Misery

2020

11 de março – Italia

È stata dichiarata dall'Organizzazione Mondiale della Sanità Pandemia.

Os dias estavam totalmente malucos na sua cidade, já estavam em casa, os três. Kathy, Eli não tinha aulas, pois estavam suspensas já a quase uma semana. O número de mortes estavam só subindo. Estava preocupado com seus filhos que estavam em NY, e com a sua mãe. Desligou a televisão e jogou o controle no sofá.

—- Kathy, está acontecendo... Essa coisa está no mundo inteiro! Disse incrédulo.

—- Eu escutei... Meu Deus!! Vou ligar para os meninos e para minha mãe.

—- Faça isso... Disse ele abrindo a geladeira.

De alguma forma uma pessoa passou como relâmpago pela sua mente. E isso o fez gelar, só de imaginar se acontecesse alguma coisa ou com ela e com ele e nunca mais se viriam.

Ele acompanhava algumas notícias sobre ela, todas as vezes que procurava era escondido, querendo que fosse escondido dele mesmo. Ele precisava afundar esses sentimentos o mais profundo que pudesse. Ele não poderia deixar eles virem a superfície. Não podia...

Já tinha alguns anos que ele tinha voltado para NYPD, e as vezes ouvia alguma conversa sobre a então Capitã Olivia Benson de Manhattan SVU. Mas a vantagem de estar em outro pais com outros policiais ele não precisava de explicar o que ele foi para ela. Ele não falava nada mais as memorias voltavam quando isso acontecia, era como lutar com um leão muito feroz dentro dele. O seu humor mudava, fica mais introspectivo. E muitas vezes Kathy percebia e isso virava algo que ela queria discutir e ele não.

Naquele momento parado em frente a geladeira começo a luta desigual. Pegou qualquer coisa e se sentou no sofá. Pensando em ligar, mais nem o telefone dela ele tinha mais, 10 anos sem trocar nem uma mensagem ou nem um telefonema. Ele tinha que manter a promessa que fez a si mesmo. O medo de nunca vê-la ou ouvir sua voz o triturava. Nunca foi tão forte quanto nesse momento.

—- Elliot! Kathy chamou segurando o telefone.

Ele estava tão absorto em seus pensamentos, na verdade focado em manter o leão adormecido, e estava difícil.

—- Elliot! Ei!! Gritou Kathy.

Ele voltou a realidade sem conseguir o que ele estava tentando fazer, seu coração parecia está correndo uma maratona, girou o pescoço para fita Kathy.

—-Oi!! Desculpa... Muita coisa para processar. Deu um sorriso no canto da boca.

—- Dick quer falar com você! Respondeu Kathy dando o telefone para ele.

—- Ok! Obrigado!

Dezembro 2020

Elliot estava trabalhando na rua as vezes quando tinha buscas ou prisões. E durante o ano ele havia feito prisões com a polícia italiana que tinha ligações com negócios diretos em Nova York, ele sabia que teria que voltar para NY logo para depor no julgamento dos envolvidos. Para isso ele tinha que pegar alguns papeis no escritório para estudar o caso, como ele havia feito em vários casos anteriores a esse.

O frio estava cortando, a cidade vazia, parecia um filme de terror, os números de mortes só aumentavam pelo mundo a fora, e as pessoas cada dia com mais medo de perderem seus amados. E ele não era diferente. Todos os dias ligava para seus filhos para ter noticias, e recomendava a Kathleen para cuidar da avó. Mas sempre vinha ela na cabeça, todos os dias, a vontade de ligar, de ouvir a voz dela falando que estava bem. Mais isso ele não se permitia. Não podia, por ele e por Kath.

Entrando na sala onde ficava o escritório da NYPD foi até a sua mesa pegou as pastas com os documentos e saiu apressado.

Voltou para casa e deixou os documentos em cima da sua mesa no seu escritório, não deu muita atenção porque ele iria fazer a janta.

Já a noite sentou na sua mesa para estudar sobre o caso. Kathy já estava acostumada com essa rotina de quando havia julgamento ele se dedicava a revisar tudo antes de ir ao tribunal.

Ela apontou na porta com um copo quente nas suas mãos

—- Fiz um chocolate para você!

Ele levantou a cabeça e sorriu.

—- obrigado! Disse sorrindo.

Ela entrou sorrateiramente na sala, e ficou ao seu lado e pousou a caneca ao lado dele.

—- Cuidado para não derrubar em cima dos documentos. Avisou ela.

A tela do computador estava aberta na pagina da NYPD e foi atualizada sem que nenhum dos dois percebessem.

Kathy olhou sem querer, e viu... seu coração parou. Só o nome a fazia tremer, toda a insegurança de anos atrás veio a tona. O sentimento que ela tinha era confuso. Atraves dos anos ela foi se acostumando mais sempre soube que tinha algo. Seus instintos sabiam que tinha. Mas ficava quieta porque ela confiava e confia no homem que escolheu.

—- Elliot! Chamou a atenção dele...

—- O que? Ele não entendeu.

—- Olha quem vai receber uma homenagem em Março? Disse ela apontando

Elliot se arrumou para enxergar.

E viu... leu. Seu coração parou, parecia que tinha sido pego em flagrante só de estar na sala com o nome dela no computador, e o pior a sua esposa viu.

HOMENAGEM DE MULHERES DO ANO NYPD

CAP. OLIVIA BENSON

SVU MAHATTAN

8:00 PM

—- Quando é o julgamento?

Elliot tossiu limpando a garganta

—- Previsão para início de março. Porque?

—- Poderiamos ir, o que acha?

—- Não é uma boa ideia. Disse ele voltando para os papeis.

—- Qual é Elliot!? Vocês não tem se falado todos esses anos?

—- Não. Respondeu rápido e seco querendo terminar essa conversa o mais rápido possível.

—- Não acredito! Disse Kathy. Todos esses anos, você de volta para força? E vocês nunca mais se falaram.

—- Não. O que você quer Kathy? Disse ele fitando ela.

—- Poderiamos ir! Ela irá gostar de ter o ex parceiro lá! Disse ela.

—- Não quero. Não posso. Nem sei como começar uma conversa com ela, Kathy faz 10 anos, nunca conversamos depois do tiroteio. Você sabe disso.

—- Eu sei... eu sei mas isso pode fechar o ciclo, para você e para mim também! Disse ela.

Isso o pegou de surpresa.

—- Como assim? Para você.

—- Ah El, você sabe, no começo tinha ciúmes dela, não tinha segurança deixando ela com você noites de trabalho...

Ele devagou e lembrou de todos os momentos que eles tiveram juntos durante 12 anos de parceria.

—- Ela nunca... ele começou a falar mais foi interrompido por ela.

—- Eu sei... com o tempo conheci a Olivia, sei que ela nunca iria cruzar as linhas. E você também. Mas vocês, os dois juntos era algo! Forte! Dava para sentir. E depois desse tempo todo eu tive certeza que você sempre esteve ao meu lado! E te amo por isso.

Elliot deu um sorriso.

Ele sabia que a maior parte era verdade mais o sentimento de culpa por enterrar os sentimentos pela Olivia veio á tona.

—- Você pode escrever uma carta para ela e entregar a ela!

—- Nem sei por onde começar, vamos deixar isso pra lá! Vamos em NY só para o julgamento e pronto. Definiu ele.

—- Ok não vou falar mais nada! Kathy o beijou na testa e saiu do escritório.

Essa noite Elliot passaria acordado, não para revisar o caso, mais imaginando mil e umas situações de encontrar Liv. Só de Kathy levantar essa possibilidade foi o suficiente para deixar os sentimentos borbulhando.

A noite passava arrastada e ele sofrendo com o que ele iria fazer... como ele iria entrar na vida dela, o que ela teria a falar com ele, será que ela pensava nele ou tinha raiva dele por ter cortado ela de uma vez só.

Elliot era complicado, e ela sabia disso, mas a forma como ele teve que fazer para sair daquele lugar que estava foi cruel, tanto com ele quanto com ela. Ele sabia que havia ferido ela, e não era pouco. Ele a conhecia tão bem, que um olhar dela ele entendia o que ela estava sentindo ou até mesmo pensando.

Se fosse outra realidade, o que ele seria dela e ela dele? Será que eles poderiam ter tido uma vida juntos, dormido juntos? Isso o torturava. As oportunidades que eles tiveram para experimentar um ao outro? Seria isso uma possibilidade?

Não! Não ! Ele balançou a cabeça.

Seus votos a Kathy seriam até a morte, ele se comprometeu perante Deus com essa mulher e ele iria cumprir até o ultimo suspiro. Liv merecia alguém sem esse voto para ser feliz, não ele!

Ele era feliz, com seus filhos todos encaminhados, menos Eli que ainda era adolescente, e moravam com eles ainda. Ele não poderia deixar Kathy mais uma vez, não!

Os pensamentos corriam na sua cabeça. Não sabia o que fazer, a situação da pandemia o pôs para pensar muito nas coisas que queria fazer ou que teria que mudar para melhorar. E depois dessa conversa e desse interesse de Kathy de fechar o ciclo indo a homenagem a Olivia, deixou muito atordoado.

Ele sabia que ela não gostava de surpresas, teria que falar com ela antes e isso o assustava completamente. Ele não sabia como começar essa reaproximação. Porque Olivia não era apenas sua ex parceira, era o amor da sua vida, ou seria em um mundo paralelo onde seu casamento com Kathy não existisse. Todos esses anos ele vem se amarrando e se machucando para que isso não venha a tona, escondendo dele mesmo esses sentimentos.

Ele lembrou de alguém que poderia ajudar. Fin!

Ele jogou o nome dele na busca no computador na plataforma da NYPD, pegou o número. Resolveu discar.

Ansiedade a mil, ele também não falava com ele desde quando ele o encontrou em um café ao acaso e teve que explicar o porquê que saiu em poucos detalhes.

Nem parou para pensar no fuso horário.

Nova York

23:00

Fin estava com Phoebe sentado na sala assistindo filme, estavam ficando mais juntos nesses dias de pandemia, eles surpreendentemente se aproximaram tanto que ele se sentia feliz por tê-la ao seu lado. Fin sempre deixava o celular perto, porque nunca se sabe quando teria um chamado. Ainda bem que Phoebe entendia ele por fazer isso, porque ela mesma também mantinha o celular o mais perto possível em caso de alguma chamada.

A tela do celular começou a brilhar, ele pegou o celular e estranhou o número e o horário. Ele não reconhecia esse código. Meio confuso se atendia ou não. Phoebe viu a reação dele e perguntou.

—- O que foi?

—- Um número que nunca vi me ligando essa hora, e tem um código de um outro pais! Será que atendo? Perguntou ele.

—- Atende, vamos ver! E sorriu

—- Alo? Disse Fin desconfiado.

Elliot não sabia como falar naquele momento. Parecia que tinha desaprendido a falar sua língua. Ficou paralisado.

—- Alo! Repetiu Fin Quem é?

Depois de um pouco Elliot conseguiu falar.

—- Fin? Ham...

—- Sim.. respondeu Fin confuso.

—- Sou eu...

Essa voz, Fin conhecia mais não sabia de onde...de repente veio o estalo.

—-Elliot? Perguntou quase incrédulo. Havia séculos que eles não se falavam.

—- sim Fin , sou eu! Soltando um riso sem graça.

Fin se endireitou que até chamou a atenção de Phoebe. Ela maneou a cabeça com surpresa. Ela sabia da saída dele do esquadrão e poucas coisas que o Fin comentava.

—- Como você está cara? Quanto tempo!

—- Estou bem Fin.

—- Aconteceu alguma coisa, para você finalmente me ligar? E como conseguiu meu número? Perguntou Fin confuso. Pois o número dele já havia mudado uma dezena de vezes em todos esses anos.

—- Pois é, então, eu fiz uma buscar rápida no sistema. Disse elliot se encostando na cadeira com a coluna inteira.

—- Como assim. Riu Fin.

—- Então eu voltei para NYPD tem uns 3 ou 4 anos...

Fin interrompeu.

—- A Liv não sabe disso, eu presumo. Como eu ela ficará muito surpresa em saber disso.

O que ele falou entrou como mil facas em sua garganta, tirando a fala e até o ar. Ele nunca mais procurou a Liv, e se lembrou como ele teve que evitar e brigar contra sua vontade de atender as inúmeras ligações que ela fez quando ele saiu da NYPD.

Elliot limpou a garganta e finalmente conseguiu falar.

—- Não. Não falei com a Olivia desde quando sai... Mas vou estar em Nova York daqui duas semanas e queria só falar com você.

Ele omitiu que já sabia da premiação da Olivia, e que a Kathy estava querendo ir.

—- Então, Liv vai ser homenageada pela corporação, seria legal se você aparecesse. Mas acho que você tem que procurar ela para conversar melhor. Você quer o número dela? Perguntou Fin. Sabendo que esses dois tinha muito para conversar.

—- Não, não eu pego no sistema...Vou fazer isso Fin. Vou fazer isso... Estão todos bem? Perguntou ele tentando se esquivar do conselho.

—- Sim, tirando essa pandemia... Todos bem.

—- Ok. Que bom, chegando aí eu te ligo.

—- Não esquece de procurar a Liv. Advertiu Fin.

—- Ok. Ok disse ele displicente. Boa Noite cara!

A cabeça de Elliot ficou atordoada a noite e o dia que se seguiu... uma inquietação... Não sabia o que fazer, se procurasse a Olivia tinha medo da reação dela, afinal não foram alguns dias sem conversar, foram anos, e ele teve um comportamento que hoje ele acha que foi necessário porque ele não conseguiria se afastar da unidade se ele a escutasse, ou era essa a desculpa mais plausível que ele encontrou no subconsciente para justificar seu erro com ela.

O dia passou e Katy percebeu essa inquietação dele, sabia que algo estava incomodando muito...

— El, você está atordoado com a nossa conversa? Perguntou ela o observando na mesa de café.

— Oi? Que conversa? Disse ele tentando desviar o assunto.

— De NY, encontrar a Olívia! Disse ela bebericando a xicara.

— Ah! Não. Disse ele mentindo e ela sabia disso. Problemas no trabalho.

— O problema sei muito bem qual é! Vamos. Você precisa estar lá! Você deve isso a ela!

Elliot ficou surpreso com a Kathy, ele nunca imaginou isso sair da boca dela.

— Nem sei como eu vou me aproximar dela, nem o que falar! Ela deve me odiar, você não a conhece...

— Eu sei El, mais se a amizade e a parceria de vocês foi ou é forte isso não vai impedir, além do mais essa pandemia está ensinando que um momento podemos estar aqui e no outro não. Pense com carinho, se quiser eu escrevo a carta para você. Disse ela levantando da mesa.

Elliot ficou pensativo o dia todo.

Na noite ele entra na sala e se senta ao lado de Kathy e fala

— Kathy, você pode me ajudar? Escreva a carta para mim porque eu tentei várias vezes e não consigo nada descente que ela precisa de ler.

— Ok, ajudo sim. Disse ela se levantando e indo em direção do escritório.

Kathy entrou no escritório e sentou na mesa, e percebeu que havia alguns papeis rasgados no lixo, e ao notar o bloco de folhas algumas palavras ficaram marcadas nele. Uma frase ela conseguiu ler passando o lápis em cima.

Liv, desde o que aconteceu na unidade, a forma com que tive que me forçar a me afastar de você, me deixou na miséria, de viver sem você, acredite em mim.

Isso fez o sangue dela ferver, ela suspeitava, desde sempre, ela sabia no intimo dela que Elliot tinha algum sentimento pela Olívia. Ela achou que quando eles se separaram eles poderiam ter dormido juntos mais todas as vezes que ela o interrogava sobre isso ele negava. Com o tempo afastada de NY, ela se sentia mais segura, mais ainda desconfiava de os dois poderiam ter algum contato. E ele jurava que não conversava ou tinha noticias nenhuma da sua ex parceira.

Pegando a caneta ela começou a redigir.

Passou algum tempo ela entregou um envelope para ele.

— Pronto, agora podemos ir e entregar a ela pessoalmente. E sorriu.

Kathy não tinha maldade, mas só queria libertar Elliot dela.

— Dê uma lida para vê se está de acordo! Sorriu ela.

Elliot pigarrou, abriu o envelope.

Na hora que ele leu que:

“O que você pode ter achado o que erámos um para o outro não era real”

Ele queria brigar para retirar essa parte, mais não poderia... ele deveria aceitar, afinal ele a pediu para escrever. Depois ele teria que viver essa vida, a vida real dele. Com Kathy.

— Uh! Está ótima. Obrigado! Disse ele dando um beijo na bochecha de Kathy e subindo para o escritório.

Ele passou a carta a limpo na sua caligrafia, e no final adicionou o que ele queria falar, do fundo da sua alma, que até ele estava escondendo.

“ mas em um mundo paralelo, sempre seria eu e você”

Ele selou o envelope e colocou no meio das suas pastas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.