POV Michael

Lá estava eu, naquela casa de chá de Hogsmead, morrendo de tédio. Tinha conseguido um encontro com uma garota da Corvinal, nem lembro direito o nome dela. Minutos atrás, eu estava em uma reunião secreta contra aquela professorinha irritante rosada, não acredito que não consegui bolar uma pegadinha para ela, os tais de Weasley e Stoll foram gênios, ia demorar um tempo para que eu pensasse em algo melhor. Entrar naquela organização foi o começo, mas fora isso, ia ser uma boa maneira de deixar a minha marca na escola.

Um problema, as pessoas só estavam ali pra ver se meu irm... Harry... era maluco. O que tirou a graça da coisa toda. Sim, ele era maluco, eu não acreditava naquela história de que Você-Sabe-Quem retornou, qual é, ele gosta mais de atenção do que eu! Ele deu um “discurso” que pareceu convencer as pessoas, mas não eu. Pelo menos era professor deles, o que ia ser legal. “Nada de regras chatas! Eu que mando nisso aqui!” Pensei naquela hora. Mas no momento, eu estava ocupado ouvindo a história sem graça da corvina.

–Você acredita?- Perguntou ela.

–Não, isso é impossível.- Falei do melhor jeito que consegui para que ela achasse que eu estava ouvindo. Acho que deu certo, ela estava sorrindo.

–Você é um bom ouvinte, todos com quem eu converso reclamam que eu falo demais.

–Claro que não, eles é que não sabem escutar.- Exclamei –Não imagino quem não iria gostar de conversar com você.

Ela riu e ficou vermelha, eu tinha chegado no ponto certo. Ela gostava de falar, eu só tinha que ter um pouco mais de paciência e ouvi-la mais. Assim que o tédio estava me consumindo, ouvi algo do lado de fora, o que me tirou do torpor. Não devia ser nada importante, mas logo ele voltou, mais alto que antes, e a garota notou, assim como todos dentro da casa de chá.

–O que foi isso?- Perguntou.

–Não sei... talvez tenha sido só...- Fui interropido por gritos, e um barulho ainda maior, como se algo estivesse sendo estraçalhado em mil pedaços.

Todos se levantaram para checar o que tinha acontecido, fui um dos últimos a sair de lá, pois tentava acalmar a garota. Assim que saímos, tentei localizar de onde tinha vindo aquela barulheira, mas não tinha nada por perto. Comecei a andar na direção dos gritos, mas um mais próximo me chamou a atenção. Vinha de poucos metros atrás de mim, mas antes que eu pudesse notar o motivo do grito, uma massa enorme ia em minha direção.

Não sei como, mas eu me abaixei milimetros antes de aquela massa se chocar contra mim. Ela passou por cima de mim e pousou do outro lado tentando frear por causa da velocidade, foi quando me levantei e vi que era um lobo gigantesco. Não... era um cachorro! O cachorro das aulas de mitologia, um dos monstros. Mal tínhamos sofrido um ataque e outro entrava em ação? Como assim? Isso tá certo? E o tamanho daquele bicho era daquele jeito ou ele tomou esteroides quando filhote? Ele se voltou para a multidão rosnando, como se ela tivesse invadido seu quintal e pisado na sua comida. Mas parecia olhar pra mim. “Uou, esse meu gosto por atenção tá ficando exagerado.”(NA: Concordo.)

Eu fiz o que todo membro de multidão faz quando entra em desespero, corri loucamente junto com os outros. Li em algum lugar que quando animais fogem de um predador, é mais fácil escaparem correndo juntos, então me juntei ao maior grupo de pessoas que tinha. O máximo que acontecia era o predador pegar um dos mais lentos, então fiz o que pude para ser um dos primeiros do grupo. O que eu não previ, foi que alguém ia chutar meu pé, acabei desequilibrando e caindo.

Assim que pararam de pisar em mim, olhei para trás e vi o cachorro gigante se aproximando rápido demais. Ele estava praticamente em cima de mim, não poderia correr, não poderia levantar, não poderia sequer rolar para escapar daquele monstro, ele já estava saltando para me devorar. Ergui o braço instintivamente e esperei a morte, mas antes que os dentes do monstro pudessem me mastigar, ouvi um zunido e ele se transformou em um pó amarelo. Presa em um barril perto de mim, estava uma faca que a lâmina parecia um espelho.

POV Harry

–Como assim, outro monstro?- Perguntou Rony.

–É, eles não gostam muito de dar tempo pra descanço.- Respondeu Leo.

–Mas Dumbledore disse que a cidade era segura.- Fala Mione.

–Bem, não é tão segura assim.- Respondeu Piper.

Estávamos correndo, tentando achar onde é que esse monstro estava, indo contra o fluxo de pessoas, mas algumas vinham de lados completamente diferentes, então ficamos confusos e acabavamos não achando nada. Depois de correr por alguns minutos, encontramos Tese e Zoë vindo de uma direção, chamamos a atenção deles. Os dois estavam bem armados e pareciam muito nervosos, vieram na nossa direção rápido demais até.

–Hidra!- Disse Tese um pouco sem folego.

–O QUE?- Todos nós perguntamos perplexos.

–Hidra! É uma hidra! Leo, precisamos no seu fogo.- Fala Zoë.

–Claro.- Responde ele rapidamente.

–Ei, também temos fogo e queremos ajudar.- Reclamou Mione.

–É perigoso.

–E daí?- Falei.

–Já passamos por coisas perigosas antes, sabemos no que estamos nos metendo.- Disse Rony fazendo Zoë bufar.

–Tá bem, mas não venham dizer não avisamos.- Falou ela.

Eles correram e nós o seguimos, Hogsmead nunca pareceu tão grande pra mim. Apesar de não terem muitas pessoas morando aqui, os alunos misturados aos moradores formavam grandes grupos de pessoas. Depois de desviarmos de uma multidão que corria no sentido oposto, vimos alguém ser arremessado de uma rua e bater na parede com muita força. Era um dos semideuses que foi para Grifinória, Jason Grace era o nome? Corremos até ele, por incrível que pareça, ele não desmaiou, só ficou muito tonto com a pancada na cabeça.

–Jason! Você está bem?- Perguntou Piper se ajoelhando perto dele.

–Acho que tive uma concussão...- Disse ele esfregando a cabeça e fazendo uma careta de dor.

Outro grupo começou a correr na mesma rua que estávamos, não era tão grande quanto os outros mas tinha um motivo para correr. Um cachorro gigante estava atrás deles, e isso era um ótimo motivo para pânico. Uma das pessoas estava caída no chão e sendo pisoteada, a reconheci no mesmo instante que a vi. Pensei em pegar minha varinha, mas os feitiços não faziam efeito, eu só ia irritar mais aquele cachorro.

Vi algo próximo de mim, Piper estava com uma faca, era feita do material que os semideuses disseram que afetavam os monstros. Foi automatico, peguei a faca chamando a atenção de Piper e de todos, mas não prestei mais atenção neles. Nesses poucos segundos as pessoas se afastaram e o cachorro já estava alcançando Michael, só ouvi algum dos que estavam perto de mim dizer “cão infernal” enquanto mirava e atirava a faca. Achei que já era tarde, mas o acertei antes que fizesse algo ao meu irmão.

POV Narrador

O silencio só não era absoluto pelas suas respirações e pelos gritos ainda próximos das pessoas que fugiram. Harry ficou aliviado e assustado, como conseguira mirar daquele jeito? Ele nunca atirara facas antes na vida! Isso também surpreendeu Rony, Mione e os semideuses, Michael somente encarava a faca que salvara sua vida. Mas logo se lembraram que não podiam ficar parados naquele momento.

–A hidra!- Disse Tese –Temos que ir. Se quiserem participar, venham.

Os bruxos assentiram, Michael começou a se levantar e a olhar para eles.

–Quem atirou a faca?- Perguntou a puxando do barril.

–Eu.- Respondeu Harry. –Vamos.- Falou e começou a correr atrás dos semideuses, Rony, Mione e Michael o seguiram. Piper ficara com Jason.

–Você atirou? Daquela distancia?- Perguntou alcançando-o.

–Sim, ele já disse que fez.- Respondeu Rony.

–Não falei com você.

–Não me faça eu me arrepender de ter te salvo. E sim, eu que joguei, feliz?- Respondeu Harry.

–Já arremessou facas antes?

–Não, pra que tantas perguntas?- Ao dizer isso, Harry viu que os olhos de Michael se arregalaram.

–Como assim nunca jogou antes?

–Foi o que eu disse.

–Seu maluco, podia ter me matado!

–Isso não nos machuca.

–Mas e se machucasse?

–Preferia ter o braço arrancado?

–Não, mas use sua varinha!

–Feitiços não fazem efeito!

–Mas são melhores que facas! Não seja tão idiota assim!

–Você não consegue prestar nem por um segundo?- Disse Harry parando e encarando o irmão –Não consegue nem agradecer alguém que salvou a sua vida?

–Não quero que a minha vida fique nas mãos de alguém tão estúpido!

–Então por que não põe nas suas? Ah sim, você não quer alguém estúpido no cargo.

–Ei, parem de brigar, tem coisas mais importantes que isso agora.- Gritou Mione. Isso fez os dois pararem e voltarem a correr. –Francamente, os dois são ridículos.

Logo eles viram os semideuses lutando contra a hidra, era um bicho enorme, muito maior que aquele cão infernal. Michael engoliu em seco quando viu as seis cabeças berrando e tentando abocanhar os outros. A outra cabeça, arrancada por algum deles(NA: Não, foi arrancada pelo unicórnio voador. NH: Não teve graça nenhuma.), estava sendo queimada por Leo. Tese e Percy usavam suas espadas como podiam para atacar a hidra, Annabeth e Bianca a distraiam o quanto podiam, e logo a segunda cabeça fora arrancada.

Incendio!- Gritou Mione fazendo a cabeça pegar fogo. Outra não cresceu.

–Olha só, um feitiço que funciona neles!- Disse Michael.

–Não comece.- Resmungou Harry. –E além disso, se eu queimasse ele, você pegaria fogo também.

–Ah, você sabe pensar!

–Já disse para pararem com isso!- Reclamou Mione outra vez.

–Desculpe. Vou ajudar a distrair esse bicho.- Avisou Harry correndo para um dos lados desprotegidos do animal.

Lançou um feitiço que tirou a atenção da hidra, as cinco cabeças se viraram para ele e uma delas cuspiu ácido. “Droga, eu devia ter prestado mais atenção nas aulas de mitologia.” Pensou antes de se jogar para o lado e desviar do jato de ácido. Já com duas cabeças cortadas, o monstro estava bem irritado. Berrou bem alto indo na direção de Harry, mas Teseu cortou uma de suas cabeças, restando quatro. Harry pôs fogo na cabeça antes de ela bater no chão. A hidra ficou mais furiosa, bateu a lateral de uma das suas cabeças em Tese e o arremessou contra uma casa.

A situação se manteve assim até a última cabeça cair e ser queimada, logo o monstro caiu no chão e se desfez em pó dourado. Logo os semideuses sentaram no chão, aliviados. Bianca estava com Tese, que recobrara a consciência, Jason e Piper chegaram logo depois, e ficaram aliviados quando viram que a hidra havia morrido. Piper ajudava Jason a ficar de pé já que continuava tonto, a cena não agradou muito Leo, e ele não sabia dizer o por que.

–Quer dizer que essa é a vida de vocês?- Pergunta Rony.

–Basicamente, sim.- Responde Annabeth.

–Ah... que divertido.- Disse ele com ironia.

–E os mortais?- Perguntou Harry.

–Vão ficar bem...- Disse Percy girando Anaklusmos em forma de caneta entre os dedos. –Parece que ninguém se feriu.

–Cães infernais não atacam sozinhos... por que aquele estava?- Perguntou Mione.

–Não estava.- Respondeu Jason. -Havia uma matilha, mas os outros estão cuidando deles. Ele deve ter se afastado.

–Combinamos de nos encontrar no local da hidra, só estamos os esperando.- Avisa Annabeth.

Tempo depois, os outros semideuses aparecem. Disseram que conseguiram matar todos, mas um escapara. Zoë avisou que já o mataram, mas não disse que fora Harry. Eles suspiraram aliviados e começaram a ir até o castelo, para se afastar um pouco da confusão. Andaram o mais rápido que puderam, mas diminuíram o passo quando se aproximaram da escola o suficiente. Mione estava ainda bem surpresa, era o primeiro ataque de monstros que ela presenciara, o que tornava tudo aquilo ainda mais real para ela. Harry e Michael estavam em silencio, não falavam uma só palavra e evitavam ter o outro em seu campo de visão.

–Michael.- Chamou Piper.

–Sim, querida?- Respondeu deixando Jason, que ela ainda ajudava, um pouco irritado.

–Hm... você ainda está com a minha faca.- Avisou ela.

–Ah.- Ele olho para a mão que segurava a faca, tinha se esquecido completamente dela. –Aqui.

–O que houve com seu braço?- Perguntou Jason.

Michael olhou para o membro, o mesmo que pôs na frente quando o cão infernal o atacou. Havia um fino corte, que ia do meio do seu antebraço até seu cotovelo. Não era fundo, não sangrava, nem doía. Michael não notara, devia ter o feito quando o cão pulara em cima dele e uma de suas garras ou dentes raspara, ou quando estava queimando as cabeças da hidra. Mas não sentira nada, não podia dizer em que evento fora. Agora que a adrenalina estava passando, o braço começara a formigar.

–Não sei.- Só respondeu isso.

Quando chegaram em Hogwarts, viram alguém correndo em sua direção. Era McGonagal, e estava correndo bem rápido parecendo nervosa. Quando os avistou parecia ter ficado mais aliviada. Não tinha como ela saber do ataque, mas algumas notícias são muito rápidas, mais rápidas que o normal. Algum professor poderia ter contado a ela sobre a cidade, e isso ia ser um pequeno problema para os bruxos que os acompanhavam. Tudo isso se passou pela cabeça dos adolescentes em segundos.

–Ah, estão aqui. Achei que iria precisar procurá-los por toda Hogsmead.- Disse aliviada. –Estão bem?

–Sim, estamos.- Disse Jason parando de se apoiar em Piper, Leo se sentiu um pouco melhor, mas não entendeu porque.

–Bem, vocês quatro, vão para o hospital para ver se está tudo bem.- Disse apontando para os bruxos -Quanto ao resto, venham comigo. Seus pais os esperam na sala do diretor.

Silencio.

–Nossos pais?- Perguntou Bianca.

–Sim.

–O que eles querem?- Perguntou Percy.

–Eles desejam falar com vocês em particular.

–Sobre o que?- Pergunta Clarisse.

–Não sei, srta LaRue. Eles não desejam nem que Dumbledore participe desta reunião.- Respondeu McGonagal.

–Sem Dumbledore?- Exclama Harry.

–Sim, sr Potter. Vamos então?- Disse ela indo em direção ao castelo.

Os semideuses a seguiram, sem imaginar o que os aguardava naquela sala.