“Eu sou Moana de Motunui, você vai embarcar no meu barco, cruzar o oceano e restaurar o coração de Te Fiti!”

Concentrei-me em gravar as falas de minha vó enquanto procurava a tal ilha onde o semideus Maui foi aprisionado.

“Eu sou Moana de Motunui...”

E HeiHei novamente caiu na água, por que esse galo veio junto mesmo? Ah é, eu não vi ele entrar no barco, droga de cabeça de vento.

“Eu sou Moana...”

E para finalizar esse dia magnífico com vários acontecimentos incríveis —isso foi uma bela de uma ironia, só pra deixar claro —, a vela vira me derrubando na água, mas por sorte eu a tenho —Ou ela me tem?— para me ajudar com essas coisas, sei que ela nunca me deixaria na mão, certo? "Assim eu espero" penso enquanto observo o mar relativamente calmo e um projeto de galinha tentar bicar uma das cordas que amarram a vela do pequeno barco de madeira.

Para simplificar, no momento estamos eu e um galo meio estranho chamado HeiHei ensopados e grudando, velejando em direção a constelação em forma de anzol, o artefato místico de Maui, o semideus que a alguns anos roubou o coração de Te Fiti, causando uma série de problemas envolvendo as ilhas que a deusa criou. Legal né? Não. Nem sei se ele existe mesmo ou se vai me ajudar, estou literalmente navegando no escuro. Faço isso pela minha vó Tala, que me pediu isso em seu leito antes de falecer e virar a incrível Arraia que me ajudou a chegar até aqui.

— Vamos HeiHei, temos que chegar lá logo, se não tudo isso vai ser em vão. – Digo ao galo que apenas me olha com esses olhos vazios que, sério, dão muito medo se ficarmos encarando fixamente.

Continuo a tentar domar o pequeno barco que peguei “emprestado” da caverna onde aprendi que nossos antepassados viajavam, mas assim como os outros atualmente, eu quase, eu disse quase, não sei o que estou fazendo.

“Porque eu?” penso olhando o mar vasto em que me encontro, apenas para sentir a pequena pedra esmeralda em meu colar esquentar um pouco. Balanço a cabeça rapidamente, tirando os pensamentos pessimistas de foco, enquanto vejo uma ilhota com uma montanha no escuro, logo abaixo da constelação.

— Só pode ser essa ilha, HeiHei! – Grito feliz, não percebendo um detalhe. – Eu não acredito e... Eu estou falando sozinha. – Enquanto observo o maldito galo comer uma pedrinha na areia.

De repente percebo uma sombra em minha direção, projetada por uma pequena fogueira que só a pouco eu notei, escondida entre as pedras, logo me escondo, segurando HeiHei e o remo do barco, temendo algo ruim.

— Um barco? UM BARCO! Eu não acredito que os deuses finalmente se lembraram de mim! – Ouço uma voz grossa gritar, parecendo feliz.

Hora da ação, me deseje sorte vovó”.

— Maui? Metamorfo? Semideus do vento e do mar? – Grito de olhos fechados, com medo do que o tal Maui poderia vir a ser.

— E herói dos homens, por favor, Maui, Metamorfo, Semideus do vento e do mar E Herói dos Homens, repita comigo. Mas, espera um pouco... Quem é você? –. Ouço novamente o ser dizer, enquanto finalmente abro os olhos.

— Espera ai! VOCÊ é o semideus? Não pode ser – Encaro novamente o homem, notando o quão mais jovem ele parecia ser. – Você não é igual às pinturas da vovó! – “Não pode ser ele, um semideus não pode aparentar ser tão jovem assim” penso.

— Claro que eu não sou igual às pinturas da sua vovozinha, eu sou único, meu bem –.

E foi nesse momento em que eu percebi o quão difícil iria ser essa missão.

Eu estou completamente ferrada!”