P.O.V Da Sam

Quando chegamos no hotel e subimos para a suíte, eu estava um pouco nervosa. Freddie abriu a porta, entrei sentindo aquele friozinho na barriga, porque ficaríamos à sós novamente e entre quatro paredes. Eu estava cansada e sonolenta, como dancei muito na festa acabei suando, o Benson trancou a porta. Seria um pecado me jogar naquela cama enorme tão confortável estando suja e grudenta.

Ele sentou despreocupado, começando a retirar os sapatênis.

— Está calor, não é mesmo? - Deixei a bolsinha sobre a cama.

— Sim. Pode ir tomar banho primeiro, sem pressa. - Puxou as meias.

Apenas assenti, peguei minha mala e rumei para o banheiro. Eu ainda me sentia nas nuvens, Freddie havia se declarado na praia. Por mais que parecesse um sonho, foi real. Todos os beijos que trocamos e até mesmo as pequenas carícias... Deus, nunca pensei que ele olharia para mim de outra forma. Nunca havia passado pela minha cabeça que pudesse acontecer algo entre nós nessa viagem.

Acho que aquela foi a ducha mais demorada que tomei na vida. Após me secar, procurei um pijama decente na mala, eu só tinha camisetas velhas, shorts de algodão e pijamas coloridos, estampados.

Com 22 anos, eu ainda usava pijamas que garotas de 15 anos usam em festinhas de pijama na casa das amigas. Me senti uma boba encarando um conjuntinho fofo demais até para o meu gosto.

Após pegar uma camiseta de banda, vesti depressa junto com uma calça de moletom cinza. Era melhor que o pijama com estampa de bolinhos. Saí do banheiro e o Benson não estava no quarto, quando vi que a porta de vidro que dava para a sacada estava aberta, logo sorri imaginando o moreno ali parado encostado no parapeito olhando para a bela vista que era a praia.

Deixei a mala no lugar, as camareiras haviam trocado o enxoval da cama, o que era bem espaçosa, puxei o edredom e me acomodei, eu não sabia como seria entre nós, o que eu devia ou não fazer.

— Oh, você já está aí. - Sorriu voltando para o quarto.

Eu estava deitada e coberta quase até o pescoço, sob o colchão macio e debaixo das cobertas quentinhas, além do edredom.

Ele estava de camiseta branca, ainda com o mesmo jeans, descalço. Tinha a toalha pendurada no ombro, devo ter demorado demais no banho, será que ele já estava ficando impaciente?

— Sua mãe não ligou enquanto estivemos fora? - Perguntei, nós havíamos deixado nossos celulares na suíte.

— Ligou sim. Mas acho que está tudo bem, ela só ligou porque deve estar curiosa. Amanhã eu retorno a ligação. Agora vou tomar uma boa ducha quente, estou tão cansado. - Avisou e rumou para o banheiro.

Nem abafei o bocejo, meus olhos já estavam quase fechando. Me acomodei de lado, na minha posição preferida e fiquei tentando lutar contra o sono, eu não queria dormir sem antes dar 'Boa noite' para ele.

[...]

P.O.V Do Freddie

Sam já estava num sono profundo quando terminei o banho, apaguei a luz da suíte, como estava tudo bem para ela ocupei o espaço vazio ao seu lado, a cama era de casal, as cortinas se encontravam fechadas, o quarto ficou um breu. Eu podia ouvir sua respiração regular, ela ressonava baixinho, eu sabia o quanto ela era agitada, sorri já imaginando que poderia ser chutado novamente durante a madrugada.

No dia seguinte, acordei sozinho na cama. Apanhei meu relógio de pulso, eu costumava tirá-lo antes de dormir, já se passava das 09h. Sam não estava na suíte. Fui fazer minha higiene matinal, ela só podia estar tomando café-da-manhã no restaurante do hotel, com os meus amigos.

Quando saí do banheiro, com uma toalha em volta do quadril e usando outra para secar meu cabelo, estaquei quando vi a Sam ali parada no meio da suíte com um carrinho de comida.

Ela arregalou os olhos e ficou vermelha feito um tomate bem madurinho.

— Bom dia. - Sorri.

Eu não era um cara tímido, mas ficava sem jeito com ela em algumas situações como aquela... Era meio embaraçosa.

Ela enguliu em seco após olhar para o meu corpo e desviou o olhar rapidamente.

— Bom dia. Desculpe, eu não devia ter subido com...

— Está tudo bem, Sam. Que gentileza sua. Vou só me vestir para a gente poder tomar café. - Notei as duas bandejas fartas sobre o carrinho.

Só ela mesma para me surpreender daquela forma.

Me vesti devidamente e retornei ao quarto, Sam estava sentada no divã segurando uma xícara pequena enfeitada, com o carrinho ali perto, olhando para a parede. Ela ficava envergonhada com certa facilidade.

— Deixe-me adivinhar, você queria me fazer esse agradinho subindo com o carrinho trazendo nosso café-da-manhã? - Indaguei.

— Não sou muito boa com palavras, mas de qualquer forma é um agradecimento e um agradinho mesmo. - Confirmou.

Eu não sabia se podia beijá-la quando eu quisesse ou se deveria pedir permissão. Eu estava ansioso, já tinha em mente o pedido de namoro.

Será que estava sendo precipitado demais? Meu medo era assustá-la, e se ela se sentisse pressionada?

Devagar me aproximei tocando seu rosto, Sam sorriu e como não fez nenhuma menção de recuar e nem rejeitar meu toque, juntei nossos lábios num selinho singelo.

— Obrigado. - Agradeci quando me afastei para poder encarar aquele belo par de olhos brilhantes.

— De nada. - Sorriu ruborizando. - Vamos comer antes que os pãezinhos esfriem. - Falou.

— Tudo parece delicioso. - Puxei o carrinho e peguei a garrafa térmica.

Ela assentiu e levou a xícara até os lábios naturalmente rosados, bebericando o café com leite. Ela gostava com bastante leite.

— Após o almoço nós vamos descansar, teremos um passeio à tarde. - Falei.

— Olha, vou acabar me acostumando com as sonecas depois de almoço. - Comentou risonha.

Eu com certeza já estava gostando daqueles momentinhos. Eu até poderia me acostumar também.

[...]

P.O.V Da Sam

— Como foi a noite de vocês? - Bonnie perguntou durante o almoço.

Pelo sorriso dela, percebi que ela já estava imaginando coisas.

Alexander e Lena também estavam ali conosco, o casal nos olhou com curiosidade.

— Foi tranquila. Dormimos bem. - Freddie respondeu.

Os casais trocaram olhares, eles com certeza estavam pensando que havia rolado algo a mais... O que me deixava muito envergonhada. Afinal, Freddie e eu estavámos dividindo a mesma cama.

— Ray e Bonnie nos explicou a situação de vocês, nos desculpem pelo mal-entendido de ontem. - Se desculpou Alexander.

— Nós fomos muito inconvenientes. Pensamos que eram um casal. - Disse Lena envergonhada.

— Está tudo bem, Sam e eu viemos para Hermosa Beach como amigos, mas descubrimos que temos sentimentos um pelo outro, o que é incrível. Faremos um passeio mais tarde. - Benson contou.

Eles sorriram, nos desejaram coisas boas, dizendo que iam torcer por nossa felicidade e nós agradecemos.

O almoço foi amigável, tranquilo e divertido. Bonnie e Lena se davam bem, me incluiram nas conversas, depois de tudo esclarecido, Freddie e Alex passaram a ter mais conversas descontraídas, pareciam velhos amigos.

Comi lagosta pela primeira vez. Lagosta feita na manteiga com vinho tinto. Também experimentei salmão ao molho agridoce e uma sobremesa bem tropical feita com frutas frescas. Tudo estava delicioso.

Eles foram para um quiosque, pelo visto estenderiam a tarde por lá, Bonnie e Lena queriam aproveitar a praia e pegar um bronzeado.

Eu já tinha visto o mar, mas ainda não tinha tido a chance de colocar um dos biquínis que comprei, curtir a praia ficaria para depois.

— Ligue para a sua mãe. - Pedi assim que chegamos à suíte.

Freddie pegou o iPhone de última geração e iniciou uma chamada de vídeo, nos sentamos na cama, quando dona Marissa atendeu, nos deparamos com os rostinhos das crianças.

Ally estava do lado direito da avó, o Noah sentadinho no lado esquerdo, e Hannah estava no colo de dona Marissa.

— Papai! - Ally e Noah exclamaram alegres.

— Que bom que ligaram, como estão as coisas por aí? Eles já estavam ansiosos, as crianças estão com saudades. Principalmente a Hannah. - Ela abaixou os bracinhos da bebê que tentava alcançar o celular.

— Fizemos uma boa viagem, mãe. Ray mandou lembranças para a senhora. A festa foi incrível. Nos divertimos muito ontem. Estamos bem. E estamos com saudades. - Freddie falou e eu apenas assenti.

— Que bom. Aproveitem. Oi, Sam. Está gostando de Hermosa Beach? - Ela perguntou olhando para mim.

— Oi, dona Marissa. Estou amando, aqui é lindo. - Respondi.

— Quando vocês vem? - Foi Noah quem perguntou fazendo biquinho.

— Traga presentes, pai! - Ally pediu.

— Oi, crianças! - Acenei.

Hannah se agitou quando ouviu minha voz. Ela olhou para a tela, tinha uma das mãozinhas na boca.

— Amanhã o papai está voltando, filho. - Respondeu o Benson.

— Você volta também, tia Sam? - O garotinho me olhou.

— Volto sim, Nonôh. - Respondi.

Era tão bom vê-los, mesmo sendo através de uma chamada de vídeo.

— E os presentes? Compre um montão, papai! - Ally nos fez rir.

— Está se comportando, mocinha? Mãe, eles estão te dando trabalho? - Indagou.

— Não se preocupe, filho. Está tudo sob controle. Noah está comendo direitinho. Ally têm me ajudado e a Hannah é um amorzinho, ela só chorou ontem à noite, ainda continua manhosinha porque o dente está nascendo. Estou massageando as gengivas dela e estou dando os remédios que o pediatra passou para controlar a infecção. O inchaço na barriga diminuiu e acho que ela não está mais sentindo aquelas dores. - Sua mãe nos informou.

Me senti muito aliviada. A bebê havia melhorado da infecção na bexiga.

— Graças a Deus, mãe. - Freddie também ficou aliviado.

Conversamos mais um pouco, tudo estava bem na casa da mãe dele. As crianças estavam ótimas. Nos despedimos e fomos tirar nossa soneca, trocamos alguns beijos antes de pegarmos no sono.

[...]

P.O.V Do Freddie

— Uau! - Exclamei quando Sam saiu do banheiro já toda arrumada para o nosso passeio.

Eu tinha em mente um passeio na Orla, um jantar e finalizar a noite com o pedido especial.

— Eu não sabia o que vestir, então... - Ajeitou a alça da bolsinha sobre o ombro.

— Você está ótima. - Ela já era linda.

Ela estava usando uma bata lilás com listras brancas, que combinava com o short jeans azul-claro e os tênis brancos com cadarços amarelos. Não sei o que ela tinha feito no cabelo, mas seus cachos estavam mais volumosos, o que a deixou mais linda.

A maquiagem leve apenas realçava sua beleza natural.

— Obrigada. - Sorriu. - Você não acha que está arrumado demais para um simples passeio? - Me analisou.

Droga, devo ter mesmo exagerado. Pelo menos não me banhei de perfume como costumava fazer quando era mais novo...

— Estou brincando. Você também está ótimo. - Ela riu.

Deixamos a suíte e pegamos o elevador para descermos. Chegamos na recepção de mãos dadas, eu não pretendia levá-la para longe. Atravessamos a rua para chegarmos ao calçadão.

O passeio no píer ficaria por último.

A Orla estava movimentada, com vendedores ambulantes, ainda eram 16h. Adultos, adolescentes, crianças. Famílias à passeio, jovens com seus animais de estimação.

Encontramos um banquinho de concreto.

Sam olhava ao nosso redor como uma garotinha encantada com tudo. Me lembrava a Ally, a minha pequena geniosa. A loira também alegou ter sido uma criança geniosa, até teve sua fase de rebeldia na adolescência.

Ela podia ter o sorriso mais doce e aqueles olhos lindos e meigos, no entanto, também era uma mulher com temperamento forte apesar de ser gentil e meiga comigo, com as crianças, com meus amigos, eu estava curioso para ver aquele seu lado que ela disse ter em nossas conversas.

— Você também está sentindo esse cheirinho tão bom de dar água na boca? - Me cutucou.

— Você quer uma Maçã do amor? - Perguntei.

Um vendedor se aproximava.

— Não. Eu quero churros! - Levantou num pulo.

— Não tô vendo nenhum vendedor de churros por perto. - Falei.

— Mas eu estou sentindo cheiro. Vem comigo! - Me puxou.

Seu olfato era bom, ela saiu me puxando guiada pelo cheiro que eu só consegui sentir quando o vento bateu. Avistamos um carrinho de churros, o vendedor era um senhor de bigode usando um sombreiro.

Sam foi logo falando com ele em espanhol, o que me surpreendeu.

— Vou querer três e você? - Virou para mim.

— Você se garante? - Perguntei.

— Mas é claro! Está duvidando? - Me olhou desafiada.

— Peça dois de cada sabor. - Falei.

— Duvido que consiga comer cinco churros. - Riu e fez o pedido.

Os dez churros foram servidos numa cestinha. Cinco para cada.

Sam era inacreditável, devorou os churros dela rapidamente, eu estava no meu terceiro quando ela pegou meu churro de doce de leite.

— Ei! - Protestei.

Ela deu uma grande mordida e acabou se lambuzando com o doce que escorreu pelo cantinho da boca.

Nunca tinha saído com uma mulher que tivesse aquele apetite. Sam comia de tudo e comia bem.

Passei o guardanapo de papel no cantinho de sua boca, limpando.

— Quando Carly e eu éramos crianças, o irmão da minha amiga, Spencer, costumava nos levar para comer churros, nós fazíamos disputa de quem comia mais, eu sempre ganhava. - Contou orgulhosa e eu ri imaginando uma garotinha gulosa devorando um monte de churros. - Eu ainda vou te apresentar aos meus amigos, eles são legais, você vai gostar deles. - Foi a vez dela de limpar minha boca.

— Vou adorar conhecê-los. - Falei encarando seus olhos tão hipnotizantes.

Ficamos ali na Orla conversando, eu iria levá-la para ver o Pôr-do-Sol no píer.