Natal. Nossa, como eu amo o natal! É a época de ficar junto á família. Tudo bem que eu não tenho mais família, só Toby, mas também tenho meus amigos e Sherlock. E por falar e, Sherlock, eu fui convidada pela Mr. Hudson para passar o natal lá. Fiquei tão feliz que resolvi comprar presentes para todos!

Bom, afinal, não sei se foi uma boa ideia eu mesma ter embrulhado. Sherlock percebeu a diferença da forma como um dos presentes foi embrulhado e me deixou muito constrangida.

Flashback on

– Oh, Deus. – diz Sherlock ao me ver entrando com um grande casaco e com as mãos cheias de sacolas de presentes.

– Olá a todos. Tinha um aviso na porta mandando subir.

– Todo mundo dizendo “olá” que maravilha! – Sherlock diz com uma pitada de sarcasmo.

– Deixe-me ... Uau! – John se oferece para me ajudar a tirar o casaco e escuto ele e mais alguém dizendo “uau”, acho que foi Lestrade.

– Então, já é hora dos drinks? – eu pergunto.

– Nada os impede, aparentemente. – Sherlock me responde, grosso como sempre!

– É o único dia do ano que os garotos são gentis comigo, então quase compensa. – diz Mr. Hudson. Não sei como ela aguenta o ano todo, todos os anos... Ela é realmente um amor!

Ouço Sherlock e John falando sobre algo de errado com o contador do blog de John, mas eu não presto muita atenção e continuo conversando com Mr. Hudson.

– Como está sua bacia?

– Dói muito, mas obrigado por perguntar.

– Eu já vi piores, mas ai eu tenho que fazer a autópsia. – um minuto de silêncio...Todos olhando para mim. – Oh, Deus, me desculpe.

– Não faça piadas Molly. - Sherlock me repreende.

–Desculpe.

Nesse momento Lestrade me trás uma taça com vinho.

–Obrigada. Pensei que que não o veria. Não ia passar o natal em Dorset?

– Amanhã de manhã, eu e minha esposa voltamos.

– Não, ela está com o professor de Educação Física. – diz Sherlock sem tirar os olhos do Notebook do John. Resolvo mudar de assunto.

– E, John, ouvi que sua irmã está bem melhor.

– Pela primeira vez, está limpa! Longe da bebida.

– Não.

– Cale a boca Sherlock! – John o repreende. Parece que Sherlock quer estragar o natal de todos, me pergunto quem será o próximo...

– Vejo que tem um namorado, Molly. E gosta dele. – Sherlock muda de assunto do nada, se levantando.

– Desculpe o que?

– Vai vê-lo hoje a noite, vai dar-lhe um presente.

– Tire o dia de folga. – diz John o interrompendo, em seguida Lestrade.

– Calado. Beba algo. – Acho que eles, já devem ter deduzido quais serão as próximas palavras de Sherlock. Mas ele continua.

– Ah, vamos lá, todos viram o presente no topo da bolsa, todo bem embrulhado. Os outros eram descuidados. Esse é para alguém em especial. – ele diz se se aproximando dos presentes. Eu começo a ficar desconfortável com o assunto da conversa. Todos já devem saber, mas mesmo assim ele insiste em continuar. – Os tons de vermelho e o batom. Uma associação inconsciente ou está tentando se encorajar. Além disso, Srta. Hooper tem amor na cabeça. É sério o que sente, pelo fato de dar-lhe um presente, sugerindo esperança de relacionamento longo. – agora, todos estão com os olhos em mim e em Sherlock, o que me deixa mais constrangida, eu nem sei mais para onde olhar... – É elementar que o verá hoje, pela maquiagem e pelas roupas. Obviamente tentando compensar o tamanho de sua boca e seios...

Assim que ele lê seu nome no embrulho do presente, engole a saliva. Bom, se ele não sabia antes, agora ele sabe. Eu me senti tão péssima, tão humilhada e ainda na frente dos meus amigos... Tudo o que eu queria nesse momento era sair correndo e chorar.

– Você sempre diz coisas horríveis. Todas às vezes. Sempre... Sempre.

– ... Desculpe... Perdoe-me. – assim que ele diz isso, vi que John o olhou duas vezes, provavelmente não acreditou que Sherlock era capaz de pedir perdão á alguém. – Feliz natal, Molly Hooper. – Sherlock diz e em seguida beija meu rosto.

Confesso que me senti nas nuvens. É , eu sei, sou uma idiota. Mesmo depois de ser humilhada em público por ele, eu não consegui odiá-lo pelo simples fato dele ter me beijado no rosto depois. Tudo bem, ele está perdoado, pelo menos já é um avanço!

Bem na hora em que eu ia dizer algo, escuto um gemido.

– Não! Isso não foi... – eu tento explicar desesperadamente que não foi eu quem soltou aquele gemido obsceno.

– Não. Esse fui eu. – diz Sherlock.

– Meu Deus, sério? – Lestrade pergunta com cara de espanto.

– Foi o meu celular.

– Cinquenta e sete. – diz John.

– Desculpe o que?

– Cinquenta e sete SMS que eu escutei.

– Incrível que tenha contado. – diz Sherlock indiferente, e depois pego um presente perto da lareira assim que recebe a mensagem.

– Com licença.

– O que houve Sherlock? – pergunta John.

– Eu disse, com licença.

– Alguma vez você respondeu? – pergunta John, novamente, mas Sherlock vai para su quarto.

Alguns minutos depois, Sherlock volta para a sala e diz que precisa ver um corpo e claro, eu me desponho á acompanha-lo.

Flashback off

Agora eu estou no necrotério. No natal. Com um corpo de uma mulher que Mycroft trouxe para cá.

– O único que se enquadrava na descrição. – diz Mycroft ao entrar no necrotério acompanhado de Sherlock. – A trouxe até aqui.

– Não precisava vir Molly. – diz Sherlock sem olhar para mim. Talvez ele esteja envergonhado, mas tudo bem. Eu já o perdoei.

– Está tudo bem, todos estão ocupados com o natal... O rosto dela está um pouco danificado, então pode ser difícil.

– É ela, não é? – pergunta Mycroft a Sherlock.

– Mostre-me o resto. – Sherlock parecia tenso. Tirei todo o lençol dela.

Sherlock deu uma leve olhada por todo o corpo dela.

– É ela. – ele diz por fim e sai rapidamente.

Pela primeira vez, eu acho que o vi se sentindo pesaroso com a morte de alguém. Essa mulher devia ser importante para ele. Meu coração doeu com isso.

– Obrigado Srta. Hooper. – Mycroft me agradece.

– Quem é ela? Como Sherlock a reconheceu pelo corpo?

Ele não me respondeu, somente deu um sorriso sem mostrar os dentes. Acho que nem ele sabe como ele a reconheceu.

Fiquei triste. Mas triste, não por ela ter sido mais importante que eu, mas por ele tê-la perdido. Eu sei o quanto dói perder alguém que amamos. Eu não sei se ele a amou, mas pelo menos, gostou muito. Acho que é mais difícil ainda para ele. Deve estar todo confuso agora. Eu sei que ele não sabe lidar com isso. Também sei que John e Mycroft vão cuidar dele, pois sei que se eu fosse tentar ajuda-lo com isso, ele me recusaria. De qualquer forma, ele estará em boas mãos.