Murmúrio

O que? - Parte III


Liguei a televisão pra me distrair, tombei no sofá de Patch enquanto ele preparava algo na cozinha.
- Pode me contar o que aconteceu agora, anjo? - Patch apareceu com uma bacia de pipoca, ele havia colocado um punhado na boca. - Você parece muito abalada. - Ele se jogou no sofá.
- Vee… - Comecei, enquanto observava os desenhos da tigela. - Mentiu pra mim.
Ele soltou um suspiro alto e colocou a bacia de pipoca sobre a mesinha de centro.
- Anjo…- Ele começou a falar, sério. - Olhe pra mim. - Patch estava com os dedos apoiados em meu queixo. - Sobre o que ela mentiu?
- Virgindade. - Respondi, mas Patch apenas soltou uma gargalhada.
- Anjo? - Ele ainda sorria. - Está aborrecida com Vee por causa de ” virgindade”? - Ele enfatizou a palavra.
- Ela acha que está grávida, Patch. - Eu disse séria, não gostei do tom de brincadeira dele.
- Acha? - Ele parecia confuso, enquanto jogava mais um punhado de pipoca na boca.
- E o pai é o Scott. - Quase sussurrei, mas foi alto suficiente para Patch se engasgar com a pipoca.
- O que? - Ele me olhava confuso. - Scott?
- Sim - Suspirei. - Nem sabia que isso era possível.
Patch ficou em silêncio.
- Espera… - Eu comecei, uma ideia dominou minha cabeça. - Você pode me engravidar?
Ele deu um sorriso malicioso.
- Você está cada vez pior, anjo.- Ele começou. - Mas eu gosto disso.
- Não respondeu minha pergunta. - resmunguei.
- Posso.
Aimeudeus. Congelei com a ideia de ter um filho de Patch, um pedaço dele comigo. Pra sempre. Fechei meus olhos e imaginei uma criança morena, de cachos negros e olhos escuros. Meu coração acelerou e um sorriso brotou em meus lábios.
- Anjo… - Ele parecia preocupado. - Está realmente cogitando essa ideia?
- Por que não? - Sua pergunta havia me irritado.
- Porque isso seria perigoso o suficiente para matarem a criança. - Seus olhos estavam negros e perturbados.
- Eu não havia pensando nisso… - Minha voz estava presa, eu não conseguia pensar na criancinha que eu havia materializado em minha mente segundos atrás chorando, muito menos morta.
Ficamos em silêncio por um bom tempo, o que era desconfortável.
- Gostaria de ter um filho meu? - Patch perguntou, ele parecia realmente querer entender.
- Adoraria. - Respondi.
- Quer tentar fazer um? - Ele se aproximou.
- Patch? - Comecei a rir, apesar de não resistir a proposta aquilo ainda era muito engraçado.
- O que? - Ele me encarava, com os lábios entreabertos. - Eu também gostaria de carregar uma criança com o seu sorriso.
- Nada disso. - Eu cheguei mais perto. - Tem que parecer com você.
Patch apenas riu e balançou a cabeça. Eu queria ficar com ele, mas precisava resolver o assunto com Vee.
- O que eu faço? - perguntei, quebrando o clima.
- Não sei, anjo. - Ele se afastou. Se havia ficado aborrecido, não demonstrou.
- Eu pensei que conhecesse, Vee. - Comecei. - Eu pensei que soubesse tudo dela…
- Anjo… - Ele começou, mas percebi que ele não tinha o que falar e percebi também que não sabia tudo sobre Patch.
- Você mentiria para mim, Patch? - perguntei na cara dura.
- Jamais. - Ele respondeu me olhando nos olhos.
- Tem algo sobre você que eu não sei? - Eu queria que ele me mostrasse tudo.
Ele não respondeu, mas eu não iria me calar.
- Você nunca me contou sobre a sua queda. - Sussurrei.
Ele não estava respondendo as minhas perguntas, ele apenas se levantou e quando eu achei que fosse embora Patch me surpreendeu retirando a blusa de gola V preta.
- Mantenha a calma, e pense no que você quer realmente ver. - Sua voz era quase inaudível.
Fechei os olhos e depois prendi a respiração na garganta, toquei suas costas com leveza, mas quando meus dedos encontraram suas cicatrizes uma escuridão me circulou e me levou para as profundezas das centenas de anos de Patch.