Mudanças

Partimos juntos... Novamente?


Eu então ouvi pacientemente a história que Fuu nos contou. Segundo ela, um curto espaço de tempo depois que ela decidiu vir viver nessa cidade, um grupo de homens a abordou. Eram oficiais da justiça. Samurais fortemente armados. Eles queriam saber de nós: Mugen e eu. Disseram que nós éramos maus elementos e que deveríamos ser presos. Ela disse que não sabia o nosso paradeiro.

Ela franziu a testa ao nos contar essa parte: os homens a torturaram para que ela falasse, e prometeram que jamais iriam esquecê-la. Eles não podiam a prender, porém podiam muito bem continuar a voltar e torturá-la sempre que quisessem. E eles voltavam. Às vezes, levavam semanas. Às vezes, somente dias. Eles a torturaram várias e várias vezes para que ela contasse o paradeiro deles.

– Fico feliz que eu realmente não sabia o paradeiro de vocês. – ela disse com um meio-sorriso – Eu sou fraca. E as coisas que fizeram comigo... Eu os entregaria.

– Nós não íamos lhe culpar. Aliás, vamos esperar aqui, e exterminar esses vermes! – disse Mugen, parecendo irritado.

– Mugen, você e Jin podem ser bons, mas não são dez. – disse Fuu com simplicidade.

Eu olhei para ela, pensando em como ela acabara de falar o que eu pensara. Nós podíamos dar conta de dez. Talvez, de vinte, se fossem intermediários. Porém, até nós tínhamos limites. Eles não pareciam estar medindo esforços para nos pegar. Uma hora, nós teríamos que ceder. Uma hora, nós íamos nos cansar. Íamos perder. Quando não se pode lutar, só há uma coisa a fazer.

– Fuja conosco. – sugeri calmamente.

– Añh? – disseram Fuu e Mugen, juntos.

– Nós a colocamos nessa enrascada. Fuja dessa cidade conosco. Ou, se Mugen não quiser vir, eu posso ir com você. Não vou abandoná-la para ser torturada aqui por causa do que eu fiz. – falei simplesmente.

– Jin, é muito gentil da sua parte, mas não quero ser um estorvo. Além disso, vocês só fizeram tudo aquilo porque nós estávamos procurando pelo meu pai. – ela disse de cabeça baixa.

– Não seja tonta! – disse Mugen – Você salvou nossa vida e enfrentou tortura por nós... – “Mas eu realmente não sabia onde vocês estavam!”, disse Fuu, mas Mugen não se deixou interromper - O que nos faz mais uma vez dever uma a você. Além disso, não é tão ruim viajar com você, embora você seja a mulher mais chata de todas.

– Mugen... – disse Fuu, lhe olhando com carinho.

– Ora, não me encare assim! – ele levantou o rosto – Só estou pagando um favor para uma garota para lá de irritante.

– Eu quero viajar com vocês. – declarei simplesmente.

– Jin. – disse Fuu, lançando a mim aquele olhar carinhoso – Vocês são realmente uns idiotas. Eu só trago problemas e, mesmo assim, ainda querem andar comigo?

– Ora, era divertido quando andávamos com você. – disse Mugen – Encontramos um cara realmente difícil de derrotar e tudo o mais. Além disso, fica bem mais legal andar com você agora que virou uma mulher bonita. Quem sabe até... – ele sorriu.

– Mugen, seu pervertido! – Fuu disse enquanto lhe acertava na cabeça com o pequeno acessório que sempre carregava, que na verdade continha uma faca escondida – Nem pense nisso!

– Você deveria estar lisonjeada porque eu pensei isso. – ele reclamou – Afinal, nunca pensaria isso de você antes. Quer dizer que ficou bonita.

– Dispenso seus elogios. – ela disse, erguendo a cabeça – Além disso, não se pode chamar de elogio quando é algo tão pervertido!

Eu me concentrei em pensar enquanto eles brigavam. Tínhamos que ir viajar, então. Seria uma boa ideia se, ao menos Fuu soubesse se defender. Pensando bem, era ela que sempre era seqüestrada durante a nossa jornada. Ela era sempre o membro mais fraco do grupo. Porém, eu não iria sugerir isso até que fosse realmente necessário. Ou melhor, até que percebesse que ela está pronta. Meus devaneios foram interrompidos por um ronco familiar.

– Então saiba, Mugen... Añh? – dizia Fuu – Está com fome, Jin?

– É claro que ele está, sua burra, não ouviu o estômago dele? – disse Mugen – Pensando bem, eu também estou.

– Calado, seu cachorro idiota. – disse Fuu e lhe bateu novamente.

– Pare de me bater, sua vadia! – reclamou ele.

– Eu vou cozinhar. – disse Fuu.

– Você sabe cozinhar? – perguntei.

– Claro que sei. Aprendi na casa de chá. Não podia, porém, já que nunca tivemos o que cozinhar na nossa jornada, não é? – perguntou Fuu simplesmente.

– Verdade. – disse Mugen, parando para analisar.

Fuu era, na verdade, uma ótima cozinheira. Ou talvez fossem só esses anos todos comendo coisas de casas de chá ou restaurantes que interferiram no meu paladar. A comida que ela preparou tinha um toque... Caseiro. Comemos peixe, carne e arroz. Nada muito luxuoso, pois Fuu não era tão boa em cozinhar assim. Porém, ao comer um prato delicioso e simples e ouvir as brigas ocasionais de Fuu e Mugen, eu me senti feliz como há muito tempo não me sentia.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.