Por mero reflexo eu levei meus braços em frente ao meu rosto. Já esperei a dor cortando minha pele, mas ela nunca chegou. Abri meus olhos devagar, mesmo nem percebendo que eles haviam se fechado e fui tentando entender o que se passava. Os cones afiados estavam a uns trinta centímetros de mim, flutuando diante do meu nariz.
Olhei espantado para minhas mãos, querendo me certificar se era eu que havia feito com que eles ficassem estáticos daquele jeito. E quando eu já estava quase abrindo um sorrio de satisfação. Ouvi uma voz vinda de trás de mim.
- Não se anime. É a sua vida pela informação.
Olhei de relance e pude ver mais uma pessoa envolta pelo manto cheio de símbolos. Ela estava com os braços erguidos, manipulando os cones com as mãos, que foram repousados calmamente no chão a minha frente.
- Ania, o que você pensa que está fazendo? gritou a Manipuladora que tentou me matar.
- Com certeza estou fazendo algo muito mais vantajoso que você! a dona da voz, saiu de trás de mim e se colocou ao meu lado Não vou deixar que você o mate! Está louca? ela falava com segurança, parecia que estava me protegendo. Vamos matá-lo, mas só depois dele nos revelar o segredo! ela virou-se rapidamente para mim e levou a mão no meu pescoço. Senti suas unhas cravando na minha jugular e o sentimento de proteção passou rapidinho.
- Eu não sei qual é o segredo. Você sabe disso. murmurei com a voz que conseguiu sair.
O manto caiu pelo seu ombro. Iguais. As duas eram gêmeas.
- Sim, mas posso fazer com que você o encontre para nós! seus lábios vermelhos se arquearam em um sorriso.
Eu ri baixo daquele sentimento de triunfo que se esboçava em seu rosto. Parecia que elas haviam capturado a presa, ganhado o prêmio. Elas só se esqueceram de que foi a presa que se entregou.
- Pois bem, era exatamente isso que eu iria propor, antes de sua irmãzinha tentar fazer queijo suíço de mim.
Seu riso se fechou e suas unhas afrouxaram.
- O que é isso mensageiro de Ascar, resolveu virar um Manipulador? silabou ironicamente.
- Jamais! tirei meu pescoço de sua mão. Eu quero que vocês tragam a Mel de volta! afirmei.
E essa era a minha única moeda de troca.