Mudanças

Capítulo 11


- Se a senhora perguntar isso alguma outra vez, prometo que nunca mais irá me ver e nem conhecer seu neto. E espero que quando a Fatinha vier morar aqui a senhora a trate bem. - falou magoado e indignado ao mesmo tempo.

- Morar aqui? - ela perguntou.

- Sim, porque? A senhora tem algo contra?

- Por favor, vamos manter a calma. Marta, se o Bruno diz que o filho é dele, é porque é dele. E tenho certeza que assim que a gente a conhecer iremos afastar qualquer má impressão que nos passaram dela. E sobre ela vim morar aqui, bem... É isso mesmo que você quer? Não precisa casar só porque tiveram um filho.

- Pai, obrigada. Mas eu quero casar porque... - ele respirou fundo pensando no porque de querer tanto casar com ela, claro que poderia ver o filho sempre que quisesse, mas a ideia de ter outro homem na vida de Fatinha o atormentava e pensar que esse homem estaria todos os dias com o filho piorava ainda mais. - Porque quero que o meu filho seja criado pelos pais juntos e porque gosto dela.

Ju sabia que ele gostava dela, mas vê-lo admitir foi uma surpresa. Pensou que ele nunca iria dar o braço a torcer. Marta só estava faltando explodir de ódio. Como o filho caíra nessa besteira? O filho poderia não ser dele, a menina poderia ter engravidado só pra forçá-lo a casar-se com ela. Mas iria desmascarar essa garota, o filho não iria casar com uma qualquer.

Já Olavo, mesmo não gostando muito da notícia, afinal o filho estava começando sua vida profissional agora e já estava cheio de responsabilidades, o puxou para um abraço, o que Bruno precisava agora não era de reclamações, mas de apoio.

- Parabéns, meu filho!

- Obrigada, pai.

- É um menino? - Bruno acenou. - Mas então precisamos seguir a tradição. Acho que tenho uns cachimbos lá no escritório. - os dois foram caminhando abraçados.

- Mãe, seja lá o que a senhora está pensando, pense muito bem ou pode afastar o Bruno da senhora. E o Miguel é a cara dele. - dito isso, beijo a bochecha da sua mãe e saiu.

Sexta-feira chegou e Bruno e Fatinha pediram a Deus para que o dia passasse rápido. Quando a última aula acabou, ele foi o primeiro a sair e andou tão rápido que Nélio e Rasta tiveram que correr para alcançá-lo.

- Você vai tirar o pai da forca? - Nélio perguntou.

- Tô indo pra casa da Fatinha. - ele respondeu com um sorriso.

- Hum... essa pressa toda é pra vê-la? - Rasta provocou.

- Si... não, não. É pra ver o Miguel. - e ao ver os olhares que os amigos lançavam para ele, riu, dando socos nos ombros deles. - Tá, é pra vê-la também.

- Antes que eu me esqueça, esse é um presente pro pirralho. - Nélio falou ao tirar um embrulho de sua bolsa, entregando pra Bruno. - É meu e do Rasta.

- Não precisava, gente. - o moreno agradeceu já rasgando e tirando uma mini camiseta com o logotipo do projeto deles, o C.R.A.U. - Obrigada, irmãos. Adorei. - abraçou os dois de uma vez só.

- Agora vai lá que a sua mulher já deve tá esperando. - Rasta se despediu e saiu levando o Nélio.

Fatinha ouviu o telefone tocar e sorriu ao ver quem era, quase desceu as escadas correndo, mas lembrou-se que não podia fazer tanto esforço. Antes de abrir a porta, respirou fundo para esconder sua animação.

- Oi... - Bruno disse ao vê-la abrir a porta.

- Oi. - ela como era muito mais decidida, se jogou nos braços dele, o agarrando pelo pescoço. Quase caíram, porque ele não esperava essa recepção toda.

- Isso tudo é saudades? - perguntou abraçando-a forte.

- Sim. - respondeu se afastando um pouco para olhá-lo.

- Tomara que você continue receptiva assim... - sorriu a puxando para um beijo.

Passaram pouco tempo na porta, porque já estava tarde e também os pais dela poderiam descer e vê-los alí na porta da sala se beijando.

Então Fatinha o mandou para o banho enquanto ela esquentava algo para que ele comesse, depois de se alimentarem, foram para o quarto.

Miguel estava lá dormindo, respirando profundamente, Bruno queria pegá-lo nos braços de novo, mas nos outros teria tempo para isso, deixaria ele dormir. Porém um carinho não faria mal, então foi até o berço e ficou lá passando a mão cuidadosamente sobre a cabeça do filho, que tinha muito cabelo, da mesma cor do seu, depois passou pelo braço, chegando até a mão. Como sempre, Miguel segurou um dos seus dedos, deixando Bruno feliz. Era como se ele soubesse que era o pai que estava ali.

Com muito cuidado se soltou e foi dormir.