no caminho dela. Que raiva! Eu odiava a Maria. Ela fez a minha vida num inferno. Magoou muita gente que eu amava e mesmo quase a ir para a prisão causava-me um medo irracional. Eu não queria sentir medo dela, eu queria ser forte, queria enfrentá-la, fazer com que ela percebesse que eu não tinha medo. Mas eu não conseguia. Eu não era forte o suficiente.
– Alice, o que se passa? – Perguntou a Rose perto do meu ouvido. Assustei-me. Não dei conta de ela ter chegado.
– O julgamento da Maria é daqui a uma semana e eu fui chamada como testemunha. – Disse com uma ponta de pânico na voz. A Rose percebeu isso.
– Ei, Alice! Ela vai ser presa.
– Mas se não for? Se a considerarem inocente? Vai ser um inferno! – Disse desesperada.
– Ela não vai ser considerada inocente. Eles têm imensas provas, têm testemunhas. Até mesmo um cego via o que ela andava a fazer e o que queria com isso. – Disse ela para me reconfortar. – Tudo vai correr bem, Alice. Tens de acreditar nisso. Tens de te apoiar nisso.
– Eu tento, Rose. – Suspirei.
– Continua a tentar. – Disse ela. – E não te esqueças que nos tens a todos nós para te ajudar. Não vais estar sozinha. Estamos todos aqui, está bem?
– Está bem. – Disse sorrindo fraco.
– Agora mete um sorriso e aproveita a noite. – Disse ela fazendo-me sorrir mais. – Isso mesmo, Alice. – Ela era melhor amiga que eu poderia ter.
O resto da noite, passou-se num instante. A equipa pela qual eles estavam a torcer perdeu e eles passaram a noite toda a lamuriar-se por isso e claro que nós, brincávamos um pouco com eles para nos rirmos. O Will acabou por adormecer no colo da Esme e ela foi deitá-lo no berço que existia lá em casa para ele. Só por volta da meia-noite é que fomos para casa e mesmo assim a Amber e a Liv ainda queriam ficar. Mas já estava tarde e elas tinham que ir dormir. Mal chegámos a casa, fui deitar a Liv e a Amber. A Amber adormeceu logo, mas a Liv não queria dormir. Ela estava eléctrica, ainda.
– Querida, sossega um pouco. – Pedi. Ela não parava de se revirar na cama.
– Mas, eu não consigo dormir, mamã.
– Claro que consegues, amor. Fecha os olhinhos, vai. – Ela fez o que eu pedi e ficou sossegadinha. Passados uns minutos a respiração dela ficou compassada e profunda. Sai do quarto e encostei a porta, indo de seguida para o meu, onde estava o Jasper com o Will deitado no seu peito. – A Liv não queria dormir. – Expliquei assim que percebi que ele ia perguntar porque é que eu demorei tanto tempo. Ele sorriu para mim e acariciou a cabecinha do Will.
– Acho que está com fome. – Disse ele ainda sorrindo ternamente para o Will. Sentei-me na cama ao lado deles e peguei no Will para lhe dar de mamar. Assim que ele ficou saciado, troquei-lhe a fralda e adormeci-o. De seguida, depositei-o no berço e voltei para a cama. Aconcheguei-me no Jasper e fechei os olhos para dormir, o que não demorou muito tempo a acontecer.