O tempo voa

Após aquele sonho, Chris aprontou-se o mais rápido que pôde, optando por um vestido preto básico, escova no cabelo e uma maquiagem clássica, aguardou ansiosamente seu convidado especial e quando deu o horário marcado, a campainha tocou e ambos saíram em silêncio até um restaurante italiano refinado. Após comerem calmamente, Christine (agora Lucy, não podemos esquecer que mudara de nome) explicou-lhe que se aproximaria de Steve e então, com a segunda parte do plano revelada, ela faria o pobre herói apaixonar-se por ela e tiraria sua vida, como vingança pelo seu querido ruivo de tantos anos atrás.

Os dias, semanas e meses seguiram, para não levantar suspeitas, Lucy continuou as aulas de luta e academia, após terminar suas especializações, empenhou-se em seus afazeres na empresa e assim, foi promovida como assistente do Capitão. Os dois conversavam seguidamente, Loki não podia negar que era uma boa atriz sua querida Christine/Lucy, podia notar nas lembranças que lia na memória da garota, o quanto ele ficava admirado com a moça, perguntava-se se ele veria nela uma lembrança vívida de seu antigo amor de guerra Peggy Carter. Loki e Lucy ainda se comunicavam por sonhos e às escondidas, usava todo seu charme e as vezes os dois até arriscavam alguns beijos, mesmo que no fundo isso repudiasse o deus da mentira. Com o passar do tempo, o plano dela adiantou-se, vindo diretamente de seu alvo. Sua presa entregara-se facilmente a si, a predadora.

– Lucy, eu gostaria de falar com você a sós, por gentileza.

Lucy seguiu o homem forte até sua sala, ele fechou a porta e pediu que ela se sentasse, ela acomodou-se o máximo que conseguiu e exibiu seu melhor sorriso.

– Em que posso ajudá-lo, senhor?

Rogers sentou-se em sua cadeira e apoiou o queixo em suas mãos suspirando.

– Lucy, percebo que temos nos tornado muito próximos e eu fico muito feliz por isso.

– Isso lhe agrega algum problema, senhor? Ela adiantou-se nervosa, uma emoção que ela rteve de considerar verídica, pois um afastamento poderia colocar seu planejamento todo no lixo e ela não gostaria de saber qual seria a reação de Loki depois de tanto tempo perdido aguardando as coisas caminharem naturalmente.

– Não, é claro que não, eu só... Percebi que você é uma excelente lutadora, tanto quanto é uma excelente secretária e eu gostaria de lhe fazer um pedido muito estranho.

Após a afirmação de que não havia problemas, Lucy achava aquela conversa toda patética, mas algo em seu íntimo deixava-lhe curiosa para saber o que ele queria dela, e tinha uma expectativa muito grande de que fosse o que ela estivera esperando por tanto tempo.

– Eu quero que me ajude a lutar contra o crime aqui. Eu sei que isso parece loucura - ele adiantou-se novamente -, mas eu realmente acredito que você possa me ajudar. Talvez... Talvez ainda haja a fórmula do antídoto para te deixar como eu, eu só... Nisso, ele ria nervoso e agitava-se falando, gesticulando sem cessar enquanto aproximava-se dela e a pegava pelas mãos para ficar em pé. Eu só acho que... Que eu me apaixonei pela minha assistente.

Lucy não teve tempo de se abismar com a confissão explícita, os lábios do Capitão já haviam colado aos seus.

[...]

Com o decorrer do tempo, Lucy ganhou a confiança dos Vingadores e o amor da população, havia se tornado a Mulher América, não por feitios heroicos, mas por ter sido reconhecida como parceira amorosa de Steve Rogers, o lendário Capitão América. Loki reunia exércitos de magia negra para dominar o mundo, a data ficava cada vez mais próxima e ele se excitava pensando que enfim, sua vitória chegaria, seria melhor do que Thor, provaria a Odin seu valor. Ele conseguira refugiar-se de tal forma que seus vigilantes não detectaram sua magia sendo utilizada, utilizava de pouco em pouco, para não levantar suspeitas e arranjara um emprego como recepcionista de um hotel de classe média, de lá ia até a um galpão abandonado fazer suas miniaturas de monstros, para depois dar-lhes vida e tamanho para destruírem tudo aquilo que um dia ele sonhou ruir.