Meus olhos se abriram e o ambiente tomou forma. O clima estava tenso. O banco de couro absorvia minha pele como uma ventosa, o que significava que eu já estava naquela posição há algum tempo.
– Onde estamos? - murmurei, acomodando meu corpo. Meu pescoço doía.
– Longe… - Patch desviou os olhos do caminho para observar minha expressão. - Anjo…
– O que houve? - Interrompi. Não queria contornar a situação, eu queria que ele fosse direto. - Você… Scott… O que houve?
– Eu sempre te avisei que ele não era confiável. - Patch estava nervoso, eu podia ver que a força com ele segurava o volante deixava seus nós dos dedos brancos. Eu temi que ele o arrancasse.
– O que ele quer? - Eu estava exausta.
– Você.
O silêncio pairou no ar, o que era desconfortante.
– Ele quer você, anjo. - Patch suspirou. - De todas as formas.
– Acontece, que eu quero você. - Eu disse, surpresa com o tom sensual em minha voz. Levantei o braço e acariciei os cabelos de Patch, que rapidamente relaxou.
– Não temos muito tempo. - Ele pisou no acelerador.- Temos que tomar decisões. Quero poder viver com você, Anjo.
– O que vamos fazer? - Eu queria poder ver as asas de Patch, queria poder tocá-las e acariciá-las, queria que ele as usasse para nos levar para bem longe dali.
– Eu não sei. - Pela primeira vez eu ouvia isso de Patch. - Mas você vai ficar bem.
–Eu estou com você… Então, não tenho com o que me preocupar. - Eu estava muito próxima dele, da sua boca, daqueles olhos… lembrei da sua cama, do quanto eu queria o seu corpo, do quanto eu queria ele.
– Vamos dar uma parada. Você tem que descansar e nós temos que conversar. - Patch estava estacionando numa estradinha de cascalho que levava à um motel, com uma enorme placa idêntica a de Las Vegas. O lugar parecia aconchegante, chuveiro sem água quente, lençóis com cheiro de guardado e insetos… Seria uma noite e tanto.
– Patch? - perguntei.
– Sim, anjo? -
– Vamos arrumar uma saída para tudo isso. - Eu queria encorajá-lo. Ele havia retirado as chaves da ignição e agora me observava. - Eu estou preocupada… Não quero perder você novamente.
– Você nunca me perdeu, anjo.
Patch retirou seu cinto e eu fiz o mesmo, precisei esticar meu corpo ao sair do carro, minhas juntas queimavam.
Entramos pela recepção e um sininho soou. Havia uma mocinha do outro lado do balcão. Ela tinha grandes olhos azuis e um cabelo volumoso. Ela abriu um grande sorriso quando Patch entrou, ignorando-me completamente.
– Eu quero o quarto 212.
– Boa Noite, Senhor… mas esse quarto é apenas para hóspedes específicos. - Ela parecia nervosa.
– Deixa isso pra lá, amor.Vamos para outro lugar- A menina imediatamente desviou a atenção pra mim, e cumprimentou-me com um sorriso amarelo. Patch percebeu e riu.
Patch retirou um cartão azul com siglas em dourado e apresentou para a menina. Seus olhos se arregalaram e ela entregou um molho de chaves.
– Aproveite a estadia. - Eu percebi que ela se referia apenas a Patch. Seus olhos subiam e desciam estudando seu corpo.
– Aproveitaremos querida. - Eu disse, fazendo cara feia.
Peguei no braço de Patch e andamos por um corredor estreito até chegar ao elevador.
– O que foi aquilo anjo? - Ele parecia se divertir com a ideia do meu ciúme.
Eu não respondi, mas ele continuou rindo.
O elevador se abriu. Quarto 212.
Eu estava exausta. Mas quando Patch abriu a porta o choque foi grande.
Uma grande cama dossel estava no centro do quarto, enfeitada com sedas em pérola e dourado. Haviam quadros caros na parede e grandes tapetes espalhados pelo quarto. Que lugar era aquele?
Espiei pela porta entreaberta do banheiro. Meu Deus. Uma jacuzzi.
– Que tal um banho? Hm? - Patch me abraçou por trás, aconchegando-me junto ao seu peito. - Vamos?
Com Patch eu iria a qualquer lugar. Firmei meu corpo junto ao seu, não sabia mais onde eu terminava e ele começava, eu realmente queria me desligar de tudo por um instante e me conectar a ele, queria deixar os problemas do lado de fora. Porque agora eramos só eu e a escuridão dos olhos de Patch.