Minha ruína

Aqui está vossa rainha.


“Ela vai picar-te um dia. Mas tão gentilmente que tu nem sequer irás senti-la, até caíres morto”.

(A Abelha Rainha)

Regina decidiu não suportava mais. Aqueles miseráveis passaram a noite toda inquietos, gritando xingamentos e exigindo que ela fosse embora do castelo se não quisesse ser executada por seus crimes. Isto ainda poderia ser ignorado, embora que com dificuldades. Mas a conversa com Henry desgastou seu bom senso, já que sentia que o havia perdido, desta vez completamente. Palavras? Desta vez não seria o suficiente, dado o ponto chegado. Em outra época nada disto teria importado, ele simplesmente iria embora se quisesse, ou então ela o mataria se a importunasse nem que fosse apenas um pouco. Mas agora...desde que havia o visto naquele campo quando voltou ao seu castelo ela entendeu que havia algo de diferente nele. Aceitar isto vinha sendo um fardo, as vezes pesado demais.

—Onde está a rainha? -Algum infeliz gritou no momento em que ela tentava ao menos pensar em paz. Regina sentiu uma loucura descontrolada que não poderia apenas ser denominada raiva.

—Está aqui.-falou em bom tom pondo-se de frente a eles.-E se procuram por uma rainha,darei a vocês a rainha que merecem. Uma névoa roxa asfixiante tomou conta do ar e pessoas que não estavam sufocando estavam sendo estranguladas por troncos finos de árvores que ganharam vida e força. Regina caminhou entre eles observando atentamente seus gestos de arrependimento e desespero por estar diante da morte. Apenas alguns escaparam, talvez 5 da horda que cercavam o castelo. Quem foi inteligente e rápido o bastante para cortar com alguma espada os galhos de árvore e ainda teve energia para correr. Regina permitiu, afinal, quem transmitiria a notícia? Os guardas reais que haviam passado a noite e boa parte do dia observaram atônitos, afastados da névoa. Henry não voltou para casa. Então era verdade, ele finalmente conseguiu admitir. Teria sido horrível, imperdoável, se ela o tivesse confessado quando teve oportunidade, mas mesmo assim,ainda teria sido ela. E talvez se pudesse demonstrar ao menos um pouco de arrependimento... Mas não, Regina estava certa quando disse que ele sabia exatamente quem ela era. Ele realmente sabia, mas não deixara de amá-la. Quando ouviu os boatos, ele a defendeu, não poderia ser verdade, mesmo seu coração gritando que era. Qual era seu problema afinal? Como amar alguém tão desprezível sem se sentir culpado? Ele jazia sentado com uma vista para o castelo quando alguns guardas correram em direção a ele. Entre eles estava o general, chorando alto e amargamente. Como se sua vida tivesse sido levada. Quando Henry olhou para o que carregava, percebeu que era exatamente isto. Trazia seu filho, com a face pálida, tocada pela morte, e envolta de seu pescoço uma volta roxa, violenta e cruel. Henry que nunca nem mesmo pensara em ter filhos, compreendeu a dor da perda de um.

Ele o colocou cuidadosamente no chão,para em seguida olhar dolorosamente para Henry.

—Ele...se foi.-Falou entre lágrimas.-Ele insistiu que a rainha era má e egoísta e que precisava ajudar a expulsar ela deste reino. Eu o avisei... eu avisei tanto que esquecesse isso. Ele só tinha 16 anos.Como isso pode ser justo?-Ele gritou,desesperado.

—Nenhum de nós ousou chegar perto da névoa.-Um dos outros guardas disse.

—Quando eu cheguei ele já estava...-O general disse.

Ele acabou de perder um filho.—Henry raciocinou. Lembrando de alguém, provavelmente de si mesmo. Pensou imediatamente na dor que sua mãe Emma teria sentido quando o tiraram dela.

Crianças não mereciam ser tiradas de seus pais. Esta era uma verdade urgente.