Estava um alvoroço entre os aldeões, esbarravam uns nos outros, carregavam consigo carroças com dois ou três doentes e idosos. As crianças corriam a frente. Montado em um cavalo era se possível ouvir o motivo daquela agitação.

–Por ordem do rei de Rohan devemos deixar a cidade, carreguem consigo apenas o necessário.

O rei havia decidido levar seu povo para o abismo de Helm, pensava que lá estariam todos seguros, principalmente as crianças e as mulheres.

–Que tolice! Foge quando deveria ficar e lutar – O anão parecia não gostar daquela situação, afinal um bom anão adorava uma briga.

–Ele faz o que acha melhor para seu povo. – Aragorn respondia ao seu amigo anão.

–E isso trará a sua derrota. – Gandalf sussurrava como se fosse mais para si mesmo.

O mago parecia ter tido uma brilhante idéia e saiu às pressas para onde ficavam os cavalos, Aragorn Legolas e Gimli o seguiram até lá. O velho sábio subiu em seu cavalo branco que parecia ser um dos mais belos cavalos já vistos nestas terras.

–Aragorn, o rei precisara de você antes do que pensa. – Olhou o amigo guerreiro, ajeitou-se na sela ainda com o cajado em mãos.

–Me esperem do amanhecer do quinto dia, de madrugada olhem para o norte. – Dito isso Gandalf saiu a toda velocidade, em poucos segundos já estava fora da cidade seguindo para algum lugar que teve questão de não comentar.

Miranda observava de uma janela de dentro do palácio, nem notou que sua colega kelsey havia entrado na sala, quando ela se virou para observá-la parecia que o olhar da mesma trazia medo e nervosismo.

–O que foi?

–Miranda... Nós não deveríamos nos envolver nesta guerra que nem é nossa, deveríamos descobrir o que aconteceu com Myle e voltar para Hogwarts.

–Nosso dever aqui é ajudar.

–Não é não... Isto não tem haver conosco, não somos um deles. – No momento em que Kelsey dissera isso, Aragorn passava e parou para escutar, ainda estava desconfiado com a dedicação das meninas e o que Kelsey comentou só aumentava sua desconfiança de que elas não ajudariam em nada.

–... Eu não acredito que ouvi isso de um Gryffindor! – Miranda ria como se fosse um deboche, a morena apenas observava não entendendo.

–Desde a historia dos fundadores, vocês eram considerados cheios de coragem e determinação e nós ambiciosos e malvados, agora vejo que é um engano.

–Não é que eu seja covarde... Eu até pensei que você pensasse o mesmo que eu já que é uma...
–Slytherin? E sou com muito orgulho, sou orgulhosa e tenho sede de poder, não somos o que vocês pensam! Temos coragem de sobra... Quer saber? Vá Kelsey! Vá embora, pois eu ficarei e ajudarei.

–Mas Miranda...

–CALE A MALDITA DA SUA BOCA! – Miranda empunhou a varinha atacando à morena varias vezes. Ela apenas desviava e corria para fora, Aragorn se afastou da porta e Miranda corria atrás da Gryffindor.

–SAIA DAQUI KELSEY!

–Por que está fazendo isso? Eu só quero voltar para casa.

–E vai deixar este mundo em guerra? Mais cedo ou mais tarde a maldade chegará ao nosso lar e nem Hogwarts será segura, por isso deveríamos, ou melhor... Eu devo eliminar o mal onde quer que ele se encontre. – Kelsey correu para fora do castelo enquanto Miranda jogava um ultimo feitiço, a morena montava em um cavalo e logo saia da cidade. A ruiva estava quase sem ar, todos observaram a cena assustados.

–Miranda. – Ela virou-se, Aragorn estava próximo.

–Eu tinha minhas duvidas... Mas o que disse fez perceber que é uma garota forte, mas também poderia ser perigosa afinal disse agora que tem sede de poder e é ambiciosa.

–Não nego nada do que falei, mas ao contrario de uns e outro prefiro conseguir poder por força própria.

–Surpreende-me esse tipo de pensamento, podemos contar com você para a guerra? – O homem estendia a mão como se fosse um fazer um trato com a ruiva.

–É claro! – A menina não perde tempo e estica sua mão apertando não com muita força a mão de Aragorn, soltou em seguida colocando as mãos nos bolsos.

–Quem és aquela com quem estava conversando?

–Eowyn, ela é como você... –Ele virou-se se afastando, enquanto a pequena suspirava e olhava ao redor, a sala agora estava completamente vazia. Sabia que havia exagerado com Kelsey, porém não podia aceitar o sistema no qual vivia onde Slytherins eram covardes maus e desprezíveis, que não se importam com os outros, que não tem sentimentos, Miranda iria provar que tudo que diziam sobre sua amada Slytherin era parcialmente mentira.

Cavalgavam devagar, os soldados andavam dispersos alguns nas laterais, outros atrás e um pouco mais a frente junto com o rei que os levava para onde poderia ser a salvação ou a sua morte, o abismo de Helm. O anão contava algumas coisas sobre seu povo para a moça loira que se chamava Eowyn, fatos que desmentiam algumas lendas tal como a que não existem mulheres anãs, elas existem, mas são tão parecidas com anões que são facilmente confundidas.

Legolas estava correndo a frente de todos, observando se algum inimigo aproximava-se. Mais ao meio da multidão estava Miranda que havia preferido ir a pé, estava com a varinha em mãos e com a espada segura e firme em sua cintura. Ao meio do caminho resolveu parar, o povo estava com fome e necessitava de alguns momentos de descanso.

–Parece preocupada com algo. – Aragorn aproximava-se sentando em uma pedra ao lado de Miranda.

–Estou apenas pensando em algo que ouvi antes do mago ir embora.

–E o que seria?

–Quem é Frodo?

Aragorn lembrou que a menina não sabia de grande parte da historia, era claro que seria muito complicado e difícil explicar, tentaria pelo menos contar-lhe a missão de Frodo e resumir a outra parte da historia.

–É um Hobbit, nesse momento ele com seu companheiro Sam estão indo para Mordor para destruir O anel de poder.

–Anel?

–Preste atenção – Miranda ajeitava-se melhor na pedra, Aragorn podia perceber nos olhos da ruiva o desejo e a curiosidade de saber mais sobre aquele mundo.

–"Três Anéis para os Reis Elfos sob este céu,
Sete para os Senhores Anões em seus rochosos corredores,
Nove para os Homens Mortais fadados ao eterno sono,
Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.
Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontrá-los,
Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los
Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.” – O homem pegou um galho seco que por sorte estava perto da pedra, começava a desenhar algo no chão.

– Como os Anéis tinham muita força, Sauron teve que colocar muito do seu próprio poder dentro do Um Anel para dominá-los, fator que contribuiu para sua derrota em uma guerra que aconteceu há muito tempo atrás.

–Esse Sauron então foi derrotado? - Perguntou-lhe a ruiva olhando o que Aragorn desenhava com calma e sem pressa, ela virava a cabeça algumas vezes tentando entender alguma coisa.

–Sim, por Isildor e quando chegou o momento de destruir o anel já era tarde, o poder que ele carrega facilmente corrompe a alma humana e ele o pegou para si. Porém ele foi traído e morto.

–E o anel?

–Sobreviveu, está é a missão de Frodo Bolseiro, o Hobbit de que ouviu Gandalf mencionar.

Por fim o homem terminou o desenho no chão, eram as escritas do O anel de Sauron.

–Isso parece... Não... Acho que é impossível... – Miranda olhou o desenho, mas quando a realmente entendeu que no anel estava o poder, a alma de Sauron pensava que era um estranha coincidência.

–Algum problema?

–O anel que mencionou... Parece algo que existe de onde eu venho, uma Horcrux.

–Horcrux?

–Sim, é magia negra como posso lhe explicar... – Miranda olha para os lados tentando achar alguma coisa que pudesse servir como exemplo, então se lembrou do pequeno amuleto que usava como colar. – Existe uma magia que pode repartir a sua alma e colocá-la em algum objeto como este.

–Repartir a alma?

–Sim, assim se o corpo for destruído a alma estará à salva e só há uma maneira de criar uma Horcrux... - A ruiva parou por alguns instantes, o conhecimento que tinha sobre tal magia foi lhe dito pelo diretor, mais tarde isso seria mostrado a Harry Potter. – “Matar corrompe a alma”.

–E alguém usou isso?

–Bem... - A ruiva calou-se ao ouvir alguns gritos ali perto, levantou-se rapidamente olhando para seu lado direito, as mulheres corriam enquanto alguns homens empunhavam as espadas tentando parar alguma coisa.

–O que será que está acontecendo ali? Venha Miranda, sua magia pode ser útil. – Ambos corriam para perto dos soldados, Legolas estava afastado lançando flechas que parecia não fazer efeito, o anão aproximou-se dos dois.

–Uma coisa grande apareceu por aqui.

–E o que é? – Aragorn perguntou já com a espada em mãos.

–Um tipo de cobra gigante.

–... Cobra?

A terra começou a tremer e a rachar na direção da ruiva que se afastava, quando o chão parou de rachar surgiu saindo da terra seca uma cobra de no mínimo quinze metros de comprimento, os dentes eram afiados e era possível notar o veneno escorrendo. A pele era um verde escuro e dura, mas não tanto quanto a pele de um dragão. O Bazilisco balançou a cabeça para tirar o pouco de terra que ainda havia sobrado então seus olhos frios e amarelados fixaram-se em Miranda.

–Finalmente apareces-te.

Aragorn Gimli e Legolas testemunhavam algo que haviam visto nos salões de Rohan a conversa entre a menina e a cobra, mas agora era mais perigoso, não entendiam o que Miranda estaria falando.

–Aragorn, acho que ela está distraindo a cobra. – Comentou o Elfo num sussurro enquanto viam as pessoas correndo para trás dos soldados e do rei de Rohan.

–Droga... Se Kelsey estivesse aqui... - Pensou Miranda andando em círculos enquanto a cobra a acompanhava com seu olhar.

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Kelsey nunca havia visto Miranda tão brava, a morena ficou com tanto medo da ruiva que não parou o seu cavalo depois de ter passado algumas horas, desceu perto de um rio em uma floresta que não havia visto quando estava indo para Rohan.

Era quase meio dia, a garota não tinha idéia para onde teria que ir, do que teria que fazer, por mais que soubesse que Miranda estava certa, temia pelo bem de Myle e Luna. Kelsey andava calmamente tentando se recuperar do susto segurava a Correa do seu cavalo com a mão direita, a floresta estava muito silenciosa, não sabia se isso era bom ou ruim.

–Que foi isso? - A morena Gryffindor virou-se bruscamente, havia escutado o barulho de um galho se quebrando, a respiração ficava cada vez mais acelerada, ficou ainda mais em pânico quando seu cavalo assustou-se e fugiu.

Kelsey virava-se em todas as direções procurando de onde vinha o barulho. De trás de uma arvore saiu uma criatura horrenda, com uma espada em mãos, era algo que a garota não havia visto em sua vida, eram não somente um, mas vários Orc’s.

–O que querem?

–Essa é a vadia bruxa que temos que capturar? – perguntou um dos Orc’s analisando Kelsey.

–Não, é a outra, de cabelos de cor de fogo, esta podeis matar e comer a carne, não é todo dia que se encontra uma bela e suculenta bruxa, ataquem!

Os Orc’s correram atrás de garota que estava tão apavorada que não conseguia achar a sua varinha, pois então começou a correr, não notava os pequenos machucados que eram provocados por passar por galhos e espinhos no meio do trajeto.

–Esta corre demais, a primeira coisa que iremos cortar e comer serão as pernas!

A Gryffindor estava sem saída, porém conseguiu achar a sua varinha e apontava para os Orc’s, mas sua magia não seria suficiente para acabar com todos, eram mais de quinze. Freneticamente a cada segundo apontava a varinha para cada um deles.

–“Não posso cometer tal ato de ter medo, não nesse momento... Preciso achar Miranda... Myle e Luna contam conosco... Eu sou uma Gryffindor!”- pensou a morena finalmente parando de tremer, a coragem e determinação ardiam-lhe a alma.

–BOMBARDA! – gritou-a lançando o feitiço em direção dos horrendos Orc’s que afastaram por alguns centímetros. Isso os deixou claramente irritados, todos empunharam suas espadas e voltavam a se aproximar, os sorrisos podres em seus rostos, a fome que os dominava.

Para espanto de todos, do meio das moitas surgiram dois homens velhos com um cajado para cada, eles se posicionaram da frente de Kelsey.

–Tu és a bruxa? – Perguntou um deles.

–Sou.

–Cá não é lugar para ti, pegue tua varinha e corra para o leste, não muito longe encontrarás uma cabana, lá irás conseguir ajuda e respostas. – O outro respondeu.

–Quem são vocês?

–Somos conhecidos como os magos azuis, fomos avisados por Gandalf que tu aparecerias por aqui, agora te vá menina.

A morena correu, não iria guardar sua varinha, durante o caminho poderia aparecer algum outro Orc ou quem sabe dementadores, pois sabia que eles estavam ali por algum motivo. Os Orc’s não ficaram nada satisfeitos e sem hesitar atacaram os magos, os mesmo com seus cajados derrubavam a cada Orc um por um e com as suas espadas os matava para que não perturbassem mais a floresta ou alguma outra criatura.

Kelsey corria para Leste, assim como fora lhe ordenado, queria entender pelo menos uma vez o que estava acontecendo, queria achar a tal cabana, mas parecia que cada passo seu se fazia mais perdida.

Após correr por algum tempo, o suor lhe escorria a testa, o cansaço estava começando a dominá-la, quando parecia que não agüentaria mais, a sua frente estava a tal cabana, agradeceu a Merlin por ter conseguido ter forças para chegar ali.

–Ei, Abre-te a porta, por favor! – A Gryffindor chegou à porta com dificuldade e dava-lhe leves murros na porta, o silencio predominou.

–Abre-a, não sou inimiga, dois magos me mandaram para cá a fim de conseguir ajuda... – Um sussurro foi escutado atrás da porta, claramente havia alguém ali. Mais uma vez ela bateu a porta que por fim foi aberta, kelsey correu para dentro, tropeçou e caiu sentada no chão, rapidamente a porta era fechada.

–Agradeço-lhe muito... – A garota estava ofegante, ergueu os olhos para ver quem era o seu salvador, era um homem com cabelos longos loiros, tinha barba e era baixo tal como o outro que virá em Rohan, ele era um anão.

–Shh... Seguiram-na até aqui?

–Não, eu acho...

–Ela diz a verdade irmão. – Outra voz era ouvida dessa vez vinda da janela, a Gryffindor olhou-o, ele também era um anão, porém seus cabelos eram castanhos e sua barba rala.

–Como te chamas menina? – O loiro anão trancou-a porta com uma tabua e aproximou-se de Kelsey ajudando-a a se levantar e sentar-se.

–Kelsey...

–Eu sou Fili e este é o meu irmão Kili.

–O que está havendo aqui? Por que deixaram essa menina entrar? – Uma voz grossa, autoritária arrepiou a espinha da garota que se virou para ver quem era. Outro anão, com cabelo longo cacheado e castanho com alguns fios grisalhos, também tinha barba, olhos verdes, parecia ser alguém importante, pois a maneira que falava demonstrava isso.

–Tio, ela estava em perigo, ela foi mandada pelos magos. – Kili aproximou-se de seu tio com um sorriso no rosto.

–Ela é uma das bruxas? Ela é a herdeira?

–Eu sou uma bruxa... Mas a herdeira de quem está se referindo é a minha... Colega Miranda... Mas como Sabem disso?

–Há muito tempo, foi contada a lenda de que duas bruxas viriam para cá, uma a herdeira, a outra a destemida.

–... Lenda? E perdoe-me senhor eu me chamo Kelsey... E o senhor seria quem?

O homem então saia das sombras do corredor, ficava a frente da janela, virava a cabeça para analisar a garota, então se aproximou dela.

–Sou aquele que julgam estar morto, sou o mais corajoso dos anões, o rei sob a montanha... Eu sou Thorin.