Ao receber alta do hospital, Miguel retornou para o templo, passou alguns dias com as crianças, aproveitando a companhia e treinou com elas novamente. O casamento do Adrien e da Mari se aproximava, estava chegando a hora, as crianças estavam na escola, Adrien estava na Agreste's e Guilhermo havia ido as compras. Mari estava no escritório quando ouviu batidas na porta.
— Entre - ela falou lendo um relatório de outro templo
— Estou atrapalhando? - Miguel perguntou ao abrir a porta
— Não, está tudo bem - Mari respondeu olhando-o - Senta.
— Quero te contar uma decisão que tomei - Miguel falou olhando-a
— Está bem - Mari falou sem entender
— Eu deixarei de ser um guardião - Miguel falou simplesmente a deixando sem reação.
— O quê? - Mari perguntou olhando-o
— Eu não posso ficar aqui - Miguel respondeu
— Eu não entendo - Mari murmurou confusa - Porque decidiu isso agora?
— Não foi uma decisão de última hora, pensei bastante nisso - Miguel falou olhando-a - Só não falei antes, porque queria aproveitar um tempo com as crianças sem clima de despedida.
— Mas, por quê? - Mari perguntou olhando-o e ele sorriu
— Porque eu te amo, Marine - ele respondeu tranquilamente - Sei que está feliz com o Adrien, mas também sei que se importa com os sentimentos dos outros. Não quero ser uma sombra no seu casamento.
— Mas... - Mari falou lacrimejando e Miguel se levantou
— Eu vou ficar bem - Miguel foi até ela e a abraçou carinhosamente - Obrigado por tudo.
Mari, chorou abraçada ao amigo, ele deu uma grande apoio a ela quando precisou refazer a sua vida, ele é uma pessoa muito querida para ela e não queria perde-lo, mas também não seria egoísta a ponto de ignorar os sentimentos dele e força-lo a ficar.
Quando Mari finalmente se acalmou eles desfizeram o abraço, Miguel sorriu carinhosamente e secou o rosto dela.
— Já decidiu quando irá? - ela perguntou se recompondo
— Antes do seu casamento - Miguel respondeu - Irei arrumar as minhas coisas.
— Se despede das crianças antes de renunciar - Mari falou e ele assentiu
— Com licença - Miguel falou se retirando
Mari respirou fundo tentando se concentrar no trabalho, no final da tarde as crianças voltaram da escola, Mari já estava em casa quando Adrien chegou com a Emma.
— Mamãe - Emma falou e Adrien a colocou no chão
— Oi, minha princesa - Mari falou abraçando a filha - Como foi na escola?
— Foi muito legal - Emma falou empolgada - Perguntaram o que queríamos ser quando formos adultos.
— E o que respondeu? - Mari perguntou colocando a filha sentada no colo
— Que quero ser como meus pais - Emma respondeu - Ajudar as pessoas que precisam.
— Se esforçando muito, vai conseguir ser uma grande heroína, gatinha - Adrien falou sentando ao lado delas.
— Obrigada, papai - Emma falou sorrindo
— Vai se trocar, vamos jantar no refeitório hoje - Mari falou e deu um beijo na cabeça da Emma
— Tá bem - Emma falou se levantando - Aproveito e falo pro tio Miguel como foi a aula.
Emma saiu praticamente correndo e Mari apoiou os cotovelos nos joelhos e cobriu o rosto com as mãos.
— O que houve? - Adrien perguntou olhando-a
— O Miguel vai falar que deixará o templo hoje - Mari respondeu
— Quando ele te contou? - Adrien perguntou e ela o olhou, notando que ele não parecia surpreso
— Você sabia? - Mari perguntou e Adrien desviou o olhar - Há quanto tempo?
— Desde que ele me chamou no hospital - Adrien respondeu sem olha-la e ela se levantou
— Porquê não me disse nada? - Mari perguntou olhando-o
— Ele disse que falaria com você - Adrien respondeu olhando-a - É um assunto que não caberia a mim contar.
Mari se sentou ao lado do noivo que a abraçou a confortando.
— Não se preocupe, não o deixaremos desamparado - Adrien falou - Já falei com meus pais, já tem um apartamento e um emprego esperando por ele na Agreste's.
— Obrigada, Adrien - Mari falou encostando a cabeça no ombro dele.
— Vou me trocar pra jantar - Adrien falou e Mari assentiu
Mari permaneceu sentada, minutos depois a Emma voltou, mas a Mari só notou quando a loirinha sentou ao lado dela.
— Cadê o papai? - Emma perguntou olhando-a
— Está se trocando - Mari falou colocando a filha sentada nas próprias pernas - Amanhã nós vamos provar o seu vestido pro casamento.
— Já tá pronto? - Emma perguntou empolgada
— Está - Mari falou olhando-a - Vamos fazer a prova e os ajustes se for necessário.
— E o seu vestido? - Emma perguntou olhando-a
— Vou fazer a última prova amanhã - Mari respondeu
— Vou poder ver o vestido? - Emma perguntou olhando-a
— Vai, quero saber a sua opinião - Mari respondeu sorrindo
— O papai já viu? - Emma perguntou
— Não, a mamãe disse que vai ser surpresa - Adrien falou se aproximando e pegou a filha nos braços - Depois me conta como é o vestido?
— Adrien! - Mari repreendeu se levantando e olhou a filha - Não vai poder falar pro seu pai, tá bem?
— Tá bem - Emma falou sorrindo
— Isso não é injusto - Adrien falou fingindo está chateado e a Emma riu.
— Vamos, o pessoal está nos esperando - Mari falou e eles foram para o refeitório
O jantar seguiu tranquilo, Mari tentava não demonstrar o quanto estava tensa, Adrien sempre tentava envolve-la em uma conversa mais animada com a Emma. Até que a loirinha foi brincar com outras crianças, alguns minutos se passaram até que Guilhermo e Miguel reuniram as crianças na sala de estar.
— Eu quero falar una coisa - Miguel falou ficando a frente de todos - Eu acompanhei muitos de vocês crescerem, desenvolverem e tenho muito orgulho de todos vocês.
— Por quê está falando isso? - Bianca perguntou sem entender
— Porque a partir de amanhã, não serei mais um guardião dos Miraculous - Miguel respondeu surpreendendo a todos
— O quê? - Emma perguntou incrédula
— Estou indo embora, pequena - Miguel respondeu carinhosamente
— Mas... por quê? - Emma perguntou lacrimejando
— Eu já cumpri a minha missão como guardião - Miguel falou olhando-a e ela chorou - Agora tenho que seguir outro rumo.
— Mamãe, faz alguma coisa? - Emma falou chorando e olhando a mãe
— Eu não posso, meu Amor - Mari falou tentando não chorar ao ver a filha daquela forma
— Papai - Emma pediu olhando o Adrien
— Sinto muito, gatinha - Adrien falou olhando-a - Mas essa é uma escolha dele.
Emma correu em direção a casa.
— Pequena? - Miguel chamou enquanto ela se afastava
— Eu falo com ela - Mari falou olhando-o e se afastou acompanhada do Adrien
Eles entraram em casa e seguiram o som do choro da Emma, que estava no quarto. Entraram devagar, encontrando a garota chorando abraçada aos bonecos da Ladybug e do Chat Noir. Eles se sentaram ao lado da garota a abraçando, tentando conforta-la.
— É minha culpa - Emma falou entre os soluços
— O quê? - Adrien perguntou confuso
— O tio Miguel vai embora por minha culpa - Emma falou chorando - Machucaram ele por minha causa, ele tentou me proteger. Agora ele vai embora.
— Isso não é culpa sua, Emma - Mari falou fazendo carinho na filha
— Então porque ele quer ir embora? - Emma perguntou olhando-a
— Porquê ele quer ter novas experiências, viver novas aventuras - Adrien respondeu e ela o olhou
— Mas ele não vai mais lembrar da gente - Emma falou triste - Porquê ele quer esquecer?
— Por segurança - Mari falou olhando-a - Será mais seguro pra ele não lembrar sobre os Miraculous
— E também, é difícil seguir em frente quando estamos ligados ao passado - Adrien falou olhando-a - Por exemplo, escolhi deixar de viver com meus pais em Paris e me mudar pra cá. Se eu não tivesse deixado essa parte da minha vida pra trás, não poderia estar aqui com vocês e não seria feliz como sou hoje.
— Ele quer esquecer pra ser feliz? - Emma perguntou intrigada
— Mais ou menos, sei que se ele pudesse não iria querer esquecer você - Adrien falou olhando-a
— Vou sentir falta dele - Emma falou baixo
— Não se preocupe - Adrien falou olhando-a - Mesmo ele não se lembrando iremos cuidar dele e você vai poder visita-lo.
— É sério? - Emma perguntou olhando-o esperançosa
— Sim, ele irá trabalhar na mansão Agreste. Sempre que formos visita-lo, vai poder ve-lo - Adrien falou e Emma se levantou o abraçando
— Obrigada, papai - Emma falou o abraçando forte
— Não precisa agradecer, minha princesa - Adrien falou retribuindo o abraço e Mari sorriu discretamente
— Vem, deita um pouco - Mari falou olhando-a
— Vamos ficar aqui com você até dormir - Adrien falou a colocando entre os dois
Mari ajeitou os bonecos ao lado cada filha que os abraçou, Adrien cobriu a Emma, o casal deitou abraçados a loirinha.
— Você tá bem? - Mari perguntou limpando as lágrimas da filha e a pequena assentiu
— Eu tenho os melhores pais do mundo - Emma falou sorrindo
— Nós que temos a melhor filha do mundo - Adrien falou sorrindo e deu um beijo na filha
— Agora, tenta descansar um pouco - Mari falou fazendo carinho na filha
— Podem me contar uma das aventuras de vocês? - Emma perguntou olhando-os
— É claro - Mari respondeu simplesmente - Só temos que pensar em uma que eu não tenha te contado
— Já ouviu do Copycat? - Adrien perguntou olhando a filha
— Acho que não - Emma respondeu após pensar um pouco
O casal começou a contar sobre como derrotaram o akumatizado, ao final notaram que a garota estava dormindo. Se levantaram com cuidado para não acorda-la e saíram fechando a porta e foram pra sala.
— Tikki, pode ficar no quarto com a Emy? - Mari perguntou para a kwami - Preciso que fique de olho nela
— É claro, Mari - a kwami saiu voando com o cookie que estava comendo
— Plagg, se a Emma se agitar durante o sono, chame a gente, tá bem? - Adrien perguntou e Plagg assentiu indo na mesma direção que a Tikki
Assim que os kwamis saíram de vista, ouviram batidas na porta da frente.
— Deixa que eu abro - Adrien falou, foi em direção a porta e a abriu - Oi, Miguel.
— Oi, Adrien. Desculpa aparecer assim - Miguel falou olhando-o
— Não tem problema, entra - Adrien deu espaço e o Miguel entrou
— Como está a Emma? - Miguel perguntou acompanhando o Adrien até a sala
— Dormindo - Mari falou com um pouco de cansaço
— Aconteceu alguma coisa? - Miguel perguntou estranhando a reação da Mari
— A Emma, achou que estava indo embora por causa dela - Adrien falou se sentando ao lado da Mari
— O quê? - Miguel perguntou preocupado
— Ela achou que a culpava pelo que a Lila fez com você - Mari respondeu preocupada
— De onde ela tirou essa ideia? - Miguel perguntou aflito
— A Lila pode não ter machucado as crianças fisicamente, mas conseguiu afeta-las psicologicamente - Mari falou passando as mãos pelo cabelo
— Amanhã vamos procurar um psicólogo - Adrien falou firme - A Emma está assim, outras crianças também podem estar.
— A Emma ainda acha que é culpa dela? - Miguel perguntou olhando-o
— Não, conversamos com ela e se acalmou - Adrien respondeu - Mas precisamos cuidar, ou pode piorar.
— Depressão, não é brincadeira - Mari falou se lembrando dos sentimentos de quando tinha 16 anos que a levou a tomar aquela decisão
— Tudo bem, eu já vou. Preciso terminar de arrumar as coisas - Miguel falou olhando-os
— Eu te acompanho - Adrien falou se levantando
Eles seguiram o caminho até a porta, Adrien abriu
— Adrien - Miguel falou parando para olha-lo - Estou feliz de que estará aqui quando eu for embora. Sei que as crianças estarão em boas mãos.
— Obrigado - Adrien respondeu
Miguel estendeu a mão, eles se cumprimentaram e saiu. Adrien fechou a porta segundos depois que o Miguel passou por ela, retornou para o sofá, sentou ao lado da noiva a abraçando. Mari se permitiu chorar abraçada ao noivo.
— Vai ficar tudo bem - Adrien falou fazendo carinho nas costas da esposa - Nossa filha é forte e não terá que enfrentar isso sozinha. Tá bem?
Mari assentiu, Adrien a consolou até que se acalmasse. Eles ficaram em silêncio por um tempo, quando ele sentiu a Mari relaxar e o corpo amolecer levemente. Olhou para a noiva que estava adormecida, se moveu com cuidado para não acordar, a pegou no colo a levantando para o quarto.
A correria com os preparativos do casamento, o templo, a saída do Miguel e agora a Emma, foi desgastante para a Marinette. Tanto que ela sequer acordou ao ser colocada na cama. Adrien a cobriu e foi tomar um banho pra tentar relaxar.
Relembrar com a Emma estava quando a encontrou no isolamento, o medo estampado em seus olhos, hoje ver a culpa corroendo a mente da garotinha que aprendeu a amar como sua. Foi impossível, não sentir raiva da Lila, mesmo estando presa ainda podia afetar a sua família.
Depois de alguns minutos permitindo que a água quente percorresse seu corpo, levando com ela toda tensão que havia se formado. Vestiu uma roupa mais confortável e se deitou, olhou novamente na direção da Mari e se aproximou a abraçando.
Ele estava decidido, a partir daquele momento, nunca mais permitiria que alguém machucasse a sua família. Faria tudo para que elas ficassem bem. Ele lembrava como se sentia infeliz na adolescência, como se carregasse a obrigação de mostrar estar sempre bem e o peso que isso era. Não permitiria que a Emma passasse por isso, ele decidiu ser para a pequena o pai que ele gostaria de ter tido naquela época. O que apoia, ajuda, o que se preocupa, o que estará ao lado dela em cada momento para que ela possa vencer esse sentimento ruim.
Fale com o autor