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O Inspirar Antes Do Mergulho


P.O.V. Nasuada

É impossível descrever o que senti quando vi o ovo chocar para mim. Saber que tinha sido escolhida para ser cavaleira de um dos ovos de Saphira foi completamente avassalador. O pequeno dragão prateado saiu da casca do ovo e esticou a cabeça na minha direção desequilibrando-se um pouco. Quando a cabeça escamosa entrou em contacto com a minha pele senti uma corrente gélida percorrer-me o corpo, deixando-me completamente sem reação.

Quando a fria sensação abandonou o meu corpo, dando lugar ao seu característico calor, senti uma onda de alegria desconhecida juntar-se à minha própria alegria. Olhei de leve para o dragão e agarrei-o no meu colo. Ele rapidamente se aconchegou enquanto ouvíamos os conselhos de Saphira e Eragon.

“Preciso de te escolher um nome…”, o dragão remexeu-se no meu colo ao aperceber-se da presença de um novo elemento na sala. Virei-me e vislumbrei o último rosto que podia imaginar, e mesmo assim, aquele que mais queria ver há já muitos anos. Murtagh. Mais forte do que nunca ali estava o meu amor de outrora, o meu único verdadeiro amor e o responsável pela solidão que senti todos estes anos. Um sorriso assaltou o meu rosto, mas rapidamente se desvaneceu ao aperceber-me da presença de uma outra figura, minha desconhecida, atrás dele. Era uma figura de uma mulher elegante, com traços elegantes e cabelos pretos. O s seus olhos eram cinzentos como cinza e não possuíam qualquer tipo de brilho.

“Olá irmão!”, Murtagh saudou Eragon com um enorme sorriso no rosto. Desmontou a sela de Thorn e cumprimentou-o com grande alegria, ignorando qualquer outro presente na sala.

“Esta é Lunah, creio que será importante termos uma conversa a sós…”

Então Lunah é o seu nome… Não aguentei mais presenciar aquela cena e por isso, com o meu recém parceiro de pensamento, abandonei a sala sem me incomodar em dar desculpas esfarrapadas. Todos sabiam que sentimentos ainda nutria por Murtagh, seria parvoíce inventar razões absurdas para o meu súbito mau humor quando as genuínas já estavam ao alcance de todos.

Ausentei-me para os jardins do palácio e concentrei todo o meu pensamento na cria que segurava nos braços. Decidi que tinha de lhe encontrar um nome honrado digno dos seus pais e digno da gratidão que sentia por ser a escolhida. Um numero infinito de nomes atravessou o meu pensamento mas nenhum parecia ser suficientemente bom para a pequena cria. Outro pensamento levou-me a parar de pensar em nomes, eu não escolheria o nome até ter a opinião do meu ou minha dragão, ele tinha uma palavra a dizer, Sempre.

A busca por nomes continuou, mas decidi abrandar o ritmo com que procurava novos e decidi anotá-los para que quando a hora chegasse eu os citasse até encontrar o nome perfeito.

Uma onda de fome assolou-me vinda da mente do dragão e eu retornei ao palácio apenas tomando consciência das horas quando vislumbrei o sol a pôr-se no horizonte distante.

P.O.V. Eragon

Murtagh cumprimentou-me como se mais ninguém se encontrasse na sala. A sua postura era séria e parecia preocupado. Ouvi alguém abandonar a sala, mesmo sem olhar sei de antemão que é Nasuada que a abandonou. É óbvio que ainda tem sentimentos fortes pelo Murtagh e reencontrá-lo quando este se faz acompanhar de uma mulher não será certamente agradável.

Segui-o com Arya e Saphira no meu encalço, embora todos se sentissem ignorados e desrespeitados, incluindo-me, que embora não ignorado e bem saudade achei rude a forma como ignorou todos os meus convidados e amigos.

Como se me lesse a mente, Arya alcançou-me, entrelaçou os nossos dedos e sussurrou-me um “Tem calma.” Suave, o que, obviamente, acalmou a minha ira.

Encaminhámos Murtagh e a sua acompanhante, Lunah, para o escritório do palácio da minha amada e rainha dos elfos, Arya

Pelo semblante da minha companheira e dos dois visitantes à minha frente dispostos e sentados esta seria uma reunião bem longa.

P.O.V. Arya

Eu sabia que Murtagh não era a pessoa mais delicada do mundo, mas aparecer do nada exigindo atenção e ainda por cima não saudando devidamente os presentes foi muito rude. Esta reunião será realizada não por vontade minha, que preferia continuar a nossa cerimónia a reunir-me com um bruto e uma desconhecida, mas quero estar presente para apoiar Eragon. Ele tem um coração bom e é corajoso e sábio, mas algo me incomoda na forma como tudo se desenrolou. A súbita aparição, a urgência da reunião e a energia negativa que rodeia os recém-chegados.

Espero que não demore muito a resolver este assunto. Nasuada preocupa-me. Ela saiu da sala quase a correr e sei que o seu coração ficou partido em mil pedaços quando viu Murtagh acompanhado depois de se ter afastado dela por tantos anos. A outra razão da minha pressa é o aniversário de Eragon, tenho uma surpresa em mente e tenho de ter tudo preparado antes do grande dia.

P.O.V. Elva

Todos abandonaram a sala depois da súbita aparição de Murtagh excetuando-me e a Fírnen.

O protetor dragão olhava para os ovos que em breve encontrariam um destino semelhante ao do recém-nascido do ovo prateado com amor, algum receio e saudade prematura.

Estava prestes a deixar a sala, mas algo me deteve. Um ovo que ainda não se tinha feito notar captou a minha atenção. Aproximei-me sob o olhar atento de Fírnen. O ovo era roxo com pequenos brilhos da mesma cor em toda a sua casca que lhe davam um brilho sobrenatural em contraste com todo o ambiente que o rodeava. Roxo era a minha cor favorita e, se me perguntassem, de que cor gostaria que fosse o meu dragão se algum ovo chocasse para mim, essa seria certamente a minha escolha.

Ao alcançar o poiso dos ovos olhei Fírnen como que a pedir permissão para o agarrar. Ele inclinou a cabeça e deitou-a sobre as patas dianteiras colocando-se numa posição mais confortável ao mesmo tempo que relaxava os músculos de todo o seu corpo. Quando segurei o ovo senti-me nova e alegre como se o simples toque dele me aliviasse a alma. Senti-me única por ter a oportunidade de me aproximar de algo tão delicado e bonito.