Hannah estava apreensiva, precisou de uma sacudida de sua mãe para que acordasse e fosse assinar o livro de registros. Após a cerimônia os pais dos noivos convidaram todos para jantar em um restaurante próximo, ela não queria ir, mas desejava ainda menos voltar para casa e encarar Darcy. Precisava de mais tempo para colocar sua cabeça em ordem e decidir o que dizer a ele. Ainda estava magoada com seu comportamento mais cedo, porém a prioridade agora era Willian. Ela ainda não tinha explicado nada a ele, só disse que Darcy os acompanharia no casamento e que amanhã eles conversariam. Ele não questionou, mas não conseguia esconder a curiosidade e a admiração cada vez que olhava para o pai ou o medo quando Darcy saia da sua vista.

Seus pais despediam-se de todos, eles não poderiam ficar para o jantar, pois tinham um compromisso na manhã seguinte.

— Filha, tem certeza que está tudo bem irmos embora? – seu pai olhou Darcy desconfiado.

— Tenho sim pai. Está tudo bem, não se preocupe

Ele concordou embora fosse nítida sua contrariedade. Eles despediram-se de Willian e acenaram friamente para Darcy.

— Vamos? – Hannah chamou-os para irem ao restaurante.

O jantar ocorreu de maneira alegre e tranqüila. Willian era uma criança inteligente e extrovertida, conversava com todos a sua volta.

— Ele parece não ter problemas para se relacionar. – Darcy comentou olhando admirado o filho.

— É mesmo né? – Hannah sorriu, também observando o pequeno – Acho que não puxou nenhum de nós dois.

Darcy assentiu.

— Ele se parece com Georgie.

— Sério? – Hannah o fitou.

— Ela sempre foi alegre e comunicativa.

— Eu pensei que era influência de James.

A expressão de Darcy se sombreou.

— Eles passam muito tempo juntos?

— Sempre que possível. – Hannah preferiu ser sincera – Um menino precisa de uma presença masculina e como meu pai mora em outra cidade James acabou pegando essa responsabilidade para ele.

O coração de Darcy se apertou.

— Ele não precisa mais fazer isso. – Darcy retrucou para em seguida se arrepender. James foi o apoio de Hannah e Willian quando ele não pode ser. Merecia sua gratidão e não seu ciúme. Ele olhou para ela esperando uma reprimenda, mas para seu espanto ela sorriu.

— É bom ouvir isso! – ela disse quase como se estivesse aliviada – James e Lúcia estão começando uma vida nova agora... Eu já me preocupava com o que aconteceria quando eles tivessem um filho.

Darcy compreendeu, Willian se sentiria abandonado.

— Com licença. – ela disse ao se levantar para ir ao banheiro.

Darcy estava sozinho por alguns minutos quando sentiu um toque em seu ombro.

— Sr. Darcy! – era Willian.

Ser chamado de senhor Darcy pelo próprio filho o machucou, porém ele precisava ter paciência e cautela para lidar com a situação.

— Pois não Willian? – ele respondeu virando-se para o garotinho que fez uma careta.

— Não me chame assim. A mamãe só fala Willian quando ela está brava.

— É mesmo? – Darcy olhava a criança com olhos amorosos.

— Uhum... – o garotinho assentiu solene.

— Então como eu devo chamá-lo?

— Will. Todo mundo que eu gosto me chama assim. Foi o apelido que a mamãe me deu. Ela disse que era por causa do meu p... – Willian se interrompeu e o olhou assustado.

— Seu pai? – seu coração se acelerou.

— É. – o garotinho abaixou a cabeça fitando seus pés.

— E o que mais ela disse? – seu coração palpitava.

— Que meu papai era muito sério e não deixava ela chamar ele Willian, ai ela quis que eu chamasse assim para poder falar sempre.

— Entendi. – a voz de Darcy saiu embargada.

— Tá tudo bem? – Will perguntou.

— Está sim. – Darcy se obrigou a responder – Eu chamo você de Will, mas com uma condição.

— Qual?

— Você não pode me chamar de senhor Darcy.

— Não? – os olhinhos de Willian brilhavam.

Darcy negou.

— Então como eu chamo? – a criança perguntou ansiosa.

Darcy queria dizer papai, mas achou melhor se conter, eles conversariam com o filho no dia seguinte.

— Willian. Você vai ser o Will e eu o Willian. Pode ser? – Darcy mascarou a tristeza.

— Tudo bem. – Will parecia decepcionado – Cadê minha mamãe?

— Alguém perguntou por mim? – Hannah disse atrás do menino.

— Mamãe! – ele se virou para trás e lhe abraçou as pernas – Estava com saudade.

— Eu também meu amor. – ela respondeu amorosa se abaixando para abraçar o filho.

— Eu quero ir embora. – ele pediu manhoso.

— Vamos nos despedir de todo mundo e ir então.

Os três se despediram de todos e foram embora. Willian estava dormindo quando chegaram a casa, sem querer acordá-lo Hannah pegou-o no colo.

— Eu faço isso. – Darcy se adiantou.

— Obrigada! – ela agradeceu passando o menino para os braços do pai – Já está ficando difícil carregá-lo. – ela sorriu agradecida.

— Eu faço isso de agora em diante então. – Darcy olhou-a fixamente – Você já o carregou por tempo suficiente, de agora em diante isso é uma tarefa minha.

Sem palavras Hannah indicou-lhe o caminho.

— Você quer ajuda para trocá-lo? – Darcy perguntou após colocar Willian sobre a cama.

— Não precisa. Deixe-o dormir assim mesmo. É melhor que acordá-lo. Vou apenas tirar os sapatos.

Hannah tirou os sapatos do filho, o cobriu e beijou-lhe a testa.

— Durma com Deus meu amor.

Darcy a observava fascinado. Era palpável o amor entre mãe e filho. Willian era uma criança adorável e com certeza isso se devia a ótima criação que recebia.

— Obrigado. – ele não pode se conter após saírem do quarto.

— O que? – o olhou curiosa.

— Por criá-lo com tanto amor e cuidado.

— É minha obrigação Darcy. Eu sou a mãe dele. – ela respondeu séria.

— Obrigado por isso também. Por ser a mãe do meu filho. Você poderia...

— Nem termine Darcy. Isso jamais passou pela minha cabeça.

— Eu tenho certeza disso. – ele assentiu emocionado.

— No fim das contas sou eu que devo agradecer.

Ele a fitou aturdido.

— Você me deu o que eu tenho de mais valioso na vida.