P.O.V Da Sam

— Esse sou eu, tia Sam. - Noah apontou para o bebê de cabelos ralinhos e bochechas rosadas, um sorriso banguela com lindas covinhas.

— Own... - Tinha como não se derreter? - Você era muito fofo. - Sorri.

Eles estavam me mostrando os álbuns de fotos.

— Eu era muito mais bonita, né pai? Eu não tinha a cara de joelho... O Nonôh era todo molinho e enjilhado. - A pequena sapeca riu.

— Não era não... É mentira dela, tia Sam. - Me abraçou.

Eu ri... As crianças eram uma graça.

— Todos vocês eram lindos quando eram bebês. - Freddie falou.

— Verdade, eram bebês fofinhos mesmo. - Voltei a folhear o álbum.

— A Hannah têm bumbum grande. Ela fica engraçada usando fraldas. - E mais uma vez a garotinha começou a rir.

— Ei, Ally. Para com isso, filha. - Ralhou o moreno.

Abafei uma risada. A pequena sempre fazia algum comentário sobre as fotos.

— A Sam também tá rindo, papai! - A danadinha apontou para mim.

Ele me olhou e eu senti meu rosto arder, e não consegui mais segurar a risada, o que acabou o contagiando.

Nós três rimos, atiçando o Noah e até a Hannah riu no colo do pai.

A pequena Ally tinha um senso de humor. Até mesmo o pai não resistia e acabava rindo dela.

Voltamos a ver as fotos das crianças. Eram belas fotos. Cada uma com um grande significado, eu podia ver seus olhos castanhos brilhando quando pousavam sobre as fotografias dos filhos.

Freddie era um pai muito amoroso.

E à cada dia, eu o admirava mais. Ele era um homem simples e com ótimo caráter, além de ser muito bonito.

Levei a bebê adormecida para o quartinho dela, e a acomodei no berço. Freddie carregou o Noah e o levou para colocá-lo em sua caminha.

Só Ally que foi escovar os dentes e colocar o pijama, resmungando.

— Boa noite, Sam. - Disse parando ao lado da porta do quarto dele, ele estava cansado.

E eu também, quase acabei cochilando no sofá.

— Boa noite, Freddie. - Sorri para ele e entrei em meu quarto, indo me acomodar.

[...]

No dia seguinte...

Freddie estava no trabalho, voltei para a casa com Hannah. Eu havia ido deixar seus irmãos na escolinha. Eu não tinha muito o que fazer em casa, Valentina já cuidava de toda a limpeza, eu só arrumava a bagunça que as crianças faziam, e colocava elas para me ajudarem, a Hannah ficava no cercadinho e por isso não costumava bagunçar.

Comecei a preparar o almoço por volta das 10h:30min, como sempre fazia. Eu pegava os meninos na escolinha às 11h.

A bebê estava inquieta, tirei ela do cercadinho e a ajeitei no colo, ela havia acordado toda manhosinha e estava choramingando muito.

Durante a ida até à escolinha, a bebê não parava de chorar. E eu não sabia o que ela tinha. Já havia checado a fralda várias vezes, não era sede e nem fome.

Comecei a me preocupar. Peguei seus irmãos e voltamos para casa.

— O que foi, bebê? - Eu a balançava em meu colo.

A pequenina estava aos prantos, os olhinhos vermelhos e o rostinho inchado.

Ela não queria comer, não aceitava nada.

— Deve ser cólica. - Ally disse durante o almoço.

— Pensei que fosse, mas não é isso... - Eu havia dado o chazinho e ela tomou só um pouco, fiz a massagem na barriga e até preparei a compressa morna.

Noah olhava para a irmãzinha já aflito, tadinho...

[...]

Liguei para Tina e ela não me atendia, só caia na caixa postal.

Hannah soluçava no meu colo. Ela não dormia de jeito nenhum. Eu já não sabia o que fazer e estava ficando desesperada.

— Liga para o papai. - Disse Ally.

Já se passava das 15h da tarde.

— Eu não quero incomodar, ele está no trabalho... - Pensando bem, era filha dele e aquilo era urgente. - Vou ligar. - Procurei o número do Freddie na minha agenda.

— Alô? - Me atendeu no segundo toque.

— Sou eu, a Sam. É urgente, será que poderia vir pra casa? É a Hannah...

— O que aconteceu com ela? - Me interrompeu preocupado.

— Na verdade, eu não sei. Mas ele não está bem, chorou o dia todo. - Expliquei.

— Já estou indo. Obrigado por ligar, Sam. Te vejo em casa! - Disse e encerrou a ligação.

Suspirei, fiz o que tinha que fazer.

Olhei para a pequena que estava agarrada em mim, soluçando.

Vê-la daquele jeito estava acabando comigo... Era agoniante demais.

— A Han tá muito dodói, tia? - O pequeno abraçou minhas pernas, me olhando choroso.

— Não chora, Nonôh. O papai já tá vindo pra casa. - Ally abraçou o irmãozinho e eu me comovi com aquilo tudo.

— Vai passar, bonequinha... Eu prometo. Seja lá o que for. Vai passar. - Beijei a cabecinha da bebê e senti meus olhos marejarem.

Eu só queria que seu pai chegasse logo.

[...]

P.O.V Do Freddie

Quando cheguei em casa, Sam estava desesperada com as crianças, Noah estava choramingando, e Hannah estava no colo da loira, aos prantos. Ally estava sentadinha com o semblante aflito, e toda aquela cena era de partir o coração.

Larguei minha pasta de couro sintético num canto qualquer, e me aproximei deles, Sam olhou para o termômetro na mão direita e disse:

— Ela está com febre.

A loira me olhou alarmada, os olhos azuis marejados.

— Vamos levá-la ao médico, vou preparar a bolsa dela. - Eu precisava manter a calma.

— Já preparei, a bolsa dela está aí. - Indicou a mesinha de centro.

Eu estava tão afobado que nem tinha visto.

— Vou deixar os meninos na casa dos Dickson, já volto. - Avisei.

— Ah, não papai, eu não quero ficar, quero ir com vocês. - Ally já ia começar com as birras.

— Não, filha. Você e o seu irmão vão ficar, Sam e eu vamos levar a sua irmã ao médico, nada de fazer manhas. Agora vamos! - Peguei o Noah no colo e ela me seguiu emburrada.

Os deixei na casa dos meus vizinhos, era um casal com dois filhos adolescentes.

Voltei para casa apressado, a minha bebê estava enrolada na manta, Sam estava abatida e coitada, ela com certeza havia passado um sufoco sozinha com as crianças.

— Vamos. - O carro já estava ligado e pronto para dar partida.

— Me desculpe, eu devia ter ligado antes, eu só... Eu não sabia o que fazer. Liguei para a Tina e só caiu na caixa postal, eu sinto muito... - Lamentou.

— A culpa não é sua, Sam. Eu entendo. Não se culpe, ok? - Era verdade, ela fez o que pôde.

Toquei na Hannah que estava ardendo em febre. Seu rostinho estava inchado e avermelhado por conta do choro.

Entramos no carro e rumanos para a Clínica Pediátrica.

[...]

Sam estava ao meu lado enquanto Hannah era examinada. O Dr. Prentice fez alguns exames rápidos e práticos, nem foi preciso um exame de sangue para ele dar o diagnóstico, ele se aproximou anotando algo na prancheta.

— Ela urinou hoje, Sr. Benson? - Se dirigiu a mim.

Olhei para Sam e ela logo respondeu.

— Não, doutor. E ontem ela urinou só um pouquinho. - Contou.

— Infecção na bexiga, e à propósito, está nascendo mais um dentinho. Mesmo assim vou fazer mais alguns exames para termos certeza, ela deve ficar em observação, amanhã eu dou alta, está bem? - Nos olhou tranquilo, como os médicos conseguiam ficar tão calmos?

Ele por acaso não era pai?

— Claro, tudo para o bem dela. - Concordei.

Sam me olhou preocupada. Senti vontade de abraçá-la.

Minha pequena estava com uma infecção na bexiga.

— Não se preocupem, uma enfermeira vai cuidar dela. Qual dos dois vai poder passar a noite aqui? - Indagou.

— Eu! - Sam se voluntariou.

— Podemos ficar? Eu quero ficar também, doutor. - Sam daria conta, mas eu não queria deixá-la sozinha.

Era a minha filha e a moça ainda estava abalada, e parecia tão frágil naquele momento.

— Claro. - Ele sorriu. - Vou pedir para a enfermeira Anny preparar a medicação e levá-la ao leito. Com licença. - Ele disse antes de se retirar da sala de consulta.

Sam vestiu a bebê, Hannah precisou ficar apenas de fralda.

Me aproximei da babá, ela estava um pouco mais relaxada.

Ela se preocupava e cuidava muito bem dos meus filhos. E aquilo significava muito.

— Vou passar em casa, preciso tomar banho e trocar de roupa, e pedir para que os Dickson fiquem com as crianças essa noite. Precisa de alguma coisa? - Perguntei a ela.

Sam assentiu corando.

— Uma muda de roupa, e minha nécessaire. E traga um cobertor, por favor. - Pediu.

— Okay, pode deixar. - Beijei a testinha de Hannah e me despedi da loira com um beijo em seu rosto angelical.

— Tchau. - Disse toda envergonhada.

Sorri com aquilo e fui embora, um pouco mais aliviado por saber que não era nada grave demais.