“–Lui, Antoinette e Meg vieram ver se você está bem. Eles estavam preocupados. –Erik explicou.

–E trouxemos flores. – Antoinette mostrou o vaso de rosas vermelhas que havia sido colocado na mesinha ao lado da cama, com um sorriso que, por alguma razão, não chegou a seus olhos. A mulher parecia um pouco distante mas a menina sorriu de volta, contente, mesmo assim.

–E chocolates. – Lui entregou-lhe uma caixa de bombons. –Achamos que, como precisa se recuperar, talvez se sinta mais motivada a comer se for algo gostoso, não comida de hospital.

Anna riu.

–Muito obrigada, meus amigos.

–Anna, temos que ir voltando para o Teatro, mas prometemos voltar amanhã para te visitar, está bem? – Mme. Giry disse, obviamente preocupada com seus afazeres de professora de balé.

–Está bem. Obrigada pela visita!

Mesmo doente e preocupada, como estava, Anna não pode deixar de sentir uma felicidade intensa naquele momento. Ela agora tinha Erik, que a amava e a quem amava com uma intensidade inimaginável e também tinha a seus três amigos, que a faziam sentir como parte de uma pequena família, coisa que nunca tivera. Sentia-se completa, pela primeira vez na vida.”

Anna rolou na cama de hospital, feliz ao perceber que Erik havia pego no sono junto a ela. Sorriu contra o peito quente dele, sentindo ele estreitar um braço forte ao seu redor.

Mais algumas semanas haviam se passado desde a internação de Anna. No dia anterior, os tubos que garantiam que o soro fosse transportado até suas veias finalmente puderam ser retirados e a menina agora tinha quase voltado a ter uma alimentação normal. No entanto, ainda não ganhara muito peso, fora apenas o suficiente para tirar-lhe a aparência cadavérica. Agora, com a barriga começando a se salientar devido à gravidez, ela parecia ainda mais frágil – Erik tinha a impressão de que se não fosse delicado o suficiente com seu anjo, ela se quebraria em vários pedaços, como se fosse feita de vidro.

Percebendo a menina se mexendo a seu lado, o Fantasma lentamente abriu os olhos, a luz que vazava pelas janelas cegando-o por um momento. Ela mantinha os olhos fechados, uma expressão pacífica em seu rosto.

–Anna? Você está dormindo? – ele sussurrou.

Ela levantou a cabeça, sonolenta, balançando-a em sinal de negação.

–Como você está se sentindo? – Erik perguntou, como já tinha virado tradição. Aquela era a frase que ele mais tinha dito à menina nos últimos dias.

–Bem. – ela sorriu para ele. –Tô com fome.

–Vou pegar alguma coisa para você comer, então, está bem? – Erik ofereceu. Anna assentiu e ele a beijou. –Eu já volto.

Ainda um pouco sonolenta, ela deixou que seus olhos se fechassem enquanto esperava por Erik. Suas mãos foram inconscientemente para a barriga que começava a crescer, um sorriso se formando em seus lábios. Embora Anna estivesse apavorada sobre a ideia de ter um bebê quando tinha sido internada, agora já tinha se acostumado com a ideia e tinha até começado a apreciá-la. Não tinha porque não confiar que era uma boa ideia. Ela tinha certeza de que desejava passar o resto de sua vida ao lado de Erik, que, tinha certeza, seria um ótimo pai. Ela mesma nunca tinha tido pais, então se empenharia com todo seu fervor para ser uma boa mãe para a criança, para ser a mãe que sempre quisera ter. Ter um bebê começara a parecer bastante sensato e ela não via como aquilo podia dar errado.

De repente, Anna sentiu algo gelado contra a pele de seu pescoço. Abrindo os olhos, assustada, a menina se deparou com Christine, que estava num estado deplorável –pálida demais, cabelos bagunçados, olhos vermelhos de choro.

–Christine, o que você está fazendo aqui? – Anna perguntou em voz baixa, tentando ignorar a faca roçando sua garganta.

–Eu precisava falar com você. – a soprano tremia de raiva, o que deixava os nervos de Anna à flor da pele. Se as mãos de Christine tremessem um pouco demais, a menina poderia ter a garganta cortada. –Eu quero Erik de volta, mas você roubou ele.

–Eu não roubei ele, Christine. Você o traiu, lembra? Você não pode ter a Raoul e a ele ao mesmo tempo.

–E ele não pode ter a mim e a você ao mesmo tempo! Ele é meu! – a faca começou a fazer mais pressão contra a pele de Anna, que engoliu em seco.

–Christine, escute. – a menina tentava pensar em qualquer maneira de fazer a outra recuar. –Erik vai chegar a qualquer momento. Se…Se ele a vir me ameaçando, você nunca terá chances – Anna gaguejava um pouco. –Não podemos conversar civilizadamente?

–Eu tenho que ir. Só quero te avisar de uma coisa: esse bebê está prendendo Erik a você. – Christine deslizou a faca até chegar à barriga de Anna, sem pressão suficiente para chegar a cortar a pele, mas deixando a menina aflita mesmo assim, os pelos se arrepiando, os olhos arregalados, a garganta, seca. –Então você vai dar um jeito de perder essa criança, para ele poder voltar para mim.

–I-isso é loucura, Christ…- Anna foi interrompida pela soprano.

–Se você não acabar com essa gravidez, eu mesma me encarrego de arrancar o feto da sua barriga. Mas se você fizer o que eu estou dizendo, ninguém sairá machucado. – sorrindo como se nada tivesse acontecido, a menina mais velha deu meia-volta e saiu pela porta do quarto.

A respiração de Anna ainda estava ofegante quando Erik voltou, não mais de cinco minutos depois, trazendo dois croissants e um copo de café. Ele colocou a comida na mesinha ao lado da cama, olhando para sua amada de um jeito estranho.

–O que aconteceu? – perguntou, com o semblante preocupado.

–Nada. –ela chacoalhou a cabeça, visivelmente agitada.

–Não minta para mim, Anna. O que foi? – ele se ajoelhou ao lado da cama onde a menina estava deitada, cobrindo a mão pequena dele com a sua.

Anna não sabia se deveria contar ou não. Com a doença e a gravidez, seu amado já tinha o bastante com o que se preocupar. No entanto, em sua situação, ela sabia que precisaria da proteção que só ele poderia lhe oferecer. Respirando fundo, Anna apenas disse:

–Christine esteve aqui.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.