Era meu último dia no Brasil antes de ir para o intercâmbio, eu estava ansiosa, mas também estava com medo em pensar que eu estaria sozinha na Europa, sem ninguém que eu conheça ao meu lado. Mas vai valer a pena, eu tinha certeza que iria.

Na manhã da minha viagem eu acordei com um bom pressentimento sobre a viagem, eu sabia que algo aconteceria.

Minha família inteira estava no aeroporto comigo, e isso não é pouco. Minha família provavelmente tem umas 25 pessoas, minha bisavó gostava bastante de gerar filhos. Foi difícil me despedir da minha mãe, do meu pai e do meu irmão. Eu sentiria muita falta deles, eu nunca havia ficado mais do que uma semana sem eles e já morria de saudades, imagine um mês.

Quando entrei no avião tentei afastar o medo que estava me consumindo. Eu teria 13 horas de viagem no meio de tanta gente desconhecida. Eu não queria pensar em mais nada então simplesmente peguei meu iPod e fiquei escutando One Direction até dormir.

Senti alguém me cutucar. Abri os olhos e encontrei uma aeromoça olhando para mim.

-O avião já está decolando, senhorita. Bem vinda a Inglaterra. – ela me disse e deu um sorriso.

Havia alguma coisa no meu estômago saltitando, eu tinha certeza disso. Eu estava na Inglaterra, finalmente e não podia acreditar. Isso era algum tipo de sonho que eu estava prestes a acordar? Não, isso não me parecia um sonho. Isso me parecia o meu futuro.

Quando sai do avião encontrei várias pessoas com plaquinhas nas mãos com nomes escritos. Minha mãe havia me dito que haveria alguém me esperando quando eu saísse do vôo, então eu procurei por alguém com o meu nome na plaquinha. E eu avistei: Rebeca Andrade. Peguei minha mala e caminhei até o homem alto e sorridente que segurava a plaquinha. Eu já estava em um nível avançado de inglês, então eu conseguia conversar bastante com as pessoas.

-Olá, Rebeca. Meu nome é John – o homem disse e apertou minha mão. – Serei como seu pai aqui, pode contar comigo e com a minha família para tudo ok?

No caminho à minha nova casa eu via pela janela do carro uma das cidades mais bonitas que eu já vira na minha vida. Tudo que eu pensava era “Por que eu nasci no Brasil, meu Deus?”

John me falava sobre os lugares em que passávamos e para a minha surpresa eu entendia muito bem. Ele parecia ser um cara legal. E bom... eu esperava que ele fosse do tipo liberal porque eu pretendia sair muito para conhecer aquele lugar incrível.

E então entramos em uma rua, como as de filme. Casas com até dois andares, com o carro estacionado na frente, cheia de árvores em volta. Eu estava me vendo em um filme. Ele parou na frente de uma das casas mais bonitas da rua. A única que superava era uma casa de dois andares com um terraço gigante, que deveria pertencer a alguém muito rico. E então eu olhei para a minha casa e fiquei encantada. Era a típica casa que toda garota sonha em ter, um jardim enorme na frente, com vaga para dois carros, dois andares, as paredes eram beges ou brancas, eu não conseguia definir a cor exatamente.

-Sua casa é linda. – Foi tudo que eu consegui dizer.

John sorriu para mim e então disse:

-Bem, entre. Por um tempo vai ser a sua casa também.