Entre toques, beijos e carícias, os dois chegaram ao ápice.
Erik puxou Anna ainda para mais perto de seu corpo, colando cada centímentro de pele dela na sua, selando seus lábios num beijo longo e apaixonado.
-Eu amo você, Anna. - ele sussurrou contra os lábios da menina.
-Eu te amo, Erik.

O corpo de ambos ainda tremia - efeito do ápice que alcançaram juntos. Erik a pegou em seus fortes braços, levando-a para a cama.
Aquele tinha sido um dia difícil para o casal e Erik ainda era torturado ao pensar que quase a havia perdido. Anna se alinhara ainda mais nos braços de seu amado, e assim adormeceu. Erik passeava as mãos por suas costas, acariciando os cabelos longos da pequena mulher que ressonnava tranquilamente junto a seu peito nú. Jamais poderia descrever, nem na mais magnífica de suas canções, o quanto Anna era bela, ou o quanto ela era importante para ele. E assim, sendo levado por um sono não tão tranquilo, o Fantasma também adormeceu, enquanto pensava e respirava a sua amada. Erik não sabia o que o amanhã lhes reservava, mas tinha a certeza de que se estivessem juntos, tudo acabaria bem.
Anna logo despertou, olhando para o belo homem a seu lado. Embora ele não concordasse com a opinião dela, o rosto de Erik era angelical, e possuía tamanha perfeição que nem a máscara branca que o cobria parcialmente poderia estragar isso - ela apenas o deixava mais belo, com um ar irresistível de mistério.
A menina se levantara sobre os cotovelos para admirá-lo melhor e, incapaz de resistir, beijou seus lábios com delicadeza. Ela pode sentir Erik acordando, corespondendo ao beijo de forma doce e apaixonada; querendo dizer a ela, sem palavras, que a amava. Ele enlaçou seus braços na cintura da menina e a puxou mais para perto de si, seus corpos tão juntos que quase se fundiam. O beijo se tornou cada vez mais intenso, e então os dois tiveram que parar para retomar o fôlego. Assim que seus rostos se distanciaram poucos centímetros, os olhos de Erik se desviaram, dirigindo o olhar para o corpo nú de Anna, em todo o seu esplendor, cada centímetro de pele macia colada a seu próprio corpo. A menina sentiu seu rosto esquentando, e soube que suas bochechas estavam coradas. Erik achou graça, e sorriu para ela. Aproximou seus rostos novamentes e a beijou repetidamente, capturando seu lábio inferior entre os dentes e mordendo, puxando-o. Ele podia sentir o sorriso de Anna contra seu beijo.
Era bem assim que Erik idealizara a imagem de felicidade em sua cabeça, mas nunca havia lhe ocorrido que, um dia, a felicidade apareceria para ele. E, no momento, ele não se sentia merecedor de tanta alegria. O Fantasma olhou para Anna novamente. Encarou seus olhos, tentando decifrar seus mistérios e se perdendo naquela imensidão de breu.
-Erik, pare de me encarar! Está me deixando sem graça.
-Não consigo evitar, anjo. Você é tão linda. A imagem ideal da perfeição. Eu, como o monstro que sou, sempre desejei ter coisas bonitas, mas nunca realmente achei que algo bonito pudesse me pertencer. Você tem a maior beleza que eu já vi, e veja só - eu posso te beijar, e ter você em meus braços, e olhar para você. Eu posso até te fazer corar, te fazer sorrir. O que eu estou sentindo por perceber tudo isso é mais felicidade do que eu poderia desejar ter em toda a minha vida. Eu te amo, Anna, e você sequer é capaz de imaginar o quanto. Você me faz querer ser um homem melhor. Eu quero que você tenha orgulho de mim. Eu quero te dar uma vida perfeita, e quero te fazer feliz.
-Você já me faz feliz, Erik. - Anna sussurrou, acariciando a bochecha visível do mascarado. -E essa vida é perfeita pra mim. É bem melhor do que a vida que eu conheci antes.
Fez-se silêncio por um breve momento.Ainda não era suficiente para Erik. Ele queria ter certeza de que Anna seria plenamente feliz. Ela merecia. Ele sabia que o que ela acabara de afirmar foi dito apenas para acalmá-lo. Os dois se observavam mutuamente, e o Fantasma resolveu deixar seus medos de lado por um momento. Então, eles sorriram um para o outro e selaram seus lábios novamente, em um beijo casto.

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Quando finalmente Anna retornou ao seu quarto, ainda mancando por causa de sua perna dolorida, ela estava preenchida por uma calma repentina e deliciosa. Saber que Erik a amava, saber que alguém realmente a amava, lhe dava toda a paz de que ela fora privada durante toda a sua vida. E, por mais que ela tivesse passado por uma situação extremamente exaustiva no dia anterior, estava disposta a perdoar Erik e Christine. Na verdade, já os tinha perdoado. Não conseguia se forçar a ficar brava com eles.
Ela sentou-se em sua cama, cansada. Deitou-se, apesar de ter acabado de acordar, e pôs-se a encarar o teto, pensativa.

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O Fantasma também encarava o teto, deitado eu sua luxuosa cama, com lençóis de seda preta. Não conseguia parar de pensar em Anna. Mas ele se sentia terrivelmente mal pelo que ela tinha passado. E era tudo culpa dele. Ele tinha falhado. Beijara Christine e não conseguira salvar Anna a tempo. Ela tinha se afogado, e podia ter morrido.
Ao mesmo tempo que se preocupava com Anna, ele não podia deixar de se irritar com Christine. Talvez ela o tivesse beijado de propósito, com a intenção de magoar Anna. Será que ela seria capaz de fazer isso? Quer dizer, Christine sempre fora muito doce com todos, mas também era muito determinada. Podia fazer de tudo para conseguir o que queria. Erik só tinha que ter certeza de que ela não o quisesse. Afinal, ele já fora rejeitado pela bela soprano uma vez. Poderia aguentar mais uma, agora que tinha Anna.
Erik estava perdido em pensamentos, quando ouviu um barulho do lado de fora de seu quarto, ao longe. Eram sons de passos, que se aproximavam. E, ao que parecia, era alguém bem pequeno que vinha.
-Anjo! -chamaram. Era Christine. A voz era incrivelmente reconhecível. Mais familiar do que deveria ser.

Ela entrou no quarto, sem aviso prévio, encontrando o Fantasma deitado em sua cama, a camisa aberta e um olhar alarmado.
-O que você quer, Christine? Já não causou confusão demais em tão pouco tempo?
A jovem respirou fundo, enquanto passava seu olhar, rapidamente, pelo abdômen admirável de seu ex-mentor. Embora ele estivesse se forçando a ser rude com ela, Christine estava muito determinada a conseguir seu amor de volta. Em breve ele seria só dela, querendo ou não.
-Anjo, antes de tudo, eu queria me desculpar. Não devia ter agido daquele jeito, mas não pude me conter. Acontece que eu percebi que meus sentimentos por você são muito mais fortes do que por Raoul. Mas, além de pedir desculpas, também vim pra dizer que eu quero você para mim. Não ligo que esteja com Anna, sei que você ainda me ama. Não tem como você parar de me amar em tão pouco tempo.
Erik a observava, tentando manter a calma.
-Christine. Eu nunca te amei como amo Anna. O que sinto por ela é muito mais intenso.
"Que estranho ela resolver voltar assim, tão de repente. Alguma coisa deve ter acontecido." , ele pensou, sabendo que, fosse o que fosse, ela não ia contar tão cedo.
-Não, me escuta. Você é meu, e vai ficar comigo. Não vou deixar aquela pirralha te roubar de mim. Enquanto você estiver com Anna, ela corre sérios riscos. Por que você acha que Phillipe está hesitando em estuprá-la? Eu o estou mantendo nas rédeas, contendo-o para que ela fique segura. Mas, se você não ficar comigo, eu posso simplesmente... - Christine sorriu com malícia - ...Me esquecer de contê-lo.
Tudo bem. Por mais apavorante que essa ideia fosse, Erik sabia que era capaz de conter o Conde, se fosse preciso. Não seria a primeira vez. Ela não poderia forçá-lo a ficar com ela só por causa disso.
-E, bem - ela voltou a falar -, se isso não for motivo o suficiente, acho que você sabe como sou querida por todos os habitantes do Ópera Populaire. E, sabe, a família de Raoul patrocina eese teatro. Posso tirar Anna daqui num piscar de olhos. Raoul me ama. Se eu disser para ele que Anna tem que sair daqui, então ela sairá. Simples assim.
-Mas você disse que não está mais com Raoul, e...-
-Não, não foi o que eu disse. - algo na postura de Christine mudou. Ela não parecia gostar de pensar muito sobre isso. -Eu disse que não nos casamos, e que não sinto mais nada por ele. Claro que, agora que você vai ficar comigo, eu posso terminar as coisas com ele, mas sei que ele ainda vai me fazer qualquer favor.
"Afinal, ele está mesmo me devendo um favor.", Christine pensou, taciturna.
Erik estava tendo dificuldade pra assimilar o que estava acontecendo ali. Ele não podia deixar que Anna fosse embora, mas também não queria ficar com Christine para garantir sua estadia no Ópera Populaire. Mas o que ele podia fazer para impedir? Quer dizer, droga, ele era o Fantasma da Ópera. Isso tinha que servir para alguma coisa. Talvez uma carta para os diretores impedisse que Anna fosse mandada embora. Se bem que, se Raoul ameaçasse cortar o dinheiro, Firmin não hesitaria em desobecer ao todo-poderoso Fantasma. Ele teria de se arriscar para saber. Mas será que valia a pena o esforço, sabendo que as chances de que ele saísse ganhando eram pouquíssimas? Ele tinha uma ideia. Já sabia o que fazer.
-Pois bem, Christine. Você venceu.