POV Sue

Eu estava falando com Reed em seu escritório em um momento e, em outro, estava presa no castelo de Victor na Latvéria. Tudo estava muito confuso, minha cabeça doía e minha visão estava turva, mas eu focalizei um rosto. Aquele rosto.

–Victor... – murmurei. Minhas forças eram poucas, minha voz estava rouca e eu mal me aguentava em pé, mas queria respostas. – Onde eu estou? – olhei em volta. Eu estava em um tipo de cela com paredes que brilhavam em um tom azul fraco e transparente.

–Minha cara, Susan. Você está em minha casa, na Latvéria, mas não se preocupe, você não é meu alvo principal. Mirella é meu alvo principal. – o nome da menina me despertou mais um pouco e eu pude ouvir gemidos da cela ao lado, quando me virei, uma parede de vidro me separava de meu marido. – Ela – Victor continuou – É uma fonte de energia inesgotável e, basicamente, inestimável. Seu poder é capaz de abastecer todo o mundo por anos a fio, sendo necessário apenas prendê-la em uma câmara de remoção e coleta de energia. – eu não estava acreditando naquelas palavras.

–Você vai matá-la de tanto retirar sua energia vital! – eu olhava dele para Reed, que estava acordando. – Ela é só uma criança! Não vai aguentar! Seria mais fácil usar a mim! – ele ponderou minhas palavras por alguns minutos enquanto eu fitava Reed com dor. “Usar a própria filha como fonte de energia, isso é doentio” pensei. Foi quando ele abriu a cela e me puxou pelo cabelo.

–Eu realmente preciso de uma cobaia para testar a câmara de coleta de energia. – ouvi apenas um grito de Reed antes de ser arrastada para fora da prisão e ser levada para um tipo de laboratório. Não conseguia me defender, estava muito fraca e muito chocada com aquilo. Ele me empurrou para dentro de um cilindro de vidro e me fechou lá dentro. Comecei a bater no vidro, tentando escapar, mas de nada adiantava, foi quando o cilindro começou a girar e um tipo de energia levemente rosa começou a rodar sobre a minha cabeça e eu senti meu corpo queimar, como se estivesse perto demais de uma fogueira. Era insuportável. Comecei a gritar desesperada. Aquilo me queimava por dentro com uma intensidade sem igual.

–Você está se saindo bem, Mulher Invisível! – zombava Victor. Suas gargalhadas chegavam aos meus ouvidos, mesmo comigo gritando sem parar. Logo comecei a chorar. Aquela dor era insuportável para mim, não queria nem imaginar como seria para Mira se ele fizesse isso com ela. Apenas me senti cair de joelhos antes de tudo ficar turvo e o cilindro parar de girar. – Até que você fornece bastante energia, para uma mulher acabada.

Apenas senti que fui levantada no chão e, depois, colocada no chão novamente, provavelmente no chão da minha cela.

–O que você fez com ela, Victor?! – era Reed gritando. As vozes começaram a ficar distantes e sem sentido, tudo em breves segundos.

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Os três dias seguintes se passaram assim: todo dia de manhã Victor me tirava da cela e me levava para a câmara de coleta de energia até eu desmaiar, então me levava de volta para a cela. Mas no quarto dia, antes de Victor aparecer, quem apareceu foi Jhonny sendo carregado pelos robôs de Victor.

–Jhonny! – eu gritava. Minutos depois, ele acordou meio atordoado, imagino.

–Sue! – ele me chamou. Deus, como eu fiquei feliz por ele chamar meu nome! Quando eu ia responder, um grito cortou meus pensamentos

–JHONNY! REED! SUE! – era Ben, que chegou e já nos libertou. Primeiro eu, então Reed, quando ele ia quebrar as barras da cela do Jhonny, vários robôs de guerra o detiveram. Antes de sermos capturados, arrastei Reed para uma janela e pulamos para fora do castelo e corremos em direção á floresta.

Algumas horas depois, encontramos o Fantasticarro camuflado em meio a uma mata mais densa. Perfeito.

–Vamos pra casa. – Reed anunciou, apenas concordei e seguimos caminho no modo camuflado, para não corrermos perigo de sermos pegos novamente.

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Chegamos em silêncio na torre e entramos sem fazer ruídos. Fomos direto para o andar de cima, onde ninguém entrava e trancamos tudo. Ninguém poderia saber que estávamos ali, nem mesmo nossos filhos.

Passamos três dias naquele andar. Sem sair, sem fazer ligações, apenas planejando um meio de tirar Jhonny e Ben do castelo do Victor.

No quarto dia, era fim de tarde e eu estava auxiliando Reed em algumas experi~encias, quando ouvimos um grito.

–Val! – veio em seguida. Era um grito de pavor.

–Mirella! – esse era de súplica. Corri para o terraço com Reed em meu encalço, mas já era tarde. O Fantasticarro havia levantado vôo e eu tinha certeza que tinha visto cabelos vermelhos prensados contra o vidro.

Voltei correndo para dentro, para o quarto de Mira. Nicky estava apagado na cama com um dardo no pescoço, olheiras e os pulsos machucados.

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Nicky acordou algumas horas depois, por volta das nove da noite.

–Nicky? – chamei assim que ele abriu os olhos.

–Sue? – ele varreu o quarto de Mira com os olhos. – Cadê a Mira? – sua voz estava muito fraca.

–É o que eu queria perguntar. Tinha uma garota ruiva aqui? – perguntei. Reed disse que ia dar uma olhada pelo prédio para ver se encontrava Mira, mas ainda não havia voltado.

–A garota ruiva era a Mira. – ele se sentou com dificuldade.

–Como assim? – ele me contou tudo. Mira teve um surto de raiva quando Jhonny e Ben não quiseram levá-la na nossa procura e algo a possui, algo poderoso, ele contou que os cabelos dela pareciam pegar fogo e seus olhos ficaram de um tom vermelho sangue assustador.

–Uma skrull me capturou e eu acordei apenas hoje, quando a Mira me encontrou no seu escritório. Depois disso eu não me lembro de mais nada. – ele completou. Assenti de leve e me levantei da cama.

–Qualquer coisa é só chamar, estarei preparando algo na cozinha. – saí do quarto e fui para a cozinha, preparar algo pra comer e procurar Reed, que já estava demorando de mais para o meu gosto.

–Reed? – chamei. O encontrei no escritório principal, mexendo no computador. – Reed, a garota que vimos no Fantasticarro...

–Era a Mira. – ele completou. Andei até ele e olhei na tela do computador, imagens da câmera de segurança. – Olha isso. – ele coloca na gravação do dia depois de sermos raptados. Jhonny e Ben dão busca nos computadores e Ben liga para alguém, provavelmente Nicky, e depois vai para a sala. Reed avança meia hora e para no momento em que Mira aparece.

–Que gritaria é essa? – ela perguntou.

–Nem sei, Mira. Acabei de chegar. – respondeu Ben. Ela se apoiou na parede.

–Mira! - Nicky foi ajudá-la antes que caísse. Ben o ajudou a colocar a garota no sofá enquanto Jhonny apenas a observava.

–Aonde vocês vão? – ela perguntou, a voz fraca.

–Procurar Sue e Reed. – disse Jhonny. Ben o olhou com reprovação.

–Eu quero ir junto. – ela pediu, se levantando.

–Não pode – Ben interviu – É perigoso, e você não está em sua melhor forma. – ela se levantou e tudo a sua volta começou a flutuar.

–Benjamin, está dizendo que eu sou fraca? – essa não era ela. Seus olhos brilharam em amarelo, seu cabelo loiro ficou ruivo e ela começou a flutuar no ar.

–Mirella, estou dizendo que essa não é você. Ouça a razão e pare com isso. – Ben disse firme. Ela piscou e seus olhos voltaram a ser verdes, então ela caiu no chão, desmaiada.

Reed parou o vídeo nesse momento e ficou encarando a tela.

–Ela está avançando muito rápido, temos que contê-la.

–Mas como? – perguntei. O poder da Mira estava aumentando muito rápido e em proporções estrondosas. Reed até comentou que ela tinha potencial para ser a mais nova hospedeira da Fênix, já que seu controle sobre telecinese era perfeito e sua telepatia chegava perto do nível do Professor X. Mirella era quase uma mutante nível Ômega com poderes ilimitados e nem tinha conhecimento disso.

–Temos que encontrá-la logo. – Reed se levantou e saiu da sala.