Murmúrio

Pedidos e Soluções


A tristeza imediatamente tomou conta do meu ser. Não havia muitas formas piores de castigar meu coração do que ver o sofrimento de Patch estampado naqueles olhos incrivelmente negros.
- Patch… eu. - Comecei, mas não sabia o que dizer.
- Não precisa dizer nada, anjo. - Ele deu um sorriso preguiçoso.
- Eu não sabia que era assim. - Falei, um nó se formava em minha garganta. Eu fui tão rude com ele por tão pouco, ele não merecia isso. Jamais. - Me perdoa?
- Você não fez nada. - Ele beijou minha testa suavemente. - Além disso não é uma coisa que eu vá me orgulhar… - Ele começou, enquanto eu aninhava minha cabeça em seu peito.
- Suas escolhas? - perguntei.
- Não, anjo. - Suas palavras saíram como jatos. - Jamais me arrependeria das minhas escolhas. Caso sua memória falhe, elas me levaram até você.
Não pude deixar de sorri, mesmo eu sendo ignorante e extremamente exigente, Patch conseguia ser a pessoa mais doce do mundo comigo.
- Do que não se orgulha, então? - Voltei a perguntar.
- De mim. - Ele falou quase de forma inaudível. - Não sou bom, anjo. Não pertenço a este lugar.
- O que? - Minha voz soou mais estridente do que o necessário. - Você é ótimo… quero dizer. O que? Você pertence a este lugar sim, você pertence a mim.
Meu coração estava a mil. Patch estava pensando em voltar?
- Olha… se está pensando em ir embora, apenas porque eu toquei no assunto ” filhos” - Comecei, ressaltando a última palavra. - Esqueça tudo o que eu disse, não quero que você se vá.
Eu estava quase ciente de que estava fazendo um beicinho.
- Ai, anjo… - Ele soltou uma gargalhada. - Eu nunca falei que iria embora.
Eu estava irritada, cruzei os braços e comecei a sacudir meu pé de forma exagerada.
- Não precisa ficar irritada. - Ele sussurrou em meu ouvido, seu hálito quente fazia cócegas em meu pescoço.
- Hm… - murmurei, fechando os olhos.
- Trégua? - Eu podia ouvir o sorriso em sua voz.
- Não vejo motivos para se preocupar, Jev. - Ele ficou tenso.
E eu me virei para encará-lo, suas mãos estava rígidas apoiadas no encosto do sofá.
- É brincadeira, Patch. - Eu disse, rindo. Ele relaxou imediatamente.
- Anjo…- Ele começou
- Diga. - Eu encorajei com a boca cheia de pipoca.
- Gostaria de ser casar comigo? - Ele sorriu de forma maliciosa
E a pipoca quase subiu para o meu nariz. O que? Comecei a tossir de forma descontrolada.
- O que acabou de dizer? - Eu disse, abanando meu rosto para tentar espantar a vermelhidão.
- Isso mesmo que ouviu, Nora Grey. - Eu amo como meu nome soa em seus lábios, quase pedir para ele repetir as palavras mas estava muito distraída.
- O que isso, Patch? Está me pedindo em casamento? - Perguntei e não pude deixar de sorri com a ideia.
- Como sempre apressada, anjo. - Ele sorriu como se contasse uma piada particular. - Eu só perguntei, não sabia qual seria a sua reação nem a sua resposta.
Olhei de cara feia. Como assim não sabia qual seria a minha resposta? Eu não pensaria duas vezes antes de aceitar o pedido, mas como ele não refez a pergunta preferi deixar pra lá.
- O que acha que eu devo fazer com Vee? - perguntei-lhe.
Ele apenas estendeu um celular e assentiu com a cabeça.
- Ela precisa de você, anjo. - Ele disse calmamente, nem parecia se referir a Vee. - Mais do que nunca.
Olhei mais uma vez dentro daqueles olhos de escuridão e aceitei o celular. Andei até o quarto, para que Patch não me ouvisse.
- Alô? Oi, Vee… - Comecei. - Aqui é Nora, eu queria saber se podemos conversar.
Eu não sabia qual seria a resposta dela, mas eu sabia que tinha que arrumar as coisas.
De qualquer forma.