Mr. Darcy em minha vida

Não me chame de Willian


"O senhor não é real."

Aquelas palavras martelavam em sua cabeça. Darcy estava completamente imóvel.

—A senhorita não espera que eu acredite em um disparate desses. Por certo que não... - conseguiu dizer por fim.

—Sr. Darcy, eu conheço toda sua história. Sei que seus pais morreram muito cedo e que o senhor e seu primo coronel Fitzwillian ficaram responsáveis por sua irmã Georgiana. Sei que é proprietário de Pemberley. Que seu melhor amigo é Charles Bingley e que o senhor planeja se encontrar com ele para discutir sobre a propriedade que ele deseja adquirir em Hampshire.

Darcy deu um sorriso de escárnio e disse:

—Tenho que concordar que realizou uma grande pesquisa. Mas não prova nada.

—Conheço também sua história com George Wickham e tudo que aconteceu com Georgiana.

—Mas o quê... - Darcy ficou lívido - Como a senhorita se atreve?

—Sr. Darcy, por favor. Eu preciso que acredite em mim.

Hannah não sabia direito como explicar a verdade a ele. Por fim decidiu ser sincera, é sempre a melhor opção.

—Sr. Darcy, no século XIX, Jane Austen publicou um livro chamado Orgulho e Preconceito, que contava a história de Fitzwillian Darcy. Uma ficção.

—Como a senhorita espera que eu acredite nisso? - Darcy caminhava nervoso pela sala.

—Porque é a verdade. - disse simplesmente.

—Verdade? - mais uma vez o sorriso de escárnio.

—Sim, por mais absurdo que pareça é sim. Como o senhor pode explicar todo meu conhecimento sobre a sua vida? Sei até mesmo de Elizabeth Bennet.

—Elizabeth?

O coração de Hannah deu um salto não muito agradável. Poderia se dizer enciumada pelo modo que ele disse Elizabeth.

—Sim, o senhor a conhece?

—Não. - Darcy estava confuso e com dor de cabeça. Só queria acordar e descobrir que tudo não passava de um pesadelo.

—É o amor de sua vida. - não gostou de dizer aquilo - sua futura esposa.

—Você está louca! - o Sr. Darcy sentou-se no sofá pálido.

—Não estou. Mas são muitas informações, vamos devagar.

—Se o que a senhorita diz for mesmo... - passou a mão pelos cabelos consternado - Como espera que eu acredite?

Os olhos daquele homem estavam tumultuados e Hannah sentiu pena dele.

—Espere aqui por favor. - Hannah saiu da sala.

Voltou poucos minutos depois com o notebook na mão. O Sr. Darcy ainda estava na mesma posição, sentado com a cabeça entre as mãos.

—Sr. Darcy? - chamou suavemente.

—Sim? - ergueu a cabeça para fitá-la e ela pode ver sua dor.

—Eu posso lhe mostrar algumas coisas, mas talvez seja melhor depois. O senhor não me parece...

—Não. - ele a cortou firme - Quero entender de uma vez por todas esta situação.

Darcy estava curioso com aquele objeto. Mas não perguntou o que era, nem mesmo quando ele a viu levantar uma espécie de tampa e uma tela se acender. Ele olhava encantado ela escrever palavras apertando botões com as letras e a tela ir se alterando.

Percebendo o interesse de Darcy, mas conhecendo seu gênio, Hannah sabia que ele jamais perguntaria.

—É um computador Sr. Darcy. Um portátil. Serve como uma espécie de biblioteca que podemos carregar para qualquer lugar e acessar quando quisermos. Mas também faz contas e... - olhou a expressão confusa dele - outras coisas que não vem ao caso agora... - completou não alongando o assunto. Ele já tinha muitas informações para digerir, não precisava de uma maluca que não calava a boca explicando coisas desnecessárias no momento...

Darcy nada disse, mas uma imagem na tela chamou sua atenção.

—Permberley... - disse

—Sim Sr. Darcy, Pemberley. Mas no meu mundo não se chama assim. É Chatsworth House, uma propriedade antiga que foi usada para dar vida a Pemberley descrita no livro de Jane Austen.

Aos poucos Hannah foi mostrado e contando ao Sr. Darcy tudo o que sabia sobre sua história, a autora Jane Austen e também sobre o mundo em que vivia. Depois algumas horas estava exausta e com fome.

—Sr. Darcy? - chamou suavemente.

Mas o mesmo não respondeu, encarando a fotografia de Matthew Macfadyen escalado para representar o Sr. Darcy na última versão do filme. Ele parecia não entender a incrível semelhança que possuíam, pareciam gêmeos. Embora no Darcy real fosse notado algo mais, Hannah não saberia explicar, mas acreditava ser autenticidade. Macfadyen representou com louvor o Sr. Darcy, mas nada se compara a realidade.

—Willian? - tentou novamente.

Dessa vez Darcy ouviu pois se virou para ela com uma expressão feroz.

—Não me chame de Willian. Apenas as pessoas que me são mais queridas me chamam assim. Você não tem este direito.