- Atendo ou não atendo? – Suspirei. Não sabia o que fazer. Premi o botão para atender a chamada e meti o telemóvel ao ouvido. – Estou?
- Alice! – Suspirou a Rose. – Já estava a pensar que algo te tinha acontecido. Porque não atendeste? – Perguntou ela.
- Não queria falar com ninguém. – Disse simplesmente.
- Alice, o Jasper está super preocupado contigo. Saíste de casa há horas e não disseste mais nada. Sabes o quanto nós estamos preocupados? O que é que aconteceu? O que te deu na cabeça para saíres assim de casa? – Perguntou ela um pouco zangada. Comecei a chorar. A Rose nunca tinha falado assim comigo. Nunca me tinha sentido tão vulnerável. Eu sabia que tinha feito porcaria. Sabia que não devia ter dito aquilo que disse. Sentia-me horrivelmente mal. – Alice? – Perguntou ela ao fim de um bocado visto que eu não respondia.
- Não sei, Rose. Está bem? Não sei. – Disse a última parte um pouco desesperada.
- Alice, volta para casa. – Pediu a Rose com um tom triste na voz.
- O Jasper não me deve querer ver. Não depois de tudo o que disse. – Disse suspirando. Como eu queria voltar para ele. Como eu queria que tudo voltasse a ser como dantes.
- Alice, o Jasper está preocupadíssimo contigo. Ele nem quer saber da discussão, ele só quer que tu voltes para casa.
- Como sabes? – Perguntei.
- Porque ele está em minha casa. Mal tu saíste de casa, ele ligou-me preocupado. Ele não sabia para onde tu ias. Ele ama-te e só quer ver-te em segurança.
- Eu sei. – Disse por fim.
- Alice, fala com ele. Vou passar-lhe o telefone. – Disse ela. Estava com medo da reacção dele. Ele podia querer apenas saber se eu estava bem por causa do Will.
- Alice. – Disse o Jasper parecendo aliviado.
- Sim. – Disse com receio.
- Alice, por favor, desculpa-me pelo que te disse. Tens todo o direito de estar com medo. Eu não queria dizer que estavas paranóica. Eu só queria dizer que não devias de deixar de fazer certas coisas por causa da Maria. Isso é o que ela quer.
- Eu sei, Jasper. Eu também tenho culpa. Eu não devia ter gritado tanto contigo, nem ter dito aquelas coisas. Eu só faço porcaria, não sei fazer nada direito.
- Shh, Alice. Isso não é verdade.
- Eu só quero que tu me desculpes. – Pedi.
- Claro que desculpo. Alice, eu amo-te e não quero ficar longe de ti. Não vai ser por causa da Maria que nos vamos separar, não vamos fazer esse favor a ela. Eu quero-te comigo, quero-te ao meu lado para te proteger.
- Amo-te tanto. – Confidenciei-lhe.
- Também de amo, Alice. Volta para casa, por favor. – Pediu ele.
- Volto. – Respondi sorrindo debilmente. Eu queria tanto voltar. Queria voltar para o Jasper e para as minhas princesinhas.
- Vem ter a casa da Rose. Estou lá. – Informou-me ele. – Está bem?
- Está bem. – Respondi. – A Rose ficou chateada, comigo? – Perguntei. Tinha a sensação que sim. Ela nunca me tinha falado assim, desde que nos conhecemos.
- Não, ela só está preocupada contigo e com o Will. Só queria que tu voltasses para casa. – Explicou o Jasper. – Como está o Will?
- Agitado, muito agitado. – Respondi.
- Vem para casa o mais rápido que conseguires. – Pediu ele. – Quero-vos ao pé de mim.
- Vou, agora. Estou aí no máximo em meia hora. – Informei-o.
- Está bem. Até já. Amo-te. – Disse ele.
- Também de amo. – Respondi desligando o telemóvel. Dirigi-me até ao carro e entrei. Tinha deixado o carro destrancado e nem dei por isso. Dirigi em direcção à casa da Rose. Estava pouco trânsito, por isso, não deveria demorar muito. Estava tão feliz por tudo se ter ajeitado. O Will também porque parou quieto, deve ter adormecido. Agora só queria estar com o Jasper e as minhas princesinhas. Queria saber como é que elas estavam. Já estava perto da casa da Rose, quando parei num sinal vermelho. Não passava, carros quase nenhuns mas também já era um pouco tarde e a esta hora, normalmente já estão todos em casa a preparar o jantar. O sinal nunca mais mudava para verde. Quando o sinal passou de vermelho para verde, alguém bateu na parte de trás do meu carro e eu bati com a minha barriga no volante, violentamente e depois bati com a cabeça, com força, no vidro da janela. Fiquei atordoada e comecei a sentir dores horríveis no meu ventre. Comecei a sentir um líquido a escorrer de mim e vi que o banco estava a ficar sujo de sangue. Levei a mão à barriga. Doía tanto. Alguém abriu a porta do meu lado. Olhei para ver quem era. Era a Maria. Ela estava com um sorriso triunfante no rosto.
- Avisei-te para te afastares, não me deste ouvidos, foi o que deu. – Disse ela a rir. Ela estava com uma faca na mão. O que é que ela iria fazer? – Agora tenho que ir. As melhoras. – Disse ela apressada, indo embora. Não parava de gemer. Nunca tinha sentido tanta dor na minha vida. Ouvi ela a ir embora e segundos depois, outra pessoa apareceu ao meu lado. Era uma senhora de meia-idade. Tinha cabelos castanhos-claros, pelos ombros e olhos castanhos-escuros.
- Já chamei uma ambulância. Vi tudo o que aconteceu. – Disse ela segurando a minha mão. – Aguente-se. Eles estão a vir.
- Dói tanto… - Disse entre gemidos.
- Eu sei, mas tem que ser forte. Eles estão a chegar. – Disse ela. E estavam, já ouvia a sirene de uma ambulância. – Como é que se chama o seu bebé? – Perguntou. Percebi que ela me queria manter acordada. Não queria que eu adormecesse.
- Will. – Disse entre gemidos.
- É um nome lindo. É o primeiro filho? – Perguntou. Neguei com a cabeça e depois inspirei para voltar a falar. A dor estava cada vez pior.
- É o terceiro. – Respondi muito a custo. Ainda continuava a sangrar.
- Eu só tenho dois filhos. São gémeos, uma menina e um menino. Têm onze anos. – Disse ela para me manter acordada. – A menina chama-se Alice e o menino Jason. – Disse ela. Sorri com o nome da menina.
- Chamo-me Alice. – Informei-a. Ela sorriu para mim.
- É um nome muito bonito. Sou a Alyson. Eles chegaram. Vão tirá-la daí. – Disse ela, afastando-se para dar espaço para me tirarem dali. Retiraram-me de dentro do carro num instante e puseram-me numa maca. A viagem até ao hospital foi num instante, eles dirigiram o mais rápido que conseguiram. Eu estava a perder a consciência, conseguia perceber isso.
- Mulher grávida por volta dos sete meses, entre os 20 e os 30 anos, sangramento e contracções uterinas. – Ouvi um dos paramédicos a dizer a um médico das urgências.
- Bloco operatório, já! – Ordenou ele apressado. Seguiram comigo o mais rápido que conseguiram até a um bloco vazio. Anestesiaram-me e a partir daí, tudo ficou escuro.