Murmúrio

Retorno - Parte I


Durante anos era a minha mãe quem eu procurava quando eu ralava um joelho ou me escondia de Marcie Millar, mas hoje depois de tudo que passei não consigo mais olhar naqueles olhos e ver minha ” antiga” mãe, eu olho naqueles olhos e enxergo apenas a amante de Hank.
- Onde você estava, Nora? - minha mãe já havia ultrapassado o momento dos abraços e carinhos dos ” Você estava bem?”, agora ela referia-se a mim com estresse e até mesmo agressividade.
- Eu estava viajando com a Vee, Mãe. - menti.
- Você era melhor nisso quando era criança.- Ela ria enquanto passava a ponta do dedo indicador sob a borda da caneca que segurava. - Vou refazer a pergunta. - ela respirou. - Onde você estava?
- Já disse. E agora estou aqui. - Eu queria encerrar essa conversa. Levantei do sofá e ela segurou em meu braço.
- Scott passou aqui, ele estava preocupado. Disse que você estava com Patch. - Agora o tom de voz da minha mãe era preocupado. - Nora… esse menino… não é ideal pra você.
- E quem é mãe? Scott? - Eu ri, ironicamente. - Patch está resolvendo alguns problemas pessoais, ficaremos distantes por um tempo… Melhor assim?
- Você mudou, Nora.
- Você também, mãe. - Eu levantei e beijei sua testa. - Boa Noite.
Não esperei resposta, dei as costas e fui para o meu quarto.
Meu quarto já era um ambiente estranho e solitário… me trazia lembranças dos primeiros dias com Patch. Deitei na cama e peguei o telefone.
- Alô? - Vee atendeu no primeiro toque.
- Oi, Vee.
- Baby!!!!- Vee gritou do outro lado da linha, tive que afastar o celular e não pude evitar de rir. Eu realmente sentia falta disso, sentia fala de Vee. - Como você está?
- Estou bem. E você? - Eu me sentia melhor quando ouvia a voz de Vee.
- Bem, senti sua falta… Nem vai acreditar eu e Scott estamos super amigos, ele até me apresentou a um amigo. - Ela não respirava enquanto despejava as novidades em mim. - E adivinha? Ele me convidou para o baile… Você ainda vai né?
- Ah… o baile - Eu havia me esquecido, não me importava com baile. - Eu não sei.
- Claro que vai, Baby.
- Vee, eu realmente estava com saudades de você.
- Eu também, baby. Que tal amanhã nos encontrarmos para você me contar por onde andou? Donuts?
- Tudo bem. Amanhã tomaremos café juntas, mas é por minha conta. Boa noite, Vee.
- Boa noite, baby.
A voz de Vee me trouxe conforto, mas logo que fiquei sozinha no silêncio as palavras de Patch ecoaram em minha mente, eu estava sem sono e cada parte do meu corpo doía mais pela tristeza do que pelo cansaço. E ali terminava mais um dia para iniciar a minha nova contagem regressiva. Será que Patch encontraria maneiras de passar por cima de tudo isso? Eu esperava que sim, mas acima de tudo mal podia esperar para vê-lo novamente.