Já fazia seis meses desde que entrei na S.H.I.E.L.D, e finalmente, após tantas aulas e treinamentos eu viraria um agente oficial. Tive intensos treinamentos, desde treinos teóricos aos treinos práticos. Aprendi diversos estilos de luta, sendo um deles o Muay Thai e o Jiu-jitsu, entre outros; também aprendi a usar diversas armas de fogo, mesmo que eu dispense o uso, foi de grande ajuda entender como elas funcionam; o Parkour ajudou a melhorar minhas habilidades, usando e abusando ao máximo das vantagens do soro em meu corpo.

Aos poucos fui virando um cidadão de Washington, fiz alguns colegas - tanto na S.H.I.E.L.D como pela vizinhança. Eu não tinha muito tempo disponível para fazer novas amizades, mas me simpatizei bastante com minha vizinha Kate. Ela já sabia que eu era o Capitão América, entretanto, não ficou indiferente com isso, apenas ficou surpresa e continuou a me tratar como alguém normal, o que me deixou muito feliz.

E nesse exato momento, Kate me contava uma história engraçada de quando era menor e havia caído de sua bicicleta, enquanto eu a tentava convencer de que era seguro andar de moto.

Esse era um dos raros momentos em que a gente se encontrava pelos corredores do apartamento. A conversa como sempre era maravilhosa, pois quando conversávamos em nenhum momento ela falava com o Capitão América, era sempre com Steve.

— Fico feliz que se divirta com meu drama infantil. – ela diz entre risos.

— Bom, considerando que eu vou dirigir a moto, não há porque ter medo. – lanço a ela um sorriso encorajador.

— Agradeço, mas não me dou muito bem com veículos de duas rodas, não importa se eu seja a motorista ou a passageira – sorriu.

— O convite ainda está de pé, eu não me incomodaria em ficar te dando carona até o hospital nos seus dias de trabalho. Afinal, é o mesmo caminho.

— Obrigada mesmo, mas prefiro esperar você comprar um carro para aceitar o convite. – a loira brinca, dando um sorriso tímido.

Retribuo.

Aposto que quando ela andar de moto comigo ira adorar.

— Carros não fazem muito meu estilo, então acho que vai ter que ser de moto mesmo.

Ela olhava pra mim desconfiada, demora um pouco a falar, como se estivesse pensando sobre o assunto. Kate sabia que eu não ia desistir da ideia.

— Não. – ela foi firme, mas ainda mantinha o sorriso no rosto – Ainda não estou pronta, mas quando eu estiver te procuro, e irei por fim a esse medo infantil.

— Tudo bem, e eu terei prazer em te dar uma carona. Agora tenho que ir, hoje é um dia importante.

— Tudo bem, eu também já tenho que sair mesmo, preciso ajeitar umas coisas para ir visitar minha mãe. E pra sua informação vou de ônibus, bem mais seguro – ao escutar aquilo dou uma leve risada – Até à próxima.

— Até.

Kate entrava em seu apartamento e eu já me colocava a descer, indo ate minha moto e acelerando em direção ao meu futuro trabalho. Eu no começo fiquei com duvida se a S.H.I.E.L.D era a escolha certa, até que com o tempo percebi que sim, pois poderia ajudar as pessoas, e isso para mim já bastava. E fiquei ainda mais certo da minha escolha quando descobri que Howard e Peggy foram uns dos principais fundadores.

(...)

Quando noto que já estou próximo a Triskelion não êxito em acelerar, tive que atravessar a ponte que dava entrada à sede e fazer a confirmação de identificação para adentrar. No mais só tive que estacionar.

Quando me preparava para sair do estacionamento notei um carro entrando, e ao ver já sabia de quem se tratava. Aquele Corvette Stingray era da agente Romanoff. E eu não a via desde sua “assistência pessoal”. Decido parar e a esperar sair do carro para cumprimenta-la.

A ruiva tinha um olhar de surpresa para mim.

— Capitão Rogers?

— Senhorita Romanoff – cumprimento cordialmente – Há quanto tempo.

Ela solta um sorriso provocativo.

— Considerando que eu sou uma agente de nível mais alto e você é apenas um “recruta”, fica difícil de nos encontrarmos pelos corredores.

— Verdade. Mas acho que isso pode acabar, já que hoje eu me tornarei oficialmente um agente.

— Tão rápido? – ela arqueia as sobrancelhas.

— Digamos que eu aprendo rápido. – dou um sorriso convencido.

— Sei... – parecia me avaliar. - E você vai tirar a foto de registro com esse cabelo?

— O que tem meu cabelo? – pergunto curioso, arrumando um fio de franja desalinhado.

— Nada. É só que... – ela se estica para poder alcançar meu cabelo.

Nesse momento pude reparar no quanto ela era baixinha comparada a mim, e não me segurei em sorrir.

— O que significa esse sorriso bobo, Capitão? – recebo um olhar serio.

Acabo me intimidando um pouco, mas não êxito em responder.

— É que eu nunca tinha reparado em como você é pequena. – solto uma leve risada, mas hesitei ao ver seu “olhar mortal” pesando sobre mim. – Quis dizer: em como você não é alta.

Era notável a vontade dela em acabar comigo. Pude ver em seus olhos.

— Só quis dizer que você é... baixinha... - coloco a mão em sua cabeça, acabando por me arrepender em seguida. Só estava piorando tudo. – Na realidade...

— Não continue, Rogers! – a ruiva me interrompe, devidamente irritada. – Pro seu bem, não continue.

— O que você dizia do meu cabelo mesmo? – tento mudar o assunto para acalma-la.

Ela respira fundo, desviando seus olhos esmeraldinos por breves segundos antes de prosseguir.

— Olha, se você quiser, eu posso te levar para cortar o cabelo. Assim você poderá tirar a foto bem renovado. Hoje é um dia de mudanças para você.

Achei muito estranho aquele convite vindo da agente Romanoff, mas acho que ela assim como eu, também queria começar com o pé direito. Nosso ultimo encontro foi um tanto complicado, apesar de ter terminado bem, parecia que tinha ficado uma imensa abertura entre a gente.

Aceitaria. Eu realmente queria resolver aquilo, ainda mais agora que seriamos oficialmente companheiros.

— Certo, mas tem que ser rápido, ainda tenho que me apresentar.

— Tá, tá! Fica frio. – sem cerimônias ela vai em direção ao seu carro. - Eu conheço um lugar perfeito para cortar seu cabelo, mas tem que deixar seu escudo aqui. – abre a porta do veiculo. – Vai ser rapidinho. – piscou.

— Tudo bem, mas não vamos no seu carro? – tiro a mochila com o escudo e a entrego.

Ela guarda meu escudo e trava seu carro, tinha praticamente ignorado minha pergunta.

Ela era tão complicada.

Quando menos espero estava a ruiva indo até minha moto, e mesmo sendo deixado para trás o sorriso travesso em seu rosto não fugiu aos meus olhos.

— Não. Vamos na sua moto. E eu dirijo.

— Ninguém dirige minha moto, além de mim. – agora era a minha vez de bancar o durão.

Ela só podia esta de brincadeira em achar que eu a deixaria dirigir minha moto. Apesar de firme eu ainda carregava um fino sorriso nos lábios.

— Eu não sou “ninguém”, Rogers – ela devolve o olhar firme para mim, mesmo o seu sendo mais suave e acompanhado de um desafiador sorriso.

A viúva esticou sua mão em concha na minha direção, só esperando que de bom grado eu a entregasse a chave. Não desisti fácil, mantive minha pose, não daria o braço a torcer tão fácil. E ali foi o começo da guerra muda; falávamos sem pronunciar ao menos uma palavra, nossas expressões faciais já diziam tudo.

“Nem pensar, Romanoff.” Deixava logo claro.

Aquilo não era um código entre agentes que tínhamos aprendido, era algo diferente, quase como uma brincadeira infantil de adivinhação. Talvez nossas percepções fossem ótimas ao ponto de pegarmos os mínimos detalhes. Mas por outro lado, parecia que nos entediamos bem.

“Você é muito infantil, Rogers.” Ela sorriu. Parecia que eu não era o único a me divertir com aquilo.

Seus dedos mexiam-se em direção a palma de sua mão, ela estava me mandando entregar a chave.

Como se eu fosse fazer aquilo, não daria os pontos tão facilmente.

“Nem vem.”

“Deixa de charminho, idiota.”

“Não vai dirigir minha moto.”

“...”

[...]

— Aquilo foi trapaça, Romanoff. Não valeu.

— Não seja um mal perdedor, Capitão. Temos que jogar com o que temos.

Ela ganhou. Natasha estava dirigindo minha moto enquanto eu ia atrás.

Eu tentei resistir o máximo possível. Mas ela me desarmou completamente, o que foi um tanto vergonhoso para mim. Bastou que ela chegasse mais perto, deixando mais uma vez clara a nossa diferença de altura, então ela encarou o fundo dos meus olhos como se buscasse saber cada segredo meu. O que veio a seguir foi confuso, eu já estava nervoso com a aproximação, no entanto não tinha cedido, até que seus lábios estalaram contra minha bochecha. Suas mãos finas e leves não tiveram trabalho de tirar a chave do meu bolso depois disso, ela tinha me desarmado, tão facilmente que até agora eu estava sem jeito.

Perdi o foco e ela ganhou. Era uma boa jogadora, não era pra menos que era a melhor agente da S.H.I.E.L.D.

Sem demorar muito paramos em frente a um estabelecimento, melhor dizendo: o salão do qual ela havia falado. Desço primeiro, estranhava inicialmente aquele lugar, não era o tipo que eu costumava frequentar.

Ela entra primeiro e eu a sigo. Minha primeira impressão era que ali era um lugar bem caro. Noto que não havia muitas pessoas, e as poucas que tinham eram mulheres, exceto por um dos cabelereiros, que ao ver Natasha corria alegremente até ela. Fiquei desconfiado.

— Scarlett! Há quanto tempo não te vejo, amiga! – eles se cumprimentam, e pra mim aquilo era tão estranho. Principalmente por vê-la corresponder.

Espera aí. Ele a chamou de Scarlett?

— Scarlett? – me viro a ela curioso pelo o tal nome, e a mesma olha pra mim sorrindo, simpática. De um jeito a qual eu nunca vi.

— Sim? – ela entende como se eu tivesse a chamado, então decido não fazer nada, a não ser entrar no jogo.

— Nada... – sorrio.

— Me apresenta o grandão, garota. – o tal cabelereiro coloca a mão no meu obro, ele tinha um sorriso de orelha a orelha, o que me deixa nervoso. – Ele é bonitão. Onde você achou? Tô precisando.

Olho para Natasha, minhas expressões apesar de tranquilas pediam socorro para ela, que apesar de seus pequenos risos parecia ter entendido o recado.

— Pode largar. – ela tirou as mãos do tal cabelereiro de cima do meu obro e me abraçou – Ele é só meu, nem vêm. E eu não divido.

Nessa hora meu coração disparou, eu já suava frio. O que eu poderia dizer de Natasha, que eu mal conhecia e já tinha me colocado nessa? Não tive escolha a não ser a abraçar de volta pelos ombros, e estender a mão livre para o cabelereiro, em sinal de cumprimento.

— Sou Chris, muito prazer! – já que ela não usou o nome verdadeiro eu também não o utilizaria.

— Me chamo Alex, e o prazer é todo meu, lindo. – abaixei a cabeça quase que involuntariamente, envergonhado.

Era uma situação muito estranha, e o silêncio constrangedor que se formou em seguida não ajudou em nada.

— Será que tem como você da um jeito no cabelo dele?

— Pensei em algo bem legal. – a priori ele me avaliava, alisando meu cabelo de um lado à outro, como se o estudasse. - Devido ao seu porte forte e sua postura de soldado, acho que ele combinaria com um corte militar social... mas deixarei um pouco alto em cima, não muito. Pode se sentar

Alex estende a mão para uma cadeira logo à frente. Eu obedeço. Me sento, e sem esperar muito ele me cobria com um extenso pano. Natasha se divertia com aquilo, eu via pelas suas expressões, o grande espelho em minha frente não a escondia em minhas costas.

— Deixa meu gatão ainda mais bonito. – ela alerta Alex, aproximando-se das minhas costas. Não deixava de encara-la.

As pequenas mãos da ruiva tomaram meus fios loiros, os massageando tranquilamente. E de um jeito estranho... aquilo era muito bom.

— Huuum! Pelo visto hoje a noite promete. – ele afastou Natasha de meus cabelos, iniciaria seu trabalho em mim.

— Você nem imagina. – Romanoff respondeu, e antes que pudesse sumir do meu campo de visão eu a vejo sorrir, um sinal para eu relaxar. O que acabei me permitindo.

Alex fazia agilmente seu trabalho, era realmente um profissional naquilo. Eu apenas o deixo fazer o que bem quer, afinal, ele é o profissional. Vejo Natasha me olhar através do espelho; ela solta uma pequena piscadela, e eu a devolvo. A gente estava começando a se entender melhor.

Depois de longos minutos, vários produtos e um secador; finalmente meu cabelo estava pronto. Tinha que admitir, o corte estava realmente muito bom.

— Uau! Está ótimo. – olho para cada detalhe de meu novo corte.

— Ficou bom mesmo. – Agora era a vez de Natasha falar.

— Eu sei, sou um artista – Alex se gabava, com razão.

— Quanto deu? – Me levanto, pronto para tirar a carteira.

— Não precisa, eu deixo esse corte por conta da casa. Mas em troca quero que Scarlett traga você e o Jeremy da próxima vez.

Meus olhos confusos pousam nela.

— Esta bem, eu vou tentar trazê-lo – Scarlett, ou Natasha, no caso, ainda sorri simpática.

Meu deus, era quase impossível acreditar que aquela era a Natasha!

Após nos despedirmos saímos do estabelecimento e caminhamos a passos calmos até a moto. Deixo me guiar pela curiosidade sobre a conversa de minutos atrás e a pergunto:

— Quem é Jeremy? – falo como quem não quer nada.

— Jeremy é o Clint. Isso meio que é uma longa historia.

— Adoro longas historias.

Ela para em frente a minha moto, virou-se para mim e suspirou.

— Uma vez tivemos uma missão para pegar um terrorista, acabamos descobrindo que ele estava disfarçado de assistente do Alex, aí entramos com essas identidades falsas. Alex meio que se apaixonou por Clint. Eu vim aqui só uma vez após pegarmos o terrorista, mas por ele te se apaixonado pelo agente Barton ele meio que ficou meu “amiguinho”, e ainda deixa nossos cortes de graça.

— Entendo. E porque disse que éramos... namorados? – reviro os olhos, envergonhado por fazer aquela pergunta.

— Porque ele ia acabar dando em cima de você e te alisar durante todo o corte. – ela riu. – Já que você não está muito acostumado a isso, achei melhor inventar essa historia pra ele saber os limites com você.

— Faz sentido agora.

— Toma – ela me estende a chave da moto. – Você dirige agora.

Concordo com um leve aceno e subo em minha moto, aguardando que ela fizesse o mesmo. E logo já estávamos tomando as estradas de Washington, apreciando a barulheira da cidade – o que não se comparava com New York.

— Bingo. – Natasha chama minha atenção, tinha sido algo repentino.

— O que foi? – A olho por de trás dos ombros, confuso.

— A van branca, atrás da gente. Ela estava em frente à Triskelion quando saímos, e parou em frente ao salão quando chegamos, agora está mais uma vez nos acompanhando. Estranho?

— Muito. E agora que você disse, eu a tinha visto saindo mais cedo. – mantenho minha concentração na estrada, mais permanecia atento a cada palavra de nossa conversa.

— Rogers, nos mantenha ao lado dela, eu preciso fazer uma coisa.

Ao escutar eu apenas a obedeço; desacelerei a moto, até ficar de lado com a van, deixando Romanoff fazer seu serviço.

— Pronto. Acelera, Capitão. Nos leve para um local público.

Faço o que é pedindo. Viro a primeira esquina que avisto e me direciono até uma pequena lanchonete, paro em frente ao estabelecimento. Natasha desce primeiro, se encaminhando ate a entrada, fazendo com que mais uma vez eu tivesse que segui-la.

— Eles pararam de novo. Mas que bando de idiotas. – ela diz, enquanto via a van estacionar pela janela transparente da lanchonete.

— O que faremos? – pergunto, observando atenciosamente nossos prováveis perseguidores.

— Vem. Me segue. – sinto sua pequena mão tomar a minha e me arrastar para as extremidades da instalação.

Quando vejo pra onde ela estava me levando é inevitável não me preocupar. Estava me levando em passos rápidos até o banheiro masculino.

Quando entramos demos à sorte de ter apenas o faxineiro, que aparentemente estava de saída. Mas obviamente parou ao se deparar com Natasha, uma mulher no banheiro masculino.

— É a fantasia sexual do meu marido. – era sua resposta para o ponto de interrogação do funcionário. Sua naturalidade em falar aquilo era espantosa para mim.

Ela abriu uma cabine e lá mesmo me jogou, adentrando comigo naquele pequeno espaço nada higiênico.

— Fantasia sexual? Serio? Quem tem fantasia sexual dentro de uma cabine de banheiro totalmente fedorenta? – minha frustração era visível, mas como sempre ela pareceu não se importar.

Deu de ombros e se concentrou em seu celular.

— O que esta fazendo? – Pergunto mais calmo, tentando ver o que ela fazia em seu aparelho.

— Quando pedi para que você se aproximasse da van era pra eu poder colocar um pequeno transmissor, que nos ajudaria a escutar o que se passa lá dentro – ela apertou na tela de seu celular e o direcionou para mim. - e isso é o que se passa lá dentro.

Pude escutar vozes de dentro da van, algumas pessoas conversavam, o que confirmou nossas suspeitas. Eles realmente estavam atrás da gente, pelo visto eram mercenários. Ficamos alguns minutos escutando o que se passava dentro do veiculo inimigo. Se tratava de cinco pessoas, cinco pessoas com a missão de nos capturarem. Vivos ou mortos.

Escutamos um deles ordenando que três entrassem no restaurante para nos interceptar, e nesse mesmo momento Natasha desligou o celular. Seus olhos travam em mim em busca de algum plano.

— Ficaremos aqui e esperaremos, vamos deixar eles virem nos procurar. – digo firme, minha maior preocupação era que as pessoas entrassem em fogo cruzado. – Acabamos com eles aqui mesmo, depois iremos interceptar a van. Pelo visto, não são muito espertos e nem estão com reforços. Lembrando: nada muito chamativo, acabando aqui os levaremos para S.H.I.E.L.D. Os contate logo.

Natasha apenas assentia, fazendo o que eu pedia.

O barulho da porta se abrindo tem nossa atenção, sendo seguido por passos lentos e cuidadosos do outro lado. – não poderia ser um cliente.

Olho para Natasha e estendo minha mão, meus olhos são levados para baixo agora, observando atento o pequeno vão em baixo da porta, que me permitia ver um leve rastro de sombra. Eu voltei olhar para ela, estávamos em uma comunicação muda.

Abaixo rapidamente minha mão, e ela entende perfeitamente, sua próxima ação – como fora planejada em nosso silêncio – fora abrir a porta com força.

O som da porta era abafado com encontro dela com o rosto do mercenário, que caia no chão no mesmo instante. Em um movimento rápido Natasha deslizou até o inimigo e o segurou pelo pescoço, o desarmando. Minha atenção foi roubada ao escutar um som de passos velozes se aproximando, no mesmo momento eu corri para o lado da porta de entrada do banheiro, esperava o visitante. Um homem forte entra, mais uma vez não era civil, e quando ele via Natasha apertando o pescoço de seu parceiro ele avançou. Aproveito o fato de não ter me visto e aperto o seu pescoço por trás, pondo o grandalhão para dormir. Tudo sem fazer barulho algum.

— Os amarre, eu irei atrás do outro – Ordeno, saindo sem esperar sua resposta.

Ando em passos rápidos pelo restaurante, procurava o terceiro mercenário, olhei para todos os lados e nada, até que um homem barbudo correu para o lado de fora quando me avistou. Eu o sigo, no entanto, era tarde. Ele já tinha alcançado sua a Van. Mas antes que entrasse tirou algo do bolso, um detonador, o que não me restou duvidas de qual era seu alvo. O restaurante.

Natasha ainda estava lá dentro, junto com alguns inocentes, meu coração agora acelerava e a única coisa que consigo é tentar pedir calma a ele, enquanto me aproximo. Mas não tive sucesso, a única coisa que conseguir sentir foi um ar quente me jogar com tudo para frente, me arrastando contra a estrada.

Uma raiva tremenda me dominou nesse momento, e só o que eu queria era acabar com esse desgraçado. Foi então que um grande alivio me atingiu ao ver que o alvo tinha sido a minha moto, e não o restaurante, pelo visto eles não queriam que eu os seguisse. Os mercenários aproveitam minha distração e aceleram. Nesse momento imaginei que eles não me conhecessem. Aproveitando que a van ainda pegava velocidade eu corro o máximo que eu posso, e com um salto eu facilmente a alcanço, chegando tranquilamente por cima dela. Fui para o capo e quebrei o vidro da frente, o fazendo parar imediatamente, sem nem mesmo tentar um confronto.

Renderam-se.

Natasha e eu colocamos todos atrás da van, amarrados e longe de qualquer arma. A S.H.I.E.L.D, junto da policia e os bombeiros vieram em seguida, mas como já tínhamos resolvido tudo eles somente prestaram ajuda e arrumaram a pequena bagunça deixada. – boa parte dela minha falecida moto.

Levamos os criminosos para S.H.I.E.L.D, junto de mais alguns agentes que faziam a segurança externa enquanto dirigíamos aquela Van.

[...]

Fury já nos esperava no estacionamento, também estava acompanhado de alguns agentes, que rapidamente vieram tirar os criminosos.

— Meus parabéns pela missão, agente Romanoff – ele a cumprimenta primeiro, e nesse momento uma leve desconfiança rola em minha cabeça.

O modo a qual eles agiam, era como se tudo aquilo já fosse previsível. Tento ignorar e saiu da Van.

— Meus parabéns, Capitão, você passou no teste. - Fury se aproxima de mim, com Natasha logo atrás, e foi então que liguei os últimos pontos.

— Teste? – coloco mãos na cintura, estava indignado. Não gostava de ser enganado por companheiros.

Aliais que espécie de teste é esse que coloca vidas de pessoas inocentes em jogo.

— Sim. Dei uma missão para a agente Romanoff. Tinha que leva-lo para sair, o resto aconteceria naturalmente. – diz tranquilamente, ignorando minha chateação.

Olho pra Natasha um pouco chateado, pelo visto ela apenas cumpria ordens como sempre. Volto meu olhar desaprovador para Fury.

— Naturalmente? Fury, tinha inocentes que poderiam ter se machucado.

— Mas não se machucaram, além disso, esses caras são amadores, não é como se eles representassem perigo. E para piorar, da pra encontra-los pela internet. Eu apenas precisei de um cheque falso para fazê-los aceitar.

Balanço a cabeça, ainda não engolia aquela historia, mas concordo quanto eles serem amadores.

— Bom, pelo menos agora você está com um cabelo novo. – o negro dizia com a mesma tranquilidade, o que já me irritava, se era uma coisa que eu não gostava na S.H.I.E.L.D era esses segredinhos e testes que eles faziam sem pensar nas consequências.

— Queria poder dizer o mesmo de você – falo levemente irritado, arrancando uma risada abafada de Natasha.

Ele ignorou minha ultima frase, respirou fundo e falou seriamente.

— Hoje é o dia que você vira um agente, Capitão, e a partir desse dia haverá momentos que sua vida e de milhares poderá se posta a prova. E você terá que saber como agir. Esses caras realmente mereciam ser pegos, e a missão foi feita sem vitimas, não ah do que reclamar. – seu único olho me encarava com firmeza, em parte, entendia seu ponto. – Vamos, você precisa experimentar seu uniforme.

[...]

Experimentei meu novo uniforme, que agora já era bem menos chamativo e diferente dos meus três últimos. Mas eu tinha gostado. Tirei a foto que iria para os registros e preenchi alguns papeis.

Agora. Oficialmente, sou um agente Nível sete.

Na saída tive que voltar com um carro emprestado da S.H.I.E.L.D, graças aos mercenários que detonaram com minha moto.

No caminho pensei sobre Natasha, eu finalmente achei que poderíamos nos acertar depois do nosso ultimo encontro, mas ela apenas seguia ordens, como sempre. Queria realmente me aproximar, só que estou velho demais para esse mundo. Era melhor manter nosso profissionalismo.