POV Adrien

Assim que entrei no quarto, fui tomar um banho, foi um dia com agitos e emoções demais. Me vesti uma cueca e uma bermuda, arrumei a almofada do Plagg e deixei um pedaço de queijo para quando ele voltasse, estava ajeitando os lençóis da cama para me deitar quando ouvi leves batidas na porta e a abri vendo a Marinette.

— Desculpa incomodar - ela falou um pouco sem jeito

— Não é incômodo - falei olhando-a e dei espaço - Quer entrar?

— Obrigada - ela respondeu entrando, fechei a porta e ela me olhou - Eu só vim agradecer o que fez pela Emma, sabe... os bonecos.

— Ela conseguiu dormir? - perguntei me sentando na cama e a Mari continuava em pé

— Sim, ela... parecia mais tranquila depois que entregou as pelúcias - ela falou olhando para o e levantou o olhar para mim - Não sabia que eles estavam com você.

— Olha, parece que a grande Guardiã não sabe tudo sobre mim - brinquei e ela deu ar de riso - No dia seguinte ao enterro, fui com a Alya a casa dos seus pais, pedimos para ir ao seu quarto, foi quando vi as cartas e os bonecos, Alya e Nino estão com os deles.

— Entendi - ela falou olhando para o chão

— Tem notícia dos seus pais? - perguntei e ela assentiu

— Sim, estão bem - ela respondeu com um sorriso triste - A nova padaria do papai tá fazendo sucesso.

— Sente falta deles - afirmei olhando-a - Vai lá, conta a verdade a eles.

— E falar o quê? - ela perguntou me olhando - "Oi, mãe! Oi, pai! Sou eu, voltei depois de dez anos fingindo estar morta"?

— Sei que se explicar a eles, irão entender - falei me levantando da cama e me aproximei dela

— Você não conhece meus pais - ela falou simplesmente

— Conheci muito bem eles depois que partiu, eles te amam mais do que tudo - falei olhando-a - Eles ficariam muito feliz em te ver novamente.

— Se eu fizer, eles vão querer voltar a Paris, vão querer que voltemos a ser uma família - Mari falou como se isso explicasse tudo

— E isso por acaso é ruim? - questionei intrigado e ela suspirou passando a mão pelo cabelo

— A Marinette morreu - ela falou me olhando - Se meus pais voltarem para sermos uma família, podem descobrir que estou viva, Lila sabe que sou a Ladybug. Não posso expor os meus pais, o templo e as crianças a esse risco.

— Entendi - falei entendo o ponto de vista dela

— Pedi pro Plagg ficar de olho na Emma com a Tikki caso ela tenha algum pesadelo, tudo bem? - ela perguntou e assenti - Eu preciso ir.

Ela começou a andar em direção a porta

— Ela estava com medo quando a encontramos - falei e a Mari parou para me olhar - Mas assim que soube que você estava lá, a Emma entrou em desespero. Naquele momento eu me vi com 16 anos novamente, vendo você fundir os Miraculous.

Me sentei novamente e Mari deu alguns passos na minha direção.

— Ela correu até aquela sala depois que viu o estado do Miguel, ela temeu pela sua vida - falei e sorri levemente - Eu achava que ninguém conseguiria te amar tanto quanto eu, mas sei que a Emma ama.

— Onde quer chegar? - ela perguntou receosa

— Que eu fico feliz que durante os últimos seis anos teve alguém que te ama dessa forma - falei olhando-a - Só que não vai mais ser assim.

— O quê? - ela perguntou levemente nervosa

— Tudo o que aconteceu hoje, não muda em nada o que eu te disse naquele corredor - falei me aproximando - Não vou te perder outra vez. Não vou mais sair da sua vida.

— Adrien... - ela começou, mas a interrompi

— Sei que pode não ser tão simples, temos que ir com calma para a Emma entender as coisas - falei olhando-a nos olhos - Mas acho que não vai demorar tanto, ela é um garota inteligente.

— E quanto a sua família? - ela falou me olhando - Tem seu pai, sua mãe, você está prestes a assumir a presidência da empresa do seu pai.

— Meus pais ficarão bem - afirmei olhando-a - E isso não afeta em nada a empresa, meu pai passou anos trabalhando. Vai ser até bom, assim podemos manter a nossa vida longe da mídia.

— Tem certeza? - ela perguntou me olhando fixamente

— Nunca tive tão certo - falei firme e a beijei

Foi um beijo breve, mas suave, repleto de carinho e amor.

— Eu te amo, Adrien - ela sussurrou após o beijo

— Também te amo, Mari - sussurrei de volta e ela me deu um selinho

— Amanhã preciso resolver algumas coisas e precisamos dormir - ela disse começando a se afastar, mas a puxei para perto

— Dorme aqui - falei simplesmente

— Adrien - ele falou baixo me repreender

— O quê? - perguntei confuso - Não seria a primeira vez.

— A Emma está do outro lado do corredor - ela falou como se fosse óbvio

— Mais uma razão para dormir aqui é mais próximo caso ela acorde - falei dando de ombros e ela riu - E estou falando de dormir no sentido literal.

— Tá bem - ela falou e fomos até a cama.

Deitei primeiro e ela se acomodou ao meu lado usando o meu peito como travesseiro, a abracei e ela envolveu meu abdômen com o braço, não demorou muito para que o cansaço nos dominasse e a gente dormisse.

Na Manhã Seguinte

Quando acordei notei que a Mari não estava mais no quarto, me levantei fiz minha higiene matinal e coloquei una camisa e fui a cozinha, assim que cheguei vi a Alya e o Nino tomando café da manhã.

— Bom dia - Eles falaram ao me verem

— Bom dia - respondi e olhei em volta - Cadê a Mari?

— Ela foi tomar café no refeitório, disse que iria conversar com as crianças depois da refeição - Alya respondeu enquanto me sentava

— Como foi descobrir tudo? - Nino perguntou me olhando

— Souberam da Emma? - perguntei olhando-os

— Quando o portal foi fechado e a Emma viu o Guilhermo, correu até ele dizendo que estava com medo e que a mãe estava machucada - Alya falou me olhando - Ele tentou acalma-la dizendo que a Marine ficaria bem.

— Depois que cuidamos das crianças ele nos contou que a Emma era filha adotiva da Mari - Nino completou

— Foi um susto bem grande, mas depois de saber o que aconteceu, compreendi a Mari - falei olhando-os

— Eu tinha notado que vocês estavam se aproximando, como vão ficar as coisas? - Alya perguntou me olhando

— Nunca foi segredo para ninguém que sempre fui apaixonado pela Mari, mesmo nos dez anos sem ela - falei com convicção - Eu não vou desistir dela agora. Enquanto ela me quiser na vida dela, eu estarei.

— Bom, a gente sabe que a Mari você conquistou, falta a Emma - Nino falou em tom brincalhão, me fazendo rir

— Já conheceram a Emma? - perguntei olhando-os

— Rapidamente, ela me lembrou a Marinette quando éramos crianças, era muito mais tímida do que quando a conheceu - Nino falou sorrindo levemente com a lembrança

— A Emma é tão fofa! Os olhos dela são idênticos aos da Marinette - Alya falou empolgada - Ela é muito linda.

— Ela tem muito da Marinette - concordei com os dois, a porta da sala foi aberta e olhamos na direção vendo a Emma e a Mari entrando

— Tem mesmo que ir? - Emma perguntou olhando-a tristinha

— Tenho, meu Amor, mas vou fazer de tudo pra não demorar - Mari falou fechando a porta

— Promete? - Emma perguntou

— Prometo - Mari respondeu se virando para ela

— Bom dia - falei e elas olharam na minha direção

— Bom dia, Adrien - Marinette respondeu

— Bom dia - Emma respondeu um pouco sem jeito

— Conseguiu dormir? - perguntei olhando a menina que assentiu

— Vão sair? - Alya perguntou olhando-as

— Eu vou, a Emy vai ficar com o Guilhermo - Mari respondeu

— Não quero que você vá - Emma murmurou se sentando no sofá

— O que aconteceu? - perguntei me levantando

— As crianças querem ir hoje fazer o reconhecimento das pessoas que as sequestraram - Marinette respondeu me olhando - E tenho que ir com eles, mas a Emma quer que eu fique.

— Aquela mulher vai tá lá - Emma falou preocupada - E se ela tentar algo contra você de novo?

— Emma... - Mari falou calma, mas a menina não deixou ela concluir

— Ela disse que quer te matar - Emma falou deixando algumas lágrimas rolarem e a Mari sentou ao lado dela

— O quê? - ela perguntou olhando a filha

— Quando me colocaram no isolamento, ela falou comigo - Emma respondeu chorando - Ela me olhou e falou que faria com você o que fez com o outro guardião.

Emma começou a chorar, Mari estava assustada, mas abraçou a filha, olhei na direção do Nino e da Alya que se aproximavam surpresos assim como eu. Como a Lila pode falar isso para uma criança? O som do soluço da Emma me trouxe de volta a realidade e me aproximei dela.

— Ei, olhe pra mim - pedi e ela o fez - Sei que está com medo, mas não vai acontecer nada a sua mãe. Ela precisa ir porque é o único jeito de ter certeza de que aquele monstro não vai machucar mais ninguém.

— Não quero a mamãe perto dela - Emma falou e assenti

— Eu também não quero, por isso eu vou com ela - afirmei olhando-a - Não vou deixar aquela mulher chegar perto dela novamente.

— Promete? - ela perguntou baixo e me olhando

— É claro. O Chat Noir sempre protege a sua Lady - falei olhando-a e decidi mudar de assunto - Já comeu?

Emma assentiu desviando o olhar e secou as lágrimas enquanto a Mari fazia carinho na filha.

— Não senti muita firmeza - falei e ela me olhou

— Ela só quis tomar suco - Mari falou olhando a filha

— Sabe qual o segredo pra ser um bom Chat Noir? - perguntei, ela me olhou curiosa

— Ser corajoso? - ela perguntou baixo e me olhando

— Também, mas tem uma coisa tão importante quanto - falei olhando-a - Se alimentar bem.

— É? - ela perguntou um pouco confusa

— É claro, porque acha que o Plagg come tanto queijo? - perguntei, ela deu ar de riso e sorri levemente - Ainda não tomei um café, me acompanha?

Emma olhou para a mãe como se pedisse permissão, Mari deu um beijo no topo da cabeça da filha.

— Vai lá - Mari falou, Emma se levantou e segurou minha mão que estava estendida na direção dela, me levantei olhando pra Mari - Obrigada!

Simplesmente pisquei um olho e fui para a cozinha com a Emma. Ela se sentou em uma das cadeiras vagas, vimos a Mari ir em direção ao corredor acompanhada da Alya e do Nino.

— Torradas com geléia? - perguntei olhando-a

— Nutella - Emma respondeu me olhando, preparei a torrada e as coloquei em um prato colocando em frente a ela - Obrigada

— Suco? - perguntei e ela assentiu começando a comer uma torrada

Coloquei suco em um copo deixando em frente a ela. Me sentei e comecei a me servir, Emma comia devagar e parecia pensativa, olhando para um ponto qualquer da mesa

— Uma torrada com Nutella, pelos seus pensamentos - falei e ela me olhou - O que tá te incomodando?

— Nada - ela respondeu desviando o olhar e mordeu um pedaço da torrada

— Não é o que parece - falei olhando-a

— Só não sei porque aquilo tinha que acontecer - ela falou sem me olhar - Porque ela tinha que levar a gente?

Eu parei olhando-a, pensei um pouco e suspirei pesadamente deixando a minha comida de lado.

— Olha, gatinha - falei e ela me olhou - Aquela mulher é uma mentirosa, que tem muito rancor no coração. Quando soube de vocês, achou que poderia atingir a sua mãe levando-os daqui.

— Porque ela quer fazer mal a minha mãe? - ela perguntou baixo e me olhando

— No mundo, infelizmente existem pessoas más, dispostas a fazer muita perversidade, ela não foi a primeira pessoa e nem será a última - falei e a Emma abaixou o olhar - Mas é por isso que os heróis existem. Para deter pessoas ruins como aquela mulher. E enquanto existirem pessoas boas como a sua mãe, o Guilhermo e outros bons portadores, faremos o possível para proteger quem precisa e levar as pessoas ruins a justiça.

— O que vai acontecer com aquela mulher? - Emma questionou

— Ela vai ser julgada e condenada - respondi olhando-a - E vamos garantir que fique muito tempo em um lugar onde ela não possa fazer mal a mais ninguém.

— E quando ela sair? - Emma questionou

— Vamos estar aqui pra proteger vocês - respondi olhando-a nos olhos - Não se preocupe, nem sua mãe e nem eu deixaremos que nem aquela mulher e ninguém faça mal a você ou as outras crianças.

— Obrigada, Adrien - ela falou me olhando

— De nada - respondi sorrindo - Sabe, acho que uma certa gatinha tem que terminar de comer, não é?

— Tá bem - Emma falou, voltou a comer e fiz o mesmo.

Olhando aquela garotinha a minha frente. Me questiono, como a Lila teve coragem de fazer uma coisa dessa? Falar para uma criança que iria matar a mãe dela, isso é tortura psicológica e por quê? Porque não soube lidar com as consequências das mentiras que criou e das péssimas decisões que tomou. Decisão ainda pior foi esse sequestro, colocar em risco a vida de crianças, em busca de uma vingança sem sentido, fruto de uma birra de adolescência.

Sei que a Mari e o Guilhermo darão todo o apoio necessário a essas crianças, sei que eles não as deixaram passarem por essa situação sozinhos, espero apenas que a justiça seja feita e que a Lila pague por todo mal que causou.