Missão Pop

Observações, interrogatórios, conversas e a visita


*Muro da entrada da casa de Yulia Volkova, Moscou, 18:58.

-Ai, o que deu no Jerry de mandar a gente pra cá? –Clover reclamou com Alex.

-Sei lá, Clover... Eu também não estou gostando nada disso.

-E a Sam... dá pra acreditar que ela está aceitando isso normalmente?

Amber estava distante alguns passos, observando as pessoas que passavam em frente a casa. Clover olhou na direção dela.

-Pelo menos é Amber que está aqui com a gente. Aquela Katy é muito estranha.

-Você quer dizer a Shu, certo? A oriental de cabelo rosa...

-Não. –Clover agitou a mão em negativa. –É a Katy mesmo. Tem algo nela que me desagrada...

*Cozinha da casa de Yulia Volkova, Moscou, 18:58.

Shu observava o chão, procurando alguma pista: uma pegada, um fio de cabelo, um pedaço de tecido. Katy trabalhava com o notebook de Yulia, tentando descobrir alguma coisa que levasse ao maníaco do vídeo. E Sam interrogava a cozinheira. Ela era uma mulher gorda, com cerca de 50 anos. Seus cabelos eram grisalhos e os olhos, azuis.

[conversa traduzida]

-Há quanto tempo você trabalha aqui?

-Quase três anos.

-O que você acha de Yulia Volkova?

-Ela é exigente, mas é educada e sempre me trata bem.

-E Lena Katina? Você a conhece?

-Claro. A srta. Katina sempre vem aqui. É um doce de pessoa.

-Você sabe se há alguém da convivência da família que não goste de Lena Katina, ou da dupla dela e de Yulia?

A cozinheira abriu a boca, como se fosse falar alguma coisa. Mas ela mudou de ideia e balançou a cabeça, em negativa.

-Nyet... Não.

Neste momento, Katy deu um berro de frustração.

-AAHH! Não acredito!

Shu se virou para a amiga, e perguntou:

-Katy, o que foi?

-Eu tentei reconstituir a voz verdadeira da pessoa que fala no vídeo...

Sam, esquecendo a existência da cozinheira, perguntou:

-E quem é que mandou...?

-É impossível saber... O maníaco foi muito esperto. Escutem:

Katy deu play no vídeo. A voz não era mais aquela coisa metálica de antes. Era uma mistura de várias vozes. Cada palavra era dita por uma voz diferente. Uma montagem de sons, para formar o texto da ameaça.

-Não acredito... –Shu disse.

-Nem eu.

*Muro da entrada da casa de Yulia Volkova, Moscou, 19:04.

Alex estava andando sobre o muro, observando o movimento dos empregados. Eram três homens, cuidando do jardim. Eles pareciam agitados.

“Será que eles sabem alguma coisa sobre o vídeo? Ai... por que a Sam não está aqui? Ela poderia ouvir e descobrir o que eles estão falando... Já sei! Vou gravar a conversa!”. Alex pegou o seu pó compacto Whoop e direcionou para os três jardineiros.

Enquanto isso, Clover caminhava de um lado para o outro, sem se importar realmente com as pessoas que ela devia observar.

“Como é que a Sam pode abandonar a gente assim? E aquela história de melhores amigas para sempre? Ela está abandonando a gente! E onde estava a cabeça de Jerry quando ele decidiu colocar a gente nessa missão?!? E aquela Katy... Eu não fui com a cara dela, desde o momento que ela trombou com a Sam... Ela é ridícula!”

Amber estava quieta, observando as pessoas que se aproximavam e se afastavam da casa. Ao mesmo tempo, ela observava o que Alex e Clover faziam. Não conseguia compreender o que a espiã loira estava fazendo. Ela andava, sem dar atenção à sua tarefa, e parecia muito angustiada.

“Acho melhor conversar com ela...”

Amber se aproximou de Clover, que nem percebeu a presença da agente negra.

-Clover, você está bem?

-Estou ótima. –Ela respondeu de forma abrupta, automática.

-Você não parece nada bem.

-Não é da sua conta.

-Ei, a gente está trabalhando juntas, então, se você não está bem, é da minha conta sim...

-O que é que você quer?

-Só quero saber se você está bem.

Clover, de repente, percebeu que estava falando.

-É essa missão maluca que o Jerry inventou. Isso está me dando nos nervos, sabe? Essa história de misturar duas equipes, e mandar a gente para a Rússia, para proteger essas... essas Yulia Volkova e Lena Katina... É muito sem sentido. –Clover falava, atropelando as palavras. –Tem também aquela Katy, eu não fui com a cara dela. E a Sam... Parece que ela esqueceu que a equipe dela é comigo e com a Alex...

-Hum... O Jerry mandou as duas equipes para essa missão porque ele acha que a gente tem condição de resolver esse mistério. E são duas equipes para a gente aprender a trabalhar com qualquer agente. Isso não significa que as equipes vão deixar de existir. Mas a gente nem sempre vai ter as nossas amigas para trabalhar conosco, entende? E Yulia e Lena são duas pessoas que precisam da proteção da Whoop. É por isso que essa missão existe. –Amber falava, observando Clover. Ela era muito observadora, uma das suas características mais fortes como espiã. –E sobre Katy, não há nada de errado com ela. Ela é bem exibida e extrovertida, mas logo que a gente se acostuma, dá pra ver que ela é uma pessoa legal. E sua amiga Sam, ela não está abandonando você e Alex. Ela só está fazendo o que Jerry disse: trabalhar em equipe, com outra equipe.

Clover ergueu os ombros, como se dissesse “tanto faz”.

Amber voltou para o local em que estava antes, sabendo que a outra espiã precisava de tempo para pensar e entender. Observando novamente o movimento próximo a casa, Amber notou que um carro se aproximava, diminuindo a velocidade, e se dirigindo ao portão. Pegando um binóculo, ela espiou os ocupantes do carro. Havia um motorista no banco da frente, e atrás, uma mulher ruiva e dois guarda-costas.

O carro parou em frente o portão. O motorista abaixou o vidro, e falou alguma coisa para o segurança da entrada. Alguns segundos depois, o portão se abriu e o carro entrou na casa.

-Clover, Alex –Amber chamou. –Lena Katina está aqui.

*Cozinha da casa de Yulia Volkova, Moscou, 19:08.

Um interfone começou a tocar. Boris, o mordomo, atendeu e disse para Sam:

-Lena Katina está aqui.

A espiã traduziu para as outras, e as três saíram da cozinha, se dirigindo para a sala de visitas, onde haviam conversado com Yulia Volkova.

A cantora estava lá, conversando com Boris, que anunciava a visitante. Ele saiu, para esperar Lena.

-Lena chegou. –Yulia disse, dando um sorriso. –Estava preocupada... Ela demorou muito.

Depois de alguns instantes de espera, a porta de entrada se abriu, e Lena Katina entrou na sala.