Moonlight Sonata

Act 1 — The Final Act.


Indaguei-me mais uma vez, acerca de minha situação.

Não fazia parte de minha conduta, mas eu me via constantemente desejando que ele voltasse para os meus braços. E isso era patético. Quisera eu tê-lo conhecido em outras circunstâncias, em outra vida, talvez. Remodelaria minha história, dando à ela algum sentido mais bonito, mais romântico, do jeito que ele merecia.

Às vezes me orgulho, às vezes, porém, me entristece saber que minha inocente e imaculada flor, tenha presenciado esta podridão na qual eu pertenço.

Desde o princípio, naquele fatídico dia em que eu fora salvo, tive consciência de que ele nunca poderia ser completamente meu. Mesmo que eu insista em considerá-lo minha propriedade. Pois não há maneira alguma de desfazer conceitos quando eles se tornam viscerais em minha mente.

Quisera eu estar preparado para a torrente de emoções que ele traria junto à si.

Assolam-me todas as noites as lembranças dele. De seus sorrisos, de seus pequenos, porém corriqueiros gestos e de sua melodiosa voz, uma carícia em meus ouvidos.

Há quanto tempo não via sua flor?

Sim, há muito tempo.

Recordo-me de quando sentávamos em minha cama decrépita e líamos meus amados clássicos, ou de nossos toques, tão inofensivos e triviais.

Suscita-me a lembrança de suas expressões.

E seu belo rosto! Como não lembrar? Sua face lisa e belamente recortada como cristal que reflete a luz, reluzia com aquele algo a mais intangível; sua pureza.

Apesar de tudo, eu lembrava de sua face, maculada com o sangue escarlate de seus inimigos, naquela utopia que ele tanto adorava. Destruiria-me pensar caso ele sujasse suas mãos por mim, de novo. A imagem, mesmo que ainda abstrata, me causa ânsias terríveis. Vê-lo com as mãos em estirpe, e um sorriso nos lábios, é o pior de meus pesadelos.

Mas isso não importava mais. Pois eu o tornei eterno.

Eternamente inocente, mesmo que ele nunca tenha sido.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.