Mirror in the sky, what is love?

That's the kind of love I need.


–Você, Felipe Fernandes, aceita Vanessa Canato como sua legítima esposa, para amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença todos os dias de sua vida? –Disse o juiz de paz, a voz nobre e rouca invadia o salão e ecoava por todos os lados.

–Eu, Felipe Fernandes, recebo-te por minha esposa, para amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença todos os dias das nossas vidas. –Ele disse, virando-se para a ruiva ao seu lado.

–Você, Vanessa, aceita Felipe Fernandes como seu legítimo esposo? O juiz perguntou, virando-se para ela.

–Eu aceito.

–Eu, perante á igreja e todos os presentes, lhes declaro marido e mulher, senhor e senhora Fernandes. Felipe, você pode beijar a noiva.

Todos os padrinhos, madrinhas, damas e pajens se sentaram enquanto esperavam pelo e noivo e pela noiva, para que os dois fizessem juntos a primeira entrada como um casal casado.

Marina se sentou ao lado de Clara, mas fez questão de manter os olhos focados em outra coisa. Não queria olhar para ela. Já era ruim demais ter que ficar sentada ao lado dela a noite inteira, mas estava quase na hora da dança e essa sim teria um grau elevado de esquisitice.

Marina olhou em volta, procurando por Cadu. Não o enxergou em lugar nenhum. Onde ele estava? Antes que ela pudesse pensar sobre mais alguma coisa, um homem tomou o microfone e chamou a atenção de todos os presentes no salão.

–Senhoras e senhores, eu lhes apresento, pela primeira vez, esse casal maravilhoso: senhor e senhora Fernandes! –Ele anunciou, fazendo com que todos observassem a entrada triunfal do casal recém-casados. De mãos dadas, os dois passaram pela pista de dança e foram em direção á mesa principal.

Clara e Marina imediatamente se levantaram e abraçaram os dois. Clara sentiu as lágrimas nos olhos quando viu a felicidade estampada nos olhos do irmão. Vanessa estava linda. O vestido branco lhe servia perfeitamente.

–Como é estar casado? –Ela sussurrou no ouvido do irmão.

–É a mesma coisa. –Ele sussurrou de volta. Ele olhou para Vanessa, e então voltou a olhar para Clara. –Por mais que eu a ame mais do que amava uma hora atrás. –Ele terminou.

–Ai, meu Deus, vocês são tão lindos. –Ela exclamou.

–Parabéns, Felipe. –Marina passou por Clara, fingindo não ter a notado. –Eu tô muito feliz por vocês, e não é da boca pra fora. Eu realmente estou feliz. –Ela disse, abraçando Felipe.

–Obrigada, Marina. É muito importante pra mim que você esteja dizendo isso, de verdade. Eu tô muito feliz que você esteja aqui com a gente, ainda mais agora que nós somos basicamente... Família. –Ele gargalhou. Marina passou por Felipe e olhou para Vanessa, que gargalhava.

–Você contou pra ele? –Ela questionou.

–Como eu podia não contar? Não é todo dia que Marina Meirelles faz algo tão... Careta. –Ele brincou. –De qualquer jeito, eu não tenho segredos com o meu marido e nunca vou ter. –Ela disse, antes de se virar para o marido e beijá-lo apaixonadamente.

–Infração anotada: nunca mais te contar nada. –Ela murmurou, fazendo os dois rirem. Clara mantinha os olhos focados em Marina enquanto os três conversavam.

Dizer que ela estava chateada com Marina seria quase um elogio. Ela provavelmente teria que aguentar uma noite repleta de sorrisos falsos, tudo graças á Felipe e Vanessa. Mas quando viu Nancy sentada no fundo do salão, aquela foi a gota d’água.

–Eu preciso cumprimentar alguns amigos antes da comida vir.

–Eu preciso fazer xixi. –Disse Vanessa. –Você pode me ajudar? –Ela se virou para Marina, que assentiu. Clara seguiu Felipe.

Quando os dois se afastaram de Vanessa e Marina, ele percebeu o rosto perdido de Clara.

–Eu realmente gostei da banda que vocês contrataram. –Ela comentou, olhando para o palco.

–É, eu os adoro também. A Vanessa era fissurada, então foi um presente de casamento. –Ele contou. –Eu liguei, vi se estavam livres e então os contratei. –Ele explicou. –Então... Você falou com ela? –Felipe questionou.

–Falei. –Clara respondeu, simplesmente. O tom de voz era tão baixo que era difícil entender o dito da mesma.

–E...?

–E aconteceu o que eu disse. Eu a assustei, me precipitei. Agora ela quer fingir que nada aconteceu. –Ela disse.

–Como?! –Ele perguntou, levantando uma sobrancelha. –Qual é a porra do problema dessa garota?

–Felipe, não se preocupa com isso, tá bom? É o seu casamento! Eu não quero que você desperdice esse momento de felicidade por minha causa.

–Clara, eu não me importo que dia é, eu vou sempre me preocupar com você. Você é minha irmã, minha melhor amiga. Ninguém devia te machucar, nem hoje e nem nunca. –Ele disse. –Você a daria outra chance se ela pedisse? –Ele questionou.

–Honestamente, eu não sei. Uma parte grande de mim diz que sim, mas aí uma parte ainda maior diz que não. Essa parte diz que ela é imatura e que eu estaria cometendo um erro enorme. –Ela disse. –Enfim. Não se preocupa com isso hoje, aproveite sua noite de todas as formas possíveis. –Clara pressionou.

Felipe bufou. –Tá bom, se é isso que você quer. –Ele disse.

–É o que eu quero. –Ela suspirou.

–Ok, então vamos mudar de assunto... Por enquanto. –Ele esclareceu.

–Ei, irmão...

–Hum? –Ele murmurou.

–Você está casado! –Ela exclamou.

Felipe riu. –Eu sei. Meu deus, eu tô tão feliz, Clara, tão feliz!

–Eu também. –Ela sussurrou. Felipe pôde ouvir a mágoa na voz de Clara. Ele viu Marina num canto do salão, rindo com Nancy, e então se virou para Clara, impedindo-a de ver tal coisa.

–Você pode me fazer um favor? –Ele perguntou.

Clara assentiu. –Qualquer coisa. –Ela disse.

–Eu preciso que você ache uma farmácia e compre camisinhas pra mim. –Felipe tentou inventar qualquer coisa.

Clara levantou uma sobrancelha. –Agora?

–Sim. Quer dizer, não. Compre-as agora, mas elas são para mais tarde. Nós vamos beber demais e eu não quero ter que parar numa loja de conveniência com a Vanessa vestida de noiva no meio da noite. –Ele sussurrou.

–Irmão, é seu casamento. Eu acho que é seguro dizer que todo mundo sabe o que vocês vão fazer mais tarde. –Ela gargalhou.

Felipe revirou os olhos. –Você pode só ir lá comprar pra mim? –Ele implorou.

–Tá bom, eu volto já já. –Ela murmurou. Deu um gole grande no champagne e devolveu a taça para o irmão. –Só vou porque daqui a pouco vou beber tanto que não vou conseguir andar. –Ela disse antes de andar para longe.

Felipe procurou por Vanessa, e avistou o vestido branco adentrando o salão principal e sendo elogiada por todos os presentes. Ele andou até ela e a impediu de continuar, sussurrando em seu ouvido.

–Preciso que você fale com a Marina. –Ele sussurrou.

–Pra quê? –Ela sussurrou de volta.

–Ela ferrou tudo. –Ele disse.

–Ferrou com o quê? Eu não tô entendendo nada.

–Ferrou tudo com a Clara.

Vanessa levantou uma sobrancelha, e Felipe viu Marina e Nancy perto o suficiente para ir até lá.

–Depois eu te explico. –Ele disse, furando o caminho de pessoas que a rodeavam e indo em direção á Marina e Nancy.

–Oi! –Marina disse, virando-se para Felipe.

–Nancy, não é? –Ele perguntou, estendendo a mão direita para que Nancy o cumprimentasse.

–Sim. E parabéns! Vocês são um belo casal. –Ela disse, sorrindo para o irmão de Clara.

–Obrigada. –Ele sorriu, mas o rosto voltou a ficar sério quando ele se lembrou do porque de estar ali.

–Você se importa se eu roubar a Marina de você rapidinho? Preciso falar com ela. –Ele perguntou, um sorriso falso lhe estampava o rosto.

–Claro, vai lá. –Ela disse, continuando a sorrir.

Marina sorriu para Felipe. –O que foi?

–Eu só preciso te fazer uma pergunta sobre a Vanessa, podemos falar em particular? –Ele perguntou.

–É claro. –Ela o seguiu. Felipe levou Marina até um canto isolado, em meio ás árvores que rodeavam a linda festa. Ele a segurou pelo pulso, sem fazer força. Marina tentou se soltar, mas não obteve sucesso.

–Você pode, por favor, me soltar? –Ela pediu, ainda tentando se livrar da força que Felipe exercia para mantê-la presa por uma de suas mãos.

–Não antes que você me explique o que tá acontecendo, e é bom que tenha uma boa explicação. –Ele disse.

–Espera, o que tá acontecendo? –Ela perguntou, e continuou a tentar se livrar dos braços de Felipe.

–Você que me diz. –Ele esbravejou. Felipe foi de zero á dez em segundos cruciais. Marina continuou calada, confusa.

–Marina, só porque você é melhor amiga da Vanessa e, acredite se quiser, minha amiga também, eu vou dizer isso sem piedade. –Ele respirou fundo. –Se você não resolver as coisas com a Clara eu vou, literalmente, enfiar algum senso nessa sua cabeça.

Marina tossiu. Ela deveria saber que Felipe queria falar sobre Clara. –Felipe, o que têm pra resolver? Eu disse pra ela fingir que nada aconteceu, o que mais ela quer de mim? –Perguntou.

–Ela não quer nada de você. Ela só quer você. Por que você está fazendo tudo tão complicado? –Ele expirou.

Marina riu ironicamente. –Ela não pode me ter e ter o Cadu. Ela não pode ter o melhor dos dois mundos. –Ela disse.

–Ela sabe disso, e é por isso que ela terminou com o Cadu outro dia? –Ele disse, levantando uma sobrancelha.

–Hã, como? –Ela deu um passo para trás. –Eu o vi a pedindo em casamento. –Disse Marina, exalando e fazendo com que a cena desgastante tocasse em sua mente novamente.

–Como? Você tava lá quando ele pediu? –Perguntou Felipe, os olhos esbugalhados e uma sobrancelha levantada.

–Sim. Eu fui fazer uma surpresa pra ela e vi o Cadu pedindo. Quando ele terminou aquele discurso, eu percebi que não tinha como competir com aquilo, então eu fui embora. –Ela terminou.

–Você é realmente uma idiota. –Ele disse.

–Por que? –Perguntou Marina.

–Porque a Clara disse não. Ela disse á ele que ama você. E quando ela te ligou pra contar isso, você estava simplesmente a ignorando e... –Ele tentou terminar, mas Marina deixou que um de seus pensamentos escapassem e o interrompeu.

–Meu Deus, sobre o que ela queria falar mais cedo? –Ela perguntou a si mesma e, então, a realidade caiu sobre Marina.

Clara havia a escolhido.

–Sério Marina, como você pode simplesmente pensar que a Clara disse sim e assumir isso como uma verdade absoluta? Tudo isso podia ter sido evitado se você crescesse e a tivesse escutado pelo menos uma vez. –Felipe revirou os olhos.

–Eu preciso falar com ela. –Disse Marina, começando a procura-la por todo o salão com os olhos. Seus pensamentos eufóricos foram interrompidos pelas mãos gélidas de Felipe, que agarraram-na pelo braço.

–Ela está na farmácia comprando camisinhas pra mim. –Ele explicou. Marina levantou uma das sobrancelhas e fez uma careta confusa. –Eu precisava de alguma coisa que a distraísse enquanto eu falava com você. Se acalma. –Ele disse.

–Eu falo com ela quando ela voltar, então. –Ela tentou se afastar, mas foi novamente interrompida por Felipe.

–Você a magoou demais, Marina. E eu não acho, sinceramente, que você consiga consertar isso tudo. Eu acho que você precisa tentar, mas não quero te dar esperanças certas de que ela vai pular nos seus braços e que vocês serão felizes pra sempre. –Ele disse.

Marina olhou para os próprios pés, sem saber o que dizer ou pensar. –Bom, eu preciso tentar. –Ela disse, ainda encarando os pés. Ela, então, levantou a cabeça e olhou diretamente nos olhos de Felipe. –Espera, eu tenho uma ideia.

–E que ideia seria essa...? –Ele perguntou.

–Eu preciso da sua assistência e da sua permissão. Fora que a atenção provavelmente não será voltada pra vocês por uns cinco minutos. –Ela disse, os olhos brilhando em uma animação contagiante.

–Você tem sorte de eu amar a minha irmã. –Ele sorriu. –Do que você precisa?

...

Clara desceu do carro, deixando a sacola com as respectivas camisinhas dentro do mesmo. De alguma forma estranha, ela agradeceu mentalmente por Felipe tê-la tirado de lá por um tempo. Por mais que houvesse parecido forte até o momento, ela não aguentava mais ter de ver Nancy e Marina rindo, como se nada houvesse acontecido entre as duas anos atrás. A dança seria depois do jantar e Clara não tinha a mínima ideia de como iria se comportar tão perto de Marina.

Ela respirou fundo antes de entrar no salão novamente. O casamento era ao ar livre e o sol havia colaborado com lindos raios ensolarados por trás da casa de um parente da Vanessa. As tendas brancas davam ao lugar um tom agradável, e todos usavam vestimentas apropriadas e bem elegantes para um dia ensolarado. Clara observou o lago logo atrás das árvores, e pensou em ir até lá. Passando os olhos pelo salão, ela viu Nancy sentada, sozinha. Ela focou na mesa de Vanessa e Felipe, e os dois haviam acabado de trocar um beijo. Ela sorriu docemente e se aproximou dos dois, feliz por não avistar Marina por perto.

–Com licença. –Uma voz ecoou por todo o lugar. Clara inclinou o rosto na direção contrária do microfone e então pode ver Marina parada por detrás dele.

Todos os olhos estavam em Marina, mas os olhos de Marina focaram-se nos de Clara quando ela a viu parada sozinha no meio da pista de dança.

–Me desculpem por tirar suas atenções de suas respectivas conversas e o que eu vou fazer agora pode parecer rude, então me desculpem. Mas eu tenho a permissão do noivo. –Ela disse, sorrindo para Felipe. Quando seus olhos voltaram para Clara, ela olhou em volta, tentando entender o que diabos Marina iria fazer.

–Tem uma garota aqui, e eu a magoei de um jeito imperdoável. Normalmente, magoar alguém não é uma coisa que me tire muita atenção porque eu estou acostumada a fazer isso todo tempo. Mas, dessa vez, eu não podia deixar que isso acontecesse. –Ela respirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos.

Marina se virou no palco e olhou para a banda. –Posso pegar seu violão emprestado? –Ela perguntou. O cantor principal assentiu imediatamente e lhe deu a guitarra, piscando para ela. Marina sorriu em gratidão, e voltou a se aproximar do microfone.

–Eu sou uma pessoa extremamente reservada e isso é um fato que a Vanessa pode comprovar. –Ela disse, e Vanessa sorriu para ela imediatamente.

–Ela não está brincando. Eu levei cinco anos pra descobrir seu nome do meio, e isso só porque seu pai o usou uma vez. –Ela disse, fazendo com que todo o salão risse.

–Bom... –Ela sorriu, cortando a própria fala quando seus olhos voltaram a encontrar os de Clara. –Uma coisa que ninguém sabe sobre mim é que eu toco violão. Desde os meus 7 anos, sempre que posso, no meu tempo vago. E eu sou boa nisso. –Ela disse. –Enfim. Quando eu conheci essa garota, tudo ainda era muito estranho. Eu nunca fui uma pessoa usual e passei metade de toda a minha vida tendo medo do que o mundo podia me proporcionar. Por isso, nunca arrisquei nada além de levar garotas diferentes cada dia da semana para casa; As coisas nunca foram fáceis pra mim. E quando eu a conheci e finalmente admiti que estava apaixonada por ela, eu aprendi uma música que dizia exatamente tudo que eu sentia por ela. É claro que ela era apenas direcionada aos meus ouvidos, mas hoje á noite eu gostaria de tocá-la para todos vocês. E para ela, na esperança de que ela me perdoe e veja como me senti em relação á isso durante esses oito meses torturantes. Desde o primeiro que nos conhecemos. –Ela sorriu e se afastou do microfone.

Clara mordeu os lábios quando os dedos de Marina começaram a deslizar sob as cordas de diferentes cores do violão formoso e branco. Ela se recusava a sorrir, piscar os olhos ou fazer qualquer movimento que dissesse para Marina que ela estava perdoada.

Marina desceu as escadas do palco e se aproximou de Clara, rodeando-a na pista de dança. Ela voltou para a frente do microfone, e quando sua boca começou a pronunciar as palavras daquele jeito, Clara sentiu um arrepio envolver cada poro de seu corpo.

Trying to hold a love that wants to go
(Tentar segurar um amor que quer ir)
Is like trying to catch a falling flake of snow
(É como tentar segurar um floco de neve que está caindo)
It glimmers while it can but it will melt between your hands, you know
(Ele cintila enquanto pode, mas vai derreter entre suas mãos)

Clara observou Marina maravilhada. Sua voz era doce, e ela nem ao menos sabia que Maria cantava. Foi aí que percebeu que gostaria de saber mais sobre a mulher tão misteriosa á sua frente, que olhava em seus olhos e fazia com que os mesmos marejassem.

To find a love that’s new where do you start?
(Achar um amor que seja novo, por onde começar?)
It’s like trying to find the light switch in the dark
(É como tentar achar um interrupitor no escuro)
Falling over mess you left unaddressed inside your heart
(Caindo na bagunça que você deixou sem solução em seu coração)

Clara revirou os olhos quando percebeu que estava chorando. Marina Meirelles, como ela faz isso?

Clara limpou as bochechas rosadas enquanto Marina cantava o refrão da música. Ele fez sentido para Clara porque era exatamente assim que ela havia se sentido todo esse tempo.

But I’ll find a love, that’s a blind love
(Mas eu vou achar um amor, que é um amor cego)
That’s the kind of love I need
(Esse é o tipo de amor que preciso)

Ela terminou a música com mais alguns acordes que ecoaram por todo o lugar e continuou imóvel e em silêncio, enquanto Clara a observava. A morena sentiu algo chocante quando olhou diretamente nos olhos de Marina e pode ver que ela estava chorando. Marina sorriu e imediatamente levou uma das mãos até o rosto, limpando o rastro molhada que as lágrimas deixaram para trás.

–Me desculpa, Clara. Foi tudo um mal entendido e eu sinto muito se baguncei demais as coisas pra você. A verdade é que eu não queria enfrentar isso tudo. Eu tive medo, queria correr e me esconder como faço sempre. Mas eu nunca me perdoaria se te deixasse ir. Eu... Eu amo você. –Ela disse.

Clara continuou quieta. Sua expressão e seus olhos tentavam ao máximo não dar á Marina nenhuma pista do que ela estava pensando e sentindo. Marina começou a sentir-se enjoada enquanto esperava por uma resposta e via todos os olhos do local focados nas duas moças, sozinhas no meio da pista de dança.

Clara suspirou. –Você é uma idiota. –Ela disse. Marina pensou em abrir a boca para dizer mais alguma coisa, mas Clara a interrompeu bruscamente. –Uma idiota que eu não posso evitar amar, então podemos dizer que você é sortuda. –Ela disse.

Marina deixou escapar um suspiro que ela nem ao menos sabia que estava segurando. –Eu prometo que vou ser menos idiota daqui pra frente. Se você me der uma chance de fazer isso. –Ela disse.

Clara fez uma careta engraçado, como se estivesse pensando e então assentiu. –Acho que eu posso viver com isso.

Ela, então, fez com que a distância de poucos centímetros entre as duas se transformassem em nada em poucos segundos. Clara inclinou o rosto para que o beijo fosse perfeitamente encaixado, mas Marina se afastou.

–Espera, eu não posso fazer isso. –Ela disse, olhando para os próprios pés.

–O que? Você só pode estar brincando comigo. –Disse Clara, bufando.

–É claro que eu tô brincando, só precisava me vingar. –Ela gargalhou, puxando Clara pela cintura para o primeiro beijo que as duas dariam estando completamente sóbrias. E Clara conseguiu apreciar o gosto daquele beijo apaixonante, e se lembraria de todo e qualquer mero segundo daquele encontro de almas. Para sempre.

–Eu amo você. –Murmurou Clara, entre o beijo mais caliente de sua vida.

–Eu também amo você. –Ela disse, complementando o momento que ambas desejavam que não acabasse nunca.

E sim, é verdade que Marina Meirelles não acredita em amor ou compromisso, e nada que envolvam as duas palavras e seus respectivos significados. Ou pelo menos era isso que ela pensava antes de conhecer Clara Fernandes.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.