No dia seguinte, Saga chamou Mu, Milena e Aldebaran para jantarem com eles, quem sabe com a presença dos amigos ele conseguisse relaxar um pouco e também com o taurino ali perto dele, pudesse descobrir se era ele o autor dos gemidos na noite anterior. Com isso em mente, resolveu fazer o jantar.

Ao entrar na cozinha, ele se deparou com a cena usual: Berta já estava terminando de organizar os ingredientes para o jantar.

— Não precisa, Berta. Hoje eu mesmo vou cozinhar. Preciso me distrair um pouco – disse Saga, com um sorriso cansado.

Berta assentiu e saiu da cozinha, deixando o geminiano com seus pensamentos. Enquanto preparava os ingredientes, ele refletia sobre os últimos acontecimentos. Os gemidos misteriosos, o comportamento estranho dos colegas cavaleiros e a quarentena de Agnes pesavam em sua mente.

Quando o jantar estava quase pronto, Agnes entrou na cozinha com Raphael nos braços.

— O cheiro está maravilhoso, meu amor. – Ela sorriu, tentando aliviar a tensão evidente no rosto do marido.

Saga sorriu de volta, mas antes que pudesse responder, ele sentiu a presença de dois dois amigos, o qual concedeu a permissão para eles.

— Eles chegaram. – ele disse para a esposa que foi receber os convidados.

— Boa noite, Agnes. Tem certeza de que não iremos atrapalhar? — perguntou Mu, com um tom amigável.

Todos já haviam percebido que o geminiano não estava com o humor dos melhores e tudo o que ele menos queria era se indispor com o amigo.

— Claro que não, entrem — respondeu Agnes, convidando-os para a sala. — O Saga está na cozinha preparando o jantar.

Quando os três entraram, Saga apareceu na porta da cozinha, enxugando as mãos num pano.

Após o cumprimento, Aldebaran já foi logo dizendo: Bem, quero esclarecer uma coisa. Eu sei que vocês ouviram alguns barulhos ontem à noite, e queria deixar claro que não fui eu. Na verdade, também ouvi esses gemidos e estava investigando. Achei que vocês poderiam saber de algo. Saga e Agnes trocaram olhares. A tensão parecia crescer, mas ao mesmo tempo, havia um sentimento de alívio compartilhado ao perceber que não eram os únicos a serem perturbados pelos sons estranhos.

— Na verdade, também estamos tentando descobrir quem é – respondeu Agnes. – Luísa veio aqui ontem à noite e estávamos tentando entender o que estava acontecendo.

O grupo passou a discutir as possíveis hipóteses, mas sem muitas pistas concretas, a conversa logo virou sobre assuntos mais amenos. Enquanto todos se acomodavam para o jantar, Raphael começou a chorar, e Agnes o levou para amamentar.

Durante o jantar, a conversa fluiu de maneira mais descontraída.

— Saga, você lembra daquela vez que Kanon decidiu que não queria mais ser loiro e acabou com o cabelo pintado de verde? – Mu riu, trazendo à tona uma velha história que fez todos na mesa caírem na gargalhada.

— E ele ainda tentou me culpar, dizendo que eu havia comprado errado a cor da tinta. – ele deu de ombros e fez uma careta, o que fez todos caírem na risada.

— E o Milo ficou debochando dele, o que fez ele ficar mais irritado ainda. – Aldebaran disse, também rindo.

Saga estava começando a relaxar. Realmente, a presença dos amigos fez com que esquecesse os problemas dos últimos dias. Ele estava prestes a sugerir um brinde quando Kanon adentrou a cozinha.

Todos se entreolharam porque achavam que o geminiano mais novo tinha os ouvido e iria brigar, porém ele logo disse outra coisa para surpresa de todos.

— Vocês realmente não têm ideia de quem é, têm? — disse Kanon, com um tom provocativo, trazendo à tona novamente os gemidos da noite anterior.

— E você sabe? – Saga perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Talvez eu tenha uma suspeita – Kanon respondeu, prolongando a tensão. – E se eu dissesse que o culpado pode ser alguém que vocês nunca suspeitariam?

— Chega de enigmas, Kanon! – exclamou Aldebaran, batendo a mão na mesa. — Quem é?

— Bem, vocês não vão acreditar, mas... – Kanon foi interrompido por um som alto de gemidos vindos do lado de fora, mais altos e claros do que nunca.

Todos congelaram no lugar. Kanon deu um sorriso de canto e disse:

— É agora ou nunca. Vamos pegar os responsáveis com as mãos na massa... ou algo assim.

O grupo se levantou apressadamente e saiu em direção ao local de onde vinham os sons. A lua cheia iluminava o caminho enquanto avançavam silenciosamente. Kanon liderava o grupo, seguido por Mu, Aldebaran, Saga, Milena e Agnes com Raphael nos braços, embora tentasse protegê-lo do barulho.

Eles desceram as escadarias e quando saíram do templo de Áries, o geminiano mais novo fez a volta no monte zodiacal que sairia em uma pequena mata, surpreendendo a todos, pois era um caminho conhecido por poucos, porque ele só era usado pelos servos dos templos, caso precisassem se proteger em caso de lutas. A mata era só para disfarçar um templo quase em ruínas que havia ali e que daria em uma saída do Santuário em direção a Rodório.

Chegando perto do local, os gemidos tornaram-se mais intensos. Todos se entreolharam, ainda incrédulos com a situação. Eles contornaram uma coluna e, para sua surpresa, encontraram dois cavaleiros de prata, engajados em um exercício de luta bastante vigoroso e... incomum.

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No dia anterior

O Santuário estava calmo naquele final de tarde, com os Cavaleiros descansando após um longo dia de treinos. No entanto, Misty de Lagarto, conhecido por suas ideias inusitadas, decidiu que precisava de um exercício diferente para melhorar sua resistência. Misty, sempre buscando algo novo e excêntrico, teve uma ideia que envolvia um treino bem peculiar e obviamente ele não treinaria sozinho.

— Algol, tenho uma ideia para um treino que vai testar nossos limites de uma forma que nunca fizemos antes – disse Misty, com um sorriso travesso no rosto.

— Lá vem você de novo com suas ideias malucas. O que é desta vez? – perguntou Algol, um pouco desconfiado.

— Vamos fazer um treino de resistência muscular. – Misty declarou – Mas não aqui. – o lagarto olhou em volta percebendo os demais guerreiros, por mais que gostasse de chamar atenção, ele sabia que o tipo de treino que tinha em mente faria com que os outros debochassem deles.

— E vamos para onde? – questionou o perseu, apesar de estar desconfiado da ideia de Misty, ainda sim ele estava curioso para saber que tipo de treinamento ele estava planejando, afinal, se era para melhorar sua resistência, não tinha porque se negar a fazer.

— Vamos para o caminho secreto dos servos. Lá poderemos ficar à vontade. – o loiro disse com determinação, mas isso serviu apenas para deixar Algol mais desconfiado. – Me espere lá dentro de uma hora. – Misty avisou e saiu sem esperar resposta do outro.

Quando Algol lá chegou, se arrependeu na mesma hora porque Misty estava parado atrás de duas grandes bolas de exercícios.

— Bolas de exercício? Sério? E como exatamente isso vai funcionar?

— Simples! Vamos fazer uma série de exercícios em cima dessas bolas. Flexões, abdominais, agachamentos... tudo com a dificuldade adicional de manter o equilíbrio. Vai ser ótimo para nossa resistência e coordenação. Além disso, será divertido! — explicou Misty, já se posicionando em cima de uma das bolas.

Algol suspirou, mas acabou concordando.

— Tudo bem, vamos nessa.

Os dois cavaleiros se posicionaram nas bolas de exercício, tentando manter o equilíbrio. Começaram com flexões, mas logo perceberam que era mais difícil do que parecia.

— Ugh! – grunhiu Misty, tentando estabilizar-se enquanto fazia uma flexão. – Isso é muito mais difícil do que pensei!

— Diga isso de novo! – Algol respondeu, também lutando para manter o equilíbrio.

Com o tempo, os exercícios ficaram cada vez mais desafiadores. Quando passaram para os abdominais, ambos começaram a soltar gemidos involuntários a cada esforço.

— Aaargh! – gemia Misty, tentando completar um abdominal sem rolar para fora da bola. – Isso é ridiculamente difícil!

— Ugh! – respondeu Algol, suando e gemendo a cada levantamento. – Quem teve essa ideia idiota mesmo?

— Ugh! Parece que meus músculos estão pegando fogo! – gritou Misty, quase caindo da bola.

— Eu vou precisar de um banho longo depois disso! – respondeu Algol, rindo entre os gemidos.

Finalmente, depois de várias tentativas e muitas risadas, os dois cavaleiros conseguiram completar a série de exercícios. Exaustos, mas satisfeitos, eles se deixaram cair no chão, respirando pesadamente.

— Ok, admito... foi difícil, mas valeu a pena – disse Algol, ainda tentando recuperar o fôlego.

— Concordo. Quem diria que bolas de exercício poderiam ser tão desafiadoras? – respondeu Misty, sorrindo.

Os dois se levantaram, ainda rindo, e se cumprimentaram.

— Vamos tornar isso uma rotina? — perguntou Misty, piscando para Algol.

— Vou pensar no seu caso. – respondeu Algol.

Mas apesar da fala do prateado de Perseu, ele retornou no outro dia para o treinamento. Ele tinha intenção de não soltar muitos gemidos, porém devido ao esforço que os exercícios pediam, era praticamente impossível não soltar os sons estranhos.

Misty e Algol estavam tão empenhados que não notaram a chegada do grupo liderado por Kanon.

— Misty! Algol! — exclamou Saga, fazendo os dois se virarem abruptamente.

— O que vocês estão fazendo? – perguntou Aldebaran, com os olhos arregalados.

— Exercícios, claro – respondeu lagarto, um tanto confuso.

— E esses gemidos? – perguntou Mu, tentando não rir.

— Ah, isso... Bem, nós até tentamos, mas foi meio impossível por causa do esforço. – explicou Algol.

O grupo não conseguiu segurar a risada. A tensão acumulada das últimas noites se dissipou em uma explosão de gargalhadas.

— Então, todo esse tempo... eram vocês dois? – perguntou Agnes., rindo tanto que precisou se apoiar em Milena.

— Parece que sim. – Kanon finalmente revelou o que sabia. – Eu percebi que os sons vinham da direção da passagem dos servos, então só precisava confirmar.

— Bem, acho que está resolvido – disse Saga, ainda rindo. – Por favor, tentem fazer menos barulho. Ou pelo menos avisem antes, para não assustar todo mundo.

Os prateados, embora um pouco envergonhados, riram junto com os outros. Prometeram ser mais cuidadosos e todos voltaram ao templo de Gêmeos, aliviados e divertidos com a resolução do mistério.

De volta à casa de Gêmeos, o grupo decidiu prolongar a noite com uma rodada de jogos de tabuleiro e algumas bebidas. Kanon e Aldebaran começaram uma partida de xadrez, enquanto Mu e Aldebaran contavam histórias engraçadas de suas missões. Agnes colocou Raphael para dormir novamente e se juntou a eles, sentindo-se finalmente mais relaxada.

— Ei, Saga, lembra daquela vez em que o Máscara da Morte tentou cozinhar para todos nós e quase incendiou a cozinha? — perguntou Kanon, iniciando outra rodada de risadas.

— Ah, como esquecer? – respondeu Saga, rindo. – Ele tentou fazer um simples macarrão, mas acabou criando uma bola de fogo que quase nos deixou sem templo.

A noite avançou com muitas risadas e boas histórias, enquanto a lua cheia continuava a brilhar sobre o Santuário. A tensão dos últimos dias foi substituída por um sentimento de camaradagem renovada.

— Sabe, talvez precisemos de mais noites como esta – disse Mu, sorrindo. – Rir juntos faz bem para a alma.

— Concordo – respondeu Agnes, segurando a mão de Saga. – Precisamos lembrar de aproveitar os momentos juntos.

Enquanto a noite chegava ao fim, cada um foi se despedindo e voltando para suas respectivas casas. Aldebaran foi o primeiro a sair, ainda rindo das histórias compartilhadas.

Mu e Milena se despediram com abraços calorosos, agradecendo pela noite agradável.

Quando finalmente ficaram sozinhos, Saga e Agnes se acomodaram na cama, exaustos mas felizes.

— Quem diria que a solução para o mistério dos gemidos fosse tão simples? – comentou Agnes, rindo.

— Sim, e pensar que estávamos quase ficando loucos por causa disso. – Saga riu enquanto puxava a esposa para mais perto.

— Vamos tentar descansar agora. O pequeno Raphael vai acordar em breve. — Agnes deu um beijo suave na testa de Saga e se acomodou ao seu lado.

Com a paz finalmente restaurada, eles adormeceram, sentindo-se mais unidos e tranquilos do que nunca.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.