Minha ruína

Nada é inocente


Henry não soube o que dizer. A rainha poderia tê-lo matado. Não só pela guilhotina, mas haviam fortes rumores de que ela possuía magia. Poderia tê-lo matado... Então por que não o matou? Henry decidiu não se iludir. Nunca uma mulher como Regina, principalmente uma rainha, corresponderia seus sentimentos. Sentimentos... Não,não havia admitido nada nem para si mesmo. E isto lhe era negado, não havia sido posto naquele mundo para casar e formar a tradicional família que a maioria naquele reino desejava. Havia jurado defender o reino, e... sua rainha. Estava falhando,e se deixando levar por sentimentos impróprios. Mas que seriam esquecidos. Henry implorou o perdão novamente à Regina, que ficou mortificada ao vê-lo se retirar.A rainha esperou que o rapaz estivesse fora de alcance, para voltar ao seu quarto. Mas não teve a oportunidade, quando a fumaça vermelha se mostrou perto da árvore de maçãs.

—Você-Regina disse sem disposição para discutir.

—Regina. Rumple falou cuidando de se aproximar à uma distância considerável. Um olhar mais cuidadoso deu a oportunidade para a rainha perceber que a aparência do senhor das trevas havia mudado. Não estava com a pele verde e ressecada, motivo pela qual um pirata irrelevante o apelidou de "crocodilo".Seu cabelo continuava com o mesmo comprimento e jazia grisalho, o que fazia parte de seu charme,suas roupas eram completamente pretas e lhe caiam bem.

—Você mudou-Ela lhe disse. -Não me diga que foi em uma tentativa desesperada de me seduzir-

—Eu nunca precisaria mudar minha aparência para que isto acontecesse.- Regina não conseguiu se distrair.

—Há quanto tempo estava aí?-

—Não muito. Alguma coisa que merecesse minha atenção?

— Regina conseguiu respirar. Então ele não sabia...

—Não. Só não aprecio observadores constantes.-

—Voyeur não é uma de minhas apreciações.

—Regina sorriu. -Então por que veio? Reafirmar sua razão latente por todas as coisas? Especialmente por meu futuro, claro.

—Sim. Não tem percebido nada de diferente?

Aproximações suspeitas de certos cavaleiros que deveriam proteger a rainha? - Regina não tinha idéia do quanto ele sabia, ou do que estava planejando. Talvez fosse melhor deixar que ele matasse Henry... mas não, esta idéia não lhe agradava. Não mais. -Rumple, você já se apaixonou?- -De onde vem esta dúvida?- -Eu apenas... lembrava-me de Daniel- Não era totalmente mentira. -Sim.- -Consegue se lembrar como é?- -Muito bem. É a coisa mais desprezível que alguém pode atrair a si mesmo. Qualquer um pode atingi-lo, pois seu ponto fraco está lá, na mira de seus inimigos. Aquilo que amamos nos destrói sempre,minha rainha. Lembre-se disto.- Regina lembrou-se da rata de biblioteca que ele denominava "Belle", a tal que se jogou da torre. -Então é isso do que o amor se trata? Não deveria ser um sentimento bom?- -Nunca foi. O amor já matou mais do que qualquer doença.-

—Disto sei eu-A rainha suspirou, ao lembrar que a punição também atingiu Cora, mesmo sendo sua mãe, no determinado tempo. A magia tinha seu preço, e a rainha das copas o pagou, com juros. Rumple sabia do acontecido, o que o fez admirar sua rainha ainda mais. Como se isto fosse possível. -Tanta dor... minha rainha. Não acha que talvez já seja o suficiente?- Regina pareceu confusa.-O que quer dizer, Rumple? -Poderíamos encontrar o seu final feliz, finalmente.- "Um final feliz" ela pensou. Não haveria nenhum depois da morte do seu Daniel. Foi o que sempre pensava... o que sempre costumava pensar. -Rumple...-Ela sussurrou em um tom explicativo.

—Já chega. É chegado o tempo de cessar com as negações. -A quais negações se refere?-

—Completamente às suas.

~Flashback ON~

Estavam na floresta, os dois. Professor e aluna. O senhor das trevas e uma garota que queria vingança.

—Faça isto, querida- Ele disse para Regina. O cervo estava à sua frente, encarava ela com aqueles gigantes olhos dourados.

—Como isso vai me ajudar, Rumple! O que um animal inocente tem haver com minha vingança contra elas?-Regina o perguntou. O desespero plausível entre as palavras.

—Nada é inocente, pensei que tivesse aprendido isso, já que chegou a este ponto.

—É o coração de Branca de Neve que eu quero esmagar. Não me faça fazer isto, Rumple.

—Suas escolhas são exclusivamente suas, mas a vingança que procura requer isto. Regina respirou fundo, concentrou seu ódio em tudo que aconteceu, e olhou para o cervo. -É apenas um animal-Ela pensou-E nada é inocente. Regina puxou o coração dele, e o segurou à frente de seu rosto. Olhou para Rumple, que sorria orgulhoso, antes de esmagar o coração pulsante até sobrarem apenas cinzas, que sacudiu no chão. Rumple nunca havia se sentido mais excitado em toda sua vida, percebeu um coração escurecendo à sua frente, "uma rainha" Ele pensou. Regina levantou-se, ainda limpando as mãos.

—Espero que esteja satisfeito.

~Flashback OFF~

—Não sei do que está falando, Rumple. É melhor que você vá embora. -Prefere a presença dele do que a minha? -Vamos lá, querido. Você nunca foi tão ciumento assim.-Ela disse em tom de brincadeira. -Eu não descreveria isto como ciúmes.-Ele afirmou, indiferente. -Vem,vou te dar o que você quer. E seguiram para o interior do quarto.