POV Adrien


O relógio marcava 23h47 minutos, eu não estava conseguindo dormir, apenas encarando o teto.

— Adrien? - Plagg me chamou - Tá acordado?

— Sim, Plagg - respondi e ele se aproximou

— Eu tô com fome - ele falou e dessa vez não parecia ser gula

— Não tô com nenhum queijo aqui - respondi me sentando

— Tudo bem, vou pegar um pra comer - Plagg falou e eu assenti

Ele voou atravessando a porta, como não estava conseguindo dormir decidi ir atrás do Plagg. Fui até a cozinha e o vi sobre o balcão comendo um pedaço de queijo e vi a Tikki que comia um biscoito ao lado dele.

— Oi Adrien - Tikki falou sorrindo

— Oi Tikki - retribui o sorriso me aproximando, me sentei no banco em frente ao balcão que eles estavam

— Não consegue dormir? - ela perguntou me olhando e mordeu um pedaço do biscoito

— Não - admiti olhando-a

— Foi muita informação em pouco tempo - Plagg comentou e mordeu o pedaço do queijo

— O que aconteceu com ela nesse tempo? - perguntei olhando-os, eles se entre olharam em uma conversa silenciosa e me olharam

— Acredito que isso seja um assunto que deveria conversar com ela - Tikki falou me olhando e assenti

— Podem me dizer como ela se tornou a guardiã? - perguntei e ela assentiu

— Depois do coma, a ordem dos guardiões avaliaram a Mari - Tikki falou me olhando - Como ela não apresentava sinais de... loucura, o Mestre Fu teve a permissão para continuar a prepara-la.

— Continuar? - perguntei intrigado

— Desde o momento que o Mestre Fu permitiu que a Mari, recrutasse novos heróis, ele a estava preparando pra der guardiã - Plagg respondeu

— Depois de tudo que aconteceu, a Mari ter sobrevivido foi um milagre - Tikki falou sorrindo - O Mestre Fu e a Ordem dos Guardiões acreditaram que ela será a guardiã mais poderosa que já existiu.

— Tanto que a Ordem a quer prepara-la pra ser a guardiã suprema - Plagg comentou como se não fosse nada e comeu o queijo.

— O que isso quer dizer? - perguntei curioso

— Eles estão preparando-a para assumir a liderança da Ordem dos Guardiões - Tikki respondeu - Por isso ela é a responsável por esse templo.

— Há quanto tempo começou? - perguntei olhando-a

— Há uns cinco anos - ela respondeu e terminou de comer o biscoito

— De onde acha que surgiu a ideia de espalhar as caixas dos Miraculous? - Plagg perguntou - De ensinar a adolescentes a seguirem o caminho certo para usar o poder dos Miraculous para ajudar as pessoas?

— Foi a Marinette? - perguntei e eles assentiram

— Anda assistindo TV, Adrien? - Tikki perguntou e não entendeu o motivo da pergunta - O índice de missões bem sucedidas da polícia envolvendo reféns aumentou no mundo inteiro.

— Já se perguntou como esse lugar é mantido? - Plagg perguntou e eu neguei

— A Mari convenceu a Ordem a permitir que os portadores pudessem ajudar em situações que a polícia não daria conta sozinha - Tikki falou - O governo de cada lugar que possui um novo templo, ajuda a manter o lugar.

— Pro governo, aqui é uma espécie de abrigo pra jovens apoiado pelos heróis - Plagg completou - Mas sempre no anonimato.

— Não podemos correr o risco de saberem que os Miraculous estão por aí - Tikki falou - Pessoas com más intenções poderiam tentar rouba-los como foi feito com o Miraculous do Tigre.

— Ela sempre procurando cuidar de todos - murmurei com um sorriso discreto - Algumas nem o tempo pode mudar.

Fiquei em silêncio por alguns segundos até que ouvi o som de passos no corredor, olhei na direção e vi a Marinette que parou ao me ver ali. Acabei olhando-a por completo, ela usava uma camisola preta de tecido leve que terminava no meio das coxas, por cima estava um robe do mesmo material aberto, desviei o olhar antes que ela notasse.

— Desculpe - ela murmurou fechando o robe e amarrando para que ficasse fechado - Achei que todos estavam dormindo.

— Tudo bem - falei enquanto ela se aproximava

— Aceita uma água? - ela perguntou indo em direção ao armário

— Claro - disse, ela pegou dois copos colocou água me entregou um - Obrigado.

— Não consegue dormir? - ela perguntou e tomou um gole de água

— Tentei, mas não consegui - respondi sinceramente e tomei um pouco de água

— Desculpa - ela murmurou pondo o copo no balcão - Não queria ter tirado vocês das suas vidas, mas eu...

— Não pode colocar a vida das crianças em risco - conclui e ela assentiu

— Eles contam comigo - Marinette falou preocupada

— Me contaram das suas ideias em relação aos templos e o trabalho de ajuda - falei mudando de assunto e ela me olhou - É realmente impressionante.

— Obrigada - ela falou corando um pouco e sorri - Quem contou?

— Eles - respondi indicando os kwamis que estavam conversando na outra ponta do balcão e ela sorriu

— Tagarelas - ela falou sorrindo

— Antes que eu esqueça - falei e ela me olhou - Que história foi aquela de Marine?

— Ao sair do templo, eu precisava recomeçar - ela respondeu com sinceridade - E como a Marinette Dupain-Cheng havia sido dada como morta, precisava de uma nova identidade, um novo passado.

— E como se chama agora? - perguntei enquanto ela abria um pote de biscoito colocando entre nós dois

— Marine Chain-Fu - ela respondeu, comeu um biscoito - Escolhi esse sobrenome em homenagem ao Mestre

— Há quanto tempo? - perguntei olhando-a e peguei um biscoito

— Quase seis anos - ela respondeu baixando o olhar pro balcão e suspirou

— Gostei do novo nome, é tão bonito quanto o original - falei e ela me olhou - Mas pra mim sempre será a Marinette.

Ela deu um sorriso discreto e comeu outro biscoito.

— Sinto muita falta dele - ela falou sem me olhar

— Sei como se sente - falei lembrando da falta de que fez na última década, ela tremeu levemente e algumas lágrimas escorreram

Me levantei e fui para o lado dela e a abracei

— Me perdoa - ela pediu chorando e me abraçou apoiando a cabeça no meu peito - Não queria ter feito vocês passarem por essa situação.

— Você tá aqui agora - sussurrei tentando conforta-la - É o que importa.

— Senti muito a falta, gatinho - ela falou e eu sorri

— Eu também, Princesa - sussurrei e ficamos ali até que ela se acalmasse

Quando ela se acalmou desfizemos o abraço e ela secou as lágrimas.

— Obrigada por estar aqui - ela falou se levantando do banco

— É bom ter você de volta - falei olhando-a e ela sorriu

— Acho melhor irmos dormir, já está ficando tarde - ela falou colocando os copos na pia

— Isso é um convite, senhorita Dupain-Cheng? - provoquei fechando o pote de biscoito

Ela parou e se virou na minha direção.

— Seu comentário foi tanto indiscreto, não acha, senhor Agreste? - ela perguntou me olhando

— Depende do ponto de vista - falei me aproximando dela

— E qual seria o seu? - ela perguntou tranquilamente

— Que existem coisas que o tempo não é capaz de mudar - falei parando na frente dela.

Ficamos em silêncio, nos olhando nos olhos, até que ela desviou.

— Preciso ir dormir - ela falou se afastando alguns passos, mas segurei sua mão fazendo-a parar

— Mari, espera - falei olhando-a

— Amanhã será um dia bem cheio - ela falou se soltando delicadamente - Tenta descansar, Adrien. Boa noite.

Ela se virou e seguiu em direção ao corredor

— Boa noite - sussurrei mesmo sabendo que ela não ouviria

Na manhã seguinte

Quando eu acordei, toquei de roupa e fui ao banheiro fazer minha higiene, no momento em que retornei ao quarto, ouvi um barulho vindo da cozinha, fui até lá e só encontrei a Alya e Nino.

— Bom dia - Eles falaram quando me viram

— Bom dia - respondi me aproximando - Onde está a Mari?

— Acabou de sair com o Guilhermo - Alya respondeu simplesmente

— Hmm - falei e me sentei pra comer em silêncio

— Tá tudo bem, Adrien? - Nino perguntou e simplesmente assenti - Não parece

— Eu já disse que tô bem - falei olhando-o

— Calma, Adrien - Alya falou me olhando - Ele só fez uma pergunta.

— Me desculpe - falei me acalmando

— O que aconteceu? - Nino perguntou

— Nada - respondi e voltei a comer

— Acho que o Adrien tá com ciúme da Mari e o Guilhermo - Alya falou e eu a olhei permanecendo em silêncio.

Voltei a comer e não troquei mais nenhuma palavra com eles. Quando terminamos e fomos limpar a louça, a porta da sala foi aberta e um garoto de uns 16 anos entrou.

— Bom dia - ele falou fazendo uma leve reverência - Solicitaram que se trocassem e me acompanhassem até a sala de treinamento.

Ele se aproximou entregando uma bolsa pra cada um de nós.

— Bom dia - respondi olhando-o - Como se chama?

— Murilo - ele respondeu e assenti

— Voltamos logo, Murilo - falei e nos direcionamos aos respectivos quartos.

Abri a bolsa e vi que tinha um conjunto moletom calça e casaco academia, calcei meu tênis, sai do quarto e segundos depois Alya e Nino também apareceram, mas o da Alya eta diferente, ao invés da calça era um short. Nossas roupas tinha a cor dos nossos uniformes quando nos tranformavamos. Fomos para a sala e o garoto se levantou do sofá olhando na nossa direção.

— Podemos? - ele perguntou e assenti

Ele nos guiou para o elevador, descemos para o térreo, Murilo nos guiou pelos corredores até chegarmos a sala de treinamento. Era uma sala grande, havia tatames, onde alguns já estavam treinando defesa pessoal, havia uma parede com espadas de madeira e bastões, para serem usadas em treinamento.

— Bem vindos - Guilhermo falou nos olhando - Preparados para o treino?

— Claro, mas acho que lutar contra os garotos não será algo muito justo - falei olhando-o

— Não subestimar o adversário é essencial - ouvimos a voz da Marinette e nos viramos na direção dela

Ela usava um conjunto de casaco e short moletom preta com detalhes em vermelho, tênis branco, o cabelo amarrado em um rabo de cavalo.

— Vamos ver se estão enferrujados - ela falou se aproximando

— Vamos lutar contra você? - Alya perguntou e ela negou com a cabeça

— Se transformem, mas vão lutar sem os poderes especiais - ela falou, nos transformamos e ela olhou as crianças - Preciso de três voluntários.

Três adolescentes se aproximaram, o Murilo, a Bianca e outro que não sabia o nome. Todos eles carregavam um bastão de madeira

— O objetivo de vocês, vai ser tirar o Miraculous deles - Marinette falou - Vão para o tatame. Começam ao meu sinal.

Fomos e ela foi para o lado do Guilhermo assistir a luta.

— Quem vocês escolhem? - a Bianca falou - A Raposa é minha.

— Fico com o gatinho - Murilo falou

— Porque eu tenho que ficar com o lento? - O garoto perguntou olhando os outros dois

— Ei, eu tô ouvindo - Nino reclamou

— Por que escolhemos primeiro, Gustavo - Bianca respondeu simplesmente

— Só mais uma coisa - Marinette falou e todos nós a olhamos - Peguem leve com eles.

— Não se preocupe, My Lady - falei olhando-a e ela deu um sorriso torto

— Não falei isso pra vocês - ela respondeu e os adolescentes a nossa frente deram ar de riso.

— Muito engraçada, Mari - resmungo voltando a atenção para os garotos

Seria a luta mais fácil de todas.

— Comecem - Marinette falou e os garotos correram na nossa direção.

Preparei meu bastão para acerta o Murilo, ele se inclinou para trás deslizando pelo chão, se levantou rapidamente e com o bastão dele derrubou a Rena Rouge de costas no chão com uma pancada nas pernas.

Ao mesmo tempo, Bianca que havia escolhido a Rena, correu na direção do Carapace para dar um chute, mas ele se protegeu com o escudo, ela usou isso como impulso pra dar um mortal para trás esticando a mão, ela conseguiu saltar por cima da Rena e tirar o seu Miraculous.

Enquanto Nino se protegeu da Bianca a Gustavo foi na direção dele dando um chute em seu rosto, fazendo-o cair pelo golpe não esperado, antes que ele se recuperasse o Gustavo tirou o Miraculous dele.

Murilo após derrubar a Alya veio na minha direção, usando o bastão, ele lutava bem, Bianca veio me atacar, mas desviava dos seus golpes, estava tão distraído com a ofensiva deles dois que não percebi o Gustavo se preparando pra dar um rasteira, só o notei depois que estava no chão. Bianca usou o bastão para me acertar e tive que virar para o lado, com esse movimento o Gustavo conseguiu segurar meu braço esquerdo de uma forma que qualquer movimento forte, causaria uma fratura, Bianca conseguiu me dar uma chave no braço direito onde estava o anel, sempre forçando a minha mão para não fechar e o Murilo se aproximou puxando o anel desfazendo a transformação.

Assim que eu não era mais o Chat Noir eles me soltaram e consegui me levantar. Marinette se aproximou e olhou o celular.

— Menos de cinco minutos - ela falou simplesmente - Foi o tempo que três adolescentes levaram pra tirar os Miraculous dos maiores heróis de Paris.

— Eles são treinados para isso - Nino falou

— Assim como os capangas que levaram as crianças - ela rebateu simplesmente

— Conseguíamos lidar com Hawk Moth, vamos conseguir vencer esses caras - Alya falou, desviei o olhar, Mari percebeu e se aproximou dela

— Esses caras são piores que o Hawk Moth, Se ele fez o que fez foi pra ter a família de volta - ela falou séria - Esses caras não tem propósito nenhum a não ser propagar o caos com o poder dos Miraculous. Hawk Moth nunca tentou nos matar, mas se esses caras conseguirem tirar seus Miraculous, tenham certeza que eles os matarão.

Parei olhando-a, ela defendeu o meu pai, mesmo com todo mal que ela causou, todos os perigos que corremos por causa dele, ela ainda conseguia entende-lo.

— Devolvam a eles os Miraculous - Marinette falou se afastando

As crianças se aproximaram e devolveram os Miraculous. Observei a Mari olhar o celular como se lesse alguma coisa, falou algo com o Guilhermo que assentiu antes que ela saísse. Ele se aproximou do tatame onde estávamos.

— Retomem o treino com os outros - ele falou e as crianças assentiram

— Sim, Mestre - falaram em unissom antes de saírem

— Mestre? - perguntei intrigado

— Mari, Miguel e eu, fomos treinados no Templo do Tibete para sermos guardiões - ele respondeu simplesmente - Mari é a principal guardiã da caixa que está aqui e Miguel e eu somos auxiliares.

— Pelo que a Mari disse, acha que o Miguel... - Alya não concluiu a pergunta

— Eu não sei, mas torcemos para que ele esteva vivo - Guilhermo falou simplesmente e suspirou - Vamos seguir com o treino, o tempo tá passando e precisam estar preparados quando a hora chegar.

Nos posicionamos, dessa vez sem as transformações, ele era um ótimo instrutor, passamos algumas horas ali até sermos dispensados.