Dei cinco minutos para o Jeep de Patch estacionar na calçada de Vee, ele bateu a porta do carro com força e enterrou minha cabeça em seu peito que exalava um cheiro maravilhoso.
- Onde ela está? - Ele perguntou, tinha um olhar distante.
- Tomando banho. - respondi. - Mas não vai demorar.
- Posso falar com você um minuto? - Ele perguntou, mordia a ponta de um dos lábios, o que me derreteu por dentro.
Confirmei com a cabeça, enquanto Patch me tomava por uma das mãos e me levava até a varanda.
- Anjo… - Ele começou a dizer, estava com o peso do corpo apoiado no corrimão que envolvia o vidro, os olhos fixos na praia. Quase dava pra ver Delphic. - Você sabe que isso pode acabar mal.
Primeira facada.
- Mas não vai, Patch. - Eu suspirei, meus olhos já ardiam. - Eu vou fazer o possível… - Comecei, mas ele me interrompeu, segurando - me pela lateral dos meus ombros.
- Não pode carregar o mundo nas costas, Anjo. - Observei fixamente aquele olhar que suplicava. - Você já tem muitos problemas. - Ele escolhia palavra por palavra. - Eu sei que não posso interferir na amizade de vocês, sei também que não sou um exemplo de amigo, mas eu conheço você e conheço o mundo. - Ele levantou seu dedo e passou pela minha bochecha, o que deixou um rastro quente pela minha pele. - O mundo é cruel, você não.
Já era tarde demais para tentar impedir a tristeza que me consumia, Patch estava certo eu não podia dar um jeito naquilo.
- Deixe as coisas acontecerem naturalmente… - Ele continuou, mas agora sussurrava. - Não está sozinha, eu estou com você. - Os dedos compridos de Patch estavam secando meus olhos. - Eu prometo, não estou falando da boca pra fora que vai ficar tudo bem, eu vou fazer ficar. - Ele beijou uma de minhas lágrimas.
Eu merecia tudo isso? Aquele ser maravilhoso era realmente meu?
- Tente se acalmar e se recompor - Ele disse suavemente em meu ouvido. Seus braços me envolveram e descansaram na base da minha coluna. - Ela está vindo, eu sei que está triste mas tente sorrir, apenas tente. - Ele olhava pra mim, a ponta de seus lábios se ergueram em um sorriso preguiçoso, não pude deixar de fazer o mesmo. - Assim, eu prefiro assim.
- Obrigada. - Falei e puxei seu pescoço para perto de mim, dei-lhe um beijo suave.
- Ar- rãm. - Vee estava nos observando com a mão na cintura, apesar da aparência frágil ela tinha um senso de humor nos olhos. - Olá, Patch eu estou muito bem, obrigada e você?
Ele riu.
- Estou bem, obrigada Srta Sky. - Ele fez uma reverência e beijou-lhe uma de suas mãos.
- O que isso? - Ela soltou uma gargalhada, acho que nunca fiquei tão feliz em ouvir aquele som. - Romeu?
- As suas ordens. - Ele bateu continência. - Como vai… o… anh… bebê? - Ele parecia atrapalhado com essa história de gravidez, quase sorri com a ideia de pensar em Patch como um jovem despreparado.
- Muito bem, veja. - Vee disse, puxando a mão de Patch para a sua barriga. - É tão pequeno e tão forte ao mesmo tempo… incrível, não é? - Seus olhos brilhavam.
- Sim, nossa. - Ele estava passando a mão pela pele fina e clara de Vee. - Incrível. - Patch desviou os olhos, seu olhar era preocupado, seu corpo estava rígido.
- Já pensou no nome? - perguntei, tentando parecer animada.
- Marcie. - Ela falou séria, mas logo depois soltou uma gargalhada, fiz o mesmo. - Eu ainda não conversei com Scott sobre isso… Mas ele está vindo pra cá, quero que me ajudem a contar a novidade.
- Claro… - sorri, olhando para Patch. Ele estava de costas pra mim. - Não é mesmo, Patch?
Ele não respondeu.
- Patch? - insisti.
- Ah, sim. - Ele virou seu corpo, com um breve sorriso. - Vai sim.
Patch havia visto alguma coisa quando tocou em Vee, ele estava distante e preocupado eu podia ver seus músculos tensos, ele podia me esconder qualquer coisa, mas dessa vez eu dificilmente deixaria passar.
Não era a vida de qualquer um que estava em jogo, era a de Vee.