Murmúrio

Cuidados Parte I


4 º Dia.
Passei a noite em claro, virando de um lado para o outro na cama. Pensei ter ouvido passos durante um bom tempo no corredor, mas não me levantei nem procurei saber de onde vinha o som, se é que ele existia. Não conseguia tirar a imagem de Patch da minha mente, eu queria poder tocá-lo, certificar-me de que estava tudo bem, queria dizer tudo o que eu estava sentido no momento, mas principalmente matar a saudade que estava me corroendo por dentro.
” Vou matar aula hoje, afinal já sei a matéria e não me sinto nada bem. — Sentirei sua falta, falo com você mais tarde? Beijos, Nora.” - Mandei uma mensagem para Vee.
Continuei por um bom tempo deitada, quando minha mãe apareceu na porta.
- Não estou me sentindo bem… - Falei com a voz abafada pelo travesseiro.
- Não tem problema, Filha. - Ela se sentou na beirada da minha cama e me observou. - Não é por causa dele, é?
- Nem sei de quem está falando. - Lá vinha minha mãe querendo culpar o Patch.
- Tudo bem, não falaremos sobre isso. - Ela colocou a mão sobre minha testa. - Não agora, você está com febre. Vou pedir a visita que vá embora. - Ela jogou uma colcha sobre meu corpo.
- Visita? - Meu corpo formou um ângulo de 90 º graus instintivamente - Que visita?
- Tem alguém dodói, ai? - Scott apareceu na porta. Estava relaxado.
Deitei novamente.
- Ah, Scott… - Tentei esconder o desapontamento. - Como está?
- Estou bem. Mas parece que tem alguém precisando de cuidados. - Ele andou em minha direção e sentou-se onde minha mãe estava há alguns instantes.
- É exagero de mãe. - Revirei os olhos na direção de minha mãe, ele riu.
- Bom… Nora. - Minha mãe parecia gostar da presença de Scott. - Eu vou ter que dar um pulinho na cidade, mas não demoro. Você fica de olho nela por um tempo, Scott? - Ah, Dona Blythe vamos ter uma conversinha mais tarde.
- Claro. Use o tempo que for necessário. - Scott piscou pra mim.
- E quero que fique para o almoço. - Disse minha mãe para Scott, enquanto saia.
Virei para o outro lado, mas eu podia sentir o peso de Scott afundar a ponta do meu colchão. Ele estava com uma das mãos pousadas em minhas costas. Eu realmente me sentia segura.
- Scott? - Perguntei, minha voz parecia infantil e carente.
- Hm? - Agora ele alisava meu pescoço.
- Como é pra você… ser um nefilin? - Sentia essa curiosidade a muito tempo.
- Pergunta interessante, Grey. - Eu podia sentir o sorriso em sua voz. - Sabe… às vezes eu queria ser normal como todo mundo, sentir dor, poder me machucar, ter meu corpo só pra mim. - Ele fez uma pausa. - Ter uma namorada bonita e inteligente…
Não sei porquê, mas assim como Scott eu estava sorrindo.
- E pra você? - Ele me perguntou .
Virei meu corpo.
- Problemas e mais problemas. - Não pude deixar de rir, era a mais pura verdade.
- Sente fala dele, não é mesmo? - Eu podia ver um tom de dor em seus olhos.
- Scott… - Comecei.
- Eu sei que não quer falar sobre isso… - Ele riu sem humor algum, e baixou a cabeça para fitar o chão, mas continuava a me acariciar com as pontas dos dedos. - Eu sei que sou a última pessoa que você escolheria falar sobre isso, mas… porquê amar uma pessoa que queria matá-la? - Ele me fitava, meus olhos estavam tentando segurar as lágrimas. - Desculpe… Eu não devia…
Passei as costas das mãos para secar os olhos, mas o resultado foi contrário. Os soluços aumentaram e as lágrimas rolaram sem vergonha. Meu corpo estava flácido e fraco, mas senti quando os braços de Scott me puxaram para si. Ele estava me aninhando em seu peito.
- Ei, grey… Está tudo bem, estou aqui e ninguém vai te fazer mal. - Ele sussurrava e balançava o corpo como se ninasse uma criança. Scott afagou meu rosto e secou minhas lágrimas. Ele estava tão perto.
- Por que isso tudo acontece comigo, Scott? - Eu queria chorar mais.
- Porque o acaso não escolhe pessoas normais. - Ele me puxou pelo queixo. E alinhou meus olhos com os seus. - Você é incrível.
Só percebi o quanto ele estava perto, quando seus lábios foram pressionados contra os meus.
Scott estava me beijando.